Contos de Autores
Deserto
Nos morros esculpidos pelos ventos, nas mais altas fendas do Jalapão, a Princesa existia.
Presa em um Castelo cheio de ecos onde esquadrinhava a sua solidão.
Jamais descia.
Escondia-se com receio dos bichos que uivavam, rastejavam e se metarfoseavam junto ao capim dourado.
Do alto avistava as caravanas que contornavam as dunas à procura de sombra abaixo do chapadão alaranjado de arenito.
Ouvia os murmúrios dos preparativos do pouso, admirava a pequenas fogueiras iluminando a jalapa em chão de estrelas rastejantes.
Ao dia a savana dourada era castigada pelo vento indomável que carregava grãos de areia em constante combate.
Tinha desejo de descer, pisar naquela areia alaranjada, correr naquele silencioso esmagando o capim que choraria em seus pés estalando lamentos e rugidos.
No Castelo havia somente uma entrada.
E seus contornos e arrabaldes transpunham em curvas e corredores sem saídas obscuros para confundir estrangeiros.
Vivia ali sem nenhuma lembrança do passado somente do presente. À noite o Príncipe chegava carregado de conquistas e presentes alucinantes e ela viajava bem longe em seus verbos.
Na madrugada ele roubava seus sonhos durante o sono. Retirava seus aromas, as cores, suas noites enluaradas e o frescor de seu corpo banhado na alucinação dos rios.
Passou a Princesa a sofrer de nostalgia, de inquietude dolorosa, num choro calado debatendo-se com a sua imaginação.
Não havia superfície em sua vida, tudo era fundo e inatingível. Lembrava-se só das fogueiras estalando no lanço do isolamento das noites.
Tinha, portanto, um Castelo sem sonhos, janelas semicerradas e portas herméticas.
Passou a ficar extremamente branca, enluarada na cor onde se via seu mapa angiológico, desenhado, pulsando em suas veias.
Sua voz passou a ficar vigorosa, com ares de sufoco e repetir desejos. Diziam que a sua formosura estava pregada nas paredes da jalapa e respondia ao chamado dos curiosos.
– Princesa, onde estás? E no eco ela respondia:
– Onde estás?
Quando a caravana passava, abria suas tendas, nas sombras das noites insones, sua lenda sobressaltava junto à lua cândida.
E na placenta do imaginar ela nascia como alma de ilusão de quem deseja habitar na fantasia.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Um lugar... Com aspiração
Quando o mês de Julho chegar, estarei com vocês.
Quando Setembro anunciar, verei as Cavalhadas de Corumbá de Goiás pela primeira vez.
Quando Dezembro espalhar, ficarei na praça debaixo do flamboyant, me escondendo das tardes em choro, das chuvas mornas encharcando meus cabelos.
Estarei submersa na terra. Sentirei seu cheiro.
Acalmando minha ansiedade. No fruto de minha gente.
E nas estações, meus pensamentos constroem pontes de uma viagem internacional ao Corumbá de Goiás, todos os dias, incessantemente. E não me canso, me frustro.
Verei Anita já crescida, dançando em sapatilhas de ponta. Victor apaixonado pela certeza das horas.
Amarei as minhas orações desnudas e farei promessas a Nossa Senhora da Penha.
Ela me ouve.
O ensaio das vozes do coral irá convidar retumbar em minhas janelas e de meus olhos trincados escorrerá balsamo.
Virarei histórias na voz de todas minhas tias.
Amarei o jiló da horta de minha casa, onde Sebastiana plantou e Narcisa aguou.
E tudo aparecerá novo e inconfundível em minha memória.
As corujas visitarão meu alpendre e ficarei admirada com sua
elegância reservada.
Acordarei cedo e irei contemplar a neblina do planalto central. Admirarei as mangueiras retorcidas, centenárias, os muros de adobe, e não me sentirei invadida, namoro a minha solidão.
Vou cozinhar esta ideia, servir a todos com guariroba e pequi na margem arborescida do Rio Corumbá no cerrado.
