Coleção pessoal de MatheusHoracio

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"-Mas você se considera um homem decente?"
"-Bom... Sendo homem, a decência não passa a ser meramente ilustrativa, como se torna interpretativa."

Ainda somos um grupo de pessoas quebradas que tentam reconstruir outras pessoas quebradas. Isso revela uma das maiores forças do ser humano. A de se importar tanto com os outros que coloca sua dor na gaveta pra ajudar o próximo onde é possível. Como alguém assim não merece ser feliz?

É desconfortável quando me perguntam: "Mas cara, você é feliz? Você está feliz?"
E eu simplesmente não tenho uma resposta então digo: "Acho que sou."

Do amor, veja bem, talvez eu nunca tenha experimentado. O sentimento em si demanda coisas que são incomuns ao alheio. Amor a primeira vista é uma piada. Como pode se amar alguém de quem não sabemos nada? Alguém que nunca vimos. Como pode dizer que ama alguém quando as lágrimas dela não causam dor, e o sorriso trás a mais plena das felicidades? O homem tem apego, paixão. O amor não vem sem correspondência, sem convívios e sem obstáculos. Usamos a palavra "amor" quando qualquer outra já não faz mais sentido, não expressa o real sentimento. "Eu a amo!", e por si só o sentimento se basta.

Sou alguém de perdão quase infinito, o que cria a imagem de fraqueza. Mas felizmente fui abençoado com a desistência. Desistir nem sempre é algo ruim. Desisto das pessoas após muito insistir, até que não sobra nada além de lembranças num pote.

A cada dia meu café fica mais amargo. Mesmo depois de várias colheres de açúcar, ele segue assim. Talvez o amargor esteja na boca, talvez em mim...

O amor é para os tolos e corajosos. No entanto, creio que nunca fui qualquer um dos dois.

Tomo mais um trago
Desse rum amargo
Conhaque cerrado,
Whisky ralo.

De todo amargor tomado
É bem mais degustado
Que um amor envenenado..

Arrependa-se pelo o que fez, e nunca terá o peso do arrependimento por não ter feito ou encarado sua decisão de frente.

Não se engane. Desde muito novos, somos ensinados sobre as falácias que tomamos como verdades. Uma vez eu li que quando alguém te indica uma música, essa pessoa quer dizer algo através da mesma, ou que ao mostrar desinteresse, ela se auto promove, valoriza a si mesma. Bobagem! Talvez a música seja só uma música legal que alguém indicou sem segundas intenções, mas nossa mente projeta mil e uma possibilidades à partir do nada pela vil necessidade de não querer estar só e aceitar que está só. Talvez alguém se faça de difícil simplesmente por precisar que seu ego esteja tão inflado quanto um Zepelim, e sua adoração sirva de fôlego pra essa atitude. Quem vê sua mensagem e te ignora, não faz isso pra aumentar o mistério em torno de si e te instigar. Faz porque simplesmente não se importa com as relações interpessoais, então simplesmente julga que seu tempo, sentimentos ou qualquer coisa do tipo valha menos que os dela. Essa ''glamorização'' da pessoa submissa sentimentalmente é lamentavelmente mais comum a cada dia.

Falei o teu nome em três bares por onde passei. Em tom de alegria, raiva e dúvida. De certa forma fui redefinido por você. Embora diga que não sou, talvez seja. Embora diga que não estou, talvez esteja. Embora ache que não esteja olhando, talvez veja.

A frieza coletiva é cada vez mais aparente. Uma doença. Uma doença da alma que se espalha e corrompe até os ossos. E quando essa pestilência alcançar cada coração e mente, o mundo será exatamente como é. Já estamos no final do nosso tempo.

Amor, carinho, afeto, são expressões do sentimento que possuem prazo de validade. Nas condições certas pode durar pra sempre, do contrário, pode acabar amanhã.

