Contos Infanto Juvenis

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⁠Você me tirou da minha zona de conforto e este foi o grande divisor de águas na minha vida. Descobri que sou outra e esta me agradou irreversivelmente. Não pretendo voltar a ser quem eu era. A mulher de antes ficou no passado, presa num quadro qualquer, desbotada para sempre. A outra me libertou, me colocou no meu lugar de direito no mundo e é aqui que pretendo ficar. Valente, poderosa, indomável e sensual. Mulher!

Inserida por LoriDamm

CONFIDÊNCIAS DE BOLSO
Coisa triste é ser coadjuvante da própria história, destarte, cansado dessa posição pouco realizante lanço mão deste, para ousar ir além, para assumir ainda que brevemente o protagonismo que me é devido. Sim claro, elementarmente que se apresenta um tanto arrogante minha tal posição, assim tão aguerridamente assumida, mas creia-me, nada tem a ver com arrogância, trata-se meramente de assumir o meu papel de fato, e assim na condição de protagonista apresentar a minha percepção das coisas... Poderá por ventura alguém censurar-me, por querer também dizer daquilo que sinto, penso, vejo..? Ainda que alguém ouse, ainda que me censurem, quero correr este risco, quero submeter às críticas. Mas aos mais desavisados digo logo de entrada, o que falo, falo de mim mesmo, do meu coração, se é que tenho um... de minha sensibilidade...
Mas chega desse prolixo preambulo, vamos avançar... quero apresentar –me, permitam-me! Sou o bolso. Sim o bolso... muito certamente que lhe soará estranho caro leitor. E naturalmente expressará algum espanto. Mas não se precipite... sim, o bolso! É este aquele que vos remete... desde a muito que ando, a acompanhar tanta gente nas mais diversas situações e ocasiões, mas hoje quero evocar o direito de falar, narrar algo que julgo relevante.
Sou um bolso traseiro de uma velha calça jeans. Nesses meus sete anos de vida, tenho visto e acompanhado muitas coisas, mas por viver na retaguarda, acabo observando pelos fundos, na traseira da história, perifericamente. O que em nada invalida minhas percepções elementarmente.
Nesses meus anos de vida, muitas coisas me marcaram, outras passaram irrelevantes. Mas caro leitor, permita dizer... ultimamente, ando meio em crise, não sei se é a melhor idade, o causticante martírio de viver minha existência toda nesta mesma contraditória posição, sim contraditória, mas o fato é que sinto me impelido a fazer algo novo, a falar de mim. Veja bem, deixe que eu explique essa contradição que pertine a minha posição.
Pois bem, enquanto bolso traseiro de uma calça jeans, estou localizado numa região nobre, nos altiplanos glúteos com toda sua nobreza e majestosa sedução. Isso é maravilhoso, esse status realmente é fascinante... a maciez dos glúteos, sua textura, seu movimento... os glúteos trazem emoções apavorantes, intensas, é indubitavelmente uma região badalada... a freguesia é constante e diversa, desde o olhar o mais frequente dos visitantes, até os lábios, mãos dedos, rosto, nariz, etc... enfim uma loucura o dia-a-dia glúteo.
Mas vida de bolso traseiro não é só essa majestosa badalada rotina. Há constantemente transtornos que complicam a vida, alteram os humores desafiando qualquer bolso traseiro que se prese. Entre os cânions glúteos fica localizado o orifício vulcânico... um oráculo de humores instáveis que expelem larvas e gazes das mais distintas naturezas... vez ou outra recebe estranhos visitantes que ora apenas o cumprimentam, se esfregam, reverentemente, limpam no, ora adentram e realizam uma estranha ritualística entrando e saindo freneticamente, até que desaguam neste num ápice estranho, tudo isso é contraditório, tudo isso faz essa citada contradição... mas o mais contraditório mesmo, é que mesmo sendo um habitante dos glúteos e saber de todas essas coisas, as sei pelo observar, ora de meu lugar de residência, ora de longe... sim de longe, pois que quando tudo fica intenso nos glúteos, a capa de revestimento que pavimenta o corpo é arrancada e lançada fora, assim é que de longe, abandonado, relegado ao descaso sou juntamente com a calça deixado pelo caminho, sendo obrigado a apreciar estas coisas quase sempre a distância. Como coadjuvante, expectador na maioria das vezes. Razão que tanto me indigna e faz evocar o meu direito de fala.
Ora, ultimamente tenho feito artes... um pouco de traquinada faz bem, pode trazer complicações... mas não há idade que resista ao prazer, à emoção de uma boa aventura...
Na condição de bolso, além de ver e observar tudo quanto tenho dito, também cumpro meu papel de receber e acomodar as mais diversas coisas... carteiras, dinheiro, papel, bilhetes, contas, em fim uma infinitude de coisas... mas ultimamente tenho recepcionado um dispositivo engraçado que as pessoas andam usando. Elas o chamam de Celular. È um aparelhinho usado para se comunicar com outras pessoas que estão distantes. É um geringonça tão eficiente e encantante que até eu tenho me rendido aos seus benefícios e encanto... já usei algumas vezes... olha é mágico o efeito que ele produz...
