Coleção pessoal de felippe_santana

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Mulher II

As tantas e muitas de riso frouxo, solto e contagiante,
Antecipo as desculpas, pois escrevo a musa da própria felicidade.
A criatura que, por si só, é euforia.
Ela que pega a vida e colore,
Desenha um caminho só seu, como bem lhe apraz.
Amante do bel-prazer.
Formávamos um lindo par,
Em um refrão de um bolero ou ao ritmo de um bom forró,
Dançando sem música, ao ritmo do bater dos nossos corações.
- Tu não viste quando me moldei a sua forma?
Tenho lembranças guardadas de todos os momentos em que foste minha,
Em que me tornei a ausência de solidão.
A excitação do encontro inundava o corpo em sua plenitude,
E esse pedia por pressa, mas eu me ia devagar – usufruindo de cada segundo em sua eternidade.
Ao mínimo avistamento, corria ao encontro do seu regaço,
E por ali me deixava quieto.
Ansiava por sua companhia,
E ali estando, custei a acreditar – não sabe como é difícil convencer-me,
Tenho sido intitulado “irredutível” nas rodas alheias.
Por vezes, fingia que não estavas ao lado,
Para ter a surpresa do reencontro.
Como era solícito o nosso amor,
Como eram libertadoras as chegadas,
E a partidas envoltas pelo pesar da saudade.
Ei-la que vem vindo com furor,
Deflagrando palavras que desnudam o lume da minha paixão,
Expondo o mais frágil do meu ser.
Ei-la que vem vindo como vento,
Livre, avassaladora.
E, sendo eu poeta famigerado,
Transformei-te em verso,
Verso que carrego sempre comigo.
É ela uma mulher,
Este ser aclamado desde os primórdios.
É ela a mulher amada,
A mulher frugal,
A gênese e o fim do meu anseio.

Mulher I

Impossível não avistar ao longe a suserana dos meus olhos,
Para além de carne e curvas,
Carrega em seu bojo a essência do belo e do sublime,
O ópio dos apaixonados.
É ela uma mulher,
E eu o vassalo da sua querência,
Buscando, com viço,
Um átimo de sua atenção.
Há uma mulher em minha vida,
Que não chega bem a estar,
Por muito que se queira.
Uma mulher que é devaneios em sua plenitude,
O platonismo dos iludidos – o dito desejo.
Há uma mulher em cada rua,
Em cada esquina,
Em cada lugar.
Uma? São duas, três, vejo dúzias delas!
Elas atravessam, impiedosamente, o meu peito
E se vão deixando-me dilacerado.
Mas há essa mulher,
Essa utopia,
A visão da própria eternidade.
É ela a mulher amada,
E desde o prenuncio de sua chegada,
Já lhe sinto o perfume,
Lhe sinto o toque, lhe sinto o beijo.

A jornada do dito autoconhecimento é tortuosa e cheia de entraves. Enquanto a percorria, deparei-me com uma infinidade de utopias e devaneios. Na esquina da solidão, com a alameda das histórias inacabadas, deparei-me com fantasmas do passado. Estavam desnutridos, mal-acabados, esquecidos. Não os reconheci a face, o cheiro, o toque, sequer a voz. Pareciam-me completos estranhos. Entretanto, lembro-me da euforia que tê-los no presente me causava, a felicidade absurda que o encontro gerava. Estranho perceber que já me encontrei com dois ou três sentimentos sinceros, mas acabei me distraindo com uma ilusão que passava - ressalto, este é um momento de escrutínio de vísceras e entranhas.
Parece-me haver uma intima relação entre esses ditos “momentos de reflexão” e o contato com a água. O embaralhamento dos sentidos, que a imersão na mesma nos causa, desperta pensamentos egocêntricos – o eu em seus 5 minutos de fama.
Este instante, em que abrimos e arregaçamos cicatrizes antigas é excruciante, nos arrasta ao limite do ser. O átimo da libertação, factual liberdade, demanda tempo, energia e sanidade. Sendo o epilogo estarrecedor, desbragado.
Esqueça do entorno, das luzes e sons. Enterre-se em seu amago, e floresça. O aclamado renascimento. Desfrute com gozo e ria em ovação a metamorfose do eu. Transcendeste a banalidade habitual, és, em sua totalidade, insólito.

Sinto os primórdios do adeus.
No riso solto e contagiante,
No amor dispensado de formas pouco convencionais.
Sinto que estás nos doando as últimas lembranças.
Aviso de antemão, escrevo com demasiada saudade do porvir.
Escrevo banhado por lágrimas e tinta.
Deito no papel todos os sentimentos que a distância desperta impiedosamente.
Difícil é, descrever a euforia que o encontro gera.
Se me axego a ti em julho, já sorrio desde março.
Guardo um abraço teu na mala, e um beijo que acaricia a alma.
Sendo humano, ganancioso, peço por mais tempo, por mais momentos de puro contentamento e gozo.
Peço por mais, pois há tanto a se aprender.
Peço, esvaecidamente, por mais, pois ainda não me estou pronto para o até logo, quiçá o adeus.

