Coleção pessoal de sblattes

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“Nós temos a biologia do compartilhar, e isso se nota na vida cotidiana. (…) O compartilhar é em nós um elemento que pertence à nossa biologia, não pertence à cultura. Pelo contrario, vivemos atualmente uma cultura que nega o compartilhar, porque estamos supostamente mergulhados na maravilha da competição”

Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.

A República sobreviverá até o Congresso descobrir que pode subornar o povo com seu próprio dinheiro.

Mais que as idéias, são os interesses que separam as pessoas.

Mas quem era eu de fato? Sou obrigado a repetir: eu era aquele que tinha muitas caras.
Durante as reuniões, era sério, entusiasta e convicto; desenvolto e brincalhão em companhia dos colegas; elaboradamente cínico e sofisticado com Marqueta; e, quando estava só (quando pensava em Marqueta), era humilde e encabulado como um colegial.
Essa última cara seria a verdadeira?
Não. Todas eram verdadeiras: eu não tinha, a exemplo dos hipócritas, uma cara autêntica e outras falsas. Tinha muitas caras porque era moço e porque não sabia eu mesmo quem era e quem queria ser.

Aquilo que não é necessariamente uma escolha não pode ser considerado como mérito ou como fracasso.

A história é tão leve quanto a vida do indivíduo, insustentavelmente leve, leve como uma pluma, como uma poeira que voa, como uma coisa que vai desaparecer amanhã.

A unicidade do “eu” se esconde exatamente no que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar o que é idêntico em todos os seres, o que lhes é comum. O “eu” individual é o que se distingue do geral, portanto o que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, o que precisa ser desvendado, descoberto, conquistado no outro.

Aquela bondade que, na verdade, acoberta uma maldade sem igual. A bondade entre aspas, que causa efeitos maléficos e que não se responsabiliza pelo que faz. Efeitos em cujo fundo se pode perguntar se não reside algo de muito maligno na forma de uma ideia ou princípio que é pregado contra o outro mascarando-se de ser a seu favor.

Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.

Biografia

Era um grande nome - ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.

A incerteza dos acontecimentos, sempre mais difícil de suportar do que o próprio acontecimento.

É sem dúvida mais fácil enganar uma multidão do que um só homem.

Na vida, nada se resolve, tudo continua. Permanecemos na incerteza; e chegaremos ao fim sem sabermos com o que podemos contar.

É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos.

Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontraram.

Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor.

É parte da cura o desejo de ser curado.

A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.