Coleção pessoal de RMCardoso
TORTURA
Lento
e silencioso
açoite! -
Com
dentes
afiados,
a angústia
morde
e sangra
a pele
negra
da noite!
EM TUAS MÃOS
Abastecido de sonhos,
Bendirei a noite calma
E farei da esperança
A canção alada e livre
Que, lírica e leve,
Pousará em tuas mãos
E ecoará em tua alma!
TROVA - 142
Na vida, da luta árdua
Jamais penses desistir!
Há um porvir que te aguarda,
Vale a pena persistir!...
POEMA ILUMINADO
O fulgor
dos olhos
dela
inunda
o meu
poema
tal
e qual
o das estrelas
que habitam
o infinito
nas mornas
e doces
noites
de verão
da minha
terra!...
SEDUÇÃO
Se ela, atraente, elabora
O cenário de um sorriso,
O meu sentimento aflora,
Desatina o meu juízo.
Vejo o esplendor da aurora,
Uma estrela, o paraíso...
Nos seus olhos luz vigora -
E dessa luz eu preciso.
Meu pensar, qual passarinho
À procura de um ninho,
Voa em sua direção!
No desejo de senti-la,
De beijá-la e possuí-la,
Pousa em sua sedução!.
ARREDIA
Ela
fez-se
arredia
(qual
bicho
do mato)
e arranhou-me
como
um
gato.
Depois,
brejeira
e mansa,
entregou-se-me
de fato.
POEMA LIVRE
Quero a noite e seus enigmas
Se tornando labirintos
De fantasmas benfazejos...
Quero o engenho do adulto
Elaborando a paisagem
De um sorriso de criança...
Quero a leveza da brisa
Deixando um cheiro do verde
No trajeto das manhãs...
Quero a fragrância das flores
No seio da primavera
Fecundando a natureza...
Quero novas perspectivas
Brotando de ideias claras
Como o despontar do sol...
E a poesia projetando
A universal transparência
De paz e de liberdade!...
PAISAGEM VESPERTINA
Tudo
parecia
tão
monótono,
vazio,
incolor...
De repente,
sem
alarde,
pousou
um
bando
de aves
sobre
o telhado
da tarde!
TROVA - 141
Se tão breve a vida é,
Devemos vivê-la assim:
Semeando amor e fé
Do princípio até o fim!
LUNÁTICO
Estrelas suicidas
Se desprendem do azul
E emitem os últimos suspiros
No colo da madrugada...
Fragmentos de luar
Se amontoam em meus cabelos...
Mergulho de ferro e fogo
No seio da noite tensa...
Evidências de transtorno
No etéreo pesadelo...
Pela milésima vez,
Mutilaram o lirismo
E demoliram a estrutura
Da minha lucidez!...
TÚMULO
Venturas
e deleites
já
vividos -
eu os carrego
no fardo
do tempo;
agruras
e tormentos -
já
os sepultei
no túmulo
do esquecimento
TROVA - 140
Uma trova fiz p'ra ela
Como prova de afeição!
Mas a musa, que é tão bela,
Isentou-se de emoção!
TROVA - 139
Teu riso me fez regar
Uma nova inspiração!
E a poesia, a vibrar,
Restaurou minha ilusão!