Contemplo sua beleza desprovida de rugas, Mulher que sorri com a alma.
Exalto suas curvas insinuantes e Avassaladoras, que me arrebatam
Ao ritmo da maré.

Tu não sabes como adoro o negro da sua pele.

Encantam-me os sons que emanam de ti.
Não fujas de mim, pois é duro ver-te partir.
Caso fores, volte às pressas.
Sou saudade em toda minha plenitude.

Não repudie ao amor que lhe ofereço,
É tudo que possuo, é tudo que sou.
Última parcela etérea que restou-me,
Do êxodo edinu - tu.

Vagando por aí, meu cheiro encontrou o seu. Ficamos um tempo ali, extasiados,
Envoltos em lembranças.
Divagando em silêncio.

Devolva-me o tempo em que nunca foste minha.
A paixão, a última.

Dentro da minha belíssima caixa de concreto e aço, sentado em minha caixa de madeira e espuma, percebo que é necessário pensar fora da caixa.
Faço linhas com a caneta traçando objetivos para o futuro, noto que há traços seus por todas as partes, preciso apagá-los.
Enquanto rodo com o carro pela cidade, os ponteiros rodam no relógio. Preciso parar de rodar minhas lembranças, buscando rememorar em que ponto você saiu pela tangente.
Na estrada, vejo as curvas do seu corpo. Reduzo para evitar acidentes. Eventualmente, deparo-me com a realidade, e voo em direção ao relento - entrego meu corpo as estrelas, que me fitam fixamente.
Deitado em uma mesa de metal, lembro como eram duros e frios os seus toques. A polícia afirma que perdi o controle ao avistar o seu sorriso. Na autópsia, o legista encontra um coração imenso e esfacelado, um estômago cheio de borboletas, e mãos que desenham poesia - Causa Mortis: ilusão.
No enterro, preferi manter os olhos fechados, havia muita dor por todo lugar. Optei pelo silêncio, pois não encontrei palavras para tal momento. Então, deixei-me.

Eu amei os cachinhos da menina que vinha na calçada ao lado. Apaixonei-me pela voz da garota que me ofereceu doces - ela disse que ajudariam a pagar a sua formatura.
Hoje, já amei muitas vezes e tu não sabes como eram lindos os meus amores.
Apaixonei-me pelo andar de uma e o sorriso inebriante de outra. Foram breves, mas sinceros os meus amores.
Sou apaixonado pela beleza que só as mulheres têm. A capacidade de unir a delicadeza da flor com uma força que transcende a imaginação. Tanto poder me fascina.
Há pouco bebi da tempestade calma de minhas paixões e ainda me sinto embriagado. Aqueles olhos de menina decidida embriagam os distraídos e consomem os iludidos. Não seja como eu, não se afogue nesse mar de perdições.

Eu canto um canto desgrenhado, sem forma e beleza. Um canto envolto de tristeza e quando feliz, chora. Um canto amargurado e cheio de porquês. Um canto bestial, que rouba toda sonoridade do meu corpo e quando já não há mais voz, praguejo em silêncio.
Eu canto um canto de saudade do futuro, uma melodia sem sentido e entendimento. Um canto para os iludidos, para os surdos, mudos e para os cansados.
Eu canto um canto sem novidade, razão ou circunstância. Um canto de despedida, cheio de adeus e até mais. Um canto de vãs repetições e tolices, vazio de motivações.
Eu canto um canto duro, intragável e inaudível. Um canto que confunde-se com o cantor, já não se sabe quem é criador e quem é criatura.

Tipo Jeito

Tenho em mim este jeito animado, de riso frouxo e muitas amizades. Um tipo que é, constantemente, feliz e vibrante. Seu ódio mantem-se, invariavelmente, esotérico.
Tenho em mim este jeito taciturno. Um tipo com raiva constante e repugnância holística. Seu pessimismo jaz no quarto, no canto, sozinho e praguejante.
Tenho em mim um jeito vadio, de muitas paixões, devaneios e ilusões. Um tipo que é amante da conquista e da sedução.
Tenho em mim estes traços e curvas. Letras conjuntas, que formam palavras com pouco ou nenhum sentido. Um tipo que é poeta desbragado, amargurado e machucado.
Espero que entendas a universalidade da existência e tudo que ela implica. A complexidade deste cosmo que chamamos de “eu”, e que nele existem risos, birras, amores e quem os contem. Então, não se surpreenda, pois no mimetismo da existencialidade tem-se, e sempre ter-se-á, tipos e jeitos.

A que primeiro tocou-me e despertou a volúpia dos frios, dedico essas linhas.
A aquela que arrancou os meus primeiros suspiros, desejo a distância - não pretendo depravar esse platonismo utópico com doses de realidade.
A aquela que primeiro aninhou os lábios aos meus, componho uma ode acerca da inocência despojada pelo beijo.
A primeira paixão, entrego a tocha que usamos para acender nosso átimo lume.
A aquela que primeiro amei, reservo as lágrimas derramadas em sua partida.
As segundas e terceiras, enalteço por limparem o gosto amargo das primeiras, há muito impregnado em minh’alma.
A aquela que primeiro me amar, suplico por pressa, pois o tempo urge e tardas a chegar.

