Corpo
A distância, meu amor, é só um nome frio,
Um mapa inútil, um cruel vazio.
Entre o meu corpo e o teu, um mar imenso existe,
E a saudade, em meu peito, teimosamente insiste.
Cada noite que cai, é um punhal de pranto,
Sinto a falta do teu cheiro, do teu doce encanto.
Mas juro, com a dor que me rasga a alma inteira,
Que este amor é chama, e a distância é só a fogueira.
Não há léguas que quebrem este nosso laço,
Pois te carrego na pele, no sonho, no abraço
Que só a lembrança permite. Não te aflijas, meu bem,
A distância só prova o tamanho que o amor tem.
Corpo
Da cor dos meus sonhos
contorno bem desenhado
Passeio pelas curvas
Olhar aflito , desejo , paixão
Me detenho contemplando os mirantes
Estão nas colinas e nos prados
As suaves paisagens escondidas
Sugerem que eu fique ali
Perscrutando os montes e os bosques
Absorvendo o frescor que acalenta a alma
Pensamentos sobem
pelas colunas cilíndricas , orgânicas ,
Que sustentam a obra divina
A perfeição imperfeita de cada traço
Rabiscado com giz feito de mel
Adoça o sentir e embriaga os olhos
Os lábios aprisionados
um palmo abaixo do ponto onde
o início da vida se fez presente
Se escondem
querendo ser encontrados
Enrubecidos pulsam febris
Encontro ali
o universo do deleite dos sentidos
Escalo um pouco mais este monumento
As forças me faltam
Me percebo afetado
pelo querer permanecer ali
adormecer na cama macia , quente , convite ao eterno
Mas sigo
Deslizo pela plana pele
Posso ver o vai e vem do ar
entrando e saindo
contemplo a abertura entre dois montes
Perfeitamente dispostos, níveos ,
observo as coroas que adornam
o topo de cada um deles
A respiração
acelerada acusa que o desejo
quase não pode mais ser contido
Resisto.
Escorrego através de uma via estreita
Contorno a última encosta
Duas luzes brilhantes
alcançam meus olhos
Coincidência de intenções,
lágrimas excitadas embaçam as pupilas
Não existem palavras
Nem tempo
Já não há mais pensamentos
Apenas a emoção do estar , do querer ficar
A moldura das duas dobras carnudas se expande ,
o carmim latejante
já não esconde a branca cadeia marfínea que enfeitam e iluminam
os abraços da alma
Na apoteose da viagem
uma enxurrada de prazer e felicidade inunda o instante
O sabor morno dos fluídos hidrata a alma
Que agora extasiada ,
se deixa absorver sem pressa
e calmamente repousa
sobre o manto macio
que envolve seu corpo.
Como você toca minha alma por fora
sem sequer tocar meu corpo?
Chegamos até aqui tão rápido,
e eu adoraria me ver
através dos seus olhos
Sou transparente
você me lê inteira,
das poucas falhas às qualidades escondidas
E ainda assim, diz ser apaixonado por mim
Nem eu tive essa ousadia,
Levei anos para conseguir
Você é real?!
ou nasceu da minha falta de imaginação?
Queria te mostrar como te vejo
cada parte oculta de você
se revela em mim como enigma
Nem olhei nos seus olhos,
mas sinto constelações
me esperando,
um infinito onde quero morar
E enquanto recebo tudo que você me entrega,
me surpreendo com a facilidade
com que te dou tudo de mim.
Sou feita de vidro para os seus olhos:
tudo exposto,
tudo seu.
O HOMEM É INVISÍVEL COM OS OLHOS DO CORPO! E NUNCA VERÁ DEUS COM OS OLHOS DO CORPO!
O Homem, como o Sujeito componente do Organismo Humano com função de gerir o seu Corpo e a sua Mente e a sua Consciência com base na sua faculdade de Sentir e Conhecer e Agir, só pode sentir-se e perceber-se dentro do Organismo em que se encontra, não pode ver-se a si mesmo com os olhos do Corpo do seu Organismo nem pode ver o outro Homem com os olhos do Corpo do seu Organismo.
O que um Homem vê com os olhos do seu Corpo não é a si mesmo nem é o outro Homem, mas o seu Corpo e o Corpo do outro Homem!
Não é possível um Homem ver-se a si mesmo e ao outro Homem com os olhos do seu Corpo!
Se o próprio Homem não pode ver-se nem ver o outro Homem com os olhos do seu Corpo, então, o Homem nunca verá Deus com os olhos do seu Corpo!
Quando entregas teu corpo sem razão, por que não te perguntas como ao entregar teu carro a um estranho?
“Monólogo do Inescolhido - Grande Fim”
Estou cansado.
Mas não é o corpo que pede descanso, é a alma que se curva sob um peso que não larga.
É um cansaço que não vem do sono, mas da ausência.
Um cansaço antigo, que não passa, que me arrasta noite adentro como uma condenação silenciosa.
Cansado de existir apenas quando falta alguém, de ser sempre o que sobra, o “quase”, o “talvez”, o “quem sabe”.
Cansado de ser abrigo temporário para corações de passagem, de oferecer calor e só receber frio em troca.
Cansado de ser sempre ombro, nunca abraço.
Cansado de ser o eco e não a voz, a sombra e não a escolha.
