Conto Amor de Clarice Lispector

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Ser vão
Se te esperar, esperar-te é vão,
Pois os dias se vão e já não sei.
Se te falar, falar-te é vão,
Pois as palavras vão e não ouves bem.
Se te ajudar, ajudar-te é vão,
Pois as ideias vão e nada sei.
Se te desenhar, desenhar-te é vão,
Pois os traços vão e rabisquei.
Se te contar, contar-te é vão,
Pois os números vão e não calculei.
Se te compor, compor-te é vão,
Pois as rimas vão e não rimei.
S te gritar, gritar-te é vão,
Pois os sons se vão e se espalham bem.
Se a ti chorar, chorar-te é vão,
Pois as lagrimas vão e escorrem além.
Se te querer, querer-te é vão,
Pois outros vão querê-la também.

Ser são.
Se te esperar, esperar-te é são,
Pois breves são os dias meu bem.
Se te falar, falar-te é são,
Pois estas são as palavras quem vem.
Se te ajudar, ajudar-te é são,
Pois assim são os que ajudam alguém.
Se te desenhar, desenhar-te é são,
Pois assim são os meus traços também.
Se te contar, contar-te é são,
Pois assim como a areia do mar
Os números são incontáveis também.
Se te compor, compor-te é são,
Pois as poesias são de você meu bem
Se te gritar, gritar-te é são,
Pois os gritos são do eco também.
Se te chorar, chorar-te é são,
Pois as lagrimas são suas também.
Se te querer, querer-te é são,
Pois muitos são os que a querem meu bem.

For: Marjorie Estiano

Acredite Marjorie, “Por mais que eu tente” falar as palavras fogem e vagam sem sentido, e já não sabem o que o quanto sinto por você. Mas peço por só mais uma vez dê-me uma chance, um novo começo, saiba, eu já tenho um “Ponto de partida” “Só pra ter você”, Afinal isso é a “Razão de viver” o “Reflexo do amor”.
Me abrace, me beije, o tempo não para, a felicidade se vive agora, mas é impossível “Sem te ter”. Eu fico “Sem direção”.
Ó minha “Branquela”, ei Marjorie, sou daqui de nenhum lugar e sei que é “Difícil pra você”, mas “Esqueça” minhas falhas e me perdoe. Acredite hoje eu tenho “Outras intenções”, apresa-te, imploro “Volta pra mim”, vamos brevemente recuperar os “Sonhos perdidos”, pois isso é o “Essencial”.
Eu a amo “Demais” e amarei “Até o fim”.
Não vou prometer “O céu e o mar”, porque não são meus, mas “O que tiver que ser”, será. Na verdade, “Você sempre será” os meus “Versos mudos”.
“Se você decidir”, me avise, pois eu já “Não aguento mais”.
Eu “Sei que você vai lembrar de mim”. E já conto “As horas”.
Então “Faz assim”, “Volte pra mim”.
E que seja ainda ‘Estiano’!

[Nota. As palavras “entre aspas” são nomes de musicas da cantora a quem dedico o poema].

A nobreza de tua imagem é parte do que faz ser sublime o meu conceito sobre você.
Defeitos? Sim, mas eles exploram uns aos outros, pois nada podem contra todas as qualidades existentes em você.
Linda, como sabe sublime ao extremo. Para alguns isto é uma beleza insuportável,
e nada a torna “inferior”, o que do antônimo desta palavra, posso entrar em uma breve conclusão: significa para muitos, mas revela a inferioridade de milhares.
Célebre? Sim e ainda não estou sendo demasiado.
Desejada pelo meu bom senso, almejada por inúmeros que a cercam.
Uma figura de grande realeza, humildade e revestida por beleza de dentro a fora.
Perco-me nas palavras, é um contrassenso compara-la.
O que direi agora?

Distante assim meu sorriso é triste
É lágrima de saudade
De tristeza que invade
E meio de encanto;
Encanto em que
Um só canto tudo está
Um tanto de felicidade
E amor outro tanto
Que jamais deixará

Distante assim sou casa abandonada
Sou palavra mal escutada
E logo sente a dor de minha presença
Quando esta está ausente
Saudade
E chora der repente
Quando na distância
Me ausento um pouco mais
Resta-me um dia
Brevemente a reencontrar
Amizade não se cansa
A distância não é capaz.

Menina que em braço distante
Abraço constante, nada cessa
Menina que palavra ausente
Memoria presente, nada cessa
Menina que perto do longe;
Mas longe tão pero;
Nada cessa.
Menina de riso eloquente
Que logo me interessa
Menina de salto alto
Que corre de pressa
Vestida de grande ternura
Sem medo de cair
Quando passos adiantados
Correm a minha procura
E nada cessa.

