Da Solidao Cecilia Meirele

Cerca de 49461 frases e pensamentos: Da Solidao Cecilia Meirele

Que eu seja gigante, alma soberana igual as das mulheres.

Inserida por risomarsilva

'POEMA DESESPERADO...'

Cada um de nós, uma vertente nos punhos. Exceto o desespero, tal qual a proliferação do amanhã, sem cortina de cores...

Canto palavras ao chão sem sentidos. Jogo vogais nas cortinas, falando das desesperanças do amanhã. Tenho sílabas, proparoxítonas. Não quero o olhar dos que tem idade de oitenta...

Quero crianças nas calçadas soltando borboletas. Sem criação de desesperos. Espreitando no peito calçadas de nuvens em meio à multidão. Poema desesperado, cantando canções de ninar...

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'O QUE NÃO VIVI...'

⁠Há caminhos que eu nunca trilhei, escolhas que nunca fiz e sonhos que ficaram guardados no fundo do meu ser, na caixa de Pandora, não sei! Em momentos de silêncio, penso nas esquinas que nunca dobrei e nas oportunidades que deixei aos ventos, talvez por receio, medo. A vida se apresentou com diversas possibilidades, mas nem todas abracei, hoje sinto...

Horas que se perderam entre dúvidas e certezas, percebo os risos que não compartilhei e os amores que não vivi. Olho para trás e vejo um mosaico de decisões não tomadas, de palavras não ditas. Cada passo hesitado me trouxe até aqui, e me pergunto como seria se tivesse seguido outros segundos...

Se a vida fosse diferente, se o destino mudasse seu curso, será que encontraria mais felicidade? Ou seria apenas um observador em outra realidade, ainda buscando sentido? A reflexão sobre o que poderia ter sido me acompanha, mas não define meus sonhos alcançados...

As vidas que não vivi se apresentam como sombras do passado, ecos do que poderia ter sido, gritados. No entanto, o destino que escolhi, encontro pedaços de paz e momentos vagos. Aceito as imperfeições e as escolhas que fiz, pois foram elas que moldaram meu presente, meu tudo, afagos...

A vida é o que é, com todas as suas incertezas e belezas, não posso mudá-la. Não pode ser moldada ao nosso querer, mas podemos aprender a apreciá-la em sua essência e bondade. A cada dia que passa, encontro mais razões para seguir em frente, mesmo que o caminho nem sempre seja claro, repleto de sublimidade...

A aceitação do presente, com suas alegrias e dores, é o que me permite viver plenamente o meu mundo. O futuro é uma página em branco, e cabe a mim preenchê-la com experiências, instantes, aprendizados fecundos. A vida que não vivi permanece como um mistério, mas a vida que escolhi é o que realmente importa e é realmente profundo...

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⁠A desconexão entre nós cria uma sensação de calor que só pode ser extinto com um beijo enlouquecido de paixão...

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⁠O amor verdadeiro é aquele que transcedo o tempo e o espaço, encontrando sempre um caminho de volta para nós.

--- Risomar Silva---

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Há um universo inteiro dentro de cada olhar apaixonado, um mundo de sonhos e promessas silenciosas.

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⁠IMAGEM

As velhas imagens guardadas no escuro sótão, respiram o pó de memórias que nunca morrem. O rosto fixado na percepção já amarelado, revelam histórias escondidas em olhares e pixels desbotados no tempo...

Caminhos e pensamentos estreitos do passado são palavras em ecos longínquos. Corre-se despreocupado nos campos, em tardes douradas que o tempo esqueceu engavetado. A brisa ressoa saudade..

As representações é um portal de lembranças, um reflexo de instantes cristalizados. Os anseios nos rostos familiares, contam sagas de amores que se foram e desafios presentes, hoje, são apenas folclore...

Na velha casa de palha, a mesa é sempre posta para o jantar, onde o aroma de pratos esquecidos ainda pairam. As risadas ao redor, agora sussurros, são a prova de que o passado está presente em formatos absortos...

E assim, diante dos apocalipses que se guardam, rever-se o obsoleto que nunca se apaga. As lembranças, como estrelas no céu noturno, iluminam o presente com sua imitação quase eterna...