A principio era tudo irrelevante, eu o recebia, o recebia, o recebia, sem lhe prestar atenção... mas sabe como é, há sempre um tempo mais oportuno para cada coisa... assim , chegou o dia que acabei sendo seduzido por tal dispositivo e passei a reparar mais nesse tal de celular.
Sou bolso traseiro de calça jeans como disse, mas calça jeans de um poeta... bem não sei como são os outros, mas o poeta, ah, o poeta é um ser encantante, encantante mas muito estranho... difícil de definir. O caso é que esse meu poeta tem lá suas musas e usa muito seu celular para receber as inspirações das musas... estranho, né, eu sei! Homero ficaria louco, se soubesse a que ponto chegamos... musas que inspiram por mídias... bugigangas tecnológicas que a modernidade trouxe. Mas seria muita perfídia refutar todas essas coisas por puro capricho e descabido zelo pela tradição homérica. Até mesmo por que se por um lado tudo isso rechaça a tradição, não o faz para extingui-la, mas para a remontar sob novo arranjo, dando convivência entre o tradicional e o moderno... que papinho mais chato não...
Pois bem, esse meu poeta, é um ser extremamente contraditório, todos somos, mas ele parece ser mais... talvez daí tenha eu sido vitima de alguma influencia... ele relaciona –se com várias musas, deuses e semideuses, habitantes da luz e das trevas... é uma intersecção de mundos e submundos, talvez seja isso que lhe faz tão contraditório, ele alimenta e é alimentado por fontes múltiplas... e se se é o que se come!
Ele encontrou por acaso, penso eu, pois não faz muitas luas que ele encontrou, uma nova musa... ela é uma musa muito interessante. Ela já o encontrou algumas poucas vezes, mas a conexão entre eles é algo surpreendente, impressionante. O contato entre eles gera uma aura que é inominável, indescritível, pura inspiração, “luxuria que o fogo lambe”, diria outro poeta.
De tanto ouvir e apreciar tudo, como sempre na minha condição de distante observador, acabei me envolvendo, me sentido parte daquilo tudo... em fim bem ou mal, não sei, julgue me quem puder... resolvi entrar na brincadeira, entrei na dança...
Um belo dia após oras de conexão entre musa e poeta, a inspiração se deu tão intensa e profusamente que o celular foi dispensado... o poeta confiou a mim... foi aí que fiz minha traquinada. Comecei a mexer em todos aqueles botõezinhos, no afã de ver no que dava. Descobrir que tipo de feito aquilo propiciaria... mexi, mexi, mexi... quanto em fim estava exausto e confuso, já não tinha mais paciência para aquele geringonça estranha. Então começou a soar um barulho estranho, entrecortado por pausas de total silêncio... assustei me quando o primeiro som ecoou, triiiiimmmmmmm... quase caí de susto, quase despenquei dos glúteos deixando a calça sem mim. Mas felizmente minhas costuras são de boa qualidade e assim eu resisti aquele apavorante som, logo na sequência imediata um silêncio se vez... e novamente o som voltou a impor-se triiiiimmmmmmm...( silêncio), triiiiimmmmmmm...repetidas vezes isso se deu. Minha curiosidade aguçou-se e ao fim de repetidas alternações de som e silêncio... veio o contanto com a musa.
Indescritível, não há palavras, nem cores, gestos imagens, nada, absolutamente nada, que se possa prestar eficientemente para expressar aquele momento, aquele contato, aquela musa mágica, cativante, apaixonante que de outro mundo dizia com voz doce e pueril, jovem e deliciosa ao meu ouvido coisas que não pude entender, seus gemidos, suas frases eram inefáveis, sua respiração, o compasso de toda a peça... uma magia envolvente cativante... entendi brevemente na minha insignificância bolsal o que o poeta vive e sente contactando essa musa. São percepções que não se pode exprimir...
Do outro lado a musa dizia algo assim “Alô, Alô, alô, Kiko di Faria, fala comigo, podes me ouvir...? Puhn, puhn, puhn...” sinceramente não entendi nada. Eu não falo essa língua. Como exprimir o inexprimível, como explicar o inefável? Não sou eu, pobre bolso que o poderá fazer... mas o fato é que foi tão diferente, me transformou de tão prazeroso e inusitado, tornei me outro ser... repeti algumas vezes a travessura e assim desabrochou em mim a capacidade e o desejo de falar tudo isso. A vontade incontida de dizer estas coisas, vencer o anonimato, sair da coadjuvância e render tributos ao protagonismo, ainda que breve, em poucas linhas... seduzido e inspirado pela musa deixo aqui minhas confidências de bolso.
Acho que cá não há lei que as proíbam, se tem eu as desconheço, assim como desconheço, ignoro quem poderia se ofender com tal feito meu, senão o poeta, que ao tomar conhecimento, acho que revelado pela musa, nada fez. Não arranco-me, não costurou-me, nada, absolutamente nada, nenhuma sanção... então não deve ser crime.
Lei cá não há! Ley lá, Ley lá... não sei se há. A musa não creio que fará, se Faria Ley lá, só o tempo se me nos revelará, mas seja quem for tal musa, como for... ela sendo seja lá o que for, é esse ser que seduz encanta e envolve até o bolso do poeta... bolso que ainda que vazio... é eternamente cheio de histórias pra contar.

