Custa
SEM RÓTULO
A minha curiosidade e atrevimento ao escrever às vezes me custa responsabilidades.
Em um dia daqueles que a gente não espera, um jovem poeta me aborda pelo Instagram e para minha imensurável surpresa me faz um questionamento.
- Eu leio seus textos sempre!
Eu lhe respondi.
- Quem bom, fico feliz por isso.
E, surpreendentemente, ele me interpela.
- Eu tenho muita vontade de lhe mostrar meus escritos mas tenho medo que detecte algum erro.
Em êxtase lhe respondi
- Eu também morro de medo do seleto intelecto corretivo da literatura comercial.
No entanto, a escrita é minha, a leitura sou eu que faço.
De certo, no universo virtual eles também me lêem, embora não me comprem
O restante é só o restante caro poeta.
NÃO RECLAME...
Se você acordou cedo, mesmo sem motivo, lembre-se de quem, nem à custa de remédio conseguiu dormir...
Se você acordou cedo para ir trabalhar, lembre-se de quem está procurando emprego...
Se você acordou cedo mal-humorada(o), lembre-se de quem passa o dia todo triste...
Se você acordou cedo com dores musculares, lembre-se de quem tem que ser acordado para tomar remédio...
Se você acordou cedo, feliz da vida, lembre-se que tem muita gente precisando do seu afeto...
Edvaldo José / Mensagens & Poesias
Ando tão cansado que até sorrir me custa. Pois fingir contentamento é um preço alto demais a ser pago.
Não sei fazer poema.
Mas tentar
Não custa nada
E pode sair o seu lema.
Tente pois
só aprendemos a falar
Depois de chorar
E observar quão as coisas
São ricas em detalhes
Como um beijo a sóis
Faça diferente
Reinvente
Aproveite
E ame
Porque um dia
Só será lembrança.
Proporcionar as pessoas momentos de alegria e felicidade custa tão pouco, e faz despertar sorrisos que não tem preço.
Achas que custa caro um profissional? É porque você não faz ideia do prejuízo que causa um incompetente.
UM PRETO EU-LÍRICO QUE SE QUESTIONA
Ser um Nêgo Nerd tipo A,
Custa caro.
Mas vale a pena.
No escuro ele mostra seu lado doce.
Sou mais que corpo, sou mente.
Sou um sujeito subjetivo. Sou um indivíduo que quer a nêga também depois da cama.
Pode até faltar água no sertão,
Porém sobra nos olhos do negão.
A vida nunca será linear. Sempre será escrita em linhas tortas.
Há um homem por trás dos óculos.
Há um homem por detrás da barba, há um homem preto por trás da cor, Drummond. É o avesso da pele. Esse homem não é tão sério, tão viril, tão violento assim. O homem por trás do óculos e da barba.
O homem por trás do óculos é negro, é negro.
O 'europeu' é tão egocêntrico que tem um "eu" no início e no final da palavra.
Mas meu eu-lírico diante disso não se rebaixa.
Se a periferia soubesse que o maior escritor brasileiro veio de lá, a narrativa seria outra.
Bato no peito e digo: Colombo, sou quilombo, sou África!
Enfim, continuamos em casa, nesse país sangrento,
onde o sangue está escorrendo por debaixo da porta, quanto estamos comendo e bebendo.
Não me identifico com o que eu faço.
Quando volto do trabalho, não sobra eu.
Perguntou-me: cadê aquele negro sonhador, cheio de saúde, que escrevia poema de amor a mão? Não corro mais atrás da bola. Cadê eu?
Na minha ótica, vejo essa armação:
Enxergo com "meus próprios olhos" absurda carga horária passar lentamente.
Os dias têm que ser abreviados.
Porque sofremos muito, Deus meu!
A literatura denuncia isso com amor, com mimese. Por hora, com catarse.
Eu, caro poeta, não estou só. Mas sós.
Com Deus? Perguntou-me porque o abandonei?!
O racismo não acabou. Mas todos têm letramento Racial Crítico. Superamos! Supomos...
Mas o negro continua descendo e subindo a favela.
Continua pintando com seu sangue os muros e grandes construções. Continua pondo fogo na cana até ficar da sua cor, e o que ganha, não compra um quilo do açúcar pretinho.
...Sem ocupar espaços de poder.
O negro continua, continua, idetitarista.
Quero crer que é possível lançar luz sobre as sombras da utopia, poeta.
O que fora dito, não é só ideias. É uma antropofagia da sua lírica.
O desejo só cabe no peito de quem não pode fazer nada.
Tanta gente a pensar que a vida não lhe custa nada, quando tudo o que o destino lhe reserva é sempre "de marca", e a um preço altíssimo, embora justo.
O preço
Quanto custa não se conformar com o tamanho do mundo que lhe foi apresentado?
Quanto custa ter sua profissão, pagar as suas contas, ter o seu carro, cuidar do próprio corpo, bancar suas viagens, buscar conhecimento e crescimento tanto emocional, quanto espiritual e patrimonial?
Quanto custa não se curvar às convenções casamento, filhos, religião e outros?
Quanto custa, nesse cenário todo, ser mulher, solteira, independente, inteligente, boa companhia, sem falsa modéstia, bonita e resolvida sexualmente?
Custa muita coisa.
Custa ter e dar prazer a um cara que, ainda bem, não te considera suficientemente pequena para se adequar ao tamanho do mundo dele.
Custam olhares masculinos desejosos, mais a maioria deles, medrosos.
Custam olhares femininos, uns ressentidos, mas outros cúmplices, orgulhosos por alguém viver a vida que elas queriam, mas não tiveram coragem para tanto.
Custam noites solitárias, netflix, corpo nu ao sofá (não que isso seja ruim), datas comemorativas não festejadas, vontade de dividir pequenas ou grandes vitórias ou fracassos com um(a) alguém, e muitas vezes desespero por ter que voltar à cama daquele cara idiota já mencionado.
Mas de manhã, seja ao sair da cama desse babaca ou a amanhecer sozinha, uma mulher assim sempre se convence de que por mais altos que sejam os custos, mais caro ainda seria não arcar com eles.
E segue, às vezes até se questionando o motivo pelo qual não aceita migalhas definitivas ou alguém que a faça sentir necessidade de fazer dietas por causa da sua fome de viver. A resposta, depois de algum tempo de questionamentos já não traz mais tormento ou vergonha: é que realmente é feliz por ser e como é.
Isso não significa que tem uma vida repleta somente de coisas boas ou que a porta esteja fechada para alguém, mas se para você entrar for necessário que essa mulher trave lutas homéricas para que você permaneça na vida dela, continue batendo à porta, do lado de fora e em vão.
- Então, quer ou não entrar e tomar uma xícara de chá?