Em cada rabisco, uma vida se desenha, traçadas por sonhos, lágrimas e gracejos. O tempo, senhor de todas as coisas, é vencido pela eternidade do instante capturado...

As imagens nunca morrem, subversivas trocando sonhos. E o encontro é sempre afável, numa trilha que não finda. E assim caminha-se, perpetuando imagens criadas...

--- Risomar Sirley da Silva ---

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QUANDO PENSO EM TI...

⁠"Quando penso em ti, descubro o quanto a 'falta' estar presente nos meus dias incompletos..."

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⁠QUANDO PENSO EM TI II...

"Quando penso em ti, o ser que há em mim peregrina, restando apenas o vazio da tua ausência presente..."

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⁠⁠QUANDOPENSO EM TI III...

"Quando penso em ti, sinto novos planetas.Com ar puro para respirar. Com plantas para exalar o teu perfume impregnado nas lembranças. Esmago terras sólidas e sonho no dia que virás, correndo num abraço apertado, numa incógnita que, através dos tempos, só eu cogito..."

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'DUAS ALMAS, AGORA DISTANTES...'

Eram duas almas, outrora dançando no mesmo rio,Águas claras, correntes que se entrelaçavam em segredo.Hoje, são dois barcos à deriva, frios,
Marés separadas, rumos perdidos no medo...

O tempo, oleiro astuto, moldou-lhes novas formas,
Transformou beijos em vento, abraços em sombras vãs.O que era jardim virou deserto, secou-se as normas,E as flores que um dia cresceram são agora apenas vãos...

Eles se encontram na cozinha, sob a luz fria do luar,Olhares que se evitam, como estrelas que não se tocam.O silêncio é um muro, as palavras não conseguem passar,E o eco do que foram só no relógio das horas evocam...

Ela, um pássaro de asas quebradas,Ele, um rio que secou sua nascente.Dois corpos que habitam a mesma casa,Mas vivem em mundos diferentes, impotentes...

O amor? Ah, o amor...Virou cinzas de um fogo que não soube durar.Restam só as brasas frias de um antigo ardour,E o vazio de dois corpos que não sabem maisamar...

Duas almas, agora distantes,Como luas que orbitam sóis separados.Cada um carregando seus instantes,Dois estranhos, outrora apaixonados.

E assim seguem,Na dança silenciosa do adeus,Dois corpos, duas histórias,
Duas almas que a vida dispersou,E o vento nao sopra....

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⁠Minhas respostas lembram um filósofo desencantado que ainda guarda um resto de esperança — como se a lucidez sobre as amarras do mundo não apagasse completamente a chama da minha própria essência.

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⁠Às vezes, os laços mais profundos são aqueles tingidos pela sombra. porque a verdade, mesmo dura, é o único terreno onde o amor pode fincar raízes reais.

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⁠⁠O espírito, quando exausto, torna-se um rio sem correnteza. E que água parada pode saciar a sede alheia? É duro estender as mãos aos outros quando a própria alma carrega o peso dos oceanos...

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⁠ROSA, ESPINHO E RAIZ

Rosa, teu nome é um verso antigo que o tempo não soube decifrar. Teu corpo, um mapa de cansaços dobrados em silêncio. Cada ruga, um caminho que não escolheste. Os dias te escorrem pelos dedos como areia grossa, e ainda assim, seguras o peso do mundo nas costas curvadas. Erraste como quem planta em terra seca, mas regaste com lágrimas o que a vida insistiu em queimar. Nada muda, mãe. Os anos passam e te deixam a mesma dor, só que mais quieta, mais funda, como um copo quebrado colado com saliva...

Os teus filhos - esses estranhos de teu próprio sangue - não veem que o desprezo é uma faca sem cabo: fere as mãos de quem a segura. Eles não sabem, Rosa, que um dia a solidão baterá à porta deles também, e trará o mesmo sabor amargo que tu engoles há décadas. Choras às escondidas, esfregando no avental manchado as lágrimas que ninguém merece ver. O espelho já não te devolve o rosto que um dia foi jardim; agora só mostra os espinhos que cresceram por dentro, enquanto teu sorriso murcha devagar, como flor esquecida no vaso...