O AMOR E SUAS ESPÉCIES
Não sei se você percebe
Para alguns o amor é uma droga
Para outros é uma loucura que se comete
Para uns é algo que deve se ocultar
Para muitos é motivo para chorar
E a espécie mais rara:
O amor é motivo para sorrir
Esse último só deve existir
Em contos de fadas

(des)Contos de Adolescentes!
ela é a querida porém soFrida
muito prazer, Rapunzel
e ela adormeceu, pois estava cansada
de tanto esperar por aquele
que um dia ela idealizou ser o amor da sua vida
mas como a vida tá difícil pra todo mundo
resolveu que mesmo trancada em seus pensamentos
e em seus aposentos
iria dar um jeito naquela situação
porque namorado do jeitinho que ela queria
estava quase uma impossível missão
e um lindo e belo dia cortou os longos cabelos
que cultivara e cuidara com o maior zelo e carinho
se maquiou, se enfeitou, se perfumou e foi a luta
nem se importou com o que as pessoas iriam dizer
porque o que mais importava pra ela
era a sua auto-estima
sua auto-transformação
seu auto-amor
e sua auto-aceitação
e com muita coragem virou uma nova mulher
saiu do seu mundinho cômodo
se libertou das amarras da vida
e daqueles que queriam impor as suas vontades
e melhor pensou... boba de mim seria me deixar levar
pelo autoritarismo, pelo machismo e pela cabeça dos outros
quero mais é me divertir, me alegrar e ser feliz
e como já havia perdido tempo demais
decidiu que dali pra frente seu coracao é quem decidiria
os caminhos que a sua alma levaria
e seguiu em paz seu caminho
pois resolveu acordar pra vida
deu de ombros e nem olhou para traz
lá não teria nada de bom que valesse o retorno
e muito menos um olhar!!!

(des)Contos de Adolescentes!
essa dai não e a Bela adormecida
mas cansou de esperar pelo príncipe
(des)encantado e acabou pegando no sono
profundo, intenso e tenso seria acordar
pra realidade da vida, caso tivesse casado...
e só conseguiu dormir, porque ainda nao tinha filhos
tinha só as contas do fim do mes pra pagar
e caso acordasse cedo, tinha tbém roupas pra lavar
e depois passar, dobrar e guardar
tinha loucas pra lavar, secar e guardar
tinha casa pra limpar, organizar e faxinar
tinha banheiros pra lavar, secar e esterilizar
tinha tanta coisa pra fazer, depois que voltasse do serviço
porque a coitada ainda trabalhava fora
e sorte a dela que era fim de semana
e realmente qualquer uma pegaria no sono
depois de tanta correria e cansaço...
mas e assim mesmo, ela só aguentava tudo calada
porque sabia que se reclamasse, a coisa poderia piorar
não existia milagres que a pudesse salvar
de tantos afazeres domésticos e quintal para lavar
que o recurso que tinha era deixar pra la
ou esconder tudo dentro dos armários
ou empurrar para debaixo do tapete
o jeito era se entregar a faxina, ou dar de ombros
sair pra passear, sem olhar para trás
e correr o risco de ver tudo sujo e bagunçado, quando voltasse...
sem peso na consciência, fui...
e quando eu chegar resolvo o que fazer, talvez beba ate cair no sono outra vez
e esperar por um milagre deitada e dormindo!!!

