Coleção pessoal de RMCardoso

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NAVEGANTES

Viver -
imenso
mar
de agitação!

E todos
navegamos
em
precária
e vulnerável
embarcação!...

RASTROS

Perambulando
pela
estrada
do pretérito,

encontro
rastros
de exiladas
ilusões!...

FERRUGEM

...E (pouco
tempo
depois)

a ferrugem
do tempo

corroeu
quase
um
feixe
de lembranças
de nós
dois.

TROVA - 152

Ela é gostosa, de fato,
Mas não revelo seu nome.
É como sopa no prato
Para saciar a fome!.

TROVA - 154

A amizade é fragrância
Que se deve conservar,
P'ra que, perto ou na distância,
Nunca deixe de exalar

TROVA - 153

Eu roubei um beijo dela,
Pedi p'ra ser perdoado!
Ela enfim, serena e bela:
- "Meu amor, não é pecado!.

PESADELO

Débeis
pensamentos,
ideias
não
óbvias
tornam
precário
o meu
sossego...

Noite
fria
feito
gelo...

A mudez
das horas
gera
pesadelo!...

REFÚGIO

Na geográfica
paisagem
do teu
corpo,


bosques
e furnas
onde
se refugia
o meu
desejo
selvagem!...

R.M. Cardoso

MERA ILUSÃO

Grudei os olhos festivos
Nas páginas do Aurélio...
Fui coletando adjetivos
E regando a inspiração.

Desvendei palavras novas
E tentei, numa canção,
Traduzir o teu encanto
E tocar teu coração!...

Ah! mera ilusão, notei!
Só deixaste indiferença
Pela minha estrada afora!

Mas minh'alma, eu bem sei,
É uma casa tão imensa
Onde tanto sonho mora!

ROCHAS

Ávidas palavras
- Formato de apelo -
Esbarram nas rochas
Do teu coração!

Ardentes metáforas,
Mensagens aladas...
Se tudo pousasse
Na tua emoção!...

Fria e indiferente,
Sorris do sentir
Do teu sonhador -

Ímã de ilusões,
Morada de queixas,
Parceiro da dor! -

TENTAÇÃO

Eu
te espreito,
ó
doce
tentação,

de forma
ininterrupta,

no fogo
da volúpia
desvairada
da paixão!...

CAMINHOS

Deixando
rastros
de versos
diversos,
sigo
caminhos
de mim.

(Caminhos
de sonhos
são
quase
sempre
sem
fim).

SUBLIME ILUSÃO

Noturnos devaneios
Te conduzem a mim,
Sedenta de prazer,
Desnuda de receios...

Desejos nos envolvem
Numa doação recíproca
De amor e sedução.

Oh! doce embriaguez!
Oh! sublime ilusão!...

APRESENTAÇÃO

Aqui me apresento
Ostentando a verdade -
Despido de nobreza,
Sem ouro, sem fortuna,
Isento de vaidade...

Trago em minhas mãos
O calor da amizade,
Tenho a alma inundada
De amor e singeleza...

Nada vos oferto,
Senão do meu canto
(alegre ou triste),
A real simplicidade:
Minha única riqueza!

POEMA AZUL

Isento
de melancolia
e com
a mente
livre
e sã,

eu
preparo
o poema
como
quem
constrói
um
sonho
sob
o azul
da manhã.

ENREDO

Querer-te cada vez mais
Não é mero sentimento,
Tampouco espuma que o vento
Com leve sopro desfaz.

Será que bem ou mal faz
Não tanger do pensamento
Um querer (que não invento)
E que loucura me traz?...

E meu enredo prossegue! -
É ânsia que me persegue,
Muralha que não transponho!

Mas, se sonhar é ventura,
Que sejas minha tão pura
Na plenitude do sonho!...

VÊNUS

Investigo os olhos teus,
Detecto a incomplacência
E a não receptividade
No concernente aos meus!

Apagam-se, pouco a pouco,
As chamas do que sonhara!
Sonharei enfim com Vênus
Para me olvidar da Lua, em
Cujo solo não pousara!...

O PENSAMENTO É UM LABIRINTO
POVOADO DE MISTÉRIOS.

ABISMO DE ESPINHOS

Eu já fui prisioneiro
de meros beijos, abraços,
dúbias promessas e juras!

Pelas esquinas do tempo
Quase tudo se perdera,
Ilusões desmoronaram!

Tornei-me bruto como as pedras
Que se hospedam nos caminhos
E meu coração se fez
Um abismo de espinhos!...

RECORDAR É LER, DE VEZ EM QUANDO, AS PÁGINAS DA ANTOLOGIA
DO PASSADO.