Coleção pessoal de RaymeSoares

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Quem dera...

Olhos lindos, pele negra, como chegas nos meus sonhos?
Se pouco te vejo, quando vejo passas sem olhar pra mim

Nos meus sonhos, os teus beijos traduzem o sentimento
De quando me posto sob a lua deixando no rosto a luz o vento

Quem dera ser o sol, o sol... pra te aquecer!

Teu olhar me entontece, teu sorriso me enfeitiça
Quando passas pela frente dos meus olhos tão menina!

Tomo o rumo das estrelas. Ah, meu jeito tão contido!
Mas se algum dia olhares pra mim... nos teus olhos terei um abrigo

Quem dera ser o mar, o mar... pra te banhar!

EU LUA

Quero ser tudo o que me cabe
Tal qual o azul da Terra, se dizes de mim dono da luz
Levarei esta fama com proveito
E que me perdoe o sol, mas a prata dos sonhos ecoa de mim

Serei tudo o que me cabe e sou tudo o que me coube
Creio que coube a mim, externar encantos
Que aos olhos de muitos ou de tantos
Valho mais que o ouro do sol

E tenho a minha própria luz
Que mesmo da estrela tendo o reflexo
De todos os magnetos faço jus
Impactando e registrando o meu nexo

Cravo-me nas marés e nos uivos lascivos
Cravo-me nos tons fortes do vinho/sangue
Vivo nas letras dos imortais; dos vivos
No que se apresenta na fartura do mangue

E se alguém quiser colocar mais tom na minha prata
Levarei fama com proveito
Agora me confundo com quem de mim trata
E sou a âncora deste pleito.

Levarei fama com proveito...

A luz é da lua!

Feliz dia dos pais!

É por tuas palavras
Por indeléveis momentos
Mensagens alvas
Na inconstância dos ventos

Possuo a gratidão de filho
Porque tens a imensidão de pai
Quase em todos os caminhos que trilho
Amizade que não se esvai.....

Obrigado!

DORA
Rayme Vasconcellos Soares

Devaneiante
Olor
Respiro
Agora
Distante
Ouço
Rios
Azuis
Dora
Dora

PONTOS DE LUZ

Se você se encontrar no breu
Pra que os olhos fechar?
Certamente, é algo muito maior
Pedindo pra você orar

Então ore em meio à escuridão
Surpreendentemente, surgirão cores
Pontos de luz se erguerão
E acalmarão os seus temores

Agora fixe os seus olhos em um ponto de luz
Ande na direção daquilo que se apresenta
Ande na direção daquilo que ilumina
Esqueça o temor que a escuridão alimenta

Deixe a escuridão passar – ela passa!
O medo passa, o ódio passa, a dor passa
A tristeza passa e surgem pontos de luz
É o calor que lhe abraça

Na insistência da escuridão, do breu
Mantenha os olhos abertos e ore
Na certeza de que as luzes surgirão
Elas lhe levantarão, por mais que ignorem

ORAÇÃO MÃE

Mãe, que nada te atinja
Da nascente aos mares
Que toda leveza d’alma
Esteja por onde andares

Mãe, que nada te aflija
Dos mais baixos aos mais altos tons
Entre “sustenidos” e “bemóis”
Aos teus ouvidos límpidos sons

Mãe, que nada em ti respingue
Do pote da alheia amargura
Daqueles que não vêem
Que há uma fonte de água pura

Mãe, que tudo seja inteiro
Na verdade e na pureza
Pra que tu tenhas de tudo o ordeiro
E te livre de aspereza

Mãe...

CAÓTICO

O prato, o pranto, o parto, o pântano
O grito, o grilo, o grilhão, o gânglio
O fato, o feto, o feito, o fálico
O tato, o teto, o texto, o tático
O rastro, o reto, o resto, o rápido
O nato, o nexo, o ninja, o náutico
O cato, o corte, o canto, o cômico
O breu, o barco, o brio, o básico
O seu, o sal, o som, o sádico
O mim, o meu, o mais, o mínimo
O dia, o duo, o dito, o dístico
Você e Eu.......
Caótico!

INSÔNIA

Insólita noite sem noite, sem norte
Inóspito canto sem canto, sem canto
Estúpido ser sem ser, sê forte
A crespa ignorância aos prantos

Expurgado o amanhã, anseio por ele
Exasperado no meio do nada
Dormente sem sono, não durmo
Zunidos não deixam a cama calada

As vestes que encobrem a madrugada
Embotam a minha cabeça cansada
E talvez escreva tolices agora

As brumas que cortam meus versos
São parceiras de momentos iguais
Que noite sem noite, sem norte sem nada!



Nada sei dos tempos idos
Interrogações por todo “agora”
Mas toda certeza do amanhã
Impulsiona e não me ancora

Era tudo, o ali e lá
Hoje sou o que está
Nesse bojo nem me vejo
Amanhã vou estar mar

Ontem uma nascente insossa e pálida
Um início sem nitidez
A cada hoje do fértil à árida
Retrata minha estupidez

Sei de certo que virá
Meu momento amanhecer
Ontem fui o que nem sei
Hoje entre o ser e o querer

Não vejo dos idos tempos, o saber
Nem, desse momento, o que dizer
Tenho a certeza das dúvidas
Onde mora o que há de ser

O Monstro

Ele nem sabe o quanto assusta
Mas não cabe a ele saber
O monstro morreu do medo que produz
O monstro produz o medo que morreu
O medo produz o monstro que morreu
O monstro sabia que era monstro, mas...
O monstro morreu
Esqueça-o!

Teu pai

Abrir-te-ia os olhos para o translúcido muro
Que frente aos teus anseios encobre
Mas parece faltar força; é escuro
E é de pedra e de barras de vermelho cobre

Abriria o portão para o espetáculo
Que a vida prepara pra ti
Mas a prece parece ser parca
E apaga o que escrevi

Menina carrega meu canto
Com a força da tua lucidez vocabular
Menina levanta, não permita meu pranto
Porque a vida quer te falar

Dilua cada pedra e derreta o vermelho
Só tu poderás sobre o que trago, deliberar
Sou apenas a ponte do que destelho
Sou teu pai que não suporta calar

O SORRISO

O sorriso abriu a porta do medo;
O sorriso desmanchou todo segredo;
O sorriso conquistou o meu emprego.

O sorriso elevou o meu espírito;
O sorriso cativou o meu amigo;
O sorriso desarmou meu inimigo.

O sorriso confessou o meu apreço;
O sorriso desvelou o seu intento;
O sorriso revelou meu pensamento.

O sorriso veio assim tão natural;
O sorriso: mais de um músculo facial;
O sorriso chama visceral.

O sorriso lhe convida: vem comigo;
O sorriso foi lançado no infinito;
O sorriso fala mais do que o que eu digo.

O sorriso da menina e do menino;
O sorriso, de repente, traça o destino;
O sorriso masculino e feminino.

O sorriso de segunda a domingo;
O sorriso sempre que possível;
O sorriso para o impossível.

O sorriso para o “riso” e pro sorriso!!!



Onde estão as pitangas,
As bananeiras e as secas e verdes folhas?
Onde estão as taiobas e os efós?
Os livros cheios de encantos por onde me revelava sonhos...

Onde, os olhos azuis e verdes (acinzentados)?
Onde, as mãos nas minhas ao atravessar a rua?
Mamoeiros, araçazeiros e velas emergenciais...
Frente ao nicho dos santos, dos prantos do menino, eu

Dos sorrisos alucinadamente felizes, meus
O agasalho e a gemada frente à TV sem cor e colorida
Fazíamos tapeçaria, eu e meu irmão (o segundo)
O beijo, o afago, o abrigo, o agasalho...

Onde, onde, onde?

Onde a “casinha feliz” e os contos do Lobato?
Onde o som da flauta, do violino e o sabor do pão delícia?
A leitura, no início da manhã, e a voz doce que lia, onde?
A calça da mulher além das muralhas do tempo, onde?

O batom vermelho, o ruge, os óculos, os brincos, onde?
Os sapatos altos, os atos fortes, a telha velha, o pão torrado, onde?
As bolsas, as pulseiras, os anéis, o anel de professora, onde?
As estantes, o cristo na cabeceira da cama, o meu deleite...

Tanta felicidade, tanta segurança, tanta fantasia, tanto amor...
Esperei da vida uma máquina fotográfica e nada se apagou...
Nada se desbota nada se resume nada estanca, mas, onde?
Parece que o quintal acabou. Apenas parece...

Simplicidade e sofisticação da mestra
Os versos em francês da vó
Li o acróstico que um pássaro escreveu pra flor
Parece que o quintal acabou. Apenas parece...

Onde, a postura encantadora da candura que me acalentava?
Onde, a canção que fiz sendo cantada pela cansada voz?
Lá no quintal da minha casa, pois assim me fazia ver, tinha o céu
Parece que o céu morreu no quintal. Apenas parece...

OUTRA ESTAÇÃO II


Devaneios e anseios
Um tonto que ainda crê
Que houve aquele amor
O louco por você

Um beijo na beira da noite
Ribeira do rio do caos
Quase enlouqueci no açoite
Do vento nas velas das naus

A firmeza ao declarar seu sentimento
Repetidas vezes a confirmação
Por que sua mão em minha nuca?
Porque é mesmo tudo ilusão!

É, é tudo exatamente assim
Pra chegar, brilhar e ferir
Arvorei-me a amar e paguei
O preço de sozinho seguir.

OUTRA ESTAÇÃO


Nada explica um sentimento tão grande
Sentir-se nas mãos de alguém tão plenamente
E tudo se esvair em poucas horas
Meu coração que batia aceleradamente...