Se solta.

Te dou um beijo,
na boca...
sem dó,
na marra,
pra ver se algo acontece,
nesse corpo guardado e sem pecado pra mim.

Vai...
agora,
na hora do banho,
pelo menos tenta,
se atenta?
Pensa!
Deseja!

Quem sabe você goste...
quem sabe você goze.

Se riu,
se solta...
vá logo,
se toca.

Pense na minha vontade juvenil,
de seduzir você.

Tomara que consiga,
e que vire vicio...
pois meu vicio,
é atentar você!

ESTOU GRÁVIDA

De livros abortados
De leituras interrompidas
De contos inacabados
De remédios ingeridos
De poemas iniciados
De amores mal resolvidos
De palavras mal pronunciadas
De versos não construídos
De rascunhos rasgados
De noites mal dormidas
De crônicas não anunciadas
De acrósticos obstruídos –
Sinto-me enjoada, pesada,
Preciso parir.

Ela em seu vestido preto sai mais uma vez.
Seu instinto a guia...
A liberdade mística a impulsiona...
Sem ninguém a ver...
Ela toca, brinca, e sopra os ouvidos.
Se divertindo...
Seduz e hipnotiza... Tolos mortais .
Que é conduzida a dança conforme ela assim desejar.

⁠O Vendedor

Ao entrar numa loja dois senhores maltrapilhos
vestiam roupas sujas e trazia com sigo uma bolsa

O vendedor esperto se esquivou do casal percebendo
que os dois somente pudesse enche-lo de perguntas
e nada comprar;

Fingindo uma dor súbita. Reação de que iria no banheiro,
passou sua vez o outro vendedor.

Levou algum tempo no banheiro até que o casal se fosse.

Ao voltar do banheiro, lá estava o outro vendedor contente,
sorridente como se tivesse ganho seu dia.

Abanava-se com algumas notas e o vendedor agradeceu por
ter passado a venda.

Tratava-se de Donos de Carvoaria e naquele momento compraram
dois veículos e pagaram a vista, trouxeram o dinheiro numa bolsa
velha pra não dar na pinta.

Menina Moça.

A cama está coberta com um lençol marfim, pequenos desvios do tecido declinam para o chão. Toda a casa parece cinza como as nuvens que estão no céu, exceto os olhos da menina, castanhos.
A árvore lá fora inveja a cor da sua íris, mas sabe-se nos últimos dias, a árvore tem exibido mais vida que seus olhos.
A menina se aquieta junto ao urso de pelúcia que ganhara do homem da sua vida. Mas existe um outro homem atualmente a entristecendo.
Suas unhas estão pintadas de azul, semelhante com a cor do céu de ontem. E a menina se recorda do ontem, com toda a dor de hoje.
A felicidade era de ouro, mas o ouro foi roubado dela. Agora a menina usa adornos na cor prata, pois sente-se de segunda mão, segundo plano, segunda vida, última escolha.

Sonho de Consumo.

O dia poderia até estar péssimo,
mas quando aquele rosto surgia,
o dia sorria.
Um suspirar esperançoso me vinha sem aviso.
Era algo inexplicável,
maravilhoso demais para tentar evitar.
O valor de meus pensamentos desejosos,
picantes, pecantes,
eram muito mais prazerosos e raros,
tornavam o meu lamentar frustrante em não tê-la,
uma bobagem.
Eu gostava do sonho,
vivia o sonho,
nem ligava pra realidade.

