Coleção pessoal de FernandaFurini

Encontrados 5 pensamentos na coleção de FernandaFurini

Na minha incessante busca por motivação, encontro apenas um entardecer cinza de um mundo despovoado e inóspito.
Quanta beleza melancólica!
Há um prazer oculto nas coisas intocadas por medo!
Os destroços da alma compõem um todo e, este todo pulsa no frenesi das banalidades civilizadas.
O tédio do cotidiano é o que alimenta meu sarcasmo.
MEU DEUS... CRIANÇAS ENGRAVATADAS!!!
Vejo bem, um dia morrerão estranguladas pelo colarinho da futilidade materna!
Aiai... feliz de mim que tenho minha ironia como válvula de escape! Quer ver a válvula?rs Desculpe a ironia!
Represento com o dedo médio levantado, as frustrações de uma vida inteira. Mas calma, não é nada pessoal!
Tento com este gesto “dedal” (chame como quiser, não me importo) cutucar ser cérebro (Hei de provar que ele existe! “A DESCOBERTA DO SÉCULO!!rs) e provar que algumas pessoas simplesmente não dependem nem se importam com as convencionais regras de etiqueta.
NÃO SUBSTIME OS MAL EDUCADOS! Veja a mim, mesmo com este dedo erguido, consigo filosofar no quanto isto pode te parecer pavoroso!
PAVOROSO? Ahhhh!!! Pavoroso é brincar de coisa séria, brincar de ser feliz, brincar de ser satisfeito, brincar de ser polido. Transformar a vida em um playground abstrato.
QUE PATÉTICO!!!
Sua mãe ensinou que os talheres devem ser postos de fora para dentro, mas não ensinou a domar o próprio comodismo!
Apenas um tolo admirado por outros tolos em trajes de gala! Mas tudo bem, você é o menininho fofo da mamãe. Não deixe minha dose de ironia vazar como lágrimas de seus olhos.
Hey, quer uma jujuba?!

Depois das duas horas da tarde, junto meu corpo denso com a ponta dos dedos mentais e, ponho-me porta à fora, indo rumo indo a algum lugar que, porventura, será meu. Será?
Piso a calçada com a satisfação triste de um cão liberto da coleira para defecar. Prazeres tristes daqueles que apenas seres tristes entendem. Sinto o vento fresco trazendo a maresia, derrubando-me, por um "quase" ar da escudeira melancolia.
Recomponho-me rapidamente, vencendo uma luta interna, travada com afinco e que se passou por longos milésimos de segundos. Volto a mim, esboçando um sorriso irônico de satisfação. Olho para cima. Não choverá!
O Sol, rompendo as barreiras dos galhos carregados de folhas das exclamativas árvores, encontra brechas improváveis e ousa tocar meu rosto pálido, terceirizando assim em minha pele fraca um novo convite ao confronto. Luto. Novamente venço

Olho para baixo, na tentativa tola de não pensar em nada e, pego-me constatando meus sapatos sujos. Vejo por dentro de mim, e por quase um segundo, o mundo inteiro dos insetos. Penso em quantas formigas matarei sem desejar até chegar a porta do carro.
Mesmo os sapatos, impecavelmente limpos, são sujos! - Oh! Preciso informar ao mundo!
Abro a porta do carro, olhando mais uma vez com insatisfação desdenhosa para o Sol, e sento-me no assento.
Fumo um cigarro enquanto penso no quanto somos inconvenientemente cruéis com as formigas. - Quisera poder voar!
Seríamos nós todos reles assassinos de insetos reclamando do vento? Senti-me culpada por reclamar do Sol.
Termino o cigarro e vejo o mar brilhando, láááá longe. - Arghn! Novamente o sol!
Pisco os olhos gelatinosos, tentando voltar os pensamentos para algo com sentido e isso não faz sentido algum.
Sorri com insatisfação irônica, enquanto colocava meus óculos de Sol e liguei meu carro. - Não ter preferência musical me faz uma perdida! Rodei o mundo todo durante meio trajeto e 5 músicas.
Pensei, por um momento, que poderia ir para qualquer lugar. Aff, mas esse Sol!
Penso com curiosa ansiedade para onde gostaria de ir. - Não soube me responder. Perguntas sem resposta atiçam minha vontade de fumar. Como se o cigarro jogasse aos céus, junto com a fumaça, todos os deuses e demônios, fazendo-me sentir apenas o momento. Isso ao menos me define por curtos minutos, até queimar todo o tabaco.
Mas não acendo outro cigarro! Penso que me pesa suficientemente a consciência matar formigas com meus pés. Decido não fazer o mesmo com pessoas enquanto dirijo, fumando pateticamente meu cigarro.

