Cuidando do meu Jardim
PERDEU MANÉ
Perdeu mané, perdeu mané
o mundo dá volta, você sabe como é.
Um dia a gente soube, outro dia a gente cai
e neste carrossel gigante é o povo que se contrai.
O sistema dita o jogo
e a sociedade aceita
aparece um novo mito
que escraviza e se deleita.
Cego que se faz de guia
com um julgo mais pesado
oferece uma esmola
pelo estado consagrado.
Assim as coisas se encaixam
se tiver o que comer
a gente volta a sorrir
a seguir um líder fraco
que nos ensina a mentir.
O mundo me faz piada
e me chama de imbecil
povo tolo que se rende
ao comando varonil
de qualquer tirano tonto
que do abismo surgiu.
Perdeu mané, perdeu mané
é hora de acordar
o jogo que foi proposto
com suas peças a girar
resgatou uma nação
das mãos de um mito morto
agora é hora de rir
de um rei por lei deposto.
Perdeu, Mané
Perdeu, Mané
Perdeu, Mané
perdeu, Mané
a fila anda
veja a vida como é.
Perdeu, Mané
perdeu, Mané
agora é nós
não amola
e mete o pé.
O estado brasileiro
está cheio de confusão
ministro matando a língua
que infinda discussão
quem não afinar o verbo
vai parar lá na prisão.
O exército brasileiro
está dividindo a nação
general querendo golpe
iludindo o povão
e os crentes doidivanas
lhe pedindo intervenção.
O congresso brasileiro
não representa a nação
deputado dando tiro
pra ganhar a eleição
e o pobre caminhoneiro
voltando pro cativeiro
sob a ordem do patrão.
Devemos nos ater ao mundo sensível
Se tentamos explicar as coisas intangíveis como fé, Deus e espiritualidade, caímos no vazio das contradições. A razão, quando entra em conflito com os sentidos inexplicáveis perde sua função, e tudo se reduz a nada, diante da nossa imensurável ignorância do todo.
Não podemos compreender o todo, somos parte de algo imenso, inconcebível ao ser humano, tão pequeno e frágil. A nossa concepção de mundo não pode sair do campo sensível. Podemos até sentir, e o sentido nos faz muito bem, mas quando tentamos explicar, o benefício de sentir nos foge, então surge o abismo da ignorância.
Como poderíamos explicar a origem e a criação do universo, quando apenas intuímos parte deste universo. Mesmo vivendo milhares de vidas jamais alcançaríamos o entendimento de apenas uma galáxia, desta onde fica nosso maravilhoso planeta terra. Precisamos admitir que não temos respostas para tudo, menos ainda para as coisas que intuímos, como fé, espiritualidade e Deus.
Conservamos ideias tribais dos nossos ancestrais, com respeito às crenças. Fizemos Deus à nossa imagem e semelhança, e não raro persistimos neste erro - o de achar que somos donos da verdade, com isso reduzimos a nada as outras crenças de pessoas tão incapazes de compreender o todo, assim como nós. Concluímos que eles não sabem a verdade sobre a nossa verdade concebida ou herdada dos nossos pais.
Apesar de pequenos e imperfeitos temos um grande privilegio. Não sabemos a razão, mas somos dotados de consciência, que nos ajuda a entender e discernir entre bem e mal, e isso, por si só, se formos humildes, humanos e inteligentes reconheceremos como nossa maior virtude.
Portanto, de posse deste conhecimento seremos capazes de viver e evoluir sem causar danos a nós mesmos nem ao nosso próximo.
Talvez nem tudo esteja destinado a durar para sempre. Certas coisas são como escrever no céu... É uma coisa muito bela, mas que dura apenas alguns instantes.
FRUTO DE UM ABORTO
A Besta surgiu do abismo.
Não era besta,
Nem era homem.
Mas tinha aspecto
De lobisomem
Saiu do Rio,
Como seu arauto
E para tal função
Foi para o planalto.
Não tinha voz,
E foi rejeitado
No breu ostracismo,
Dedicou-se ao um culto
De mito morto,
Regando a semente
De um neofascismo,
Onde fez crescer
Fruto de um aborto.
Buscamos Deus nos templos, mas somos incapazes de encontrar o Criador ao tomar um café com a família.
A Itália parece presa na armadilha de um interminável Truman Show, no qual os mesmos atores, cada vez mais exaustos, voltam à cena para mais um giro do carrossel, numa dança tediosa e imutável.
A IDEOLOGIA FEDE
A ideologia fede
de qualquer seita
de qualquer estipe
agnósticos ou fariseus
os vermes ideológicos
comem a carne do filósofos
a carne dos poetas, dos crentes
dos físicos e dos metafísicos,
dos incrédulos e dos ateus.
A ideologia fede,
e quem a defende se compromete
ela explora fraco e forte
come a cérebro do filólogo
come a língua do antropólogo
e o homem que é indouto
escraviza até à morte.
A ideologia fede,
prende a mente do matuto
lesa a Pátria, rouba tudo
que a natureza tem
natural é ser liberto
da ideologia Mor
que transforma o homem livre
que pratica só o bem
em maluco sem amor.
Ninguém suporta Deus, são muitos deuses que não entende teologia, é melhor começar a estudar misticismo.
"Vou passar uns dias longe de ti
para provar pro mundo e pra mim
que não estou viciado,
neste teu corpo quente,
neste beijo molhado."
A IDEOLOGIA FEDE
Há no Brasil atualmente duas caixinhas ideológicas, artistas não conseguem fugir do lugar-comum, de ser de uma ou de outra ideologia, tudo é representatividade, ideologia de gênero, antirracismo, segmentos religiosos e conceitos partidários de esquerda ou de extrema direita.
Se um artista não faz parte destas representações culturais, está fora da ordem mundial. A arte é maior que tudo isso, o mundo gira, as ideologias mudam, se transformam, e os artistas que produzem arte vinculada à ideologia de qualquer natureza passarão, serão deixados para traz, juntos com seus ativismos temporais.
Você não consegue encontrar representatividade cultural específica nos grandes clássicos. Diga-me, por exemplo, a qual ideologia Beethoven e Van Gogh pertenciam?
A IDEOLOGIA FEDE
A ideologia fede
de qualquer seita
de qualquer estipe
agnósticos ou fariseus
os vermes ideológicos
comem a carne do filósofos
a carne dos poetas, dos crentes
dos físicos e dos metafísicos,
dos incrédulos e dos ateus.
A ideologia fede,
e quem a defende se compromete
ela explora fraco e forte
come a cérebro do filólogo
come a língua do antropólogo
e o homem que é indouto
escraviza até à morte.
A ideologia fede,
prende a mente do matuto
lesa a Pátria, rouba tudo
que a natureza tem
natural é ser liberto
da ideologia Mor
que transforma o homem livre
que pratica só o bem
em maluco sem amor.
em alguns lugares somos a dor de nossas imperfeições, em outros somos a felicidade de ser quem somos