E dizer que amar é acolhedor, descansado no silencioso do Goiás. E minha saudade acordará do choro de mil dias.
Se navegar, acontecer, a Deus pertence, mas aluguei na vida, momentaneamente, de passagem, enquanto existir um lugar para amar.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Foi naquela noite de março que sonhamos viver para sempre juntos... era um dia só, perdido no meio de tantos outros, eram todas as mentiras que nossas mentes permitiam contar, todas espumas misturadas com sentimentos transbordando pela banheira, seu corpo no céu quando erguia com a força dos meus braços, suas coxas entrelaçadas nas minhas roçando com suor nossas intimidades, o calor da água esquentando nosso sangue em prantos, eram mais sonhos em nossa boca do que estrelas no céu, mais horas vividas do que cabiam em centenas de anos. Eu ali no cantinho do quarto, era o escolhido por você, encolhido na escuridão, pensando quanto tempo iria aguentar tanto amor. Não era, depois de anos, um sentido comum, eram todas as portas abertas, todas as chaves jogadas no chão, todas diferenças somadas com intensidade. A caixinha de amor dentro do seu peito estava tão livre, que nem questionava que loucura de amor estava vivendo, se era amor ou loucura, se era um trem carregando tanto sentimento ou era uma faísca de segundo numa caixinha de fósforo. Talvez os amores que vem assim, bem no meio de sua vida, são puxados da fila de corpos livres lá fora, são deitados sobre uma cama de carícias e depois vão. Nenhum amor em vão leva... mais lágrimas do que necessita. Nenhum amor em vão leva... mais lembranças do que precisa. Amor sempre é vento, acende a chama e a apaga, fecha a porta e vou embora...
"Eu cansei, cansei de pessoas que vivem atrás da tela do celular o tempo todo, escravas do julgamento dos outros, todos com joguinhos de visualizar e não responder, de se fazer de difícil, de tentar impressionar alguém que você nem sabe quem é.
Eu quero é que o celular descarregue e que todos os carregadores do mundo tenham acabado. Quais relações sobreviveriam? Quais romances seriam capazes de ainda se manter? A resposta é simples, seriam os mesmos doidos que não se preocupam de demonstrar que sentem falta! De nada adianta anos de relacionamento sem intensidade? Mais amor se pode gritar em poucos meses do que em anos de silêncio.
Não te conforma com esse silêncio, vai atrás do amor que te é gritado no domingo de amanhã e na quinta de madrugada. Fica com quem é capaz de pegar um avião por ti, fica com quem te da aquele presente barato, mas que representa tanto. Aquela pessoa que fala de ti para todos os amigos, que te manda músicas, que não pensa duas vezes antes de te chama para a estreia de um filme bom no cinema. Tu não és segunda opção, para quem só tem tu no coração.
Mas agora, só fiques se for com honestidade, se for para ser doido junto. Uma pessoa que grita amor sozinha, uma hora perde a voz."
Você posta uma foto nova e espera likes, mas não é qualquer like que você quer, não é? Sua foto nova pode ser a mais perfeita do feed e ter recorde de likes. Mas a pessoa que você realmente queria impressionar não curtiu, você atualiza e atualiza desesperadamente procurando aquele coraçãozinho no meio de tantos outros banais.
Então te vem o desespero, você tenta fazer histórias para ver se ele visualiza. Coloca uma coroa de flores na cabeça, mostra o que está assistindo na netflix, posta foto no espelho e nada. Você confere seu whats para ver se ele está online e ele está, ele só não se importa mais com você e não acha mais suas fotos com filtro de gatinho fofas. Agora ele curte as fotos de outras pessoas e assiste as histórias de outras pessoas.
E você vai fazer o que? Vai continuar esperando likes e fazendo histórias para o passado ou vai apagar todo esse feed preto e branco, deixar o celular em casa e viver sua vida sem se importar com as visualizações?
O Concerto das Estrelas
Em um mundo fantástico onde existiam estrelas, animais falantes e seres mágicos.
