Cronicas de Marta Medeiros Felicidade
Como escapar da própria criação?
Preciso me erguer, emergir da erupção,
talvez a tempestade agora
seja só uma memória,
uma possibilidade que nunca foi possível,
uma inocente estória
e o vulcão foi um bom lugar
mas tenho de aceitar
já faz tempo que ele me pôs para fora.
Não é de um novo ciclo que preciso agora,
nem que esse termine,
preciso me entender, de fora pra dentro,
de dentro pra fora,
ou talvez,
talvez eu não precise,
talvez eu só precise que o poema termine agora.
Só continuo me perguntando angustiado...
até quando a fuga será a minha Senhora?
A minha cor.
Sei que ninguém é perfeito
não existe a perfeição
mas existe um coração
que bate dentro do peito
cada qual com seu direito
cada um com a sua dor
todos numa só conquista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Eu sou branco, sou moreno
sou preto, pardo e albino
sou do sul, sou nordestino
eu sou de qualquer terreno
só não posso ser pequeno
quando se fala de amor
um sentimento realista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Eu sou negro da Bahia
sou branco do Paraná
sou caboclo do Pará
sou filho da mesma cria
nada nos diferencia
seja de que parte for
o preconceito é vigarista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Posso ser deficiente
posso até ser estrangeiro
ser mais um dos brasileiros
que madruga no batente
nada me faz diferente
pobre, rico ou sonhador
seguimos na mesma pista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Eu sou mesmo teu irmão
filho da mesma placenta
onde o cordão se arrebenta
mas nos une ao coração
posso ser lá do sertão
que não muda o meu valor
mesmo a pele sendo mista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Somos feito a mesma sorte
mas não consigo entender
o que acontece com você
porque se sente mais forte
vamos ter a mesma morte
com o aval do Criador
ficamos na mesma lista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Posso ser o mais carente
posso até ter um milhão
quem sabe falar mermão
ou então eu fale oxente
se sou afro descendente
temos um só Salvador
que o respeito não desista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Sou cristão, sou candomblé
sou espírita e sou crente
sou do extremo oriente
devoto de Maomé
de Jesus de Nazaré
sou de Buda seguidor
ou ser mesmo idealista
quanto mais vejo racista
mais eu mostro a minha cor.
Carrego comigo marcas,
Sou feita de sorrisos amarelos e olhares baixos.
Trago da noite histórias de ser medo e ser sonho.
E quando o dia rompe a noite já não tenho lugar.
A minha clausura diurna, que se faz nos olhares cortantes
de senhores de bem.
O estigma daquelas que se fazem do romper das normas,
E sem espaço no ciclo morto, macho e cinza que constrói-se
sobre cadáveres em tonalidades múltiplas, se despersonificam!
Fadadas ao nada e ao não lugar.
Sou essas mulheres que não são...
Que não puderam ser.
Temos uma a outra, apenas por hoje.
E em cada uma a continuidade da força da outra.
E quando ela rasga os tratados, rompe ritos e derruba muralhas
em busca de oxigênio...
Respiramos juntas.
O meu folego é fruto de tua luta companheira!
Do nosso suspiro tênue, florescem possibilidades.
De nossos corpos marcados e entregues a margem, brota
esperança.
Como a flor de Drummond que rompe o asfalto.
E enquanto viva seremos contraposição a esse ciclo
que nos rouba as cores e os sonhos.
Meu interior.
O galo vai pro poleiro
e o sol enfim descansa
a lua vira o ponteiro
e a escuridão avança
sem energia no canteiro
é pela luz do candeeiro
que eu enxergo a esperança.
Tem um povo acolhedor
onde a felicidade aflora
quando se planta amor
bem se colhe toda hora
quem nasce no interior
não tem tamanho de dor
que lhe faça ir embora.
Por aqui não tem maldade
povo humilde sim senhor
que sente a felicidade
até quando faz um favor
como é bom a tranquilidade
o amor e a amizade
que existe no interior.
Aqui a tarde passa lenta
o vento espanta o calor
na calçada a gente senta
para ver o sol se pôr
a paz ainda alimenta
o respeito que sustenta
a vida no interior.
Quero que minha beleza te alcance
como um perfume que desliza pelo ar,
que muda o ambiente,
que te pega pela respiração
e muda até teu jeito de olhar.
Se ainda que por um momento eu pudesse
te fazer enxergar
tudo que tenho feito,
e as tantas vezes que morri
em busca de te fazer notar
que sempre estive aqui
implorando um espaço em teu peito,
esperando que você enxergue
as palavras escritas no ar.
Tenho tentado ser todos eles,
TODOS ELES;
e ainda que me perdendo,
pois sei que é assim que você gosta, não consigo fazer você me procurar.
Gostaria de ser capaz de mudar isso, gostaria que você pudesse enxergar,
que você pudesse ver,
ou talvez,
que eu pudesse ser
algo que valesse a pena direcionar o olhar.