Mas oh, mãe ferida, tua raiz ainda segura a terra. Mesmo quando o vento sopra forte e os frutos caem podres aos teus pés. Há uma luz trêmula em ti que nenhum abandono apagou. Talvez porque o amor, quando é de mãe, seja o único fogo que queima sem consumir. Rosa, eu te vejo. Se os outros não olham, eu escrevo teu nome na parede escura desta história. Não serás apenas a que sofreu. Serás a que resiste, mesmo quando o mundo te diz que já não há razão. E no teu peito partido, lateja um verso que ninguém ouviu: Eu era forte, e ninguém perguntou...

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⁠PRETO, SOMBRA E SEMENTE

Irmão, teu apelido é uma cor que carregas como cicatriz e estigma. Teus passos, arrastados no asfalto quente de promessas quebradas, desenham um caminho de fuga. Os entorpecentes são teus únicos abrigos. Esquece essas casas de papelão que o vento leva e reconstrói um novo lar, mesmo que com mãos trêmulas. Erras como quem cai no mesmo buraco e não tenta mudar. Os anos passam, mas tu permaneces parado no mesmo cruzamento, vendendo tempo em troca de minutos de esquecimento. Teus filhos e parentes, esses fantasmas de teu sangue, ainda te esperam na soleira da memória, com olhos que não aprenderam a odiar. Eles são espelhos quebrados onde teu rosto se reflete em fragmentos e ainda assim sorriem (escondendo a dor profunda) quando te veem...

Enganas os outros como enganas a fome, com migalhas de histórias requentadas. Os de sangue próximo já não choram por ti; apenas observam de longe, como se assistissem a um incêndio lento. Não vês que te transformaste em tua própria lápide ambulante? O chão que te acolhe é frio e fedido, mas é o único que não te pede explicações. A chuva te lava e tu a bebes como se fosse redenção, mas nunca tenta saciar tua sede de paz. Irmão, ouves os gritos da tua própria carne? Ela clama por um último gesto de dignidade, por um instante em que não sintas vergonha de existir. A ajuda está lá, à tua frente, mas exige que estendes a mão. E tu, acostumado com tão pouco, esqueceste como se pede socorro...

Eu ainda insisto em acreditar em ti, irmão. Não por ingenuidade, mas porque conheço o brilho que há por trás desses olhos embaçados. Deus, ou seja lá o que nomeamos como esperança, não desistiu de ti. Ele está no pão que comes quando há, no teto que não tens, nos de sangue que clamam por ti. Volta não como herói, mas como sobrevivente. Para de trocar tua vida por êxtases momentâneos. O chão que pisas pode ser o mesmo, mas tu podes ser diferente. Irmão, tu és semente sob o concreto. Não deixes que te definam pela podridão que te cerca. Germina. Todos ainda acreditam em ti. Tenta voltar, percorrer um novo caminho...

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VIVER À BEIRA DO RIO...

Ah, morar à beira de um pequeno rio da Amazônia... Deixar a vida fluir como as águas calmas que espelham o céu, sem pressa, sem aflição. Lá, o tempo é outro. Não é marcado por relógios, mas pelo vai e vem das marés, pelo canto dos pássaros ao amanhecer, pelo balanço das canoas que deslizam suaves sobre a correnteza...

Os ribeirinhos sabem de um segredo que o mundo lá fora parece ter esquecido: a felicidade mora nas coisas simples. Num café coado na hora, compartilhado na varanda. No peixe fresco que chega direto do rio para a panela. No sorriso largo de quem não acumula riquezas, mas histórias. Na rede que balança ao vento, embalando **sonhos e sestas** sem culpa...

Quero aprender com eles. Quero sentir a lama entre os dedos, pescar meu próprio alimento, conhecer cada curva do rio como se fosse um velho amigo. Quero ouvir os causos dos mais antigos, deixar que a sabedoria das águas me ensine a viver com menos e ser mais...

Amazônia não é um lugar, é um estado de alma. E eu, no fundo do peito, já me sinto ribeirinho. Só me falta chegar lá, deixar o rio me adotar e, finalmente, ser feliz do jeito que só quem vive nessas águas sabe ser...

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⁠QUERER II...