Existia uma família que tinha o poder de controlar as estrelas.
Uns faziam o bem e outros faziam o mal.
Mas a Luz sempre prevalecia sobre as trevas.
A Luz sempre venceu.
Belo Horizonte, 22 de Maio de 2019
O teatro Van Tepes
Porto Alegre 1851
-Havia muito sangue nas cortinas?
Perguntou a governanta para sua sobrinha Carmem Lucia
-Desta vez até que não havia muito sangue- Respondeu-lhe
-Eram muitos? Quero dizer, estavam todos no palco?
Todos os 9 ? O menino também estava?
-Estavam todos, titia, todos eles
-Quantos foram mortos desta vez? Quantas pessoas?
-Não sei, creio que três ou quatro
-Oh! Meu Deus!
Meu Deus! Isto tem que parar
todos os dias essa carnificina
e nós vivendo debaixo do mesmo teto que eles
e o pior é que não podemos fazer nada
-Somos apenas os empregados, tia, estamos aqui para servi-los
-Não sei porque seu tio foi aceitar este emprego
não suporto mais trabalhar para estes monstros
antes ao menos, matavam somente animais
porque tinham de vir para capital
e comprar este maldito teatro?
Deveríamos ter ficado na fazenda
vou lhe dizer Carmem, já estão desconfiando
não vamos conseguir manter este segredo por muito tempo
depois do desaparecimento daquele padre
a coisa piorou, não deveriam ter feito aquilo
-É melhor ficarmos quietas, tia, vamos fingir que não sabemos de nada
e depois, não temos nada a reclamar, vivemos muito bem aqui
temos casa, comida e ainda ganhamos um bom dinheiro
-Mas já estão a fazer perguntas Carmem
os vizinhos estranham o fato de só aparecerem á noite
não há uma viva alma, que ao bater na porta, não estenda
a vista para especular, o carteiro, o padeiro..estou lhe dizendo
Carmem, estão a desconfiar
-A senhora não comentou nada com ninguém? Não é mesmo tia Dolores?
-Não, valei-me Deus! Mas vou confessar-te
ás vezes tenho vontade de ir até policia e contar tudo
é abominável o que fazem! Nossa senhora! Não gosto nem de pensar
estes demônios vieram de Roma para devastar esta cidade
-Eles não vieram de Roma, tia, vieram da Romênia
- Pra mim é tudo igual, não fica lá na Europa ?
Acho que nunca deveriam ter saído de lá!! Agora isso!
Comprar um teatro bem debaixo da catedral
admiro muito quem vendeu para eles
o que não fazem por dinheiro!!
-Eles ofereceram uma boa cifra pra prefeitura
-Mas e o bispo? Ele foi contra a construção do teatro
imagina! Um teatro debaixo da terra, bendita hora que aqueles padres
foram encontrar essa câmara subterrânea
-O salão foi construído muito antes da catedral, tia
o senhor Van Tepes dize, que seu antepassado
a construiu no século XV, na idade média.
-Mas porque aqui em Porto Alegre? Porque eles tinham de vir pra cá?
Estes dias já vi a policia rondando o casarão, tem muita gente desaparecida Carmem Lucia, eles vão acabar descobrindo, só queria saber aonde escondem os corpos
-E porque esconderiam os corpos, tia?
-Ora, Porque? Eles são assassinos, matam as pessoas cruelmente
esse teatro é só uma fachada, tu sabes muito bem disso, porque perguntas Carmem Lucia?
- Eles não matam as pessoas, tia Dolores
-Como que não, eu mesmo vi com meus próprios olhos, eles apunhalaram aquela mulher com uma adaga, depois sugaram todo seu sangue, por Deus, eu vi!!
-Na verdade ela não morreu
-Não! Aquilo não era encenação Carmem, foi a única vez que
fui aquele teatro, e vi coisas horríveis acontecerem lá, eles mataram aquele mulher assim como mataram centenas de pessoas
-Talvez eles só tenham morrido para esta vida
-O que estas dizendo Carmem? Como podes pensar assim?
