Coleção pessoal de RebecaMelo

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A Piedade

Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento
abatido na extrema paliçada
os professores falavam da vontade de dominar e da
luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
os comerciantes são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria
aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam
cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio
bóia? por que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as
estátuas de fortes dentaduras
iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos
pederastas ou barbudos
eu me universalizaria no senso comum e eles diriam
que tenho todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos
pavimentos
os adolescentes nas escolas bufam como cadelas
asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através
dos meus sonhos

Maçanetas em digitais
Porta de entrada
Porta dos fundos
Janela de Sol
Janela da Lua
Miados de socorro
Múidos de remorso
Manhas de soluços
Cama de gato
Ponto de encontro
Universo dos fracos
Submundo dos solitários
Amadores da vida
Amarguras do tédio
Resgate do libido
Casa dos impuros
Quase perfeitos
Feitos de carne
Para o que arde
Por dentro e por fora.

Não troque bolhas por algodão
Bicho de sete cabeças
Faça a chama flamejar
Me queime logo
Sinto o gosto de sangue na boca
Eu quero morder
Quero arrancar
Triturar você
Me sinto uma amante
Me sinto suja e usada
Me sinto violentada e desejada
Estou coberta de sangue
Estou coberta de nojo
Estou coberta de poros
Costure-me logo
Me segure com força
Eu vou pirar
Estou me revirando
Vou te rasgar
Te encravar até sangrar
Bicho de sete cabeças
Me morda
Me chupe o sangue
Me faça estar viva
Me queime
Agora! Agora!
A carne está viva
Delacerada
Esse é o resultado
De uma heroína
Estou pronta
Estou quente como o fogo
Estou esculhambada
Estou despedaçada
Me toque não troque
Não troque bolhas por algodão
Bicho de sete cabeças.

Sair das bordas
(Abrigo)
Transbordar
(Líquidos)
Gelo
(Ponto de fusão)
Vaga-lumes
(Bioluminescência)
Lingua
(Ponta de encontro)
Escuro
(Infinito)
.

Quantas noites sem dormir olhando da minha janela...
luzes da cidade viajo o pensamento...
Madrugada adentro enquanto muitos dormem...
Quantos loucos atearam fogo, aceleraram a mente...
viajaram na fumaça louca...
que passando a todos foi de boca em boca...
no silencio sinto essa fumaça me lava o rosto ...
maquinar meu cerebro fazendo louco...
mendagando a noite pela lucidez...
como posso eu parar na noite pra da mais um trago...
se eu vivo essa lucidez tao louco...
so por mais um pouco eu vo pirar de vez
sao os olhos de um poeta louco que contempla a noite
na palavra certa de um pensamento
so por um momento de inspiraçao...

E nesse meio tempo
Nesse tempo torto.Morto.
Vou criando asas,
Feito de bolhas de sabão.
E vou fazendo de conta,
Que sei voar.
Vou me colorindo.
Me redimindo e me abrangendo.
Engraçado e ridículo...
As palavras são descartáveis
Como preservativos usados
Depois de um bel prazer
Que suja sua vaidade
Doce e ácida.
Como viver. Conviver.
Onde as borboletas voam
Entre o coração, cabeça e estômago.
Sou das que toca sem encostar.
Sou das últimas doses.
Das doses homeopáticas.
Sou de um gole só.

Sou de capricórnio.
Mas finjo ser um escorpião.
E das unhas tinhosas destilar veneno.
Em quem toco.Em quem pego.Em quem trisco.
Esse veneno parece sair.
E quem achou que nada tinha de mim em si.
Agora, carrega em seu sangue.
Suas véias.Suas carnes.
Seu corpo moribundo, meu límpido veneno.
Que a essa hora
Espalhou-se feito droga.
Feito alucinogéno.
Létal. Ilegal. Viciante.
Picante. E perverso.
E ele vai te assombrar.
E te fazer acordar.
Quando estiveres só...
Contando o passar do tempo nos dedos.
Nos piores e melhores dias.
Nas melhores e piores noites.
Em cada mão, vai lembrar das minhas.
Assim como a vida,
Certas coisas são inevitáveis.
Principalmente...
Vindos de uma capricórniana
Que brinca de ser um escorpião.
Só para destilar veneno.
Com as proprias mãos.

Eu devia não ter tanta sinceridade.
Na boca e nos olhos...
Devia ter escancarado minha real timidez!
R-E-B-E-C-A
-Desavergonhada e deslavada.
Palavras marginais e desviantes.
Que foge que corre e escorre.
Eu devia não ter tanta expressão corporal
Foi da boca que tive
Meus melhores e piores lamentos.
Meus melhores e piores momentos.
Essa posse...
Só me consome.
Consomem. Consumi.
Consumiu. Consumistes.
Consumiram.Consumia.
Foi consumido.

Talvez o que eu queria ser mesmo
Era aquele crito redentor.
Feito de pedra e coberta de pedra-sabão.
Nunca entendir o porque dos braços abertos
Não é pelo RJ . Acho que é pelo vento.
E como eu queria estar lá. E voar.

Acorde. Acorde. Acorde.
Eu estou te vendo.
Eu estou em transe
Naquela fissura
Na Paranoia
Eu vejo raios
Raios fluorescentes
Raios ultra violentos
Ultra violetas
Ultra vermelhos
Meus olhos estão em chamas
E ainda está de noite
Acorde. Acorde agora.
Eu estou te vendo
Quero que você me veja
Quero você em transe comigo
Porque eu estou em transe
E esses raios é meio uma hipnose
Estou em uma larica
Estou flourencendo
Estou fluorescente
Quero você em transe comigo
Como estou em transe. Acorde.

As melhores coisas da vida são invisíveis. É por isso que nós fechamos nossos olhos quando nos beijamos, dormimos e sonhamos.

Escrevo para não falar sozinho!

O inferno é um baile de carnaval no Monte Líbano.

Eu sou apenas um beijo da boca do luxo na boca do lixo.

Me dedilhe e me dedique um esforço.
Faça do pudor o poder.
E ficarei.
E eu fico.

Gritos. Abafados.
Começo de noite.
Pés gelados. 4 pés.
Esqueço o resto.
Aqueto o eco.
Desfaleço. Faleço.
Em um calcanhar.
Que nunca mas ousei rever.
Fim de noite.

Cantando a gente inventa.
Inventa um romance, uma saudade, uma mentira...
Cantando a gente faz história.
Foi gritando que eu aprendi a cantar: sem nenhum pudor, sem pecado.
Canto para espantar os demônios, para juntar os amigos.
Para sentir o mundo, para seduzir a vida.

Foram-se os tempos,
Das águas rasas e dos bons corações.
A epopeia de hoje já não é tão fiel
Como era a de Camões...
O único epílogo disso tudo é que,
Hoje viramos advogado de um tal diabo.
Sem triunfos, dramas, escritos ou oral.

E eu clandestino
Na eterna busca de um prazer...

Te
deixei
rastros
da
minha
unha
na
tua
pele.
E
você
deixou
rastros
da
tua
pele
na
minha
unha.