Inserida por marcopaschoal

Gilsa era uma criança de sítio. Vivia em uma cidadezinha perto da cidade central, a mais rica do Norte, porém era esquecida pelo governo e habitantes do estado. Ela tinha pai e mãe, ambos fazendeiros, cuidavam de vários gados fofinhos e porcos assustadores. Cães imundavam o local com segurança e alegria. Havia gatos também.
Na escola, Gilsa era nove e meio. A menina estudava e conversava demais, sempre era sobre seus sonhos e desejos, que, desde criança, sabia que era pobre demais para conseguir realizá-los.
- Minha filha, você sabe que quando crescer... terá que trabalhar com o pai e comigo, não sabe? - Dizia sua mãe. Gilsa concordava. Sempre concordava com a verdade.
Algumas semanas mais tarde, ela recebeu o aviso que teria um passeio para o planetário da cidade central. Ela nunca tinha saído de seu próprio bairro minúsculo. Seus pais ficaram desesperados. "E se ela passar fome? A viagem é um pouco longa até lá!", "que roupa ela vai? Não pode ir como uma menina do mato, vão pensar que somos atrasados!". No fim deu tudo certo. Eles tinham preparado um pão francês com margarina e leite para algum imprevisto. Sua roupa era simples, uma camiseta branca com estampa de um sorriso, um shorts de pano preto e um tênis preto-quase-cinza.
Os colegas e Gilsa foram com o ônibus que puderam arrumar. Estava caindo aos pedaços, era mais velho que a própria professora Loiza, uma senhora que vivia com seis gatos, vivia dizendo que não queria mais um porque era muito comum. Queria ser diferente. Mas todos os alunos sabiam que era porque ela tinha medo de ter sete gatos e morrer sozinha. Quem alimentaria os gatinhos? Ela acreditava na lenda local Senhoras com Sete Gatinhos e Zero Namoradinhos.
O passeio foi legal, segundo a pesquisa. Eles foram entrevistados por serem da primeira escola de outra cidade que foi para aquele planetário. "Foi muito louco, senhora... tipo... parecia que eu estava a sete palmos das 3 Marias!", disse Gilsa em sua vez. Naquele dia, Gilsa do Rosário percebeu que tudo que sabia estava errado. Os seus sonhos eram toscos demais perto das estrelas.
Depois daquele grande dia, suas amiguinhas Carol e Aline viviam falando do luar, das estrelas lindas que haviam no céu acima de suas cabeças.
- Um dia eu irei lá pra cima! - Gilsa falava enquanto apontava para cima. - Daí poderão me ver dá tchau para vocês duas do céu.
Elas sonhavam neste dia, brigavam para saber quem seria a primeira a vê-lo. Suas Barbies feitas de feno, pano e botões achados na estrada eram ricas, humildes e astronautas em todas as brincadeiras perto do riacho, tudo por causa do maldito passeio.
Nadadoras Astronautas, Astronautas Corredoras, Mecânicas Astronautas, Caçadoras Astronautas, até mesmo: Humanas de Outro Planeta, Humanas Visitantes do Espaço, Humanas Loucas pelo "Astronautismo", Humanas que não São da Terra mas sim de Marte.
As três cresceram. Afastaram-se uma das outras. Viraram estranhas em meio de outros estranhos. Nem se lembravam dos sonhos, dos desejos, das conversas.
A família de Gilsa cumprimiu o que tanto falara: ela trabalhou com os pais na fazenda. O seu sonho de ser astronauta nunca foi realizado. E nunca seria. Ela nem chegou a pesquisar sobre. Perdeu o belo interesse.
- E seu sonho de ser astronauta quando criança, filha? - Perguntava seu pai já idoso.
- Ah, pai. Sonho de criança. - Sempre respondia. Para o presente e futuro de sua vida a única coisa que existia era a fazenda. A bela fazenda com os gados, porcos e cachorros... ah, e havia gatos também.

Inserida por MareaneLima

Com um grito tão alto que todos no salão puderam ouvir e ficar vidrados nele.
-ME ESCULTEM TODOS VOCÊS!
-Olhem para todas essas coisas, elas não nos trazem amor, nem paz, nem mesmo alegria, achamos que possuímos tudo por termos inúmeros avanços, mas não temos. Regredimos mais que na época de nossos bisavós. Entendam, Já não mais amamos pessoas e sim as coisas, já não mais sentimos afeto ou carinho e sim arrogância e frieza. Chegamos a uma época em que criamos inteligencia e sentimentos artificiais em maquinas, e hoje as maquinas somos nós, e cuidado, ou vamos chegar numa época em que as maquinas irão sentir pena de nós e nos da sentimentos e inteligencia artificial."
-Encanto, o brilho dos olhos e outros contos.
*Movidos pelo reflexo.

