Coleção pessoal de luizguglielmetti

421 - 440 do total de 508 pensamentos na coleção de luizguglielmetti

Guardar, gerir ou controlar o pensamento é ocupá-lo com aquilo que pode ter um resultado prático, útil e bom, procurando afastar ou substituir o que é negativo, prejudicial, repetitivo ou recorrente.

Nós somos o que pensamos e todas as decisões que tomamos são influenciadas pelas nossas condições emocionais.

Ainda que não sejamos criadores da realidade e não possamos simplesmente escolher uma vida de plena riqueza, poderemos ter uma vida satisfatória, sem ambicionarmos o controle do universo, mas controlando ou gerindo o pensamento, que é o nosso universo pessoal.

Mantenha o foco nas suas metas para alcançar o seu objetivo, porque se não as perseguirmos serão apenas sonhos que desaparecem quando acordamos. Quanto maior o objetivo, maior a necessidade de se caminhar continuamente na sua direção.

Talvez não estejamos onde gostaríamos de estar, até que aprendamos as lições que nos levarão até lá.

A realidade não muda e as coisas não se transformam pela fé, mas o que muda é nossa forma de vermos os mesmos fatos, quando cremos que fomos capacitados ou temos condições para enfrentá-los.

Se descortinássemos o véu das falsas aparências e a obscuridade da desconfiança, a eloquência se perderia no silêncio, sem a agressão das palavras supérfluas.

O desejo é infinito e insaciável, mas se esgota rapidamente em relação a um determinado objeto, quando é transferido para outro, sucessivamente. A felicidade não está na ilusão de saciar os prazeres falsos dos desejos insaciáveis.

Boa parte dos nossos conflitos não existiriam, se os nossos pensamentos fossem sopesados na balança do discernimento, antes de os expressarmos através das palavras.

A insatisfação tem origem nos desejos não realizados, por isso, talvez, a felicidade esteja na contenção dos desejos e não a insatisfação, na eficácia do combate à causa e não aos seus efeitos.

A tolerância é uma atitude necessária para a vida em sociedade, mas é fundamental para manutenção dos relacionamentos.

A tolerância funciona como um componente mecânico que permite a junção de duas partes em movimentos independentes, compensando os trancos e vibrações, como uma junta de dilatação que recebe o impacto direto, absorvendo-o, se não no todo, ao menos em parte, o que equivale a suportar e aceitar algo que não pode ser evitado.

Se penso, existo, se controlo o que penso, supero as inconsistências do pensamento.

Lágrimas da natureza

O rio corre apressado pro mar,
sem se importar com os obstáculos,
muito menos com as impurezas
que lhe obrigam carregar.

O rio sempre escolhe,
ao contrário dos homens,
os caminhos mais simples,
ainda que mais longos.

Com paciência escava as rochas
por onde constrói passagens,
mas não ameaça o solo ou a areia
que não lhe oferecem resistência.

Se não fosse o homem
que expõe o solo,
que a chuva carrega
e assoreia seu leito,
não mudaria seu curso.

Teria as margens livres
para abrigar suas cheias,
e não chamariam catástrofes
as águas que, como as lágrimas,
os homens não contém no peito.

O rio corre apressado
como se temesse o homem,
e não soubesse que é infinita
a jornada que não termina no mar.

No seu destino deixa as impurezas,
se purifica no sal e esvanece ao sol,
para evaporar aos céus de onde despenca
como as lágrimas da natureza
que tenta, inutilmente, lavar a sujeira
que faz o homem em todo lugar.

Ao compreendemos que temos que enfrentar a nossa realidade com a estrutura que estiver ao nosso alcance, descobriremos que a felicidade não é construída a partir dos sonhos, mas das nossas realizações e ela não pode estar no passado, tampouco no futuro, mas tem que ser construída no presente, com os ingredientes que tivermos em mãos.

A fé, a atitude e o tempo

A fé do tamanho de uma montanha,
sem atitude, não move um grão de areia.
Mas o vento move a areia que faz a praia,
e pode, se quiser, mudar o deserto de lugar.
A água, como o vento, corrói a rocha,
e pode, aos poucos, levá-la para o mar.

A fé, também pode, com o tempo,
curar todos os nossos males,
ainda que se pareçam montanhas,
com fazem o tempo, a água e o vento,
levá-los aos mares do esquecimento.

A fé também pode,
com o tempo ou atitude,
construir novos caminhos,
movendo a terra de lugar.

Nós não somos definidos por nossas incapacidades ou limitações, mas pelo potencial de assimilarmos os fatos e reconstruirmos os nossos sonhos, a partir dos fragmentos da nossa desilusão.

Ficção e esperança

A ficção é um devaneio,
um navegar nas águas do tempo,
um cavalgar sem as rédeas da razão,
sem o controle dos sentimentos.

É uma ilusão real, um sonhar acordado,
ou uma completa abstração da realidade,
onde se materializa em proza, versos e rima,
a mais fértil imaginação do autor.

Mas a ficção está a serviço da esperança,
e nos permite visualizar num cenário imaginário,
os ideais capazes de gerar uma nova abordagem,
dos nossos próprios problemas e conflitos reais.

Com uma visão mais pacífica e conciliadora,
permite acreditar que o ser humano
ainda é capaz de se relacionar sem interesse,
de desejar apenas uma amizade sincera
e amar sem o intento de querer dominar.

A realidade não muda através das palavras,
mas as atitudes podem se transformar,
se deixarmos as palavras germinarem
e fazerem brotar a esperança
no solo árido do nosso coração.

As palavras produzem efeitos quando tem potencial para mudar as atitudes, e estas sim, podem transformar a nossa realidade.

Amor de papel

O amor não é apenas a palavra
que define um sentimento:
é uma linguagem completa
que se traduz por atitudes,
e para existir não precisa ser
descrito por qualquer meio ou forma.

O amor verdadeiro não é utópico ou romântico,
não é atração, desejo ou paixão,
nem sensação que cega ou oprime.
O amor autêntico pode não ser eterno,
mas certamente não é fugaz, efêmero ou passageiro.
É apenas intenso para se vivido por inteiro.

O amor não se prova ou se cobra com o ciúme,
não é dominação nem desconfiança,
não é sentimento levado ao extremo,
mas é uma pura expressão de afeto
que pode oscilar de intensidade,
mas se sustenta com cumplicidade.

O amor não é mágico, químico ou astrológico,
tampouco une apenas seres predestinados.
É a edificação mais autêntica da relação,
que se descobre verdadeiro com interação,
diálogo sincero, apoio e reconhecimento,
sem desprezo, ironia ou humilhações.

Amor é cumplicidade e afeto sincero,
que não se desfaz quando a paixão acaba,
que não se extingue na dificuldade,
nem envelhece ao longo do tempo,
é a expressão do olhar e do sorriso
de quem tem um sonho comum.

O amor substantivo abstrato
não tem existência própria,
sem a conjugação do verbo amar,
porque exige ação e movimento,
mais ampla que o ‘eu tem amo’,
mais além do que o ‘eu também’.

O amor se constrói diariamente,
se nutre ao longo do tempo,
se expande com a intimidade,
e se mantém com o respeito,
o carinho e a dignidade.