Falta-me sono
E vontade de dormir.
Quando durmo, acordo
E acordado pareço sempre dormir.

Pálpebras fechadas,
Em meio a escuridão,
Vejo o que a luz
Me impede enxergar.

Cochilos e sonhos
Mato com café.
A euforia afogo
Em etílicos, para conservar.

Dessa forma vivo
Ou sobrevivo.
Transpirando sangue,
Para construir algo nesse mangue.

Sou uma pessoa dada aos vícios, admito. Ainda pequeno viciei em correr e ninguém me segurava, parecia estar sempre com pressa - devaneio da pouca idade.
Na adolescência viciei em paixões, tive tantas que lembrar de todas tornou-se difícil. Viciei-me em comidas, palavras, músicas, mulheres e na vida, mas meu maior vício foi você.
Desde então vivo em constante reabilitação.

Acordou às seis da manhã, vestiu-se de vaidade e se perfumou com incertezas. No café comeu ilusões - dieta nova. Pegou o ônibus usual e sorriu como sempre - riso de aparência.
Foi para o trabalho confiante, mas só para esconder o medo que lhe corroía por dentro. Todos elogiaram a sua habilidade de vender a alma por alguns trocados - isso que significa ser bem sucedido, imagino.
No fim do dia retorna para casa e conclui:
- Engraçado pensar que quanto mais vivemos mais deixamos de viver, chega a ser irônico.
No jantar, repete a sina da manhã, deliberando sobre utopias com as forças que ainda lhe restam para sonhar. Beija o filho desconhecido, ora ao Deus amado e dorme para esquecer das dores do dia.
- E foi isso que o professor contou ser o "Sonho Americano".

Confrontos são sempre evitados.
Verdades mascaradas.
O que é necessário, infelizmente,
São aparências, sorrisos vulneráveis
E sempre brilhantes.

Carro do ano, uma grande casa,
Roupas na moda.
Tudo o que importa.
Coração manchado, rasgado,
Alma corrompida.

Não me interessa!
Quero vitrines arrumadas,
Cordialidade, paz e amor.
Você e ele, tanto faz.

Perdoe a minha má escrita, a culpa é de mamãe, que sempre ocupada, nunca me ensinou que não se faz suco de pacova e não se deve degringolar. Papai mal se via, sempre a procura de uma nova tia, mas como dizem "pai é quem cria". Então mais um viva a dona mãe por cuidar da sua cria.

Nas minhas habituais divagações, conclui que toda porta sonha ser janela. Veja bem, as portas são essenciais, não nego, mas servem apenas de passagem. As janelas, inúteis, são dadas a contemplação.
Não sei você, mas se eu fosse porta, viveria com inveja das janelas.

Sinto sua falta. Tenho saudade do seu riso frouxo, desse seu olhar centrado e cheio de sonhos. Não sabes a falta que as nossas conversas me fazem, horas e horas de pura banalidade. Hoje, te olho no espelho e não consigo reconhecê-lo, não percebo mais aquela brilho que irradiava de ti.
Acho que é isso que eu diria, se um dia me reencontrasse.

Minha dor que me dói

Me conte, querido leitor, você já amou de verdade? Não me refiro as suas paixões adolescentes. Conte-me sobre aqueles amores que invadiram as suas entranhas e dominaram todo o seu corpo, como um vírus.
Me diga, doeu? Doeu quando foi arrancado de ti esse amor de raras aparições? Cá entre nós, eu gritei e chorei sem querer tantas vezes que nem me lembro quantas.
Não sei se sabes, mas os elementos químicos nunca somem. Em suas meias vidas, se decompõem até se tornarem imperceptíveis, penso ser assim o amor - eterno. Cuidado para não se contaminar.

Eu que poetizo tudo, poetizei você, te transformei em verso.
Verso que carrego comigo para todo lugar.

Penso que tive uma vida muito fácil. Nunca precisei fazer muitas escolhas, porque por sorte, sempre tive quem as fizesse para mim. Qual roupa vestir ou qual o melhor corte de cabelo, até onde deveria ir e com quem andar. Essas preocupações eu não tive, pois haviam pessoas para me dizer o que fazer.
Faça aquilo que ama, dizia mamãe, desde que dê dinheiro, estabilidade, notoriedade e te faça feliz, menos física, coisa de doido - falava ela. Já papai não pressionava quanto a isso, mas reservou que eu nunca seria realizado se não cursasse engenharia, porque era o meu sonho.
Não sei você, mas fui feliz, pelo que me contaram, não podia reclamar de uma vida tão boa, todos sempre afirmavam.
Entretanto, tive uma morte dura e dolorosa, mas tão livre que me senti mais vivo do que nunca. Lembro-me de chorar, por não conseguir conter a felicidade que me invadia. Não conheço muitas almas, mas imagino que não aceitam tão bem quanto eu a liberdade que a morte oferece.