Inserida por MichelNery

A noite era de rock roll, o ritmo de feriado, e a cantada uma invenção de ultima hora, mais sempre sincera.
De tempos em tempos vários amigos e companheiros se vão, e o motivo é quase sempre o mesmo, o famoso e popular “relacionamento amoroso”, aquele que transforma simples pessoas em poetas, que embriagam o céu de harmonia e tomam a voz dos Deuses para falar de amor e blá, blá, blá.
Tenho que admitir, que sinto quando perco amigos dessa forma, inclusive tem um camisa 10, centroavante dos bons, que tá quase pendurando as chuteiras, ai já viu, eu como jogo no meio-campo subir pro ataque vai ser foda, mas já ando ensaiando umas jogadas.
Lá estava, eu, embalado pela música e outras coisas, me iludindo com a beleza criada pelas maquiagens da noite, e achando que não iria sozinho pra casa falando besteiras pro taxista, para isso, precisava ser criativo na conversa, e contar algo que de alguma forma, tocasse profundamente as mulheres daquele lugar:
Eu parava ao lado “delas” como quem não queria nada, olhava para banda, e no ritmo da música dizia seriamente, sem desviar o olhar:
- Quando escuto uma boa música o tempo para! Já conseguiu fazer o tempo parar alguma vez?
Silêncio! Logo em seguida me lançavam um olhar desintendido.
Meu consolo foi achar que elas eram as mais bonitas da noite, ou não conseguiram fazer o tempo parar ouvindo uma música, ou não entenderam a pergunta.
O silêncio permaneceu no táxi.
“Tudo perdido,
Menos a ternura
Oh romantismo”.

Inserida por Varpechowski

Na Europa, nas antigas civilizações, os contos de Fadas constituíam uma forma de entretenimento tanto para crianças como para adultos, contadas principalmente entre as comunidades agrícolas, na época do inverno, chegando a dizer-se que "os contos de Fadas representam a filosofia da Roda de Fiar".
> (Marie-Louise Von Franz em "A Interpretação dos Contos de Fadas"; citada por Bárbara Vasconcelos de Carvalho em "A Literatura Infantil - Visão Histórica e Crítica")