Não te quero mais
Estarei enganando-me ao dizer
Ainda te quero como sempre soube
Eu confesso que
Nada foi sem sentido, mas
Percebo em meu coração que
Você não é nada
Não poderia falar mais que
Mantenho um grande amor
Percebo ao passar do tempo que
Eu apaguei você dos meus sentimentos
E nunca direi a frase
“Eu te amo”
Desculpe-me, mas não posso mentir
O tempo passou.

Obs. respeitável: Embora poema já esteja registrado, vale notar que sua leitura é feita de ordem contrária, ou seja, de baixo para cima.
(A “situação” pode ser entendida de duas maneiras depende do caminho da leitura).

Amo-te sem nem mesmo saber o porquê de te amar.
Amo-te no egoísmo de querer só pra mim te guardar.
Amo-te sem saber explicar;
Amo-te na simplicidade de dizer que eu amo.
Amo-te na ignorância se eu disser que não amo;
Pois assim me engano.
Amo-te no fluir das aguas, sim;
Amo-te mesmo que na mágoa
Amo-te também nas brigas banais
Amo-te quando busca conhecer os meus pensamentos;
E pensa que dos teus são desiguais
Amo-te nos risos
Amo-te nas rosas
Amo-te escondido no silêncio dos cais
Amo-te não muito, mas sim;
Amo-te muito mais
Amo-te quando o teu “sim” vem de encontro com o meu “não”
Amo-te mais ainda quando o teu “sim” pisoteia o Meu “não”
Amo-te, pois amar-te é são
Amo-te no pouco, quando digo que estou bem com você
Amo-te no muito, quando não sei explicar;
E nada as palavras podem dizer
Amo-te no amanhecer
Amo-te, mas não posso esclarecer melhor
Amo-te até mesmo na pior
Amo-te nos pequenos momentos;
Pois todo momento é pequeno
Amo-te então no eterno
Amo-te na vida e na morte. Veja, chego a ser insano
Amo-te também quando tu desacreditas que te amo
Amo-te no simples da poesia que fiz
Amo-te nas pequenas palavras;
Pois amo-te pequena Beatriz.

'ABELHAS'

Sob a mesa amarroada,
abelhas polonizam a carne crua.
Zumbidos ao redor de um copo caído parece infinita cena.
Embebidas com o cheiro acre,
destilado,
decalque...

Próximo a elas,
papéis jogados,
acolhendo a letargia de algumas,
veemente saboreando seu pedaço de carne.
Asas parecem bater mais fortes,
volúpias,
vaidades, ...

Para onde fora o própolis?
Sem significado,
os papeis sofrem:
abelhas já mortas,
sem voo,
empalhadas pelo próprio 'mel' que criara.
Vilipendias,
caminham lentamente na emoção...

Parado na reflexão,
a casa de palha observa-me petrificada.
Serás casa nos dias que virão?
Ou apenas lembranças de rodas dentadas?
Tudo será abelhas,
engrenagens?
E em meio a tantas,
sopeio as que ainda restam.
Mas outras voam sem rumo,
sempre a procura,
carnes cruas,
colmeias...

'PAREDES'

As paredes dizem muitas coisas.
São olhos que rodeiam.
Algumas parecem falar.
Presenciam.
Quando mudamos e elas ficam,
um pedaço fica ali.
Gravado.

Cada parede é um retrato
que tanto presenciou.
E quando se tem uma ligação íntima,
elas fazem parte.
É um velho amigo de infância.
Tantas lembranças vêm.

Algumas estão intactas.
Vigorosas.
Outras caíram.
Rachaduras perceptíveis
quando mal construídas.
Tantas escondem suas vulnerabilidades com tintas.
Têm aquele esplendor aparente,
mas por dentro, apenas resíduos.

Poucos não a percebem.
Ali. Parada. Muda.

O essencial é saber que,
elas permanecem vivas.
Com suas particularidades.
Fazendo parte das nossas vidas.
A maioria delas, sem importância.

'QUERER'

Queremos tantas coisas. Mas apenas uma é relevante. Custa-nos descobrir o que realmente é. Tem descobertas que assolam. É conveniente guardarmos a sete chaves, pois, pouco importa extravasarmos o que nos pertence. O contíguo sufoca.