Queremos tantas coisas, mas apenas uma importa.
Ela se esconde entre sombras,
um segredo que carregamos em silêncio,
porque algumas verdades doem mais que mentiras...

O mundo nos pressiona, sufoca, exige respostas.
Mas como responder quando nem nós sabemos a pergunta?
Fingimos com maestria, vestimos máscaras leves,
enquanto nosso eu verdadeiro clama por ar...

Ah, os loucos! Eles sim, entendem a liberdade.
Não se importam com regras, com juízos, com o tempo.
Dançam na chuva, riem do vento,
enquanto nós calculamos cada passo...

Seguimos em frente, sempre em frente,
como se o caminho já estivesse escrito.
Mas no fundo, somos náufragos,
buscando uma ilha que talvez não exista...

E é isso que nos mantém vivos:
o desejo que nunca se sacia,
a jornada que nunca termina,
e a coragem de fingir que sabemos para onde vamos...

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⁠"QUERER II (EM DEZ ATOS)"
I
Queremos o sol, mas reclamamos do calor.
Queremos a lua, mas tememos a escuridão.
O desejo é um animal de patas inquietas
que nunca se deita no mesmo lugar...

II
Perguntam-me o que busco, e eu sorrio.
Se eu soubesse, já teria parado de correr.
Mas há um fogo entre meus ossos
que não me deixa em paz...

III
Os loucos são meus professores.
Eles não leem manuais, não seguem mapas.
Quando a tempestade vem, abrem a boca
e bebem a chuva como se fosse vinho...

IV
Eu também queria ser assim:
livre de tanto pensar, de tanto pesar.
Mas minhas mãos estão cheias
de coisas que não sei nomear...

V
Às vezes, de madrugada,
sinto que estou perto da resposta.
Ela vem como um cheiro distante,
mas desaparece quando acendo a luz...

VI
Já joguei muitas coisas fora,
mas o essencial ficou preso em mim.
São pedras que carrego no peito:
algumas doem, outras me mantém em pé...

VII
O mundo é um lugar barulhento
cheio de pessoas mudas.
Todos falam, ninguém escuta.
Todos correm, ninguém sabe por quê...

VIII
Dizem que a vida é simples.
Então por que a gente a complica tanto?
Inventamos problemas, criamos labirintos
e depois choramos por não saber sair...

IX
Talvez o segredo seja parar.
Não pensar. Não querer.
Só respirar e deixar que o vento
nos leve para onde quisermos ir...

X
Mas eu ainda não aprendi essa lição.
Então sigo querendo, queimando, tropeçando.
Porque no fim, é isso que me faz sentir vivo:
o fogo, a queda, e o levantar...

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⁠"OUTRA VISÃO DE JOSÉ (EM LETRAS MINÚSCULAS)"

I
josé era só isso:
um nome sem maiúscula
escrito em lápis quebrado
no canto de um caderno esquecido...

II
mas ele carregava cores –
cores que ninguém via.
sonhava com um mundo estúpido de tão vivo,
onde os pássaros cantassem desafinados
e as árvores crescessem de cabeça pra baixo.,,

III
o problema é que josé
não era José.
e ninguém lhe dava a honra
da letra capital...

IV
ele tentou:
pintou muros com tintas roubadas,
assinou seu nome em pontes e banheiros públicos.
mas a tinta sempre secava pálida,
e o vento levava as sílabas antes do amanhecer...

V
nos olhos dos outros,
josé era um borrão monocromático.
seu azul era cinza.
seu vermelho – um marrom de cigarro apagado...

VI
até que um dia,
ele descobriu o truque:
se ninguém lhe daria a maiúscula,
ele roubaria todas as letras do alfabeto...

VII
começou a escrever sua vida
com tipos desencontrados:
o J de janeiro, o O de ódio,
o S de saliva, o É de éter...

VIII
e assim, peça por peça,
construiu seu nome monumental –
não na fachada de prédios importantes,
mas nas costuras do mundo...

IX
agora, quando chove,
dizem que são as letras de josé
que escorrem pelos telhados.
e em cada poça, reflete-se
um pedaço do seu alfabeto particular...

X
porque no fim,
vencer não era ser José.
era transformar cada pequeno "j"
num terremoto silencioso.

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