Sigo o fluxo de aço do tráfego. Escuto sons, músicas, brigas, choros ao volante. Penetro mundos imprevistos para sair do meu.
Para onde vão todas essas pessoas? Onde se escondem? Onde seus pensamentos realmente moram?
Continuo meu percurso com expressão carregada de profunda introspecção.
Lembro do filme “Matrix”...mas acredito ser desnecessário neste momento relatar o meu profundo transtorno momentâneo.
Minha nossa! Será que “Matrix” faz mais sentido que todas as filosofias? - Não e não! Desisto! Não serei poetiza de um mundo maluco! Tampouco serei poetiza maluca de um mundo comum.
Nenhum papel me conforta, nenhum assento me assenta, nenhuma cama me descansa, nenhuma palavra me satisfaz!

Oh, quisera eu não ser canceriana!
Apego-me a essas desculpas convencionais, mesmo lembrando que em Matrix não havia influência dos astros. Culpar o signo por meu sentimentalismo ridículo, se não for verdade, é pelo menos uma boa desculpa! Pequenas ilusões diárias. Pequenas porções de criações absuradas, engolidas aos bocados.
Digo com envergonhada audácia que, quando Carlos Drummond de Andrade escreveu "Pequenas rações de erro distribuídas em casa", isso já estava pronto poeticamente em mim!
Nada é saboreado. Mas há sabor? E se houver, como descrevê-lo?
Repito a minha humildade em relação à genialidade deprimente de Drummond e cito "As coisas! Que tristes são as coisas consideradas sem ênfase!".

Chego em casa com uma pressa lenta e, ao estacionar o meu carro, com os pensamentos fervilhando-me a mente limitada, observo a vizinha debruçada na janela. É Tereza! Ela adivinha meu horário de chegada, mesmo quando eu não o sei!
Tereza me diz “oi” e pergunta como estou. Com um sorriso silencioso, eu concentro-me por um segundo, na tentativa de gravar em minha tela mental onde foi que meu raciocínio de lógica parou para poder retomá-lo mais tarde e, após recolher meu mundo inteiro em um único segundo, respondo para Tereza "Tudo bem, vizinha! E você?". - Pergunto, pois aprendi a seguir as ridículas regras de etiqueta.
Por dentro, eu ansiava para que Tereza estivesse bem e que sua resposta fosse breve.
As formigas aguardavam-me para pensá-las. - Mas Tereza não estava bem!
Depois de relatar seu inferno diário, despedi-me e segui rapidamente para a porta do condomínio.
Retomei meus pensamentos. Onde parei mesmo?

Ah, mas e Tereza? Poderia ela ter recolhido todo o seu mundo no seu próprio segundo e me respondido que estava tudo bem!
Penso que, talvez, seus pais não tenham-lhe ensinado as (agora nem tão ridículas!) regras de etiqueta.

Entro em minha casa alugada, jogo as chaves e a bolsa carregada de coisas desnecessárias sobra a mesa, e vou direto ao banho em busca de um alivio mínimo.
Saio do banho com a falsa impressão de que estou renovada e lembro que devo alimentar-me.
Ao ingerir alimentos carregados de toxinas, penso em quantas mãos trabalharam para que o alimento chegasse até minha boca. Muitas! Certamente muitos trabalhadores!
Devem ter matado muitas formigas no trajeto desde a colheita à mastigação.

Ah, o Sol se pôs em seu devido lugar! A noite me conforta mais que o banho.
O silêncio proporcionado me faz perder o interesse de ouvir-me.
Ponho-me na cama para dormir, pensando no Sol que me queimará no dia seguinte, nas milhares de formigas que meus dois pés e as quatro rodas do meu carro matarão.
Lembro, assombrada, quase chorando.
Depois, remeto-me ao final do dia, que ainda não chegou, e penso curiosa se Tereza estará debruçada na janela quando eu voltar para casa.
Durmo curiosa, quase sorrindo!

