Coleção pessoal de goulart_esdras

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⁠Ordem do caos

Dispersão de todas as coisas
É um tormento mental,
Onde só o remédio da ordem
Pode trazer um alívio real.

E quem argumenta convencido
Que não liga para organização,
Na verdade já a fez no inconsciente
Ao expor sua opinião.

Saudemos então o caos
Nossa fonte de inspiração,
É ele que permite criar
Estruturas de ordem na razão.

Inúmeras estradas de informações
Ligadas ao um emaranhado de cruzamentos,
Usando de estratégia para seguir o percurso
Encontra-se ao final: conhecimentos!

⁠Completude do afeto

É que...

Só o beijo?
-Rotina!

Apenas o abraço?
-Presença!

Um distante e demorado olhar...
-Mesquinho!

Mas,
Se há uma pitada de cada um:
Então,
Carinho!

⁠Em uma rima

E compondo um palpite
A rima eu vou achá
No coração já ouvi um SI
Agora escuto um Lá.

Não sei se a melodia
Pode me acompanhá
A lição que tiro na vida
De resto?
A natureza me completa!

Pois vida que é vida
A essência é mistério
E se há um segredo
É viver sem ter critério.

A alma é livre sempre
Para interagir
Com muitos, muito irmãos
Que estão sempre a surgir.

E devolvendo a rima
Um recado fica então,
As palavras que ouvi
Surtiu em mim reflexão

O destino é trem-bala
Com trilho desgovernado
Não falta adrenalina
Pra se dizer: Tô entediado!

Modernidade uma novidade⁠

Mano tá ligado
Nesta tal de inovação?
O trem não é brinquedo
É uma revolução!

Eu ia no mercado
Era dinheiro ou cartão,
Agora me disseram
Posso pagar por aproximação!

Quem diria que o dinheiro
Fosse virtualizado,
Hoje só com uma pulseira
Comprei pão aqui no mercado!

Não achava mais locadora
Pra um filme assistir,
Quando me falaram: - Netflix
- Usa que você vai curtir!

Cara, há uma semana usando
Estou impressionado,
Assisto muitos filmes
E também seriado.

Eu gosto de comédia ...
Não sei como explicar,
Parece que esta locadora
Passou a me adivinhar!

Outro dia, eu lendo um livro
Para uma palavra indaguei,
Antes precisava de um dicionário
Agora já saquei!

No meu smartphone
É só perguntar,
Que uma assistente sabida
Começa a falar!

Eu posso ouvir piadas
Pedir uma música para ouvir,
Usar a calculadora
Dá pra se divertir!

Uma vez entrei na loja
E uma camisa fui comprar,
Ao sair, vibrou o smartphone
Perguntando: O que achou deste lugar?

Estou fazendo exercício
Descobri que era necessário,
Segundo meu smartphone
Tô muito sedentário!

Além de contar meus passos
Ele é muito camarada,
Me informa quantos minutos
Precisa ser minha caminhada!

Se inglês antes eu não entendia
Agora eu tenho opção,
Com a câmera do celular sobre uma palavra
Da tela salta como mágica, a tradução!

Amigo estou maravilhado
Com tanta modernidade,
Que tô me perguntando:
- Qual é a próxima novidade?

⁠O barquinho

Vem a maré ...
Dia após dia,

E o barquinho se deixando levar.

Ele não escolhe o caminho
Deixa a gosto do vento,

Que a este passa a guiar.

Certo dia um outro barquinho
Onde alguém remando forte,

Por aquele passou sem parar.

Foi então que este animou
Logo os remos em sua mão firmou,

E atrás do outro se pôs a remar!

⁠Ciclo exaurido

Corra enquanto há tempo
Aprecie a vista,
Aproveite o momento!

Empenhe as forças da juventude
Sinta o vigor dos pulmões,
E tome sempre atitude!

Pois o que sobra é a sede
De seguir o fluxo da existência,
Que consuma a vida em uma rede.

E o que falta é a compreensão
De ponderar no final,
Do tempo foi muito pouca a porção!
Mas a alma brada: sou imortal!

⁠A teleobjetiva

Aí você se vê em um mundo ...
Tamanha é a quantidade de informações,
Onde por qual caminho ir a fundo?
E será este a melhor das opções?

Test Drive não existe aqui
E no tempo que passa voando,
Estorno jamais será direito
Ao lamentar:
- Não estou se adequando!

O segredo talvez seja
Buscar no "macro" uma teleobjetiva,
Trilhando o caminho somente
Quando for de seu agrado, a perspectiva.

⁠O sorriso falsário

Tememos a nós: o mal
Pregamos a todos: união
Ao próximo? Espraguejamos!
Palavras de trevas e escuridão.

Das crianças: são requeridas o respeito
Educação, compostura,
Mas se é o próximo: um adulto?
O tratamento é fel e sem doçura.

Aos velhos: é idealizado
Experiência e sabedoria,
Mas a juventude: não os tolera!
Jogam nestes, baldes de água fria.

Pela nação somos fiéis
Com a bandeira nas mãos: o hino cantamos!
Mas se algo de grave acontece?
Sem piedade e patriotismo, à condenamos.

Sobre tudo temos razão
E a culpa? Nunca para nós sorriu!
Altivo é o nosso orgulho,
Resta saber...
Qual dos dois fingiu?!

⁠Bolha de sabão

Aquela grande e delicada bolha de sabão
Sempre foi o brinquedo do vento
Para lá, e para cá ...
De dentro me parecia estável
Morada da fundação do eu.
E foi então que como uma criança
De olhos brilhantes e curiosos
Tais estes, certa vez, denunciaram
em um reflexo, a silhueta frágil do domo.
Perco a fé na minha não resistência
Realidade de repente me pesa
Caí ...
Gritos ...
Gravidade carinhosa, mostrou:
- Este é o verdadeiro chão!
A queda .... ah que infernal presente foi para mim!
Sentado, ergo a cabeça para cima
Há muitas bolhas flutuando no ar
Fecho os meus olhos, aflito:
- Vai cair!
- Não!
Pensei,
Talvez, só cai quem estranhe o nada, a transparência de não significar.

⁠Experiência, elixir da afirmação

Se vai tecendo os fios das sensações
Naquele tear que tão íntimo é de nós
E da inexprimível arte da peça que vai nascendo
Faz de sóbria, a realidade de estarmos sós

De instantes vive um pensar
Em segundos morre um falar
Histórias não contadas de intensas sinapses
O frenesi de sempre ser, mas para este nunca estar

Evoluir na verdade torna apenas
Uma natural compulsão
Perpétua pena em prisão de liquidificador
Justo salvar-se na borda, talvez entregar-se ao olho desta rotação

Implodir o que nunca fora construído
Mas parece que fumaça se solidifica, não é?
A crença na raiz que brota inocente
Pirotecnia no embalo da fé

Quântico são os estados das coisas
Prender, fixar e resolver
A certeza que encontrou o cerne de algo
Porém segurar, é o sinônimo vigarista de perder

A única experiência que nos traz autenticidade
Do ódio a melancolia, da insensatez ao amor, é o sentir
Elixir da nossa afirmação perante ao cosmos
Que faz do sonho, dissonância viciosa, da realidade de existir

⁠Transfiguração

Como não saber
Qual o gosto dos sentidos
Aquele da acidez do real
Misturado com o doce da fantasia.

Como saber
Se o próprio gosto é são
Será que está bêbado de experiência?
Talvez seja esta, o próprio desgosto do gosto
De uma interminável transfiguração.