Coleção pessoal de nataliarosafogo1943

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a vida compara-se mesmo a um rio, que tarde ou cedo acaba no mar e não há volta a dar!

são os pássaros doutras madrugadas, que hoje abrem minhas asas de outono...

sons límpidos, ágeis e felizes ecoam trinados, fundem-se com o vermelho da tarde e eu escuto-os na minha memória até sentir o impulso do sangue que corre em mim e, assim me deixo levar pelo sonho e por esta força que me atrai, numa abandonada liberdade... até a nua claridade da lua chegar....revivendo através do meu olhar o mágico e o real do que foi a vida...

brindo à vida nesta manhã de certo modo aprazível, cruzam-se pássaros na memória, ouço o vento por entre as árvores, nem tudo está perdido, percorri, caminhei, voltei a recordar a vida e a distância com a ternura deste inverno que brota vida à minha volta...

quando o coração de alguém que se ama não nos entende, somos um eco perdido e, nem gritando a dor abranda...

O tempo me ajudou a crescer, a amadurecer, e agora faz com que me ocorram as palavras no momento certo. Alheada do tempo, escrevo sem parar à luz coada da manhã ou ao empalidecer da tarde. A poesia empurra-me para fora do corpo e amacia-me o sentimento de solidão, e a terra que piso, foge-me para o céu com nuvens de algodão, onde o cansaço se esfuma. Um mundo à parte sem dúvida. Assim surgem meus poemas............

a inocência vive e folga descuidada,
qual flor a desabrochar,
tudo é sonho é a vida a florir...

meus olhos saudosos, gostam de contemplar a beleza, de dia sonho acordada de noite sonho dormindo...

a vida primeiro sonha-nos depois transforma-nos, primeiro tem-se direito a tudo, depois o tempo nos abafa...

espelha a luz abençoada, que saudades, que saudade já ela em mim
não cabe!

a infinda noite sobe arrebatadoramente, o dia foge do meu olhar, o amor que floriu ardente perde-se na imensidade do luar que a terra beija, e enfeitiça o coração que o deseja... abrem os lírios é manhã,o mundo a abrir-se em nós, e de novo o sonho não consente sentirmo-nos sós...amar é estar em flor!

As últimas rosas do jardim, exalando ainda um aroma que fica na memória, e o brilho que resplandece mas que é efémero, nem o sinuoso vento e nem a chuva conseguiu rasgar-lhes a beleza, fiquei algum tempo a olhá-las como num sonho, impedindo-me de acordar, com a minha vontade dividida entre partir ou ficar...

às vezes parece que acendo uma clareira de alegria e extravaso toda a minha melancolia, como se achasse a cura... e numa bebedeira louca, desafio os beijos da tua boca...

não há regresso, habito na encruzilhada, trago a esperança nua, o sonho estremecido e a alma por um fio...

O sonho acalenta-nos a vida, mas a realidade, nem sempre é uma chama viva.

terno o orvalho da madrugada quando o amanhecer ainda não é... e o sonho vacilando se desfaz em nada, logo que a realidade em nós assenta o pé...

escuta meu coração e, a mensagem incessante, que te passa meu olhar a cada instante...


(sentidos)

quando o silêncio é pesado, qualquer barulho parece assombração, e as nuvens no pensamento ficam inquietas...é como estar só e não ser possível quebrar a solidão.

Empenhemo-nos em ter tranquilidade e paz espiritual...

poisou o acaso em mim
deixou-me sorriso triste
tentando desviar-me assim
por caminho que não existe
e por becos apertados
sujeita a tropeçar,
nestes poemas calados
com tristeza a soçobrar.


natalia nuno