Da Solidao Cecilia Meirele
Um dia eu mudo.
Paro de procurar solucionar
A dor do outro.
De procurar baleia onde
Não há mar.
Deixo de buscar discurso onde
Há esmola.
Finjo que não vejo
A casa destelhada.
Evito consertar o poema
Quando não existe rima.
Tento esquecer
Que não há mais ou menos.
Basta desprezar os números!
O jeito é evaporar-me em formas outras
Que me permitam
Vislumbrar cada manhã
Sonho de novo tempo.
...quando chega a derradeira hora não há o que fazer. Resta apenas a dor e a angústia de saber que não haverá volta...
E todo dia eu preciso usar uma de minhas máscaras: a de feliz amigo de todo mundo. Ou também a de arrogante que exibe uma pseudoforça. Quando não me convém mais usá-las apenas tento ser eu mesmo.
Gotas de orvalho
Salpicam a terra
E conseguem adubá-la.
Gotas de paciência
São capazes de amaciar
Qualquer relação
Emperrada.
Gotas de sabedoria
Empurram aprendizagem.
Gotas de perdão
Ainda que difíceis
Desafogam o coração.
Gotas de solidariedade
São pequenas parcelas
Que juntas
Salvam muita gente.
Gotas choradas
São lágrimas
Que extravasam mágoas
E lavam o chão da
Alma.
Como dói
O silêncio de palavras
Não ditas.
Cada qual
Uma ilha perdida
No oceano.
Silêncio compartilhado
Este sim
Tem sabor de
Comunhão
E transcendência.
É silêncio construtivo.
Silêncio de porto seguro.
Sombras
Antiga brasa...
Socorro estou congelando!
Antes uma brasa incandescente,
Agora um cristal de gelo.
Estou indo para o outro lado,
E lá, já não há volta...
Temo ser frio, mas já não sou mais
como antes, quente.
Ontem eu disse que te amava,
Hoje já não sei mais,
Amanhã provavelmente te odiarei.
Não me conheço mais, ou talvez agora
eu esteja realmente me conhecendo.
Em todos os casos as sombras são tentadoras
e agradáveis, para quem realmente as conhece...
Jovem borboleta negra
Jovem borboleta negra,
Agradeça por poder voar,
Agradeça por ser simples,
Agradeça por não ser humana
Jovem borboleta negra,
Voe alto, faça o que eu
como homem não posso fazer
Sinta o que não posso sentir.
Tenha a liberdade de uma forma
que eu como homem não posso ter.
Jovem borboleta,
Viva pouco para não
chegar a ver o homem destruir
seus semelhantes e agradeça
por isso.
Agradeça sempre por ser o que é
e não precisar mudar para se salvar.
Jovem borboleta negra...
Estranha noite esta...
Não a sinto...
Não a vejo...
Onde tu estás, oh amada lua?
Onde te escondes?
Permita-me lhe contemplar
Não creio que abandonaste teu filho aqui,
em meio a tolos que pregam a luz
como se fosse algo bom...
Onde tu estás, oh amada lua?
Onde te escondes?
O vento frio já bate em minha pele,
e não é o vento da noite, mas sim o da morte
Se conseguisse lhe ver ao menos mais uma vez...
Simplicidade
Enquanto você tenta ser o que essa sociedade doente exige,
Eu apenas tento ser eu...
Enquanto você tenta ser o melhor naquilo que te disseram
para se fazer,
Eu apenas tento fazer o que gosto...
Enquanto você quer viver o máximo de tempo possível,
Eu apenas vivo o hoje por saber que a morte logo virá...
Enquanto tu sonhas com vários amores,
Eu vivo com o meu único amor...
Enquanto queres agradar todas as pessoas,
Eu apenas odeio todos os homens...
E ainda assim me atacas?
Não sou teu inimigo, não mais que seu próprio ser...
Para todos que foram.
Tenho andado pensando em você, em mim e em tudo que você não ficou tempo suficiente pra ver. Não tenho certeza se ainda gosto apenas do cheiro do café, não odeio mais a cor verde e tenho tentado me colorir mais. Não me recuso mais a dançar desajeitada por medo do que os outros vão pensar, substituí minha ânsia por brigas pelo desejo de paz, já não faço piadas como antes mas tudo bem.
Tenho andado pensando em cada pequena coisa que te fazia me conhecer e que não existem mais. É engraçado e um pouco assustador como podemos ser tantas pessoas diferentes em apenas uma vida, já me desfiz e refiz tantas vezes que não tenho certeza se ainda resta algo da obra original, também não tenho certeza se sinto falta dessas versões passadas de mim. As vezes penso que eu era mais triste, ou mais feliz.
Tenho pensado na sua mania de não mudar, de ser sempre o mesmo e em como de certa forma, agora você vai ser sempre o mesmo pra mim, lembranças que não mudam pois o personagem que as protagonizam já não se faz mais presente, saiu pra não voltar antes do terceiro ato. As pessoas me dizem como nunca sabemos quando ou se alguém vai voltar pra nossas vidas, eu concordo e ainda assim tenho tanta certeza quanto alguém pode ter de que nunca mais seremos parte um do outro.
As ideias são balões que precisam de ser enchidos com sentimentos. Doutro modo falta-lhes a fibra que as liga à terra e somos levados nelas.
RESISTÊNCIA
A luta feminista, antirracista e anticapitalista é a outra face da medalha da disputa machista, racista, capitalista. A opressão leva à luta, que por sua vez, legitima os lutadores e a luta como tal. A força do lutador vem-lhe muitas vezes das vítimas que não vê, mas deixa, no seu caminho!
António da Cunha Duarte Justo, in Pegadas do Tempo
TUDO FLUI
No rio passa a nuvem, passa o mar, passa a lágrima, passa a vida no sentido (à procura) do sentido.
António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Tempo
OLHAR BENIGNO
Se queres ser mais feliz não te agarres à negatividade do mal que vês no outro.
Aquilo que nele se critica é, muitas vezes, o reflexo do que não se vê em nós!
Um olhar turvo torna escura a paisagem! Um olhar benigno leva o Sol mesmo aos recantos mais escuros. Confia em ti não te distraias nos outros.
António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Tempo
BOAS OBRAS
As boas obras são o interruptor que acende a luz no nosso interior.
in Pegadas do Tempo
IDEOLOGIAS
Nenhuma ideologia pode salvar o mundo, porque toda a ideologia cria inimigos de classe.
Se bem observamos, ideologias tornam-se numa sebe para manter o povo controlado. As ideologias são o ópio adequado para os cães de guarda das ovelhas. As ideologias, por um lado, treinam a obediência e por outro tiram a humanidade.
António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Tempo
