Coleção pessoal de marcellaprado

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É tenebroso, eu e meio mundo tememos pelo meu possível futuro solitário se eu continuar te amando.

Posso imaginar a vontade que meus amigos e familiares têm de me sacudir, de abrir minha cabeça e arrancar qualquer vestígio teu, pra que eu simplesmente viva aberta para novas experiências.

Pensei que a vida pode sim ser tão boa e que estou perdendo meu tempo sofrendo, chorando, fazendo ameaças terríveis e desejando escolhas sem retorno.

Ainda te busco em silêncio, sem muitos alardes. Procuro-te nos meus livros, nas músicas, paro em alguns olharas, sorrio quando encontro um ou outro parecidinho com você.

Eu escrevo pra ninguém no fim das contas.

Eu ainda escrevo pra nunca quebrar esse elo invisível que existe entre nós dois. Eu posto um texto, acho que você lê e você fica indiferente, eu fico com esperanças de que tudo mude e você segue sua vida. Eu sigo escrevendo pra você, pro amor, pros orixás, pro universo.

Acho que eu prefiro usar como sinônimo de ‘indiferença’ a palavra ‘ódio’. Errada, eu sei, mas considero mais leve. Dói menos. Ódio a gente reverte, agora indiferença é indiferente. Que se pode lutar contra indiferença? Indiferença não é pra ser debatida, é para ser aceita.

Te dou um oi acanhado, como que nada quer, mas tanto deseja

Odeio-te por você ter-me deixado só. Hoje mesmo, eu estava voltando para casa, em uma rua escura, no frio e sozinha. No frio, com os olhos cheios de lágrimas, com o coração devastado de saudades, medos e arrependimentos.

Desligo o telefone, ás vezes durmo cedo, invento uma desculpa e fico só. Eu e meu coração partido. Aproveito o tempo livre pra dar uns pontos, uns remendos. Mas geralmente eu enfio a faca e faço um corte profundo, até sangrar, fazendo-o lembrar-se de tudo. Revejo fotos propositalmente, alguns vídeos e choro. Choro para esvaziar os pulmões entalados de angústias.

Não é coragem, é medo de ser esquecida. É pavor de ser enterrada nas tuas curtas memórias. É temor de ser esmagada pelo tempo.

Escrevo para alimentar a pulga atrás da tua orelha. Eu dou água e a alimento – dou até um chocolate de vez em quando - quero manter sempre a dúvida na tua cabeçinha. Quero deixar sempre a perguntinha incomoda: e-se-tivesse-dado-certo?

Como ainda te amo. Falo de você e me vejo rindo, tremendo, suando frio, contorcendo as mãos para disfarçar meu desconcerto.

Odeio-te por você ter-me deixado só.

Agora eu pareço um pacote. Pega quem quer. Cuida quem tem paciência. Ajuda quem tem juízo. Não me largam aqueles que ainda sentem alguma compaixão.

Não é tristeza, é saudade. É a constante lembrança do que não tem retorno, do quase-morto, do fim, do que não deveria mais ser falado. Mas eu insisto. Eu relembro, eu me mato.

Ainda não existe maquiagem para disfarçar os olhos fundos, tristes e desmotivados.

Não choro e não digo.

Tudo me cansa. Até dormir me deixa exausta.

Ou você toma uma atitude, ou me deixa morrendo aos poucos. Escolhe.