Quisera termos a ingenuidade dos loucos. Sim. Desses que não se importam com a chuva e o sol. Temos mundos diferentes, porém, a direção é a mesma. E seguimos... sem saber o que realmente queremos. Sabemos, mas fingimos com habilidade. Que nosso eu extravase. Que sufoque. É isso que nos deixa parcialmente vivos: o querer que inquieta e o extenso caminho a prosseguir.

'PARÁGRAFOS'

Às vezes acordo na madruga e
ponho-me a pensar sobre o universo.
O meu universo.
Tão fechado.
Tão inóspito.
Aos meus tímpanos barulhos vários
e à minha inquietude o frio matinal.
Sou levado a filmes que
repetidas vezes já o assisti.
A melancolia e o desespero assombra-me.
Encoraja-me.
Olho para o reflexo embaçado no espelho.
Penso: já não sou o mesmo do café da manhã de ontem.
A cama há muito está vazia, exceto por uma sombra
que durante décadas não se achou.
Encontra-se perdida.
É uma alma penada com decreto temporário.
Aprisionada.
Não a prisão destinada aos malfeitores.
Quisera fosse.
É a prisão do inacabado.
Do incômodo.
Do inconformismo.

'ELA'

A conheci. Foi assim que aconteceu.
Não tínhamos a chama que abrasa.
Tampouco a sensação que estarrece.
Olhares que não se atraem.
Invólucro que aquece.

A incidência diria que ela não iria fazer parte.
Destino insignificante e controverso.
Escória dos que esperam.

Foi assim que ela se apresentara.
Não perguntou se eu desejara ou se tinha remorsos.
Ficamos amigos. Não tinha outra saída a não ser
fingir-lhes amigos de sangue.

Nesses entraves, pouco lembro-me dela.
Gostaria de lembrar mais vezes, tê-la em meus
pensamentos com afinco, ultrapassar a mera visão
de mortal que és. Tê-la sôfrega aos desejos que aspiro.

Resultado do inesperado, ela representa pouco.
O pouco que imortaliza. Temos um pedaço em comum
que mais atraí que repulsa.

É isso que faz a heterogeneidade da vida.
A vida que não pedi, mas que agradeço.

'INCÓGNITA'

Foste incógnita que aprisionou pensamentos.
Fizeste da vida inútil beleza.
Ficaste incompreendida em ser tão verdadeira e
era tão gigante em fazer felicidade.

Permaneceste viva diariamente em sólidos pensamentos
porque fixastes paixão aos olhos.
O imenso está na grandeza do simples.
Por isso foste tão intrínseca.

Pena, o mundo não parou
e Deus era apenas mito.
Retratos degeneraram-se e
o tempo destruiu significados.

Incógnitas apareceram mas
não tinham a luminosidade do A.

Desejo-te não apenas felicidades,
mas a forma completa.

'ULINETE'

És graciosa,
como o ouro fino.
Todos sabem lá no íntimo,
demonstra delicadeza.
Tem no coração tanta beleza,
e o sorriso abrasador.

Se a vida é cheia de dor,
ela soube ser mais forte.
Com garra, desejo e norte,
venceu guerras impossíveis.
Derrota é inadmissível,
para uma mulher com esplendor.

'O OLHAR PARA O MUNDO'

O pequeno olhar para o mundo. Olhos cheios de lágrimas. Chega-se de supetão arraigando dores. Inocente. Displicente nos gestos. Sem maldades ou maculas. O coração acelera os dias sonolentos. E o 'haja', após algum tempo, tem sabor amargo e cansaço...

'Destino' é palavra certa. Sem nomes, só cores desbotadas! Lá fora há pessoas atônitas. Suplicando notícias e explicações sobre a vida já sem respiros. Mórbidas, as mazelas ficam ocultas por um tempo. O 'antes' é suplicado com os braços encorajando súplicas. Respostas não veem assim de imediato...

Tentativas e ruínas misturam-se. O vento sonolento, tenta abrandar significados vãs. O sol fecha os olhos e o horizonte foge ao coração. Trás sabedoria! Forças para enfrentar tempestades! Ninguém ouve vozes de retratação, ou pedidos de transformações futuras...

A tábua escrita em pergaminho tem difícil compreensão. A vida mui semelhante esconde a essência para o bem viver. - Para quê sentidos passageiros se a melhor explicação está sob o véu, guardada à sete chaves? As rotações deixam a vida sem espiritualidade. Sem verdades para adocicar a pobre criança, sedenta de compreensão, alívio e essência...

