Crença
Confesso que sou uma criança mesmo com minha idade, uma criança da descrença e do ceticismo e, provavelmente (no fundo, sei disso), serei assim até o fim da minha vida. Quando tudo isso tem me atormentado (e até hoje perturba) – essa nostalgia da fé, que é ainda maior por conta das provas que tenho contra ela; ainda assim, Deus me dá por vezes momentos de perfeita paz. Nesses momentos, tenho construído meu credo, no qual tudo é claro e sagrado para mim. Esse credo é extremamente simples: creio que não há nada mais adorável, profundo, compassivo, racional, viril e perfeito que o Salvador; digo a mim mesmo, com amor enciumado, que não só não há ninguém como Ele, mas que não poderia haver ninguém. Diria até mais: se alguém pudesse me provar que o Cristo está fora da verdade, e se a verdade realmente excluísse o Cristo, eu preferiria estar com o Cristo e não com a verdade.
Diferente do que muitos pensam, não é a religião que causa a intolerância e sim a falta de compreensão dos que a seguem, pois muitos não possuem a capacidade de entender a verdadeira essência de uma crença.
Se acredita em Deus, deve saber e vai ver que algumas vezes ele vai ser egoísta, foda-se sua vontade, sonho ou desejo. Por que ele sempre sabe o melhor, pelo menos é o que dizem.
Uma pessoa geralmente agride outra quando se sente frustrada por acreditar ser inferior a ela, mesmo que inconsciente seja ainda esta crença.
Acreditar em vida após a morte, para algumas pessoas, é por pura vaidade.
Se acreditassem mesmo, viveriam com mais simplicidade.
Somos todos invocadores
Você ora enquanto eu conjuro.
Você chama de dizimo, eu digo oferenda.
Você faz ofertas e eu sacrifícios.
Você condena os maus ao reino das tormentas e eu amaldiçoo seus destinos.
Você abençoa, eu faço círculos de proteção.
Você tem um terço e o crucifixo, eu seguro um cajado e meu talismã.
Suas histórias falam de anjos e meus cânticos definem os elementais.
Você se reúne em templos e eu ajoelho em altares.
Você faz sinais da cruz e eu selos de um tempo ancestral.
Você chama de fé o que eu chamo de magia.
Agora eu explico o que você não entendeu ainda:
Usamos nomes diferentes para fazer invocações. Acreditamos que nossas ações são vistas e compreedidas por entidades capazes de mudar a realidade através de sua vontade e energia.
Nossas crenças não nascem do nome que as concedemos, mas nosso preconceito sim. Respeito é essencial até porque; no fundo, se comparar com inteligência; nós somos todos iguais.
Minha alma aprendeu o que veio aprender, e todas as outras coisas são apenas coisas. Não podemos ter tudo o que queremos. Às vezes, nós simplesmente temos de acreditar.