Eu conheço a solidão, sei o cheiro dela, o silêncio, a respiração rente ao meu pescoço quando a noite cai.
Ela não é mais visita, é inquilina.
Deita ao meu lado, fala comigo, ri de mim.
E o pior, ela tem razão, porque ninguém vem.
Nunca vem.
No começo eu batia às portas, implorava por espaço.
Depois, esperei.
Hoje, já não peço nada.
Apenas caminho em círculos, acostumado ao frio que sempre coube a mim.
A solidão não é minha inimiga, não mais.
É matéria da minha carne, forma dos meus ossos.
Eu sou dela e ela é minha.
E, ainda assim, em meio ao deserto, algo dentro de mim insiste.
Uma chama teimosa, absurda, que continua acreditando que um dia alguém vai me olhar e ficar.
Essa esperança é minha maior tragédia, porque não morre e ainda me obriga a seguir respirando, mesmo quando tudo já morreu em mim.
Às vezes penso: E se o amor não for para mim?
Se for uma língua que nunca aprendi, um banquete ao qual nunca tive assento?
Talvez eu seja apenas a fresta onde a luz não entra, a prova de que o amor não é universal.
Porque o mundo inteiro fala de amores eternos, mas há sempre aqueles que ficam à margem... E eu sou um deles.
Não sei se ainda sou homem, ou se já sou a própria ausência encarnada.
O que antes era dor, virou símbolo.
E o que já foi espera, se tornou identidade.
Sou o "Inescolhido"!
Não apenas um, mas todos... Carrego nos ossos o eco de todos os que nunca foram amados, escolhidos, ou lembrados.
Há tragédia, sim, mas também majestade... Porque se o amor é efêmero, eu sou eterno.
Se amor é faísca, eu sou a sombra que nunca se apaga.
Se o amor é encontro, eu sou o intervalo, o hiato, a ausência.
Sou rei de um reino deserto, sacerdote de um altar vazio, guardião de uma chama que nunca ardeu.
Serei a cadeira que sobra, a cama que falta, o nome que ninguém chama.
Sendo assim, a face humana da solidão.
E quando perguntarem quem eu sou, não direi meu nome, direi apenas: “Sou aquele que não foi escolhido!”
E nisso há tragédia... Mas também eternidade.
Corpo e mente em sintonia;
Comportamento e espiritualidade em harmonia!
Essa é a verdadeira química da vida que te mantém em movimento, sem você ficar andando sem sair do lugar.
Daqui não se leva o corpo,
nem o disfarce.
Só o que fomos
quando ninguém estava olhando.
Do que vale uma vida de vaidades e aprovação comparado a eternidade?
Disposição nem sempre existe, mas a força de vontade, sim. O corpo pede, a mente insiste, e o primeiro passo liberta. Descobri que, muitas vezes, não é o corpo que cansa, é a dúvida que pesa. Mas quando a gente decide ir, mesmo sem querer, algo dentro se transforma. E é nesse instante que nasce a verdadeira liberdade.
E dá-se a partida, o motor ligado vibra.
E meu corpo, junto, se alegra:
parto agora dessa odiosa rotina e deixo pra trás esse lugar onde não há você.
Parto-me pra junto de ti, onde volto a me montar, dessa vez, feliz.
Apenas Deitado
Às vezes o corpo pesa,
e é mais fácil não lutar.
Ficar deitado, quieto,
sem rumo, sem lugar.
Cansado da rotina que se repete,
dos problemas que não se vão,
das vozes que reclamam sempre,
dos dias que parecem em vão.
Deitado, apenas deitado,
fitando o teto como quem espera
que o tempo leve embora
essa névoa que desespera.
Sem querer nada, sem sonhar,
sem planos, sem direção,
só sentindo as horas escorrerem
como areia na palma da mão.
A luz do sol se apaga lenta,
e a sombra toma o chão.
Mas ali, imóvel, eu resisto,
no silêncio da exaustão.
As maiores feridas não são as que o corpo carrega, mas as que o coração guarda. Muitas famílias estão doentes porque o silêncio virou muro, as palavras se transformaram em armas e o orgulho tem ocupado o lugar do perdão.
Deixa eu te dizer uma coisa: a falta de perdão é uma prisão invisível. Enquanto você não libera, o inimigo aproveita para semear divisão, frieza e afastamento.
Mas quando o perdão entra, as cadeias caem, os lares são restaurados e o amor de Cristo volta a reinar. Hoje é dia de você dar o primeiro passo: peça perdão, libere perdão, restaure o diálogo.
Não deixe o orgulho falar mais alto do que o amor!
“Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou.”
Colossenses 3:13
Bom dia
Hoje é daqueles dias em que o coração desperta antes mesmo do corpo entender que já amanheceu. É como se Deus sussurrasse bem baixinho: “Confia, Eu já preparei o caminho”.
Às vezes a gente acorda carregando o peso das incertezas, mas quando a luz entra pela fresta da janela, dá pra sentir que existe um cuidado maior segurando tudo no lugar. O mundo pode parecer apressado, mas o coração pode escolher ir no ritmo da fé.
Então respira fundo, se ajeita por dentro, e deixa Deus conduzir o passo. O dia é novo, e junto dele, a chance de recomeçar — sempre.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