Corações são elefantes selvagens. Encarceram em um corpo físico grotesco o potencial do sentir gigantesco.
Ahhh, mas essa animalidade maldita! Ahhhh, esse vício desordenado de alimentar-se de grama enquanto a alma desfalece em fome.
Encapsulamo-nos do mundo ao nosso redor e achamos que nosso mundo encapsulado é o maior. Patéticos!
Achamos que conhecemos o mundo sem sequer dominar a nossa própria biologia. Ousamos desvendar o espaço e deduzir o universo, mas, não sabemos sequer o tamanho da nossa pequenez.
Achamos que uma bomba nuclear é o maior risco domundo.
O maior risco do mundo não é a desfiguração pela radioatividade, mas o atrofiamento pela inatividade. É o não saber-se, não possuir-se, não dominar-se, e julgar-se conhecedor de tudo.
Tememos o que não entendemos e não entendemos esse medo, pois somos preguiçosos e acomodados na nossa ignorância.
Intimamente enganamo-nos crendo que aquele que não sabe de nada não tem nada para mudar. Mas saber disso não é o suficiente para apressar-se à mudar?
Conhecemos pouco de tudo e nominamos as coisas extraordinárias que descobrimos. Elas sempre estiveram no mesmo lugar e não há nada de extraordinário nisso.
Para o homem, tudo aquilo que ainda não foi dominado por ele é um risco potencial. Quando algo ainda não descoberto é encontrado, ousa colocar o seu nome e sobrenome, como um grande feito para o mundo, com um orgulho ignorante escorrendo pela boca carnívora, própria de ser pouco evoluído, fazendo-me lembrar o caçador esportivo, que mata e ao final tira fotos com o pé na cabeça do animal para poder mostrar seu feito cruel e passar o desejo sanguinário primata para a próxima geração.
O homem não evolui por sua própria condição viciosa de inferioridade e ainda acha pavoroso quando comparado aos macacos.
Macacos são fieis, macacos defendem-se, macacos respeitam a natureza, macacos mão matam por prazer, macacos não são sádicos, macacos não matam populações de macacos por divergências políticas imbecis. Macacos passam o dia brincando, comendo frutas e fazendo carinho.
Por acaso alguém já viu algum macaco isolado, maquiavélico com ideias de “macaco-bomba”?!?!
Aiaiai... mais humanidade, humanos! Por favor! Sejamos mais macacos.

Tu, com dúvida me invades.
Não há minutos compensativos que me possam saciar.
Essas semeaduras ortográficas cessarão, se a energia que as forma não tocar, de fato, a tua pele e o teu ar, aos quais se destinam.
A imaginação me retalha. Amplia a presença da tua ausência!
Acúmulos de acúmulos me habitam.
Gritos contidos.
Olhar canino amedrontado busca o escuro nas cortinas guindadas de minhas pálpebras cansadas.
Em mim mora o cão carente de rua e o leão predador e selvagem.
Assim, antiga rixa animalesca faz-se dentro de mim.
E, contrariando o óbvio, é o cãozinho que te devora, enquanto o leão apenas observa de longe, não ousando atacá-la para simplesmente saciar seus desejos predadores. Meu coração canino é teu, e torna-se grande para te devorar com amor.
Ahhh... faminta de ti!
No coração em prantos guardo o teu renegado... meu legado sentido.
Rótulos confundem minha mente abstraindo-me de ti.
Sou tua afinal? Devo-te manter única habitante de mim? Para qual fim?
Dei-te meu amor. Presente da alma embrulhado em papel carmim...vivo!
Papel machê embebido em sangue vivo.
Pulso por ti.
Umedeço quando o vento usa teu perfume.
Vento quente em pleno inverno! Traz-me notas de sândalo esmagado com teus pés de aço.
Incandesco quando ele me traz você.
Vento, faz-me um favor, leve contigo a minha memória epidérmica.
Dê-me terreno fértil para o plantio prematuro que insisto em regar.
Não quero beijos que encaixam e escassam.
Não quero o gemido perfeito da voz que recusa-me ao pé da minha alma.
Náo quero o lambusar-me no gosto que me gosta vez ou outra.
Mel de infernal doçura!
Magia negra da qual sou vítima consentida de nós.
Bruxaria de macabro encanto.
Renego-me quando vivo-te uma noite toda!
Piso-me para tocar teus pés de veludo.
Engato-me em ti de uma forma que mal sei voltar. E para que voltar?
Misturo a tua saliva na minha. Alquimia que fermenta em perfeição embriagante.
Ahhhh... maldito sentimento!!!
Coração pasmo, ridículo, insano!
Cravar as unhas e abrir caminho até teu coração?
Não! Unhas tem bactérias! Minha mente hipocondríaca não me permitiria. Tampouco meu coração anarquista, mas correto.
Então, ouso aranhar as tuas costas, com a vontade de que entre em mim. Puxo-te para mim com a fúria de um coração magoado pelo prazer que me proporcionas.
Ohhh... sou tão humana!
Tao patética e carnal.
Tão passionalmente emocional!
Olhei-me, de relance no vidro da vitrine embaçada. Olhos de introspectivo luto. Olhar de partida.
Vou-me.
Ahhh... e vento, por favor, ajude-me a respirar toda a vez que eu tiver que partir dos braços dela.

