Coleção pessoal de Labele

Encontrados 17 pensamentos na coleção de Labele

Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.

É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.

O meu amor...
Pof favor, ouçam meu lamento
Lamento sofrido e silencioso,
Que ninguém sabe, ninguém vê,
pois disfarço como ator
Sofram comigo essa dor,
que tem começo e não tem fim.
Pois infeliz está o meu amor
Um amor seguro, sincero...
quão simples o meu amor.
Mas interessa a quem não ama
a raridade de uma flor?
Aqui jaz o meu amor,
que era flor e hoje dor.

Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz - disse ele depois de um tempo - temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos. Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e psicoses. O que queríamos evitar no combate - a decepção e a derrota - passa a ser o único legado de nossa covardia. E, um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de nossas certezas, de nossas ocupações, e daquela terrível paz das tardes de domingo.

Bem no fundo
no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas

Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes.

Busco respostas para as minhas dores na boca do vizinho, busco estratégias de guerra nas batalhas sangrentas dos heróis, busco alegria nas festas dos abonados; encontro tudo o que preciso...
Dentro do meu baú, nas linhas dos meus diários antigos, nas fotos dos amores familiares, nas experiências reavivadas pelo pensamento, no sorriso dos meninos que moram comigo.

Passei muito tempo acreditando que o tempo me ajudaria...Hoje sem tempo, acredito que o tempo é inimigo...existe apenas para aniquilar, desfazer, triturar sonhos...para destruir, desfazer, matar...nossas relações com quem amamos...quero indenização por propaganda enganosa de todos os "meios" que dizem que eu devo acreditar...

"Os velhos jogam dama na praça, professores de tudo o que é dor...fingindo esconder a falta que faz viver um grande amor...nada mudou..."

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.

Ecos da Madrugada
Os homens se aborrecem durante o dia,
mas é no silêncio da noite que adoecem
Todas as dores são mais doídas no momento em que calam-se as bocas
Os gritos do coração...invadido pelo flagelo do amor que se foi...do amor que não veio,
São gritos que ecoam no fundo da alma,
O nosso mar maior se agita e se debate com nossas pedras.
Essa dor milenar atravessa a noite sob flashes rápidos desse "vídeo-tape" simbolicamente desativado.
Quero derramar sobre todos os lençóis, sobre todas as noites, todos os céus e estrelas essa dor que fala tão alto e ninguém escuta,
Quero dividir, quero que alguém nesse meu universo abandonado ouça meus soluços,
meus ais, minha ira, minha tristeza infinita...
absoluta e indissolúvel,
Quero dissipar meu elo com essa vida que tanto me faz sofrer.

Quando estou só, penso em ti
como bálsamo, colo, abraço
Quando estou em meio à multidão, penso em ti
como saudade, cheiro, porto,
Penso em ti como beijo, corpo, amor
Se não penso em ti...estou em ti.

O meu amor (2)
O amor que eu tenho é puro, é único
único como a pureza, puro como o amor
tenho o amor dos nobres, nobres na alma...
vagabundos no amor...alma dos solitários
Canto de dor - sofrimento e lágrima,
Instinto ateu
Nó na garganta, amor impuro,
Impuro como eu.

Dias Difíceis...
Toda noite reflito sobre o que passou,
Atravesso dividendos da minha vida,
Faço um vai e vem de suposições...
Durmo aflita e ansiosa, tentando um amanhecer colorido.
Tenho um acordar melancólico e desvairado...vacilando nos mesmos erros,
Esvazio cada vez mais meu coração,
É...o vento sopra à favor e eu contra.
Navego meu dia turbulento,
reflito ao entardecer cinzento...
Procuro uma rosa no jardim, encontro folhas secas na grama,
Mais um dia se esvai...entonteço com minha inoperância.
Volto ao vácuo, ao nada, ao caos,
O escuro da noite faz-me voltar ao passado e choro...
Choro a dor do não ter.

E, se você me achar esquisita, respeite também.
Até eu fui obrigada a me respeitar.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Única...
Mirabolante é a mente de Deus que criou um gigante que gera, nutre, embala, educa, guia, breca, acompanha, dedica, paga...ri, e toma como sua as dores dos homens, ainda assim, sentindo-se feliz por estar sofrendo junto com quem talvez não dedique o amor e atenção merecida.