Coleção pessoal de Viado_Ramos

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A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude.

– Graças a mim, os homens não mais desejam a morte – disse Prometeu.
– Que remédio lhes deste contra o desespero? – perguntou o coro.
– Dei-lhes uma esperança infinita no futuro – respondeu ele.

⁠– Tu serás sempre, ó Poder, destituído de piedade, e capaz de tudo! – disse Vulcano.

Estas alegrias violentas têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem.

Nada é inventado, já que está escrito primeiro na natureza. A originalidade consiste em contar à origem.

O coração procura-Te

O coração angustiado está,
em desespero a te procurar
Procura-Te em todo lugar,
com esperança de te encontrar.

Choras querendo retornar,
ao seu legítimo lugar.
De ondes podes repousar
e para todo o sempre Te amar.

Vives a mendigar, a qualquer
sentimento que te faz lembrar.
Quer te contemplar e,
por ti deixar-se amar.

Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus.

Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.

Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão.

Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz...

A linguagem política destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez.

A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa.

Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.

Confia no teu coração se os mares pegarem fogo. E viva pelo amor, mesmo que as estrelas caminhem em direção oposta.

Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Todos os seres vivos tremem diante da violência. Todos temem a morte, todos amam a vida. Projete você mesmo em todas as criaturas. Então, a quem você poderá ferir? Que mal você poderá fazer?

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?