Coleção pessoal de marco_aurelio_martins

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“metafísica”:⁠ “É um cego, com olhos vendados, num quarto escuro, procurando um gato
preto... que não está lá.”

Nada em rigor tem começo e coisa alguma tem fim, já que tudo se passa em ponto numa bola; e o espaço é o avesso de um silêncio onde o mundo dá suas voltas.

O micróbio é humilde, o vírus que se infiltra, o pó, o pão, o glóbulo de sangue, o esperma, o interminável futuro na sementinha, o vingativo chão, a água ínfima: o átomo é humilde; humilde é Deus.

Jamais, aqui, hão de me ensinar o nunca. E eu queria voltar a um terno recanto perdido, universo: amorável. Se sorri, era o mundo todo coincidindo com a minha atualidade.

Tão longo ouvia, tanto mais eu me descompenetrava. O que produzia, próprio em mim, íntimo, um silêncio, uma diminuição de peso.

⁠Nus e em paz é que navegamos no destino.

⁠Se não fosse a borboleta, a lagarta teria razão?

⁠Em noite de roça, tudo é canto e recanto. E há sempre um cachorro latindo longe, no fundo do mundo.

⁠O contrário de fim não é começo, quem já foi sempre está voltando.

Sorte nunca é de um só, é de dois, é de todos... Sorte nasce cada manhã, e já está velha ao meio-dia...

As linhas se estiram, levadas. Passam águas. Passa o tempo.

⁠Quando estou no Vale é no Cipó que eu me equilibro.

Depois do fim vem o começo. O contrário de ir não é voltar.

Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar.

A felicidade é o cheio de um copo de se beber meio-por-meio.

O medo é uma pressa que vem de todos os lados, uma pressa sem caminho...

As Borboletas azuis nunca morrem, sempre haverá uma borboleta Azul e vai ser aquela um dia eu te dei.

O deleite imaginado é muito maior que o gozado, embora nos verdadeiros gostos deva ser o contrário.

Depois de uma breve análise universal, estou convencido de que os homens são possuídos e assombrados por um demônio que se chama, ideologias.

MEDITAÇÃO DIÁRIA

Talvez sua mãe tenha falado com você antes de você nascer. E eu estou convencido que você escutou essa fala e respondeu. Talvez tenha ocontecido que ocasionalmente ela esqueceu que você estava lá. Por isso talvez você tenha dado um chute nela para lembrá-la. Seu chute era um sino de plena atenção. Se ela estava praticando plena consciência, ela poderia ter dito: "Querido, eu sei que você está aí, e eu estou muito feliz." Este é o primeiro mantra. Mesmo que ela não tenha dito isso ou soubesse disso, seu corpo respondeu, fazendo o que fosse necessário para que você fosse nutrido.

Quando você nasceu, alguém cortou seu cordão umbilical. Provavelmente você chorou muito pela primeira vez. Agora você tinha que respirar por si mesmo. Agora você tinha que se acostumar com a luz ao seu redor. Agora você experimentava fome pela primeira vez. Você estava fora de sua mãe, mas ainda de certo modo dentro dela. Você ainda era dependente dela e pode ter se nutrido nos seus seios. E embora o cordão não estivesse ligando vocês, você estava ligado a sua mãe de uma maneira muito concreta, muito íntima.