-Acho que está na hora de saberes a verdade, tia Dolores
-Que verdade? O que esconderam de mim?
-Os Van Tepes não estão matando as pessoas, estão criando uma nova raça.. Todos que estão desaparecidos foram transformados....a senhora sabe no que
-Por Deus! O que estas dizendo Carmem Lucia? Seu tio sabe disso? Porque não me contaram?
-O senhor Van Tepes pediu para guardarmos segredo, a senhora é
leviana, tia, tem a língua muito solta, mas agora não tem mais como esconder
-Mas aonde estão? Aonde estão estes monstros?
-Como a senhora bem sabe, o teatro Van Tepes é uma fachada
o interior do teatro esconde uma passagem para uma cidade subterrânea
construída á milênios atrás, é lá que uma nova raça
aguarda sua hora, a hora de governar este mundo
-Por Deus! Estão criando demônios! Então é isto que estão fazendo?
Malditos! Vou embora desta casa agora, vou contar tudo a policia
temos de nos apressar, ainda é dia, eles ainda estão dormindo
vamos, vamos, arrume suas coisas, onde está a Dorotéia?
Vais chamar tua prima, vai, depressa!
-Ela não está em casa, tia Dolores
-Como assim? Ela não estava contigo ontem? Não foram juntas ao teatro?
-Ela não voltou........
-O que? Ah! Meu Deus! Meu Deus! O que fizeram a minha filha?
-Ela está dormindo agora
Porque Carmem? Porque fizeram isso?
-Era a única maneira de mantê-la aqui, tia, este segredo é muito precioso
a senhora é a governanta desta casa, eles precisam de nós, quem cuidará deles quando estiverem dormindo? Ser como eles, não é tão ruim quanto pensas, eles falaram que depois da Dorotéia, eu serei a próxima, mas para isso é preciso que a senhora continue nesta casa
-Não deveriam ter feito isto com minha filha
-Foi a única maneira de convencê-la, tia, não se preocupe, Dorotéia está bem
-Eu nunca mais vou ver minha filha, Carmem?
-Poderá vê-la todas as noites no teatro, ela começa hoje
o senhor Van Tepes deixou estas entradas para senhora, é do novo espetáculo, Hamlet, de Willam Shakespeare, aquele autor inglês que a senhora tanto gosta, ele reservou um camarote só para nós, já falei com o titio, ele está preparando uma carruagem, iremos com eles, agora mais do que nunca, fazemos parte desta família, não fique triste, tia, enxugue essas lágrimas, Dorotéia não vai gostar de ver-te assim, hoje é sua grande estréia no Van Tepes, a casa vai estar lotada................
Saíram para gravar mais uma reportagem de Telejornalismo.
O cinegrafista da faculdade e a estudante de jornalismo.
Desceram as escadas.
Ele com a câmera e ela com o microfone e a pauta em mãos.
Ela tentando segurar a vontade incontrolável de levar sua mão na nuca dele e beijar de vez o dono da voz mais excitante que já se ouviu.
Ele fingindo não ver sua excitação.
Ele deu algumas dicas pra melhorar a passagem dela, e ela viajando cada vez mais naquele olhar.
após gravações, subiram de volta à ilha de edição.
Ela, ele, a câmera cinematográfica, o ar-condicionado o computador e a televisão.
E foi exatamente nesse cenário que seu desejo avassalador explodiu.
Estava ele comentando ainda sobre a gravação que haviam feito, ela não entendia uma palavra sequer a não ser os gritos que ecoava em sua cabeça dizendo, "É agora, pula nele".
E resolveu cortar a fala do cinegrafista dizendo:
-Cê tem juízo?
Ele olha surpreso e duvidoso para ela, imaginando ter falado bobagem e responde com outra pergunta.
-Tem o que?
- Juízo, cê tem?
-Tenho, por quê?
E se aproximando com o olhar em chamas e um sorriso sedutor ela responde.
