Da Solidao Cecilia Meirele

Nunca o homem inventará nada mais simples nem mais belo do que uma manifestação da natureza. Dada a causa, a natureza produz o efeito no modo mais breve em que pode ser produzido.

Assim como todo o reino dividido é desfeito, toda a inteligência dividida em diversos estudos se confunde e enfraquece.

A necessidade é a melhor mestra e guia da natureza. A necessidade é terna e inventora, o eterno freio e lei da natureza.

Não há conselho mais leal do que o que é dado num navio em perigo.

A pintura deve parecer uma coisa natural vista num grande espelho.

Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre.

A pintura é poesia muda; a poesia, pintura cega.

Não somos nós que perdemos tempo. É o tempo que nos perde.

Todo o homem deseja ganhar dinheiro para dá-lo aos médicos, destruidores de vidas. Devem, portanto, ser ricos.

Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos.

Quem muito pensa no futuro perde o presente.

A busca da solidão é uma tendência do nosso tempo; antes, e desde o seu aparecimento sobre a terra, o homem buscou apenas não ficar sozinho.

A solidão é o império da consciência.

O pior sofrimento está na solidão que a acompanha.

Se existe uma solidão em que o solitário é um abandonado, existe outra onde ele é solitário porque os homens ainda não se juntaram a ele.

O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.

A solidão é um bom lugar para se visitar, mas não é nada bom para se lá ficar.

A solidão é essencial à fraternidade.

A cidade não é a solidão porque a cidade aniquila tudo o que povoa a solidão. A cidade é o vazio.

Os homens vivem juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão.