Coleção pessoal de PalavraMotriz
O curso da história é irrefreável, tanto quanto a evolução da essência que compõe a humanidade. Mesmo que a individualidade dos seres seja ainda tão imperfeita, há uma contabilidade coletiva dos nossos erros e acertos que torna una a nossa caminhada.
BAGAGEM
No meu alforge de viajante
apenas teus versos
como fricção de gravetos
que estoura em fogo
no deserto.
A CURA DO DESAMOR
Meu bem, por mim não te preocupes.
Tenho curado minhas feridas
com o próprio cuspe.
Lamente pela vida
que abrevias em ti,
por medo, a cada instante.
DO AMOR ESSENCIAL
Nunca fui de amar o óbvio e o que só reluz por fora.
Funciono em sentido horário.
Desconfio que o chip humanoide
me foi posto ao contrário.
A VIDA IN VITRO
Talvez não seja preciso decifrar tanto a vida...
Apenas executá-la
transitando entre conjecturas com cara de ciência,
o irracional dos sentidos
e o pragmatismo do fazer.
Talvez.
Quanta gente já nos amou, sem saber, pelo avesso... dando-nos elevada importância na persistente falta de apreço.
Há quem se vanglorie de não portar carros caros e grifes, alardeando sua humildade, mas ostenta tanta vaidade na falsa simplicidade, que um carro top de linha comparado com o seu ego parece uma carrocinha...
Tem gente que faz com o tempo malabarismos, interpretando-nos no presente pelo passado, do qual já nos despedimos.
Se achamos que a empresa merece a nossa alma, será por isso que ela joga nosso corpo fora quando adoecemos?
95% do universo é composto de matéria ainda indecifrada pela ciência.
E você acha mesmo que suas convicções são inabaláveis?
A MORTE NÃO MATA A VIDA
Ausculta com a alma
o som que vibra nestes versos:
o medo de viver é o que mata a vida,
não sendo a morte física, realmente, o seu inverso.
VIVEMOS DEPOIS DA VIAGEM?
Seguimos vivendo não só pela lembrança dos que ficam,
mas pelas memórias que levamos.
Nossos rastros, pelo avanço natural do tempo,
um dia se dissiparão.
O que carregaremos, então, na consciência imortal?
Levaremos as feridas abertas dos tombos
ou os aprendizados em cicatrizes tatuados?
As mágoas dos desapontamentos
ou a cura das nossas ilusões?
As imperfeições dos nossos pais
ou a retidão de suas intenções?
Eventual tropeço dos nossos filhos
ou a alegria de tê-los feito caminhar?
O que absorvemos desta vida
e o que escolhemos levar?
Que a mochila “da nossa viagem” seja leve,
contendo só o necessário
para um retorno breve.
*Essa abordagem é reencarnacionista e é “apenas” a minha forma de pensar sobre a continuidade da vida. Confie na sua própria percepção, que de antemão respeito.