-Eu sou o fim dele.
e como quem não entende nada ele dá um passo atrás e mais uma vez questiona.
-Como assim?
-O cinegrafista e a repórter quase formada. Qual o nível do problema que isso pode dar?
Perguntou já com seu corpo colado no dele e com a mão na sua nuca, assim como desejou. Segurando a respiração e sem saber o que responder ficou apenas esperando a próxima atitude súbita da acadêmica.
Ela mesma respondeu.
- Depende. Se ninguém souber, o nível é mínimo. Se alguém chegar aqui, o nível é médio. Se a gente matar esse alguém, continua mínimo. Se esse alguém correr e dar logo um jeito de espalhar, aí prepara que o nível é máximo.
-Cê bebeu?
-Não. E considerando que não tem ninguém aqui e que a porta está trancada - mostrando a chave que ela retirou da porta após trancar - não vejo problema algum.
E o beijou como como quem sacia a própria sede.
Ps: Conto ainda não finalizado por falta de imaginação.
A casa das memórias
(Victor Bhering Drummond)
A velha casa ainda estava lá.
Preservando memórias, mistérios
E provocando medos.
Eram só retratos na parede
Pinturas e rabiscos na alma
Incapazes de fazer mal a nenhuma
Criatura sequer.
Abri a porta, senti o cheiro das coisas guardadas.
Sentei no sofá; voltei nos anos
E encontrei a festa do dia do batizado
Sendo celebrada novamente
Nas sala do meu coração.
(Outono no Sul - Registros de uma Casa Velha, 2017)
O amor não tem frágeis elos, sucumbi nossa alma com a fortaleza de uma muralha, o mistério da anatomia humana e cria vozes límpidas de ternura e bom grado.
Não sei se amo, porquanto ainda não tenho essa combinação rigorosa de sintomas que me fazem sentir falta do que não me falta. Será assim mesmo ? Esse amor sentido, fincado em peito aberto que me faz calar a boca e perder o sono? Será que finda ao início de poeira duvidosa e refresca minhas ideias ao pequeno bem tratar? Não! O amor é finito, não se cobra , mas se sente, não se emborca de dívidas mas se analisa e, se arrastado , não caminha, visto que um deleite o desvirtua . O amor é nobre mas decisivo , robusto em decisões firmes porque os porquês são muitos e, quando amamos permitindo o erro, nos afundamos em fogo brando porque corrói a missão , objetivo principal do trajeto a dois.
Depois que passou doeu menos
E a faca cortante partiu
Um ferimento profundo
Doído de se ficar senil
Não pude prevenir
Estourei minha idade
E a felicidade Divergiu
Fugiu correndo da felicidade
O que ficou
Pássaro levou
Para outros ares
Longos Lírios afastados do céu
Não sei o que senti
Só sei que parti
Na direção da melodia
Entre fermatas e curtas pausas
Me apaixonei pela vida
E me acompanhei de meu amor inócuo
Um deleite que não me priva
Meu constante amor próprio
421
Dor inquietante
Se entender meu coração é difícil
Esqueço o que sofri quero amar
E me enfrento novamente sem artifício
É chegada a hora de andar
Essa dor inquietante
Que tira meu sono
Balança minha cabeça a todo instante
A um não a dizer sim
O que fazer
Se a amnésia tomou conta de mim
E novamente amo
Para onde correr
Se todos os caminhos me levam ao seu
E seu olhar já cansado
Me persegue
E me desejas sem que eu sossegue
Te amo
E se nosso tempo é curto
Que eu venha a sua vida
Feito cronômetro
Passarei as mãos em seus sentimentos
E mansamente alcançarei os ponteiros
Do maior termômetro do amor
O que nos embala em delirios
E assim não paro de pensar
Que meu coração aperta a sua distância
E mesmo sem aliança
Sou casada com seu distanciar
Lupaganini
3/11/17
418
Não tolha sua criança
Ela quer esperança
E anda sem fazer lambança
Querendo um carinho ganhar
Não agrida sua inocência
Que quer somente viver
E mesmo andando sem saber
Tenta
Tenta
sem poder escolher
Não desentenda com esse pequenino
Que mesmo sendo tão menino
Sabe do futuro
Quer ser maduro
E no vai e vem do mundo
São tantas imperfeições a corrigir
Que se pensar bem
Nem tem tempo de sorrir
Entenda hoje a criança tanto faz
Porque se tanto ela desfaz
Acabará se tornando um adulto qualquer um
E isso não é bom demanda juízo
Demanda tanta calma
Que a criança cresce sem alma
Procurando sempre a superação
E quando não se tem apoio
Vem e vai desilusão
A criança cresce sem ação
Assim sem encantamento algum
Seguem crianças tanto faz
E adultos qualquer um
Porque lá atrás
Quando não faltou o pão
Deixou-se faltar o insubstituível carinho
Aquele que abriria o caminho
E mudaria o destino
E uma criança tanto faz
Não se tornaria um adulto qualquer um jamais.
