Contexto da Poesia Tecendo a Manha
PARADOXO I
E pela primeira vez usou da sinceridade.
Confesso que foi exatamente a sinceridade que sempre esperei de você, nada a mais, nada menos. Nenhuma surpresa.
Se bem, que lá no fundo, parte de mim ainda tinha esperança de salvar sua alma de si mesmo, inclusive dos icebergs que constituem sua forma de receber e fabricar amor. Talvez seja o motivo de viver sempre resfriado, o frio pode trazer esses tipos de males.
A sensação que mais uma vez conclui como fato, quanto mais “do bem” as pessoas demonstram que são, mais parecem demonstrar a necessidade de aparentar algo que realmente não são, como uma espécie de capa de proteção para os seus próprios monstros. Porém, elas se esquecem que quando os monstros saem para brincar, elas já não sabem mais quem são.
Talvez eu sempre analise tudo de maneira tão pessoal, afinal, “análise” nada mais é que opinião, mas fatos são fatos, eles não abrem um leque de conclusões, só simplesmente são fatos. Os fatos não se preocupam com sua opinião ou emoção, são só quem são, apáticos e sem proteção.
De qualquer forma, às vezes quando dizem para pensar melhor, talvez seja mais sadio não pensar em nada. Não digo só por uma questão ética, mas por simplesmente dar menos trabalho a nossa mente a qual processa milhões de informações por dia. Ela não se cala, ela não se aquieta, somente faz o que deve fazer, então não a pressione.
Nunca fui boa em contar histórias, sempre demorei mais que as outras pessoas e me recuso a resumir, pois todas as partes são importantes para uma conclusão. As vezes também perco o foco e uma história acaba dando na outra, que puxa outra e me lembra aquela vez de uma certa história que parece muito com aquela outra. É que talvez seja difícil falar de coisas que já se foram ou se passam, assim como o tempo e a sensação que estava na primeira linha do primeiro parágrafo.
Nem sei teu nome.
Não sei de onde veio
Nem para onde vai depois de nós.
Mas fica aqui...
Tenho um corpo quente
Tenho uma boca faminta
Tenho uma ternura infinita.
Dividimos a cama
Partilhamos nossas chamas
Saciamos nossa fome...
Nem precisamos ter nome
Nossa carência nos basta
E nosso desejo sacia nossa sede.
... E do restante, nada importa
Hoje.
Eu sou assim...
(Nilo Ribeiro)
De tão comum,
chego a ser complicado,
às vezes sou um,
outras, multifacetado
viver é divino,
viver é tentar,
viver é destino,
viver é amar
eu sou assim,
vivo poeta,
se a porta se fecha para mim,
encontro uma janela aberta
não vivo em poesia,
ela que me conduz,
dá ânimo para meu dia,
preenche minha alma de luz
eu sou assim,
assim me apresentei,
a ideia foi ruim,
a distância aceitei
viver é belo,
viver é primor,
sou sim sincero,
sou sim amor...
TUA
Gosto de mim assim.
Submissa sob teu querer.
Meus movimentos limitados
sob tua força.
Anulando meus pedidos,
atiçando meu libido,
me corrompendo,
bebendo do meu mel
gota
a
gota...
Enquanto me reteso.
Minhas pernas trêmulas
pressionadas pelas tuas,
se escancaram,
portas
para o teu,
o meu,
o nosso
paraíso!
Nesse momento sou tua serva.
Totalmente à sua mercê.
Fêmea domada.
Possuída.
Entranhas ensopadas
pelo teu licor...
Satisfeita.
Mãos vazias
As mãos vazias
Caminham em silêncio!
Não o silêncio mórbido dá solidão
Ou pela dor de quem perdeu alguém.
Caminham em silêncio pela paz
De quem sabe que venceu mais um dia.
Mãos sujas e carrancudas
Que, alegremente, se banham em águas frias
Para retornar ao lar.
E em silêncios se aquecerem nos bolsos
Do velho jeans azul desbotado.
E quando chegam ao lar
Se entrelaçam em outras mãos
Mais graciosas e aquecidas
E o silêncio se perpetua naquele abraço
De dedos, unhas, mãos e almas.
