Cronicas de Pedro Bial para Despidida
Sempre faço uso da famosa frase de Paulo Freire:
"Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor."
Deveria ser um mantra em todas as esferas da sociedade, mas parece que não desejamos libertar as pessoas.
Pelo contrário, colocamos cada vez mais lenha na fogueira dos ressentimentos.
Talvez seja por interesses econômicos, políticos e pessoais bem estabelecidos, preferimos a divisão em detrimento da união.
E assim, a guerra de todos contra todos de Thomas Hobbes continua firme e forte em nossas vidas.
Acredito que os excessos do politicamente correto, da patrulha ideológica e dos militantes oportunistas têm prejudicado muito a luta contra o racismo, machismo, homofobia...
Ainda mais em um país extremamente carente de educação e senso crítico.
Onde a maioria das pessoas tem uma enorme dificuldade em separar o "joio do trigo", em ouvir as partes envolvidas, em evitar pré-julgamentos, em fazer um filtro nas informações para assim ter uma melhor interpretação dos fatos.
Orientar a fala dentro daquilo que é considerado politicamente correto, sem, no entanto, pré-julgar e condenar pessoas.
Às vezes, estão repetindo de forma automática expressões de cunho racista com as quais conviveram anos e anos de suas vidas, sem que haja, de fato, uma intenção por trás, aquilo que denominamos racismo inconsciente.
Acredito que a luta intraclasse seja pior que a luta de classes.
Não há sentido em ter pobres contra pobres, nordestinos contra nordestinos, empregados contra empregados, aposentados contra aposentados, escravos contra escravos e oprimidos contra oprimidos.
Acredito que a luta intraclasse seja pior que a luta de classes. Não há sentido em ter pobres contra pobres, nordestinos contra nordestinos, empregados contra empregados, aposentados contra aposentados, escravos contra escravos e oprimidos contra oprimidos."
É praticamente impossível passarmos uma vida inteira sem sermos traídos.
Conseguir o troféu de menor quantidade de traições sofridas já seria uma excelente conquista.
Como jamais saberemos quem vai conquistar essa meta, o melhor a fazer é viver sem entrar nessa paranoia de querer saber o tempo todo se alguém está nos traindo.
Nada contra as manifestações e aplausos em apoio aos profissionais de saúde que atuam no combate ao coronavírus.
Só não gosto de criar expectativas, pois muitas vezes as mesmas pessoas que aplaudem hoje são as mesmas que criticarão amanhã, caso ocorram problemas de atendimento nos hospitais.
As leis que protegem as minorias são essenciais devido aos processos de estigmatização, discriminação, desigualdade e exclusão social que esses grupos vêm sofrendo na sociedade brasileira ao longo dos anos.
No entanto, essas leis, como todas as outras, foram feitas para regular, não para julgar.
Não cabe a nós condenar pessoas com base em prejulgamentos ou normas gerais. Afinal, toda regra tem exceção, e cada caso é único.
Compete ao Poder Judiciário interpretar os fatos e conflitos, identificar e julgar quem são as "vítimas" ou "algozes" nas relações pessoais e interpessoais presentes em nossa sociedade, aplicando a lei.
No passado, a elite brasileira utilizou a teoria de raças diferentes para afirmar a supremacia branca e, consequentemente, justificar a escravidão africana.
Agora, buscam empregar a teoria da única raça humana (homo sapiens) para negar a reparação social por meio de políticas afirmativas, como cotas raciais e sociais.
Acredito que biologicamente só existe uma raça humana: o Homo sapiens.
Entretanto, ao longo da história, social e culturalmente, surgiu o conceito de "raças humanas" com o objetivo de hierarquizar e justificar a dominação entre os grupos humanos, como visto na escravidão dos povos africanos durante a época colonial e nas práticas racistas ainda presentes em nossa sociedade.
É muito comum ver pessoas reforçando as trajetórias e o esforço de personalidades negras que venceram na vida como parâmetro de defesa da meritocracia.
"Se eles conseguiram, todos podem conseguir."
Afirmar isso é uma verdadeira falácia!
Esses casos são exceções à regra e, na realidade, só evidenciam a grande desigualdade social e racial brasileira, decorrente principalmente dos processos históricos ligados à escravidão.
Engraçado, estamos no espaço público das redes sociais e achamos que apenas os outros são exibicionistas, narcisistas que vivem fazendo marketing pessoal de suas vidas.
Nós não!
Estamos realizando apenas divulgações, publicações e compartilhamentos.
Todos somos narcisistas em algum grau, uns mais, outros menos.
Assim, somos nós!