Luoaganini
AMOR VERDADEIRO
Em uma noite
com um belo luar
a frente de um lago
com vaga-lumes a brilhar,
havia um casal
pareciam se apaixonar,
quem os via a distância
nem imaginava o que havia lá.
Algo proibido?
O que será?
Nem eu mesma
consigo falar.
É algo fora desse mundo
aqui ninguém entendera.
Com tanta maldade
não sabem o que é amar.
A gente nunca esteve na mesma página
Verdade seja dita
Eu sempre quis tirá-la de dentro do livro
As pessoas não mais acreditam em contos de fadas
Quem sabe se ela saísse e se mostrasse
Todos voltassem a acreditar em magia
Ela me faz flutuar#3;
Mas não existe alguém pra quem eu possa contar
E se acreditarem?#3;
Será que vão queimá-la?
Soube que existem outras mais por aí...
É, eu acredito nisso!
É injusto que só eu possa ficar enfeitiçado.
Eu sempre pulei na frente das flechas para salvar as pessoas, mas no meio daquele caos ele me empurrou para suas costas e manteve o olha fixo na tormenta que se aproximava. Pela primeira vez alguém quis me proteger, pela primeira vez alguém ficou em um momento que todos fugiriam, pela primeira vez eu me apaixonei. Em meio a todas as ameaças e distúrbios eu só ouvia o som de sua voz, cantando hinos de vitória. Ele disse que tudo ia ficar bem e mesmo no meio da tempestade seus pés não saíram do lugar. Eu que sempre pulava na frente do perigo enquanto todos me abandonavam, mas naquele momento eu o vi ancorado pela sua inabalável determinação. Desde aquele dia nos tornamos porto e farol um do outro. Para ele uma forte amizade, para mim um intenso amor, para nós uma irmandade. Muitos achariam doloroso ter um amor não correspondido, para mim, a verdadeira dor é não ter amor algum. Nós amamos da maneira que podemos. Ele me ama como um irmão e eu como um devoto fiel. Podemos nos amar de formas diferentes, mas ainda sim é amor e eu seguirei essa luz até onde seus pés nos levarem. Até quando? Não sei! Sou um arauto do amanhã e ele um herdeiro da esperança, não seguimos caminhos diferentes em nenhum futuro que eu conheça.
