Desconfiança
Não confie nas coroas nem no brilho do mundo enganador, o vento do outono soprou para longe o chapéu de muitos sultões.
Um dia apenas me encantei...
Até que em outro dia me apaixonei...
Sem que eu percebesse, chegou o dia que eu estava amando...
Depois, chegou o dia das desconfianças e, de nada valeram os sentimentos meus pois, só quem os tem os sente, não se prova nada a quem não acredita, quem não quer acreditar ou ssimplesmente tem medo de amar.
Se aceitarmos confiar cegamente nas pessoas, seremos não apenas puros, mas tolos. Porém, se passarmos a desconfiar
de forma generalizada e intensa demais, viveremos em amargura.
É justo que para se livrar do sofrimento da decepção nos outros, você escolha o sofrimento da paranóia?
O cheiro fala alto
Pra quem tem a fuça apurada
o cheiro grita
Focinho apurado
descobre por mau cheiro
Sem fala ou escrita
o cheiro fala alto
Pelo focinho
tudo se descobre
Da boca para fora qualquer pessoa pode falar o que quiser, mais as atitudes podem dizer mais do que as palavras.
A mentira não muda de status conforme o cargo de quem a contou. Pode ser seu amigo, seu companheiro, seu pai, seu médico, seu patrão,seu presidente a mentira continua sendo mentira e sempre deixará quem a contou menor.
As nossas crenças precisam ser individuais e privativas e não apenas socioculturais. É preciso crer com ceticismo, porque em tudo temos descrença e desconfiança, do contrário aceitaremos os falsos milagres, as falsas profecias e os falsos profetas.
Confiar em uma pessoa não é uma escolha, é algo que se constrói. E assim como tudo em um relacionamento é construído, pode também ser desconstruido devido a alguns acontecimentos.
Tome muito cuidado quando for escolher alguém para colocar para dentro da sua vida, pois este pode ser o primeiro passo, e a primeira liberdade, ainda que primeiramente aparente ser ingênuo e inofensivo, para que esta pessoa, um dia, te dilacere de dentro para fora.
Me lembro do filme do Hércules, quando o monstro o engole e depois é dilacerado de dentro para fora pelo herói. Pois é, isto que pode acontecer quando colocamos alguém dentro de nossas vidas.
Tenho alguns amigos que eu considero como irmãos, mas que ainda assim eu não confio para algumas coisas. Infelizmente, é preciso saber que a vida tem dessas.
Neste tempo de excessos e abundância, em que os mares digitais transbordam com mais saberes do que jamais imaginámos, há um paradoxo que se instala silenciosamente nas nossas almas. Há mais acesso à informação do que em qualquer outra época da nossa história, e no entanto, parece que caminhamos rumo a uma ignorância cada vez mais densa, como se a verdade se perdesse entre sombras e ecos distorcidos.
É um mundo onde a sobrecarga de informações nos sufoca, onde o excesso de dados nos cega. Em vez de clareza, encontramos confusão; em vez de luz, encontramos névoas que obscurecem o discernimento. As pessoas, perdidas nesse mar revolto, buscam refúgio em fontes que confortam, que confirmam as crenças já formadas, recusando o desafio do contraditório. É o viés de confirmação que governa, um farol falso que guia os navegantes por rotas enganosas.
A desinformação floresce nesse terreno caótico, as fake news propagam-se como sementes de dente-de-leão ao vento, alimentadas por medos e preconceitos. As redes sociais, com seus algoritmos insidiosos, tecem câmaras de eco onde cada voz apenas repete, incansavelmente, a mesma melodia, criando um concerto de ignorância e polarização.
O tecido social fragmenta-se, os laços se desfazem. Cada um em seu nicho, em seu canto, reflete apenas a si mesmo, ignorando o outro. As instituições, outrora baluartes de confiança e credibilidade, são agora vistas com desconfiança. Cada notícia, cada palavra, é recebida com um olhar cético, como se o mundo estivesse repleto de sombras e fantasmas.
Para navegar este oceano de dados, precisamos de uma bússola firme. A promoção da diversidade informacional, para que possamos ouvir múltiplas vozes e perspectivas; o fortalecimento das instituições, para que a confiança possa ser restaurada.
Nesta era de abundância, a verdadeira sabedoria reside em saber escolher, em discernir, em cultivar um espírito crítico e aberto. No entanto, esta era de desinformação faz-nos regredir à Idade das Trevas, onde a ignorância se torna uma opção consciente. O “Grande Irmão” e o “Ministério da Verdade” de Orwell parecem cada vez mais reais, governando nossas percepções e crenças. A grande questão que se coloca é como podemos fazer surgir novamente um Renascimento e um Iluminismo, como reacender as chamas da razão e do conhecimento num mundo que se perde em sombras? Encontrar a resposta a esta pergunta é o desafio do nosso tempo, e nele reside a esperança de um futuro mais lúcido e iluminado.
Uma mulher desconfiada, faz verdadeiros levantamentos geológicos e busca fundo elementos que embasem a sua desconfiança.
Sempre que o mundo lhe entregar algo de maneira muito fácil, desconfie! Na maioria das vezes será algo sem valor real, porém o preço será alto e o pagamento poderá lhe custar o seu destino. 31/01/2025