'MEIAS VERDADES'

A perda do encantamento do mundo impacta o café da manhã na sala. Verdades sejam ditas: o almoço ao pé da cama redireciona tristezas, avarezas e estranhamentos cotidianos...

Filhos jogam os abraços de lado (como toalhas) e as pessoas tornam-se mortais de fato. Obcecadas à ocultar lágrimas que fingem não existirem. O olhar para os livros empoeirados é esquizofrênico. Explodir palavras trás assentimentos vários...

O ofício tão sonhado deixa o corpo prorrogativo. Depressivo ao tentar levantar da cama aconchegante e condolente. A semente não há de germinar em meio a tanta confusão. Entre criaturas asquerosas por natureza...

O ponto no universo deve deflagrar-se por si só. As tentativas de melhorá-lo é psicose. Arraigar aquela plantinha no sobrado é imperceptível aos olhos do impossível. Meias verdades para aqueles que veem um mundo florido e cheio de esperanças...

QUEBRADIÇO'

Nas cicatrizes levanta-se
Abraçando as dores do mundo
Fitando ruas...

Fez dos fantasmas amigos
E da solidão crua
Razão para celebrar...

Sem cogitar
Triturou paralelepípedos agudos
Acenando esperanças...

Sem perfeição
E sabor agridoce nas veias
Afogou-se em desesperos...

A rua é imensidão
Futuro desolado
Generoso nas horas incertas...

Mas sempre compartilha o pouco pão nas intempéries
E faz da vida ilusão
Ópticas várias no amanhecer...

É criança sem reação a transbordar
Ansioso por respostas
Descrenças...

Quebradiço
Ele espera lá fora
Veemente por casulos...

[novas ausências]

'CORREDORES'

Mórbido, ele pede para respirar. Pular da cama. Sair do lugar hostil que é um quarto de internação. Patológica, a cadeira de rodas flutua entre corredores. Amontoados de pessoas em busca de dias melhores. Olhares de condolências percebem aquele pequeno ser...

A sonda nasogástrica incomoda. As veias do corpo superam coroas de espinhos. O estômago dispersa um líquido verde desencorajador. Todos dizem que não há esperanças para o agora limitado caucasiano de olhos chamativo e sorriso atraente, apaixonado por super-heróis...

O próximo corredor cheira remissão. Sem mãos tão necessárias para apaziguar a dor. Ele é involucrado sem saber do regresso. O choro distante corta a alma. Gritos de socorro aumentam o frio que percorre a espinha de quem o espera com olhos lacrimejando...

Olhos sem reação. A apneia tenta tirar o que há de mais precioso para um pai admirado pelo filho. Aparelhos ajudam os pulmões a serem valentes. Crianças ao seu lado partem a todo instante. Mas ele continuara suplicando vida, tentando trilhar seus passos...

Hoje é um dia especial e importante para esse guerreirinho. Cinco meses passaram-se após sua passagem pelo vale da sombra da morte. Agora com dez anos e um lenço de desbravador no pescoço, a representação não é apenas pela vida, mas por todo um caminho a percorrer...

[Uma breve homenagem ao meu pequeno atrapalhado, sempre Desbravador...] Escrito em 27/04/2019.

⁠⁠⁠⁠ENTREVISTA: Etapa 01 - Quadro de pergunta 03

- Qual sua posição no mundo? Porque estamos aqui?

- Pelo fato de sermos mesquinhos, eu não diria que tenho uma posição. A dor que sinto é a mesma de milhares. Não quero ser lembrado! Não fiz nada de interessante para sê-lo. Não quero afunilar a dor que é estar no mundo!

Sempre digo que, 'a vida é uma ilusão'. Um berçário de vida e de mortes que acontecem todos os dias. Quantos amigos já se foram, bons amigos. Estar aqui nessa prisão (mundo) é saber que um dia a morte nos será necessária, novos ou velhas almas. Sempre me pergunto da finalidade de estarmos aqui todos os dias, durante anos, vivendo situações nas quais não desejaríamos. Engolindo tantos sapos, aprendendo com a dor, com o choro. Aprendendo com os reflexos que ficam atormentando a pele, a mente, a semente.

Não tenho posição, nada fiz por merecê-lo. Estar aqui nesse mundo de Meu Deus é desgastante. Se vale a pena? Eu diria que não. Como disse um filósofo da antiguidade, viver o oposto tem uma contrapartida muito doída. Vejo pessoas sorrindo, mas no fundo só enxergo dor. O oposto das dores são os sorrisos que sempre acabam ao amanhecer. Estar aqui, é um pedido que não nos foi feito.

--- Risomar Sírley da Silva ---