Talvez você diga que estou,
ou
Seja carente...
Acredite querida:
Não é esse o caso!
O caso é que sou um admirador incorrigível
por tuas curvas, tua pele macia, teu cheiro,
tua feminilidade,
Este riso solto,
este jeito de mulher
que ainda é menina.
Não é carência meu bem.
É amor mesmo!
...E ainda nem é madrugada.
Hoje a solidão se fez imensa
Mais concreta do que nunca fora antes
... Palpo-a com minhas mãos.
Esperei-te o dia inteiro
( E quão inteiro foi este dia!)
Quisera ao menos tocar-lhe a face numa carícia.
Quisera pisar o solo que pisam os teus pés
Respirar o teu ar
Beber de tuas fontes...
Mas há apenas o som do teclado
à despedaçar meus sonhos em fragmentos.
... Desperta-me para o nunca.
Sim. Jamais beijarei tua boca!
E isto torna o dia sombrio, isento de magia.
Não há borboletas no jardim.
Porque hoje a solidão se fez imensa.
Calaste até tua presença etérea.
... Hoje não houve ilusão. Não houve!
E a solidão é intensa...
A saudade mais imensa ainda.
... Nem a poesia preencheu a lacuna.
Nem a poesia!
Porque hoje a solidão se fez imensa.
... E ainda nem é madrugada dos poetas.
Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso.
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura.
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorreste um miserável,
Eu que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez não o suspeites!-
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.
Adorável! Tu muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.
Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.
Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos mignonnes e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.
Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos noturnos.
Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.
Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.
Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.
Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.
E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria
As mesas espelhentas do Martinho.
Gosto dos plurais
naturalmente...
pois são abundâncias
e opções de ofertas
mas amo o singular
é BEM mais particular...
quando uma inspiração te poeta..
significa que as diversas possibilidades
já foram exploradas, testadas, medidas
e escolhida apenas uma no singular.
Odeio coisas "mornas"
deixo para experimentar
quando já frigida
estiver de corpo presente na lua álgida
dura e com as colunas rígidas.
o vazio me encarou
enquanto a música tocava
enquanto os pássaros brincavam
enquanto você me olhava
o vazio me encarou
enquanto suas palavras ecoavam
enquanto meu peito vibrava
enquanto nosso amor desmanchava
o vazio me encarou
enquanto os pássaros se distanciavam
enquanto a música parava
enquanto a porta fechava
o vazio me encarou
quando você me deixou.
o vazio me encarou
e eu encarei o vazio - a única testemunha do dia em que eu fiquei sozinho.
O GIGOLÔ
O gigolô do bangalô
vive a custa da sua flor,
suspira através d'ela...
Com olhar pela janela
e palavras de meu amor.
Piscou, pisca quando vela
ao beneficio da sua tutora
vez em quando arandela
trás uma flor p'ra donzela
e cachaça protetora.
Vai a farra e se esbalda
esbarra na sua amada
volta assim como fada
para casa da mandala
vai sonhar com a doutora
O gigolô de profissão
é peça na sua mão
manipula a paixão
que vive no coração.
Coitado é bem tratado
outros braços da caricia
trabalha como diabo
no intimo da sua malicia.
O gigolô do bangalô
é bambo em seu gingado
conta ponto com o pranto
e rir do seu rebolado.
Antonio Montes
Eu vou cuidar de ti
Zelarei de cada sorriso teu
Serei os sóis das tuas manhãs
Serei a ausência da tua dor
Serei a poesia que te encanta
e a música que te enleva e descansa das loucuras desta vida.
Serei teu vinho predileto e tua comida preferida
Serei teu amante
Teu amigo e teu rei.
... E se não for o bastante, querida,
serei o silêncio dos teus momentos
de introspecção.
Mas estarei sempre aqui.
Ao alcance do teu desejo de ser amada e da tua delicada mão.
Toca-me amor, toca-me
como nunca me tocara antes.
Não com teu beijo de amante
Não com tuas carne firme de desejo
Toca no fundo de minha alma
com o amor mais belo e mais sagrado,
dos meus sonhos velados,
dos meus anseios de menina
e com minha solidez de mulher.
