Depoimento para uma Garota que eu Amo
►Medo na Infância
Estava eu andando com minha tia
Lembro que fazia calor naquele dia
Era só alegria
Ela então começou a contar uma história que ouvira
"Imaginação de alguém", é assim que eu definiria
Mas, na época, das histórias da tia medo eu tinha
Mas também que quem não iria?
No cemitério há assombração
E se na minha casa houvesse uma na escuridão?
Imaginem quando eu ficava sozinho então
As três da manhã olhar para o espelho com uma vela na mão?
Claro que não
"Cuidado com a loira do banheiro"
Diziam que ela aparecia para o menino encrenqueiro
Que "matava a aula", o bagunceiro
No banheiro, com a luz acesa, não olho para o espelho
E se acabar enxergando um outro sujeito?
O pé eu meto
Irei correr mais rápido que o próprio vento
Debaixo de mil cobertores, me deito
Na minha mente esse é o jeito.
Uma lenda urbana
Cuidado por onde anda
Tenho medo daquela dona de branco
Passeando nos trilhos abandonados
Vários avistamentos foram relatados
Não quero ter meus passos seguidos por ela
Dizem até que ela segura uma vela
Dizem ser uma pequena velha
Sim, tenho medo dela.
O engraçado é que meu pai não acredita
O engraçado é que meu pai duvida
Crer não haver nada depois da vida
"A morte é o fim", ele sempre dita
Debaixo da cama ele não espia
A maneira como ele me ensinou
A maneira como me educou
Me lembro agora o que, uma vez, ele me falou
"Não há nada há temer, durma"
Eu ficava acordado durante a madrugada
Sem nada a falar
Pois sabia que meu pai iria acordar
Sabia que ele iria me xingar
Eu era uma criança
Isto ocorreria na minha infância
Da cama a porta, aquela distância
"Ah alguém em pé me observando", eu pensava
E se realmente houvesse?
Deixei como estava.
E se existir algo na escuridão?
Algo invisível em nossa visão?
Que não faça sentido, razão
Pensar estar sendo observado
Mesmo que não tenha ninguém ao seu lado
Isso me gera um certo medo, já falo
Mas as três da manhã, me calo
E meus olhos são fechados
E só abrem com os tijolos do meu quarto
Sendo iluminados
Pelo Sol que espanta os visitantes da noite.
Sentimentos
Me pediram pra falar de sentimento, sorri.
Logo eu que sou um poço profundo repleto deles.
Não soube o que dizer, apenas senti.
Interrogações
Pobre janela que nem coração tem, se tu soubesses o que eu vejo, talvez nem existiram, um homem se explodindo numa avenida, terrorista, por falta de um bom dia, uma palavra de amor.
O que é isso?
Um bandido?
Um agente da corrupção?
nem precisa gritar : Perdeu!
mata humildes sonhos, talvez os meus, os seus.
E que leis são essas?
não há justiça que tanto se espera, olho pro lado, mas que tanto de zumbis rodando a cidade?
batendo em minha porta:
- Onde está, a dona oportunidade?
"Brasil, país do futuro", como tu es grande, como tu és belo, como deixa um mosquito te roubar?
Vidas... mais vidas
é preciso lutar, mas não chore, guarde estas lágrimas, porque talvez um dia seja, seu último copo d'água.
Planeta Terra,
cadê outros filhos?
Já não estão mais aqui?
Cadáveres?
Pela crença, de fome, de bala perdida, na guerra ou no terremoto do Haiti?
Onde vamos parar?
Onde nossos sonhos se perderam,
Cadê a paz?
A paz que não machuca, a paz que não é falsa, a paz que fica escondidas, esquecidas, à beira das praças.
Mas mesmo assim,
" veras que teus filhos, não fogem a luta"
Seja no trabalho,
em casa ou nas ruas,
sempre estão, em busca de um melhor:
Um melhor de si,
Um melhor país,
Um melhor planeta,
e mesmo que restem tempestades,
tsunami, maremotos , destruição e se não encontramos mais pessoas boas nas ruas,
sejamos nós então.
Eu estou contigo, não te deixarei
Durante a noite, tua voz ouvirei
Passo a noite contigo pra te guardar
E, pela manhã, minha promessa em tua vida se cumprirá
A vida é feita escolhas. Escolher é assumir perdas. Eu admiro e respeito muito mais quem está do outro lado do muro do quem está em cima dele. Quem está em cima dele não quer perder nada. Desce do lado que convém, de acordo com as oportunidades.
Palavras de um analfabeto
Eu quero te ver
Em todas as palavras
Que ainda vou escrever
Em cada sorriso que desenhar
Ainda que as minhas mãos
Trêmulas pela fragilidade
Da desigualdade do meu olhar
Frente à maturidade do teu corpo
Me impeça de pensar
Que o lápis em cima da mesa
Está pronto pra começar
O que ainda está a palpitar
Perto de você
Sou um analfabeto
Que olhas as figuras do livro
Imaginando o que está escrito
Que sonha rimar com o teu olhar
Procurando nas estrelas
Os versos certos no incerto
Brilho de uma noite de luar
Hoje sei que o amor
Carece de cada detalhe teu
Para sobreviver ao voraz
Silêncio destes momentos
Em que posso ouvir inexplicavelmente
Os mudos cantarem com louvor
Para o surdo que sou
A sinfonia do teu aroma
Sou a criança que aprendeu andar
E sorriu pela primeira vez
Descobrindo como é bom caminhar
Em direção aos teus lábios
Doces e inocentes
Perturbadores e calientes
Desnudos pelo tempero
Da chama que nunca se apaga
Sobre a página em branco
Arde o inverno dos meus vocábulos
Sobre o meu peito floresce
A primavera dos teus predicados
Enjaulados numa exclamação
Ponto final da minha liberdade
Frieza pudica da sua interrogação
O único veneno da sua beldade
Não te garanto a minha breve passagem
Pois quando eu for alfabetizado
Posso aprender a ver além das imagens
E encantar-me com as palavras.
Sentimentos de raiva, de amor, de alegria eu escondo tudo, não é frieza e sim medo de ser trouxa denovo
As vezes eu falo que sou o melhor aluno da sala, não é que eu me ache, é que eu acredito em mim, e se você acreditar, sonhar, lutar, pode conquistar o mundo...
Pensamento do dia 20/08/2016 (Sábado)
Não sou o pior o melhor nem o mais ou menos, sou somente eu tentando viver focado na vida que Deus me restituiu.
"Eu tenho meus motivos, você tem os seus. Eu tenho minha vida, você tem a sua. Então vamos nos respeitar."