Começou como toda fraqueza da mente costuma começar. Frente ao desengano, criou para si uma linda mentira, uma que torna-se fácil ou o fizesse seguir. ''Não preciso disso, não preciso de amor''. E por muito se seguiu, na esperança quase vil de um desesperado. Mas com o tempo, convencia-se de que sua mentira era verdade, e que evitar os amores que magoavam, era a melhor das soluções. E como toda boa tragédia, fugiu de tudo que possuísse potencial, e evitou tudo que poderia machucar. E como julgar alguém, que de tão ferido pelos sentimentos rasos e superficiais, acabou como uma paródia mal resolvida de seus enganos? Talvez essencialmente, todos são possuidores de um amor descabido, que quando recusado, criou essa onda de desamor sem fim. Talvez estejam todos feridos, talvez estejam mentindo. Feliz é quem realmente não esbarra com um ser que desacreditou de tudo, contaminando-se com o desespero coletivo que as almas humanas abraçaram.

A insensatez de todo homem consiste na crença de que tudo que foi, pode ser novamente. Um erro comum. Se algo termina por um grande erro, está fadado a sempre terminar pelo mesmo erro, eternizando um looping de agonia para duas almas. O amor é um sentimento inteiro. Nada surge, permanece e se estende por estradas fragmentadas, pelo mesmo motivo que carros se quebram em asfaltos falhos e gastos. E quando as vielas cinzas do amor se tornam rotina, e a presença um do outro se mantém pela mera formalidade do medo de se estar só, então o sentimento em si já perdeu. Não há nada mais deprimente que o desamor, o sentir pela aparência, pela ideia de que os outros pensarão coisas ruins, escarnecendo, e debochando. Se só aquele que vive a situação sente o pulsar do sangue na garganta, como se os arames farpados o esmagasse em cada ''eu te amo'' dito no vazio. E em sua amargura, amarguram uns aos outros, e em suas feridas, ferem uns aos outros. E meditam sobre os próximos vinte ou trinta anos no fundo de uma garrafa, ou no filtro chamuscado dos cigarros amargos. Acreditam no que não há mais, e erroneamente constroem as paredes do seu inferno pessoal, onde a paz de um beijo, de um abraço torna-se o chicote dos carrascos e o lamento dos condenados.

Primeiro Amor

Nenhum amor é como o primeiro. Veja bem, nada se equivale ao sentimento amor, mas o primeiro em si é uma explosão.
É como se cada molécula do corpo experimentasse algo mágico, algo novo. Como se aquela mensagem fosse a mais importante de todas, só de ouvir o telefone tocar, as promessas que soam como eternas, cada sorriso, cada segredo, enfim, nada é comparável.
Mas na mesma proporção está a dor do fim de um amor que foi o primeiro.
Como se toda palavra escrita, dita ou poetizada, tivesse sido uma lona de mentiras. E a eternidade juntos significasse tão pouco ou quase nada.
É incomparável, de fato.
Porém, trago esperança ao coração aflito, pois todo coração é regido pelas leis do amor, e não se curvam ao sentimento imposto pelo fim, mesmo que toda a dúvida imposta diga que você não é capaz de amar novamente. Embora se sinta incapaz de sentir ou nunca sinta nada igual, nenhum amor é igual a outro. Encontrará a sabedoria nas dores do passado, e o exílio nos amores que imperfeitos, você se permita sentir, pois não se igualam ao primeiro, mas sendo o que são, podem torná-lo feliz como jamais foi.

Você era desejado
E de todos os pecados
Cometeu o mais infeliz
Querer quem não te quis.

É um erro comum achar que todos que sorriem são realmente felizes.

Felicidade é um desconhecimento.
Ela desconhece rosto, gosto, e entendimento.
Entorpece o lamento do homem, rejeita a incoerência e a compreensão alheia.
Felicidade é incoerente. É ser e fazer o que ninguém espera, o que não imaginam, fazer por si e nada mais.
Felicidade pode ser cruel. Pode indiretamente ferir de forma mortal, e fatalmente ceifar a razão.
Razão essa que pra ser feliz não tem espaço. Ser feliz é irracional. É a crença real de que o invisível e o impossível terminarão.
É a visão de que pra alcançar esse ideal, é preciso rejeitar as marés que virão.

Dê o seu melhor, se esforce ao máximo, entregue-se verdadeiramente a uma pessoa ou uma causa. E então verá que no final, é preciso permitir que as pessoas acertem ou errem sozinhas.