Coleção pessoal de tham

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Ora veja… é o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar às coisas o seu devido nome. Essa simples idéia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças até o momento em que aquela pessoa, engalamada por elas próprias, lhes mete um murro na cara.

AMOR E SEU TEMPO

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

Ela promete ser boazinha, não destruir, mas depois esquece.

É egoísta e cobiçosa. Não larga as pessoas em parte por amor, em parte por não saber romper.

Quando eu digo te amo, estou me amando em você.

Então sonhei um sonho tão bom: sonhei assim: na vida nós somos artistas de uma peça de teatro absurdo escrita por um Deus absurdo. Nós somos todos os participantes desse teatro: na verdade nunca morremos quando acontece a morte. Só morremos como artistas. Isso seria a eternidade?

Vivo sem explicação possível. Eu que não tenho sinônimo.

"Tem toda a iluminação feérica — e ao mesmo tempo que se habitua lenta e muda e majestosa e delicadíssima e fatal — em ser mulher — é modesta demais para sê-lo, é fugaz demais para ser definida.
Ela me contou que na rua dirigiu-se a um guarda — e explicou que assim fez porque ele devia saber das coisas e ainda por cima estava armado, o que infunde respeito a ela. Falou assim para o guarda:
o senhor pode me informar, por obséquio, quando começa a primavera?"

Se eu pudesse, pegava a dor; colocava a dor dentro de um envelope e devolvia ao remetente.

Eu te amo geometricamente e ponto zero no horizonte formando triângulo contigo. O resultado é um perfume de rosas maceradas.

Há pessoas que estão vindo muito demoradas...

Talvez eu e meu corpo formemos uma conspiração pelas costas de minha própria mente.

Mas não estava triste. Era como se de repente tivesse percebido que vivia, e que aquilo nada mais era do que um capítulo, uma etapa.

Como pois inaugurar agora em mim o pensamento? e talvez só o pensamento me salvasse, tenho medo da paixão.

Todos os dias, quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor...

Podia falar de quando te vi pela primeira vez, sem jeito, de repente te vi assim como se não fosse ver nunca mais, e seria bom que eu não tivesse visto nunca mais, porque de repente vi outra vez, e outra e outra, e enquanto eu te via nascia um jardim de flores nas minhas faces.

E todos os dias ficarei tão alegre que incomodarei os outros, o que pouco me importa, já que eu tantas vezes sou incomodada pela alegria superficial e digestiva dos outros.

Cuide-se como se você fosse de ouro, ponha-se você mesmo de vez em quando numa redoma e poupe-se.

Não sentia mais sua ausência porque eu também era ausência.

Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo, sem a menor tentativa de resistência.