Não tenho formação acadêmica, nem 90 anos de experiência nesta existência. Não escrevi livros, nem sou uma palestrante do mundo, daquelas com um vasto vocábulo (e sentimento muito limitado, por vezes).
Não sou purista nem filoneísta nem ista alguma. Sou talvez uma amiga. Isso!!! Me veja como uma amiga... daquelas que você não tem muito contato, mas que sabe que está em algum lugar do planeta, e que como ser sensível que é, está em plena rotação universal rodando e sentindo.
Pois bem...tendo bem definido minha falta de pretenções e intentos, ouso falar com toda a “direteza não polida“ que dizem que me é peculiar: TOME BANHO DE CHUVA!
Sim meu querido novo amigo... banho de chuva!
Você deve estar perguntando o porquê, e eu adianto que não é um segredo milenar para curar as chagas do corpo (a menos que se acredite, é claro! Esta sim é uma verdade milenar), nem uma simpatia revolucionária criada no seio do nosso povo “ignorantemente“ carente para trazer algo desejado em 24 horas. Não e não!!!
Tome banho de chuva simplesmente para ousar viver. Eu me refiro à vida real. Aquela sem relógios musculares chamando os abdômens hostis à se movimentarem freneticamente nas Cidades, se vendo sem se enxergarem, se tocando sem se sentirem.
Me refiro a vida natural, ao que nos é instintivamente básico. Me refiro à comunhão com o que é natural, à ousadia de ser simples. Me refiro à coragem de ser poeta em meio a guerra, à perseverança de ser sensível em um mundo de bárbaros modernos.
Tome banho de chuva para lembrar o que verdadeiramente é, de que verdadeiramente é feito. Para acordar do mundo inventado, de prioridades dispensáveis e lamentáveis.
Entenda meu amigo o profundo significado do “banho de chuva“. Veja-o mais que fisicamente. Visualize-o com a alma, com a imaginação liberta de qualquer compromisso com os conceitos do mundo moderno.
Liberte-se das convencionais regras de etiqueta. Respeite a tudo e a todos, mas de forma natural, com gentilezas espontâneas, com sorrisos abertos,com carinho sentido, com compaixão franca. Esqueça um pouco os colarinhos e jóias e problemas profissionais.
Diga-me:
De que adianta saber que os talheres devem ser postos de fora para dentro, e não conseguir organizar os próprios sentimentos? De que adianta carros de luxo, e um rastejar interno? De que adianta viver 100 anos com os bolsos cheios e o coração vazio? De que adianta ter um conhecimento vasto sobre a geografia e não saber o para onde ir? De que adianta ir e nunca ter para onde voltar? De que adianta dar prioridade ao que te remunera, mas não te evolui? De que adianta ter 50 casas, e nenhum lar? De que adianta o material sem o imaterial do amor?
Volte-se para o seu interior! Renda-se às melhorias internas, priorize o que te equilibra, respeite a tudo, inclusive ao que te desagrada, deseje amar mais do que ser amado, respeitar mais do que ser respeitado, aprender mais sobre o que é eterno do que sobre o que é passageiro. TOME BANHO DE CHUVA!
Brinque sem preocupações, abrace demoradamente, beije vagarosamente, não tenha pressa...
Tenha fome de aprender, sede de ajudar.
O caminho é este. Volte-se para o que realmente é... TOME BANHO DE CHUVA.

Fernanda Furini