E na Despedida Deixou Saudade
Tenho medo de um dia esquecer tudo... E isso é porque agora tenho muitas coisas importantes para mim.
Uma vida mansa e isolada no interior, com a possibilidade de ser útil a quem é fácil ser bom, pessoas que não estão acostumadas a ser servidas. E trabalhar com algo que pode ser útil. Além de descansar, natureza, livros, música, amar seu próximo. Essa é a minha ideia de felicidade. E, então, acima de tudo, você como parceira e, quem sabe, filhos. O que mais o coração de um homem pode desejar?
Antes disso, minha vida era uma página em branco. O velho eu que chorava, agora ficaria feliz em me ver.
É inegável que viver sem lenço nem documento sempre nos alegrou. Isso está associado em nossas mentes com fugir do passado, da opressão, da lei e de obrigações maçantes. A liberdade absoluta. E a estrada sempre conduziu ao oeste.
Naquele dia, quando as estrelas caíram. É como se fosse uma cena de um sonho. Nada mais, nada menos que uma bela vista.
Há dois anos ele caminha pelo mundo sem telefone, piscina, carros, nem cigarros. A liberdade máxima. Um extremista. Um viajante esteta cujo lar é a estrada. E agora, depois de dois anos errando, vem a última e maior aventura. A batalha culminante para matar o falso ser interior e concluir com vitória, a revolução espiritual. Sem continuar a ser envenenado pela civilização, ele foge e caminha solitário pelo mundo para se perder em meio à natureza.
Chega a manhã em que sinto que nada mais precisa ser ocultado, ir embora parece surreal, mas meu coração nunca ficará longe daqui. Tão claro quanto respirar, quanto estar triste. Trago na carne o que aprendi, vou embora acreditando mais do que antes. E existe um motivo, um motivo para voltar. Enquanto cruzo o hemisfério tenho vontade de ir e desaparecer. Eu me machuquei, eu me curei, agora me preparo para pousar, já estou pronto para pousar. Este amor não tem limites.
Os únicos presentes do mar são golpes duros, e as vezes a chance de sentir-se forte.
Eu não compreendo muito o mar, mas sei que as coisas são assim por aqui. E também sei como é importante na vida não necessariamente ser forte, mas sentir-se forte. Confrontar-se ao menos uma vez. Achar-se na maior condição humana. Enfrentar a pedra surda e cega a sós, sem outra ajuda além das mãos e da cabeça.
É nas experiências, nas lembranças, na grande e triunfante alegria de viver na mais ampla plenitude que o verdadeiro sentido é encontrado.
Venho pensando cada vez mais que deverei ser sempre um caminhante solitário da natureza. Meu Deus, como a trilha me atrai. Você não pode compreender esse incansável fascínio. Ao cabo de tudo, a trilha solitária é o melhor. [...] Jamais deixarei de vaguear. E quando chegar o momento de morrer, encontrarei o lugar mais selvagem, mais solitário, mais desolado que exista.
O amor que enlouquece e permite que se abram intercadências de luz no espírito, para que a saudade rebrilhe na escuridão da demência, é incomparavelmente mais funesto que o amor fulminante.
Sinto falta de quem se foi e um dia fez parte de minha vida, e por que partiu, deixou de existir? Não! Continua intocável em meu coração, presente em cada batida, em cada respirar. Continua a existir, só que do lado de dentro.
Tenho alguém no céu que amo muito. Deixou um vazio que jamais poderá ser ocupado. Um amor imenso e uma saudade absurda.