E todo o estrondo que eu podia ouvir,
ainda não eram teus trovões,
mas o bater de meus tambores
implorando tuas revelações,
era eu que fazia o som,
era em busca de mim mesmo que
estive esse tempo inteiro,
inteiro,
me entregando por inteiro,
mas sozinho sou incapaz de controlar as erupções,
incapaz de ser a flecha e o arqueiro.
Gota por gota de sangue,
de suor,
cada lágrima derramada,
toda a dança,
cada batida de tambor,
todos os gestos
foram por você,
foram para você;
meu peito rasgado e exposto a céu aberto,
em busca de representar o meu amor.
Toda a fumaça,
o sal,
o ar,
a dor,
ardor,
o salmodiar,
meus gritos clamados em fervor,
as orações,
em busca de alcançar
ainda que apenas um pouco
de teu sabor,
de teu toque,
de tuas canções,
de teu amor.
Hoje eu sei perfeitamente o significado de tirar um tempo só pra mim! Não pense que è egoismo ou coisa do tipo. Sou sagitariana e tenho esses pantim, amo colocar os pensamentos em ordem, amo estar de bem comigo mesma, adoro sair por ai exalando o meu melhor♡
Apenas ando cuidando mais de mim♡.
Tência Medeiros.
Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d’água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando?" Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. "Vem aqui, tira esse sapato."
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido.
Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.
Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.
Martha Medeiros
Me desculpa por não saber lidar com a saudade exagerada...
Me desculpe por querer estar perto, nem que seja te olhando!
Me desculpa por te sufocar com meus sentimentos loucos.
Me desculpa por não ser a pessoa que você deseja ter por perto.
Me desculpa por muita das vezes não saber agradecer o que fazes por mim.
Me desculpa!
PARECER BEM NÃO SIGNIFICA ESTAR BEM
Quando alguém fala sobre problemas de saúde, em especial sobre algum doente, o interlocutor rapida e inconscientemente constrói em sua preconceituosa mente a imagem de uma pessoa debilitada, pálida, descabelada, com olheiras e olhar triste, esquálida, mal vestida, etc. Para a mencionada mente, parece não haver sentido um doente estar bem vestido, com um sorriso no rosto e, aparentemente, munido de felicidade e bem disposto.
Em se tratando de uma mulher vaidosa, que gosta de sair de casa maquiada e perfumada, toda arrumada e de salto alto, há um pensamento, machista talvez, que leva seu portador a acreditar que a doença daquela mulher é invenção ou exagero, e que se resolve com uma simples convalescença.
Por que será que as pessoas imaginam que as doenças devem ser mostradas pelo corpo, ou estampadas na face, daqueles que bravamente as suportam?
Alguém que tenha algum problema de saúde, crônico ou não, grave ou não, não tem o direito de parecer bem, de trazer da alma um sorriso para o rosto, apesar de todo o sofrimento solitário e o particular desgosto que carrega?
Por que supor, em contraposição àquele doente que aparentemente está "morrendo", que outra pessoa, também doente, mas bem vestida, bem humorada e com um sorriso nos lábios, está bem de saúde ao não mostrar sua doença? Não é razoável pensar que aquele que exibe seu sofrimento se entrega à enfermidade, enquanto o outro não? A aparência de saúde e o sorriso no rosto não seriam sinais de força descomunais?
Quando virem algum jovem, aparentemente saudável, sentado num banco para PNE, num ônibus ou em qualquer outro lugar imaginável, pensem que aquele jovem PODE ter uma doença grave, talvez terminal, mas invisível aos nossos olhos, que não o permita ficar em pé. Ele pode necessitar daquele banco mais do que um PNE com uma visível deficiência. Temos que ter em mente que a aparência não mostra necessariamente a essência.
Admirem quem tem forças para parecer bem mesmo estando mal, e não julguem pelo primeiro olhar, pois nossos olhos veem muito aquém do que aquilo que os outros têm!
Ei!
Você pode salvar ou matar seus dias!
A verdade è que temos duas escolhas: Ser salva vida ou assasino de si mesmo.
Não posso mentir que jà matei alguns dias, jà alimentei choro, saudade, jà desacreditei no amor, perdi o sono por coisas tão bobas.
Dai a maturidade chega, cai a ficha que nosso dia è sagrado e que se apegar com o que desequilibra faz mal, adoece e pode até matar.
Não permita nunca, que atitudes externas modifique seus sonhos, seu sorriso, seu brilho, seus objetivos, e o principal sua PAZ.
Ela aprendeu que o amor existe, e depois disso ela saiu por ai feito louca destribuindo seu melhor por onde passa.
Aprendi a salvar meus dias...
Tência Medeiros.
Fuga da seca!
A seca a tanto tempo me maltrata
a cada dia a esperança morre mais
e a dor que matou meus ancestrais
se eu ficar nessa terra ela me mata
não sei porque a vida é tão ingrata
e amordaça a esperança desse jeito
se procuro outro lugar pra ter direito
sinto no peito o valor do nordestino
é a espada atravessada no destino
e a faca na mão do preconceito.
SONHO MEU, SONHO MAU
Acordo.
De fato, não sei.