Inserida por alvalux

O teatro Van Tepes

Porto Alegre 1851

-Havia muito sangue nas cortinas?
Perguntou a governanta para sua sobrinha Carmem Lucia
-Desta vez até que não havia muito sangue- Respondeu-lhe
-Eram muitos? Quero dizer, estavam todos no palco?
Todos os 9 ? O menino também estava?
-Estavam todos, titia, todos eles
-Quantos foram mortos desta vez? Quantas pessoas?
-Não sei, creio que três ou quatro
-Oh! Meu Deus!
Meu Deus! Isto tem que parar
todos os dias essa carnificina
e nós vivendo debaixo do mesmo teto que eles
e o pior é que não podemos fazer nada
-Somos apenas os empregados, tia, estamos aqui para servi-los
-Não sei porque seu tio foi aceitar este emprego
não suporto mais trabalhar para estes monstros
antes ao menos, matavam somente animais
porque tinham de vir para capital
e comprar este maldito teatro?
Deveríamos ter ficado na fazenda
vou lhe dizer Carmem, já estão desconfiando
não vamos conseguir manter este segredo por muito tempo
depois do desaparecimento daquele padre
a coisa piorou, não deveriam ter feito aquilo
-É melhor ficarmos quietas, tia, vamos fingir que não sabemos de nada
e depois, não temos nada a reclamar, vivemos muito bem aqui
temos casa, comida e ainda ganhamos um bom dinheiro
-Mas já estão a fazer perguntas Carmem
os vizinhos estranham o fato de só aparecerem á noite
não há uma viva alma, que ao bater na porta, não estenda
a vista para especular, o carteiro, o padeiro..estou lhe dizendo
Carmem, estão a desconfiar
-A senhora não comentou nada com ninguém? Não é mesmo tia Dolores?
-Não, valei-me Deus! Mas vou confessar-te
ás vezes tenho vontade de ir até policia e contar tudo
é abominável o que fazem! Nossa senhora! Não gosto nem de pensar
estes demônios vieram de Roma para devastar esta cidade
-Eles não vieram de Roma, tia, vieram da Romênia
- Pra mim é tudo igual, não fica lá na Europa ?
Acho que nunca deveriam ter saído de lá!! Agora isso!
Comprar um teatro bem debaixo da catedral
admiro muito quem vendeu para eles
o que não fazem por dinheiro!!
-Eles ofereceram uma boa cifra pra prefeitura
-Mas e o bispo? Ele foi contra a construção do teatro
imagina! Um teatro debaixo da terra, bendita hora que aqueles padres
foram encontrar essa câmara subterrânea
-O salão foi construído muito antes da catedral, tia
o senhor Van Tepes dize, que seu antepassado
a construiu no século XV, na idade média.
-Mas porque aqui em Porto Alegre? Porque eles tinham de vir pra cá?
Estes dias já vi a policia rondando o casarão, tem muita gente desaparecida Carmem Lucia, eles vão acabar descobrindo, só queria saber aonde escondem os corpos
-E porque esconderiam os corpos, tia?
-Ora, Porque? Eles são assassinos, matam as pessoas cruelmente
esse teatro é só uma fachada, tu sabes muito bem disso, porque perguntas Carmem Lucia?
- Eles não matam as pessoas, tia Dolores
-Como que não, eu mesmo vi com meus próprios olhos, eles apunhalaram aquela mulher com uma adaga, depois sugaram todo seu sangue, por Deus, eu vi!!
-Na verdade ela não morreu
-Não! Aquilo não era encenação Carmem, foi a única vez que
fui aquele teatro, e vi coisas horríveis acontecerem lá, eles mataram aquele mulher assim como mataram centenas de pessoas
-Talvez eles só tenham morrido para esta vida
-O que estas dizendo Carmem? Como podes pensar assim?
-Acho que está na hora de saberes a verdade, tia Dolores
-Que verdade? O que esconderam de mim?
-Os Van Tepes não estão matando as pessoas, estão criando uma nova raça.. Todos que estão desaparecidos foram transformados....a senhora sabe no que
-Por Deus! O que estas dizendo Carmem Lucia? Seu tio sabe disso? Porque não me contaram?
-O senhor Van Tepes pediu para guardarmos segredo, a senhora é
leviana, tia, tem a língua muito solta, mas agora não tem mais como esconder
-Mas aonde estão? Aonde estão estes monstros?
-Como a senhora bem sabe, o teatro Van Tepes é uma fachada
o interior do teatro esconde uma passagem para uma cidade subterrânea
construída á milênios atrás, é lá que uma nova raça
aguarda sua hora, a hora de governar este mundo
-Por Deus! Estão criando demônios! Então é isto que estão fazendo?
Malditos! Vou embora desta casa agora, vou contar tudo a policia
temos de nos apressar, ainda é dia, eles ainda estão dormindo
vamos, vamos, arrume suas coisas, onde está a Dorotéia?
Vais chamar tua prima, vai, depressa!
-Ela não está em casa, tia Dolores
-Como assim? Ela não estava contigo ontem? Não foram juntas ao teatro?
-Ela não voltou........
-O que? Ah! Meu Deus! Meu Deus! O que fizeram a minha filha?
-Ela está dormindo agora
Porque Carmem? Porque fizeram isso?
-Era a única maneira de mantê-la aqui, tia, este segredo é muito precioso
a senhora é a governanta desta casa, eles precisam de nós, quem cuidará deles quando estiverem dormindo? Ser como eles, não é tão ruim quanto pensas, eles falaram que depois da Dorotéia, eu serei a próxima, mas para isso é preciso que a senhora continue nesta casa
-Não deveriam ter feito isto com minha filha
-Foi a única maneira de convencê-la, tia, não se preocupe, Dorotéia está bem
-Eu nunca mais vou ver minha filha, Carmem?
-Poderá vê-la todas as noites no teatro, ela começa hoje
o senhor Van Tepes deixou estas entradas para senhora, é do novo espetáculo, Hamlet, de Willam Shakespeare, aquele autor inglês que a senhora tanto gosta, ele reservou um camarote só para nós, já falei com o titio, ele está preparando uma carruagem, iremos com eles, agora mais do que nunca, fazemos parte desta família, não fique triste, tia, enxugue essas lágrimas, Dorotéia não vai gostar de ver-te assim, hoje é sua grande estréia no Van Tepes, a casa vai estar lotada................

Inserida por kreturiano

Pequeno conto sobre contar contos

Contador de histórias, narrativas, crônicas, contos, recontos, relatos, porandubas, gestas, gamelas, percursos, enredos, fatos, piadas, historietas, anedotas, suscetibilidades, melindres, perplexidades, sentimentos, aborrecimentos, gostos, tramas, teias, intrigas, entrechos, fabulas, romances, troços, urdiduras, alegretes, invenções...

