Decisão
Como será o dia em que vou me decidir?
Deve estar se perguntando decidir sobre o que ou sobre quem. Mas a resposta é decidir sobre ir ou ficar.
Tem momentos em que tudo faz sentido, os planos, os sonhos, as pessoas, tudo é convidativo para decidir ficar. Porém, também existem os momentos em que nada mais importa, nada faz sentido, todas as escolhas que tomei na vida foram erroneamente erradas. Nesse ínterim, chego a conclusão que nem a maior e melhor bomba nuclear é tão destrutiva como eu. Me perco no ar. Quando respiro, sinto tudo, todo o suspiro de esperança de cada um que acreditou em mim. Tão jovem, tão inteligente, uma vida inteira pela frente, profissões importantes e imponentes, fora os outros adjetivos que nem consigo escrever sem debochar.
Um dia decidi ir e ao mesmo tempo ficar, que mistura de dor e alegria, uma partícula de água lutando para penetrar o óleo mas o que pode, foi só encostar e também, aproveitar, já que aqui parada não podia ficar. E assim segui, tentando ser a normalidade de um ser normal nesse curto espaço de tempo que me restou. Felicidade? Onde eu compraria um pouco disso? Afinal, nem sei realmente se conheço esse sentimento ou se finjo conhecer.. ninguém sabe. Mas decidir ficar é algo que não está ao meu alcance, essa decisão tem um tempo, dizem ser o tempo que Deus estipulou, já que há coisas que nem com o martelo do Thor é possível derrubar. Mas e se? E se eu fosse, se eu fizesse, se eu pudesse.. mudaria tanto assim? Seria melhor para as pessoas, para a sociedade, para você.. mudaria algo?
Se eu pudesse realmente escolher algo, esse algo seria renascer, renascer em uma versão melhorada, evoluída e não destrutiva. Mas está aí mais uma coisa que não é um poder de escolha ninguém.
O que é simples para mim é um turbilhão para outro alguém e vice-versa, a escolha certa é errada e a errada é certa.. tensão viver assim. Um dom desperdiçado por alguém que só ficou machucado. Mas o que eu quis dizer não foi isso.. mas o que eu quis fazer não foi desse jeito.. justificativas em cima de justificativas e o que está dentro do coração ninguém tem nem a noção.
Sem que tenha reparado, a decisão mais concreta até o presente momento é a de ir. Ir para onde a pele, é pó e onde a carne não fere.
Mas com toda certeza, você tem razão! Que loucura a minha pensar que poderia ter voz, que poderia ser compreendida. Você tem razão, eu errei, me exaltei, te machuquei.
É claro que você não me magoou, não me feriu, não me levou ao extremo, claro que você não fez isso. Eu estou louca. Estou louca também em pensar que aqui não é lugar para mim, já que tenho tudo, tenho todos, tenho a vida. Bobagem minha. Me desculpa. A minha decisão é ficar até me decidir.
O aqueduto que conduz as decisões da vida é apenas parte do longo processo de efervescência do interior mais profundo de cada um.
Quais promessas fizemos no último dia do ano passado? Recordar, elaborar e tomar decisões, formam uma tríade que evoca a lei da causalidade: toda ação corresponde à uma reação. E, pasmem, até mesmo a omissão reclama um consequência que pode ou não estar sob nosso controle.
Sua opinião é diferente da minha? Que bom! Mais um motivo para você estudar a situação antes de publicar a sua decisão.
Viver de um jeito não é uma crítica a todos os outros jeitos de viver. Será que essa é a ameaça que a mulher sem filhos apresenta? Ainda assim, a mulher sem filhos não está dizendo que nenhuma mulher deveria ter filhos, ou que você – mulher empurrando o carrinho de bebê – fez a escolha errada. A decisão que ela toma para sua vida não é um discurso sobre a sua. A vida de uma pessoa não é um discurso político, ou geral, sobre como todas as vidas devem ser. Outras vidas deveriam correr paralelamente à nossa sem qualquer ameaça ou juízo.
Ainda que não esteja bem, sei assim mesmo que toda mudança mora em mim. Decido entre ir a frente ou parar, me aventurar ou me acovardar. O mais importante é eu querer mudar.
Se apagarmos os erros do nosso passado, apagaremos também os acertos do nosso presente, ou seja, nossa sabedoria.
A emoção me move, e a razão me guia!
Sem uma, não há motivação para se enfrentar dificuldades e decidir. Sem a outra, não há racionalidade na decisão.
Vou anotar o número do meu telefone aqui e entregá-lo para você. O que fará com ele, sabe, será decisão sua, mas espero que talvez, só talvez, você me ligue.
O passado de algum tempo atrás realmente é um passado, mas o passado ontem ainda é mais recente que qualquer presente.