Infelizmente, presenciamos na sociedade pós-moderna "falsos progressistas" utilizando-se do "marketing do bem" para se promover politicamente. Chamo-os de "progressistas para inglês ver", alusão ao antigo ditado popular.
É a lógica do "tokenismo", citado por Martin Luther King, que serve apenas para dar uma imagem progressista; ou seja, uma organização ou projeto incorpora um número mínimo de membros de grupos minoritários somente para gerar uma sensação de diversidade ou igualdade.
"Separar o joio do trigo" nesse mar de lama que se transformou o Brasil é um grande desafio.
DINHEIRO
Oh! Dinheiro, de uma coisa não temos sorte; não podes deter a morte.
Oh! Dinheiro, não tem jeito; sem você, sofremos preconceito.
Oh! Dinheiro, contigo inimigos tornam-se amigos; amigos tornam-se inimigos.
Oh! Dinheiro, o que importa é que estás sempre na moda.
Oh! Dinheiro, sem você ninguém escuta; com você, a verdade torna-se absoluta.
Oh! Dinheiro, aonde se escondes? Desejo achá-lo aos montes.
Oh! Dinheiro, te quero de janeiro a janeiro.
Oh! Dinheiro, sem distinção, para bem ou para mal, sempre te buscarão.
Oh! Dinheiro, na busca por ti, muitos vão mentir, trair, agredir e destruir.
Oh! Dinheiro, tenho pena de quem faz cena, afirmando que dinheiro não vale a pena.
Oh! Dinheiro, acabe com a fome que muitos consomem.
Oh! Dinheiro, contigo toda alma se acalma.
Oh! Dinheiro, és um verdadeiro Deus; tens o mundo inteiro a teus pés.
A publicidade quer capitalistas alegres vendendo "felicidade" para a plebe.
A publicidade afirma que todos nós somos empreendedores e que a escravidão moderna não é verdadeira.
A publicidade promove a ideia de que a terceira idade é a melhor idade, e que trabalhar não tem limite de idade.
A publicidade vende a ideia da felicidade no "aqui e agora", sugerindo que temos liberdade para consumir tudo o que desejamos.
Que Deus nos dê sabedoria e serenidade para não cairmos nas garras da publicidade.
Acho louvável a tentativa da linguagem inclusiva em acolher a todos, todas e todes.
No entanto, não consigo enxergar efeitos práticos, especialmente na periferia, onde o povo luta diariamente por um prato de comida.
Até o presente momento, percebo a linguagem inclusiva impactando, em termos práticos, uma parte exclusiva da classe média brasileira.
Na base da pirâmide social, essas pautas parecem inócuas e sem significado no contexto de extrema pobreza em que vivem.
Vivemos numa guerra civil entre policiais e bandidos, onde muitas vezes são pessoas oriundas do mesmo extrato social, amigos de infância que, por ironia do destino, estão lutando em lados opostos.
É deprimente esse cenário onde pisam-se, corrompem-se, prostituem-se, drogam-se, matam-se uns aos outros e todos que atravessam no caminho.
Enquanto os maiores culpados dessa realidade caótica desfrutam de um bom vinho bem distantes desse ninho.
Basta os lucros das grandes empresas diminuírem um pouco nos últimos anos, para a palavra "crise" voltar à tona.
Como sempre, os donos do mundo utilizam a mídia para propagar crises com o intuito de justificar demissões em massa Brasil afora.
Na verdade, a maioria dos brasileiros já nasce mergulhada em crises, face às condições precárias às quais são obrigados a conviver ao longo de suas vidas. Raramente conseguem respirar tranquilos.
A vida é a própria crise.
Segundo algumas pessoas, quem é de esquerda comunga das ideias de Rousseau, filósofo que acredita que o homem nasce bom e o sistema o corrompe.
Já quem é de direita segue as ideias de Thomas Hobbes e Maquiavel. Esses filósofos entendem que a natureza do homem é má, sendo necessário ter leis para regular os seres humanos.
De acordo com John Locke, acredita-se que nascemos como uma "tábua rasa", lisa e vazia, e o mundo vai preenchê-la com bondade ou maldade, dependendo do meio.
Eu acredito que alguns podem nascer bons, outros podem nascer maus, e para alguns, dependerá do ambiente. Cada caso é um caso. Não existe uma verdade absoluta ou fechada.
Vivemos num mar de lama há mais de 500 anos, e tenho certeza de que essa lameira tende a aumentar se não implantarmos urgentemente nesse país a educação libertadora defendida pelo mestre Paulo Freire.
