Coleção pessoal de zibeon

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Quem te viu quem te vê.

Cidade pequena tem dessas coisas, morei em Brasília e nunca tive a oportunidade de ver de perto uma carreata presidencial: várias motos da PRF, carros com vários agentes federais, polícia militar especial e aquele soar das sirenes. Hoje tive essa singular oportunidade, presenciei a passagem do excelentíssimo senhor e seu aparato hollywoodiano em frente ao prédio em que moro.
Aqui em Belém não se vai a lugar algum se não passar pela avenida presidente Vargas, o roteiro imposto aos mortais não poupou o digníssimo Presidente. O brilho niquelado das motocicletas, a sobriedade federal em uniformes e capacetes. - Priiiiiiiiii!.....trânsito parado, que venham os engravatados, -Auto lá, todos são suspeitos, a corte sindical irá passar.
Nasci numa capital, sou o que se pode chamar cosmopolita e urbanóide, pouca coisa do mundo dos pirilampos me impressiona, mas admito: fiquei impressionado. Imagino que onde for o senhor presidente, sempre o acompanhará essa produção cinematográfica, mesmo se fosse parecido com o Mário Bross seria difícil convencê-lo de que o mundo não está aos seus pés. Seria admissível presenciar um rompante de inveja do Michael Jackson se vivo o fosse.
Tudo aconteceu em poucos minutos, mas a cena ainda se repete na minha mente. Agora, que o hipnotismo passou resta uma pergunta: se essa viagem tem cunho político, ou seja, Lula veio até a minha porta para fazer campanha para a candidata do PT - Ele pensa que aqui somos provincianos a ponto de darmos crédito a “visita de campanha”- quem paga essa conta? Quero dizer quem está financiando esse filme? Quem é o produtor? Desculpem a falta de tato, não quero parecer insolente, mas queria saber se os eleitores dos outros candidatos também entram na ”vaquinha”.

ZATJ

Revolução às avessas

A difícil tarefa de ser oposição depois de estar no poder coube ao Serra. Imagino como seria diferente se ainda não nos tivesse apresentado seu parceiro e amigo de biblioteca FHC. Todos nós estaríamos duvidosos de votar em Dilma, mas é evidente o desconforto do candidato diante das estatísticas do governo de Lula, numa comparação com o seu governo sociológico, resta ao candidato jogar pôquer com um espelho na gravata, agora é tarde demais.
A insensibilidade do seu governo no trato dos problemas mais cotidianos da vida brasileira, a falta de humildade acadêmica, a vaidade e outros tantos fatores geraram e mantiveram carências seculares que, com pouco esforço, foram superadas pelo governo sindical, ainda que superficialmente. Em nenhum momento delirei a ponto de me sentir satisfeito com o governo petista, mas a trajetória dos acontecimentos está definida, ele perderá.
Quando o PT venceu pela primeira vez, senti uma forte emoção, quem conta idade bastante para ter vivenciado o governo militar, e logo depois, o das oligarquias, sabe o motivo daquele êxtase que tomou conta de mim, afinal, quem poderia imaginar que o povo brasileiro não seria mais uma vez manipulado pelo jogo demagógico, pela força imbatível deste aliado à ignorância do povo?!
Quando vi o operário subir ao Palácio da Alvorada com a faixa presidencial, tal era o simbolismo do acontecimento que me esqueci totalmente de que deveria manter a guarda, afinal, o que era aquele governo? O que fazia um ex-presidente do Bank of Boston e o dono da Usiminas no meio daquela Sindicalhada toda? Como esses personagens e sua turma de empresários e banqueiros foram aliciados ou aliciaram o PT não se sabe, mas que, ali, estava configurada uma situação promíscua, um conchavo de retalhos era evidente.
Depois de passado o entusiasmo, percebi que tinha sido enganado, que minha carência político-afetiva anestesiou meus sentidos, consegui ver que aquilo nada mais foi que um engodo, que a intenção era tomar o poder e não mudar a realidade. Conseguimos fazer um dos homens mais ricos do mundo. Isso sim é revolução! Uma revolução às avessas, dirigida por sindicalistas pelegos e assessorada pela velha elite já conhecida de todos.
ZATJ