Talvez ainda durma.
Nada parece certo.
Não me sinto desperto.
Mas estou na cama,
deitado.
Nem mesmo estou coberto.
E agora sinto frio,
tão forte,
superficial e também profundo.
Um intenso calafrio,
que me gela e cala tudo,
exceto o caloroso frio.
Na velha cama,
tão velha que já reclama,
quero ferozmente levantar.
Em total prostração,
nem ao redor consigo olhar.
Tudo que ouço
é a lenta respiração.
Neste corpo-calabouço
nada resta em esperança.
Do imóvel arcabouço,
tento a mão... sequer alcança.
Em matutino desatino,
cerro os olhos e raciocino:
Seria um sonho meu,
ou seria um sonho mau?
Hoje é dia 24
É não importa o que eu faça
Ainda são sete dias pro fim desse mês inacabável
Eu fumo uma outra marca de cigarros
Pra queimar assim outra classe de palavras
Advérbios, substantivos substanciais
Eu me cansei de usar metáforas
Elas não falam mais por mim
Se bem que já não importa mais o que eu falo
Hoje é dia 24
Sigo a vida contrária, melhor compassar meus passos
A vida passa, só esse mês que não
Esse mês ela quer que eu fique
Eu prometi que ia parar de beber, que ia parar de fumar, que ia passar mais fins de semana em casa com você, que íamos ter o nosso tempo, que seríamos quase sempre você e eu. É engraçado que você me fez ficar, só que agora eu tou pulando de bar em bar, queimando um maço atrás do outro, meses sem dormir uma noite inteira, tudo isso também por você.
Sabe?, é que isso não é vida, eu não tou vivendo, e você mesmo dizia que só vale a pena viver se alguém te amar. Bem, eu tou respirando.
Então você diz que não, nada no mundo vai te fazer superar aquele amor, nada no mundo vai te fazer esquecer aquele sentimento, que nada nunca mais vai te tocar, nada nunca mais vai chegar ao seu coração daquela mesma forma, e que essa história de tempo é falsa, que pode até ser que o tempo passe, mas você vai ficar pra sempre assim, doente de amor.
A verdade é que você não sabe nada, você não entende nada, você só se permite sentir e sente demais, você se joga nas suas emoções e não se preocupa em regrar, em tomar cuidado.
E o tempo passa, o tempo vem e te cura contra sua própria vontade, esse seu amor logo muda e você sente por outro alguém mais do que sentia aquém.
Vou pra Minas apanhar Tanajura
Que é fim de outubro
E 'cê jura que eu aguento tanta saudade de casa?
Se num quer ficar só, vem comigo
A gente vai comer mingau de milho
Pescar dois lambari naquele riachinho.
Vem que lá cabe 'nois' dois
Ou então deixa estar
Que la deve ter chuva e ainda tá frio
Não é julho, mas sei onde tem fogueira pra me esquentar.
São João não me deixa na mão
Mas se não tiver tem cachaça,
Cana, uns trem assim amargo que esquenta o peito quinem quando a gente ama
E o que não falta lá é amor, sabor
Que o coração fica maior que manga
Espada ou rosa.
Em Minas quase ninguém chora
Se tem algo que o meu povo sabe,
faz direitin
'inda ensina é amar.
MAIS FORTE
é tanto tempo
e pouco espaço
e no entanto
é neste contratempo
que eu forjo o aço
e deste
me faço
mais forte, porém mais frio
mais duro, mas oxidável
e sigo assim
inexorável
rumo a um desconhecido norte
em busca da boa sorte
para que tudo
volte ao prumo
muito antes
contudo
do possível fim
ou ainda
da esperada morte
IRIDESCENTE
fechados
quando meus olhos pressiono
percebo, em tal ato
um mundo abstrato e manchado
pois neles impressiono
visões iridescentes
em indefinidas cores frias
e imprecisas cores quentes
muito atrás de minhas íris
que tons castanhos mostram
quando se mostram a esse mundo estranho
recebo tristes e definidas cores
tanto quanto amargos sabores
em igual horror de odores
deste mundo indecente
RM DE UM "SER VICAL"
em transição crânio-cervical normal
percebe a leve artrose atlânto-axial
pelos osteófitos marginais difusos
realiza como tudo isso é confuso
ainda que fisiológica a retificação da lordose
observa artrose interfacetária com esclerose
o disco C2/C3 encontra-se bem posicionado
mas percebe o abaulamento C3/C4 acentuado
o complexo disco-osteofitário C4/C5
comprime o saco dural com afinco
há redução da amplitude dos forames neurais
de fato, são detalhes tão pequenos, estruturais
o complexo disco-osteofitário C5/C6
comprime o saco dural dele, não de vocês
com redução da amplitude dos forames neurais
e novamente, mais problemas cervicais
o complexo disco-osteofitário C6/C7
também comprime o saco dural. Muito legal!
há redução da amplitude dos forames neurais
mas, neste caso, é moderada, e nada mais
a conclusão é espondiloartrose cervical
e discopatia multissegmentar... nada mal!