Toca-me meu bem,
toca-me como eu quero
e como tu quer.
ÉS OCEANO EM MIM
Amo-te como quem ama o mar que amo
Deixo as ondas beijarem meus pés
Sinto no rosto a carícia da maresia...
Canto uma música,
recito um poema
Contemplo o céu azul de tudo
a enlaçar as águas profundas
numa conjunção perfeita no horizonte eterno.
Faço-me barco solto ao sabor do vento
Amo-te como amo o mar que amo
E volto para casa...
... Assim como não o posso te-lo junto à mim,
sem no entanto esquece-lo.
Tão paradoxal
Sem no entanto ser conflito.
Amo-te como amo o mar que amo.
És oceano em mim.
Ela me chama
O meu peito explode como uma supernova
Dissipando o encanto alegre entre as minhas virilhas
O músculo tenro balança medíocre como um sino
A morte dança e geme desnuda à cada badalada
Me excita
Preciso fomentar o peito com padecimento
Calado no açoite ferir-me à clausura
Conciso e consciente
Morrer.
TENTARAM CONTER OS POETAS...
Tentaram conter os poetas,
quando quiseram
engaiolar os pássaros
e domesticar as feras,
que nasceram para ser livres...
Tentaram conter os poetas,
quando tencionaram
avassalar os ímpetos das marés
e os ventos da montanha,
que não podem ser agrilhoados...
Tentaram conter os poetas...
Tanto fizeram...
Mas tudo foi em vão!...
A Poesia não se prende
às amarras da razão!
22/11/2014
© Pedro Abreu Simões
in MAR REVERSO (Ecos da Terra, do Mar e da Vida), Lisboa: CALÇADA DAS LETRAS, 2015. ISBN 978-989835262-0
ASAS QUEBRADAS
Passarinho das asas quebradas,
não vive no ar, isso...
Porque não pode voar.
Diante da solidão...
Perambula pelo chão,
e arrasta a vida, há chorar.
Passarinho, passarinho...
Um dia, a suas asas irão colar
e você... Treinando vai decolar.
Me leve contigo, me ensine...
Eu quero voar por esses perigos,
e esquecer, o meu castigo.
Eu quero pousar meus sonhos
sobre as flores e o sol do amanhã
e lá... Viver feliz e amar.
Antonio Montes
AMOR...
Acho incrível e até estranho,
o fato do meu amor não depender de você...
Meu amor não é afetado por sua indiferença
Por sua ausência
Sua presença
Seu sim
Seu não.
Meu amor é maior que eu
É maior que você
É maior que nós
É plenitude
É vastidão
Subsiste além, mesmo, de nós
Por isso é amor
e é AMOR por tudo isso!
Mamãe, mamãe, ajude-me a chegar em casa.
Eu estou na floresta, eu estou lá fora sozinho.
Eu encontrei um lobisomem, um nojento e velho vira-lata
Ele me mostrou seus dentes e foi direto ao meu intestino.
Mamãe, mamãe, ajude-me a chegar em casa.
Eu estou na floresta, eu estou lá fora sozinho.
Eu fui parado por um vampiro, um velho destroço apodrecendo.
Ele me mostrou seus dentes, e foi direto ao meu pescoço.
Mamãe, mamãe, coloque-me na cama
Eu não vou chegar em casa, eu já estou meio-morto
Eu encontrei um inválido, e caí pela arte dele.
Ele me mostrou seu sorriso e foi direto ao meu coração.
💡 Mudanças reais começam com uma boa ideia — repetida com consistência.
No canal do Pensador no WhatsApp, você recebe diariamente um lembrete de que é possível evoluir, um hábito por vez.
Quero receber- Relacionados
- Poesia de amigas para sempre
- Poesia Felicidade de Fernando Pessoa
- Poemas de amizade verdadeira que falam dessa união de almas
- 27 poemas de bom dia para celebrar uma nova manhã
- Poesias para o Dia dos Pais repletas de amor e carinho
- Poesia de Namorados Apaixonados
- Primavera: poemas e poesias que florescem no coração