O jeitinho brasileiro, baseado na "lei de Gerson" e no slogan "farinha pouca, meu pirão primeiro", a ganância dos donos do mundo e da sociedade em geral, não desejam uma mudança efetiva que coloque nosso país definitivamente nos trilhos do progresso.
"Querem que o mar pegue fogo para comerem peixe frito."
Vivemos num mar de lamas há mais de 500 anos, e tenho certeza de que essa lameira não foi criada pelo PT, e indubitavelmente não será essa turma que está no poder que fará a limpeza.
Inclusive, penso que esse mar de lamas tende a aumentar, independentemente de quem esteja no poder.
Afinal, o jeitinho brasileiro, baseado na "lei de Gerson" e no slogan "farinha pouca, meu pirão", a ganância dos donos do mundo e da sociedade em geral, não desejam uma mudança efetiva que coloque nosso país definitivamente nos trilhos do progresso.
"Querem que o mar pegue fogo pra comerem peixe frito."
Nem o povo se preocupa com o povo.
Acho, inclusive, que o povo, por falta de opção ou por conveniência, aceitou a política do pão e circo há muito tempo.
Talvez, pela dificuldade em passar pelas portas da inclusão social, que de tão tortuosas, estreitas e fechadas, pouquíssimos têm a coragem e determinação de trilhar por esses caminhos.
E aqueles que decidem seguir por essa estrada tentando um lugar ao sol carregam uma cruz muito grande e pesada durante anos e anos de suas vidas, desestimulando outros a optarem por esse caminho.
Essa lógica faz com que muitos escolham viver o hoje, entregando seu futuro nas mãos de Deus, na Mega-Sena, na possibilidade de tornar-se um jogador ou um cantor famoso...
Aliás, essa filosofia de vida de viver e ser feliz com o que tem talvez seja um dos motivos de tanta inveja por parte da denominada “classe média”.
Presenciar "pobres" felizes, vivendo intensamente o hoje, com TV led, carros, iPhone, viajando de avião, tomando cerveja, assistindo futebol, novela, jogando dominó... Com certeza, tem incomodado muita gente da classe média que culpa o PT e seu programa assistencialista.
Entendem que trabalham muito e pagam altos impostos para bancar escola pública, hospital público, bolsas famílias e outros tantos programas sociais.
Acham que estão sustentando vagabundos e preguiçosos. Um grande equívoco!
Afinal, pessoas preguiçosas e vagabundas podemos encontrar em qualquer classe.
Ressalto que esse sentimento de inveja é inerente à natureza humana desde que o mundo é mundo e independe de classes sociais.
Certamente, existe rico com inveja do colega mais rico, e tem pobre com inveja do vizinho que melhorou de vida.
Dei maior ênfase à classe média uma vez que, nos últimos anos, tenho percebido um crescimento assustador de invejosos nessa classe, principalmente em relação à melhoria de vida dos pobres.
Essas pessoas que se rotulam de classes médias perdem tempo olhando para os pobres e esquecem-se de criticar e cobrar da alta burguesia, dos banqueiros, dos industriários, das construtoras...
É com essa turma que a classe média deve brigar e não com o povo. Lutar para aumentar os impostos sobre os ricos, obrigando-os a transferir suas riquezas.
É triste ver uma sociedade que briga muito por melhorias salariais e muito pouco, ou quase nunca, por melhorias estruturais.
É triste ver uma sociedade que se movimenta apenas quando o sapato aperta no seu pé.
Enfim, não vou ficar aqui ensinando a missa ao padre.
Se as coisas não mudam é porque tem muita gente ganhando.
Perdi a fé nesse mundo onde existe obsolescência programada, indústria bélica fomentando guerras, indústria da fome, indústria do bem, indústria da seca, indústria da mentira (revistas, jornais, televisão...), indústria da criminalidade, máfia da indústria farmacêutica e etc...
Simplesmente, não acredito que possamos mudar essa lógica mundial.
Espero tão somente que um dia todos sejam engolidos pela areia movediça que criaram.
Continuam achando que 90 % dos seres humanos não prestam, quiçá não sejam 99%.
Seres humanos ricos, pobres, negros, brancos, ocidentais, orientais, cristãos, ateus, homens, mulheres, gays.... Defendem suas bandeiras com unhas e dentes.
Seres humanos são ditadores, exploradores, segregadores, falsos, hipócritas, interesseiros, infiéis, egoístas, individualistas, capitalistas, antisocialistas, fascistas, racistas....
Sempre foi assim desde os primeiros registros da história da humanidade.
O ser humano é o câncer do nosso planeta.