(Diario do arauto do amanhã: I fragmento)
Sinopse CHADQ:
"Como você se sente em relação ao covid-19? Quais as dores, medos e inseguranças que isso
gerou na sua vida e no seu dia a dia? Nas “Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena” o
herói, ou melhor os heróis e heroínas, somos todos nós, pessoas comuns, na nossa luta diária
pra vencer os desafios que essa pandemia que chegou sem avisar trouxe. As Contrônicas são
histórias que independem uma da outra e que buscam, de alguma forma, retratar o cotidiano
das pessoas nesse momento difícil que todos estamos vivendo. Desde jovens trancados em
casa sem ter o que fazer, passando por donas de casa idosas fofoqueiras, a ida ao
supermercado que se torna um desafio, o medo, os sonhos, a criatividade do brasileiro, uma
youtuber dando dicas, um cachorro que incomoda os vizinhos mas também desperta
curiosidade, a falta que, de alguma forma, todos sentimos, de algo ou de alguém e a
solidariedade que aflora nas pessoas, apesar de tudo, a esperança e uma luz no fim do túnel." Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena (CHADQ)
“LEMBRANÇAS DA FAZENDA”
Hoje me lembrei da serra onde eu nasci,
Fez lembrar das histórias das visagens,
Causos a causos detalhados dos mais velhos,
Recordando desses contos que ouvia, me perdi;
Eita Dona “Matinta Pereira” mãe mata que mora ali,
Era uma tal de assombração que leva as crianças;
Sem piedade, raptadas de suas casas,
Só Deus sabe quão grande foi o medo que senti;
Não recebia gente em casa à noite, nem se podia partir,
A noite a mata era assombração para todo lado,
Cobra grande, boto d´água, saci Pererê,
O maior dentre eles era o gigante Mapinguari;
Eu pensava: Deus me livre se tudo isso se reunir?
Um sarau na floresta dos seres lendários apavorantes,
Festejando e assombrando as noites tão brilhantes,
Imaginando, coitado de povo que mora ali;
Mas no cantar do galo via a luz do sol surgir,
À medida que o dia clareava,
O desespero assim passava,
Sentindo o cheiro do que café que ia sair;
As galinhas chegando na varanda daqui,
É um corre-corre pra todo lado,
O galo que não cria os pintos vem apressado,
Para comer da quirela esparramada bem ali;
Incrível essas lendas, de dia não existiam por ali,
Só sobrava tempo para trabalhar o dia todo,
Planta, colhe, arranca, corta e roça o mato
Na cidade a comida não é melhor do a daqui;
Todo dia eu oro ao Pai do Céu grato a pedir,
Senhor meu Deus fui homem do campo,
Na cidade hoje tiro o meu sustento, mas eu ainda sonho,
Viver feliz do jeito matuto, como lá, na fazenda onde eu nasci!
Deutes Rocha Oliveira, 10-11-2021
23 de outubro.
Era um dia tranquilo, é calmo como outro. Ele sentado em uma mesa e ela numa outra. Ela então olha para ele, ele sem o menor pudor, olha para ela. Queria o destino pregar uma peça neles, ela com a iniciativa jamais vista por ele, lhe pergunta-“Eu acho que eu te conheço de algum lugar”. Ele sem graça responde pode ser que seja de algum lugar. Após esse momento rápido como um relâmpago, ele sem graça pela beleza dessa moça, volta aos seus afazeres. Sem graça pela tamanha beleza da garota. Não obstante, ela no seu local continua com a sua rotina. Ele com um conflito interno decide pegar o telefone dela. Ela no bom tom e simpatia cede aos encantos e ao humor dele. Após uma breve conversa, ele na ânsia de se tonar o centro da história da vida dela acaba por mentir. Mentira que no primeiro momento parecia ser quase uma verdade, pois outrora ele já tinha vivido isso na sua infância. Ela rir, é o tempo passa rápido como se fosse um trem. Ambos, se despedem. Mau ele sabia que isso iria mudar tudo. Com o tempo, ele sem graça por tudo que tinha acontecido, não manda mensagem e fala com ela, mesmo que no coração o desejo adia como um fogo no meio da palha. Por fim, trouxe o destino um tempo longe, é ele cada vez mais se apaixonava pela a moça que outrora tinha conhecido. Ela continuava com a sua vida. Passado o tempo, eles mau se via. Até que um dia ele decide tomar a iniciativa e conta