Coleção pessoal de sidartamartins
Compreensão (Sidarta Martins)
Eu compreendia
Que precisava entender as pessoas
Hoje compreendo
Que preciso, antes, entender a mim mesmo.
Eu compreendia
Que precisava enquadrar as pessoas
Hoje compreendo
O quanto estou fora de esquadro
Eu compreendia
Que precisa ajustar os passos alheios
Hoje compreende
Como danço fora do compasso
Eu compreendia
Que precisava ensinar meus filhos
Hoje compreendo
O quanto tenho a aprender com eles
Eu compreendia
Que os jovens de hoje são mal formados
Hoje compreendo
O quanto estou mal informado
Eu compreendia
Que as mulheres não entendiam os homens
Hoje compreendo
Como não conheço a mulher e a alma feminina
Eu compreendia
Que a juventude não estava preparada para o ensino superior
Hoje compreendo
O quanto deixei de me preparar para os jovens de hoje
Eu compreendia
Que amava ardorosamente meus pais
Hoje compreendo
O quanto estive longe quando eles realmente precisaram de meu amor
Eu compreendia
Que sabia ouvir minha família e meus amigos
Hoje compreendo
O quanto me fiz surdo e insensível
Eu compreendia
Que nunca acertava nos relacionamentos
Hoje compreendo
Como me fechei para a verdade sobre as escolhas que faço
Eu compreendia
Que sabia educar as crianças
Hoje compreendo
O quanto ainda tenho que aprender sobre educação
Eu compreendia
Que a corrupção tomou conta da Humanidade
Hoje compreendo
O quanto procuro levar vantagem em tudo que faço
Eu compreendia
Que era extremamente bondoso
Hoje compreendo
O quanto vivo longe da verdadeira bondade
Eu compreendia
Que indo à igreja, orando, fazendo jejum, eu amava o meu próximo
Hoje compreendo
O quando, hipocritamente, me escondi atrás da religião
Eu compreendia
Que olhando pelos animais, salvava a Humanidade
Hoje compreendo
O quanto não vejo o Humano que vive e convive comigo diariamente
Eu compreendia
Que Deus, em algum momento, foi injusto e esqueceu-se de mim
Hoje compreendo
O quanto, voltado para mim mesmo, distanciei-me de Deus
Enfim, e só agora
Compreendo
O quanto vivo distante do divino.
SER AMIGO
Ser Amigo!
Publicado: Quarta-feira, 3 de outubro de 2007
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Eu acredito que todos nós já tivemos alguma decepção com amigos. Tenho meditado sobre este assunto, tenho pensado nesta palavra “amizade” constantemente, à busca de respostas.
Afinal, amigo é aquele das horas alegres, das horas de bonança, das horas de sucesso? Ou amigo é aquele que aparece nas horas em que você acha que ninguém irá aparecer, quando você não mais acredita, quando você está só, perdido nos inúmeros labirintos da existência humana?
Acho que este poema começa a responder a esta questão, tão presente em nossas vidas.
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“Ser, existir, estar presente.
Parece esta ser a primeira, e única, condição para ser amigo.
O amigo nada pede, está lá quando o outro precisa.
Nada exige, se entrega, de corpo e alma,
Sem pré-condições e sem senões.
Ser amigo é caminhar ao lado, em silêncio,
Quando nada há a ser dito, mas tudo a ser sentido.
Ser amigo é estender as mãos quando nada mais resta
É compreender o outro, quando ele próprio não se compreende.
Vencido pelas tantas e quantas surpresas da vida,
Nada mais tem, nada mais espera, em nada mais acredita,
A não ser na amizade, bálsamo para todas as feridas.
Amizade!
Palavra linda, sublime, encantada.
Traz em si a beleza da história da existência humana.
Amizade!
O maior feito do ser humano
A maior conquista do ser.
É a entrega total, infinita, eterna.
Tijolo por tijolo, uma amizade verdadeira demora para ser construída
Mas quando é construída, se torna eterna, atravessa os tempos.
Transporta pessoas de um lado ao outro dos oceanos
Só pelo prazer de estar um pouquinho com a pessoa amiga
Sentir seu calor, sentir seu cheiro, sentir seu perfume, receber um beijo...
Tomar um café a dois, olhando o horizonte,
Falando das coisas boas que, juntos, viveram.
E das tantas e quantas batalhas, que juntos venceram.
Ser amigo é uma constante troca, um constante vai-e-vem de afetos,
De momentos carinhosos, de momentos doces, de alegria infinda.
Ser amigo é bater à porta, quando todas as portas se fecharam.
É estar presente, mesmo que em silêncio,
Quando todos os demais se foram
È chegar de mansinho, na calada da noite,
Para espantar os fantasmas dos inúmeros pesadelos humanos.
É dar as mãos com delicadeza e dizer, apenas com um olhar,
Que a amizade é a flor mais perfumada que o ser humano já pode conhecer
É o mais sublime dos amores...
Estar presente quando todos estão presentes?
Dar as mãos, quando todos estão de mãos dadas?
Perdoar o perdoável?
Compreender o compreensível?
Aceitar o aceitável?
Entregar-se dentro do possível?
Pôxa! Isto é o comum!
Ser amigo é ser incomum, é surpreender, é chegar no momento certo,
Quando tudo o mais tem dado errado...
Ser amigo é dedicação, compreensão, devoção, e, principalmente, perdão.
É perdoar o imperdoável, é compreender o incompreensível,
É amar, quando não mais existe lugar para o amor...
É mostrar-se presente, quando todos se foram...
É estender as mãos, quando suas mãos são as únicas que restaram,
E dançar uma valsa, quando o baile já se acabou...
Ser amigo é esquecer-se de si mesmo para lembrar-se do outro
Em uma entrega total, sublime, infinita.
Ser amigo, enfim, é lembrar-se, constantemente,
Que a vida, por si só, é pequena, mas pode tornar-se grande.
E uma grande vida é feita de pequenas coisas
A palavra “amigo” é uma dessas pequenas coisas...”