Contador de HistóriAS

Inserida por ascaldaferri

Os olhos e o coração

Um belo dia, uma doce garotinha perguntara ao seu avô:
- Vovô, por qual motivo sentimos vontade de chorar?
O senhor, atento à pequena, prontamente respondeu:
- Contar-lhe-ei uma história.
Certa vez, o coração, tão tímido e apaixonado pelos cristalinos e profundos olhos de sua amada, diante de seu amor impossível, prometeu-a que mesmo não podendo tê-la, estaria sempre presente e que ela o sentiria, mesmo sem poder tocá-la.
Ocorre que fruto dessa paixão, o coração enchia-se como a vastidão do mar.
Gota por gota, a cada suspiro de amor, aumentava lentamente.
Quando não suportando de paixão, transbordava, escorrendo pelos olhos e percorrendo o rosto de sua amante.
Pediu-a que toda vez que sua face encher-es de lágrimas, lembrar-se-ia que esse era o presente mais vívido e constante de seu amor e que logo após, sentiria o alívio de seu amor, aliviaria seus sentimentos.
Diante da história contada pelo avô, a garotinha respondeu:
- Então as lágrimas não são tristes vovô?
- Nem todas. Elas são a expressão da maior qualidade humana, a de sentir.
E devido à paixão do coração pela sua amada, alivia-nos constantemente diante de qualquer sentimento através das lágrimas.
- Incrível vovô! O Coração sim soubera presentear sua amada. Aliviava seus sentimentos através do seu amor, refrescava sua alma tal como o mar nos refresca no calor.
- Certo meu bem! O amor é assim mesmo, imenso e vasto. Quando não cabe no coração, transborda pelos olhos e logo após nos alivia!
- Obrigado vovô!
- Lembra-se pequena, quando sentir-se triste e seus sentimentos transbordarem por através de seus olhos, não esqueça do presente que o coração deu a sua amada! Ele encheu-se de amor para aquecer a frieza da tristeza, refrescar o calor da emoção a ternura da felicidade e aliviar o amargor da emoção!
As lágrimas são um remédio renovador, capaz de encher nosso ser com a oportunidade de recomeçar mais leves!

Inserida por romulohendges

VINTE E DOIS

O músico é uma criança à procura do futuro, do passado, do presente.
Do futuro do presente
De um presente do passado
De um passado de muitos futuros

A música é choro, é chão, é momento
A música é o sempre, é o agora, é uma coisa já vista/ouvida que sempre será novidade
Efêmera e eterna fertilização de corações e mentes.

A música é a definição indefinida do que almejamos ser ou não ser.
É a palavra mais inalcançável ao alcance dos mais incautos ouvidos

A música é uma estrela. Ou seria constelação?
Uma leve brisa ou um tortuoso tufão?

A música é a explicação ao inexplicável.
É o inexplicável translúcido em vasta amplidão
É a liberdade prisioneira
É o teto, a eira e a beira
É o que fomos, o que somos e o que seremos.

A música é utopia real
Fantasia da realidade
Realidade da fantasia

A música é uma criança à espera de zilhões de pais, mães, irmãs e irmãos.
É Arezzo, Cecilia e João, Sãos...

É a certeza da cura
É a cura desenganada
É a ilusão do horizonte
É a bebida que brota de toda e qualquer fonte

É a coisa sem fronteiras, que infelizmente alguns tentam podar.
A música é o mais reluzente significado para nossas vidas, quer queira, quer não .

É angústia, é ânsia, é susto, é suspense, é o amor!

E em seu dia elencado por mortais,
Tento em versos vãos externar o infinito solúvel e sem solução

A música é esperança, é uma criança, é a fêmea e o macho, do flautim ao contrabaixo
Do ventre à luz
Da alma aos sãos
Da cegueira à visão
Do oco aos atos.
Do ogro aos ratos
Dos gnomos aos patos

Da fome ao prato
Existem sons

A música é criança versada e versando
Canções

Luciano Calazans. 22/11/2017

À Deusa que rege a minha vida e a de Zilhões.

Inserida por Maestroazul

Pegou atalhos, passou à frente levando tudo olhou para trás e começou a atirar. Conseguiu montar um forte onde instalou-se e de lá continuara atacando.
Até que um dia, um raio partiu ao meio a torre onde estava instalada, uma forte língua dágua saiu do mar e invadiu as suas instalações e ela foi levada para o mais profundos dos mares, onde foi degustada pelas criaturas marinhas.
A sua alma vagueia, atormentada pela própria consciência e a sua descendência cuspirá sobre a sua lápide simbólica.
Ai de ti...

Inserida por jozedegoes