toda a verdade. Até que: Ele descobre que ela tinha um relacionamento. Ele sem graça, se afasta e para tentar esquecer tudo, se envolve com uma mulher mais velha e experiente, daquelas mulheres sofridas que ao longo da vida vai adquirindo experiências e mais experiências. Um dia ele conta a verdade para essa mulher, que sabendo que ele não a amava. Destrói todos os seus sonhos. Ele desconte da vida. Se afasta de tudo e de todos. Até que um dia, daqueles em que só o destino prega, ele a ver, deslumbrante como sempre. Porém, acompanhada, ele em uma bicicleta quase caí. Mas, sabia que se caísse, seria porque a teria visto, ele sem saber o que fazer, apenas a olha, como se fosse a última vez que a teria visto, ela com aquele olhar penetrante, olhava como se quisesse dizer algo. Por fim, os dois se distanciam. Passado o tempo, ele ainda pensando naquilo, se envolve com outras meninas. E cada vez mais e mais, arrumando encrenca para sua cabeça. Pois, sempre perguntado. Ele respondia: “Eu gosto de outra menina”. Elas sempre furiosas, e com a devida razão. O machucava. Passado o tempo, lá vai o destino fazerem se encontrar novamente. Dessa vez, em um ambiente se luz, ela toda singela, diz:” Oi” e ele complementarmente sem jeito é travado. Não consegui responder.Ele por dentro e com vergonha de não poder ter correspondido, se destrói por tudo que aconteceu. E depois disso, passa o dias. Até que vai chegando as férias, é num local que outra eles tinham se conhecido. Lá estava ela, toda produzida como uma deusa. Daquelas, que o roterista de cinema fazem. E ele sem graça, ao vê-la e ela toda tímida ao encontrá-lo. Como num filme, ou melhor como numa novela eles sem veem. Ele com os seus amigos sem graças. Ele maravilhosa no recinto. Naquela noite o dia parecia o apocalipse, onde anjos e demônios guerreavam por causa dos dois. De um lado, a vida passando como se fosse o juízo final. E na mente dele. Como se todos os seus pecados tivesse vindo á tona. E ela toda feliz pelo seu momento. De um lado, o céu é o inferno se desafiando. Do outro, uma deusa no recinto toda deslumbrante. Ele perdido no meio da guerra como se tudo não passasse de um teste. Observava ela como se tivesse na frente da mais linda flor do mundo. Ele enfatizado e ela deslumbrante como rosa. Naquele dia o mundo tinha parado. O universo não fazia mais sentido e tudo que ele poderia fazer é ir até ela. Mas, o mais que ele conseguiu foi dizer: “Você está muito bonita”. O dia acabou e eles seguiram cada um para o seu canto. Ele decepcionado por não ter encontrado mais ela. Resolve, ir para um local distante de tudo e todos. Lá ele encontraria a paz que ele buscava. Mas, quis o destino que eles se encontrassem. Na mistura de sentimentos e desejo ele tenta marca um encontro. Mas, o destino ri da cara deles. Dessa vez deu tudo errado. Frustado! Ele tenta de tudo para encontrar e sempre alguma coisa acontecia. Até que ele retorna para sua antiga vida, frustrado e lembrando dela. Passado os dias, quis o destino que eles se reencontrassem, mais sempre algo ocorria, é ele começa a sofrer com os seus pecados, na mistura de sentimentos, de paixão, traição, dúvidas. Pois, como pode? Dizia ele. Na ânsia para se igualar ela, ele entra numa aventura. Pois, para ele, ele só poderia te ela. Se ele chegasse no mais alto que o homem pode ter em uma classe social. E começa uma peleja, ele inteligente e lerdo, elabora um plano, que dê certo modo é muito bom. Mas, quis o destino pregar mais uma peça e ele cai em um golpe. Se saber o que fazer é perdido, ele…
A leitura é um desafio
De autoaprendizado.
Para você não ter desvio,
Comece por Jorge Amado.
Estudar é pesquisar,
É coisa além de extrema,
É como José de Alencar,
Expondo o seu “Iracema”.
Leitura é dupla satisfação.
Quem lê tem sempre prazer
Sem medir motivação.
Para melhor entender,
Veja o livro Luar do Sertão,
De “Catulo” para gente ler.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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