Será que você não percebia que era verdade
Descem lágrimas dos meus olhos, ainda
Ainda pássaro voando perdido
Já não temos mais chance e era uma coisa linda

Agora tantas estações nos separam
Agora nenhuma imagem finda
Pois suas pegadas fincaram e ficaram
Por não suportar a partida

Sonhei em viver esse imenso universo
Mas não era hora; não era pra mim
Eu quis ser seu e você passou
Por que tinha que ser tão forte? Tinha que ser assim?

UM ENCONTRO

Para encontrar comigo, deixo que falem as dores
Para encontrar comigo, estanco no crepúsculo e vagueio
Para encontrar comigo, acordo os acordes nas canções
Para encontrar comigo, não me perco no que anseio

Para encontrar comigo, saio de perto do fel
Para encontrar comigo, esqueço quem me despreza
Para encontrar comigo, fico atento àquele ou àquela
Para encontrar comigo, convirjo com o que reza

Para encontrar comigo, busco marés e mares
Para encontrar comigo, expurgo qualquer rancor
Para encontrar comigo, busco a pureza dos ares
Para encontrar comigo, aceito das mãos o tremor

Para encontrar comigo, penso nas minhas filhas
Para encontrar comigo, visito a minha mãe
Para encontrar comigo, afasto-me das ilhas
Para encontrar comigo, não deixo que me aranhe

Para encontrar comigo, choro sob o chuveiro
Para encontrar comigo, libero o meu sorriso
Para encontrar comigo, não preciso ser o primeiro
Para encontrar comigo, nem preciso do meu aviso

Olha só!
Desnudam-se as faces dos indóceis
Fenecem as ventanias que tonteiam
Falecem as vozes que emudecem

Olha só!
Florescem dos áridos gestos
Ações que avivam manhãs
Razões para seguirmos com fé

Olha só!
A boca que cospe secou
Pelo entorpecer que o amor
Causou na língua do rancor

Olha só!
Fui eu quem mudou o olhar
Fui eu quem mudou o eu mudo
O eu cego; o eu morto; o eu surdo.
Olha só...

O Livro e Eu

Lépido ou triste busco por ele
Para um entrave ou uma nova chave
Para um dialogo ou um dia longo
Funcionando como uma clave

Ele: o livro, vivo, vivo, livro
Dele, o sumo e o insumo que refaz
Ele o crivo e eu dele o mesmo
E faz, e desfaz, e sem mais ou me apraz

É místico, metafísico o que sinto
Todo livro é mágico
Se não pra mim, pra outrem
Nunca casto; estático.

Todo livro seduz e se torna ativo
Nunca li um que me deixasse inerte
E somos vivos: eu e o livro
E tudo se reverte ou se inverte

O livro é o instrumento do processo
Para um planeta intenso
De onde emerge o submerso
Por onde resvala o que penso

Leio o livro, sinto o livro
Ouço o livro, calo o livro
Canto o livro, recito o livro
Fecho o livro, abro e sirvo

Do que um “morto”, mais vale um valente livro!

MOVIMENTO

As raízes dos vegetais estremeceram
Os astros esquecidos explodiram
Os ferros retorceram-se ante o vento
As vestes dos teus gestos me despiram

As favas e os favos favoritos
Cravavam os cravos e os gritos
Ouviram-se do silêncio os gemidos
E os idos ecoaram os seus ritos

As linhas e os espaços ecoaram
Sob claves, sob tempos, sob trilhos
E todas as verdades se perderam

Nas linhas e nos espaços do que eu digo
Nas tramas curvilíneas do teu corpo
Se te assustas, eu te digo: - não me intrigo.

JULIANA

Os olhos vêem mais que um homem subindo a ladeira
Ao relatar o acontecido, dos olhos: água, sal e dor
Onze anos; quase doze, mas é para o espírito que se esgueira
À tona vem, ao ver o homem, todo o seu esplendor

Talvez cansado, mas o homem vai trabalhar
Mas ela vê, lê, crê e superlativa o que pesa
O que pesa nos ombros, no lombo, no caminhar
E ela relata, entorna o que na página da sua alma reza.

Ele chora o que ela chora o que dela aflora
E ele sorri triste ou feliz; ele sorri
Mas nele dói o olhar que ela tem dele
Do sofrimento, do tormento e fala do que há de vir

A ladeira, o peso dos livros e a leveza das palavras
Nada existiria sem aquela face rubra que retrata a alma alva
E tudo vale apena diante daqueles olhos que não deveriam chorar
Mas é subindo a ladeira que o homem busca o que salva

É trabalhando que o homem quer fazer Juliana sorrir
É caminhando que o homem quer fazer Juliana caminhar
É na subida que o homem mostrará pra ela o luzir
Mas que ela seja feliz ali, aqui ou onde quiser estar.