Coleção pessoal de felippe_santana

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Nunca tive grandes perdas, admito. A prova de português na oitava série, o horário do ônibus e a mulher amada, mas perder, para mim, ainda é um mistério. Há perdedores natos, que na prática da perda já são entendidos e até à chamam por arte.

Entretanto, confesso, presenciei grandes perdas. A juventude da mãe que se sacrifica pelo filho, o pai da filha primogênita e a mulher amada. Essa última é a que mais me lembro e menos entendo. Por isso, sempre afirmo, perder é um grande mistério.

Espero que não me julgue pela minha inocência e falta de conhecimento diante do assunto, mas prefiro me manter atônito diante de certos segredos da vida. Penso que o pleno conhecimento de todos os trâmites desfaz o encanto que envolve o mistério de viver.

Então mantenho o infortúnio de perder como um pequeno mistério.

Quando era pequeno
Sempre vivi o momento.
Corria universos em casa
E lutava com feras no jardim.

Quando era jovem,
Sempre vivi o instante.
Intenso e cheio de ideias e ideais,
Vivia amores infinitos com trágicos fins

Hoje, cansado de correr.
Despido de ideias e estagnado em ideais
Me vejo cercado por amores vencidos
Vivendo o sufragante que me resta.

Quando eu era mais jovem, amava olhar para o céu, principalmente ao anoitecer. Hoje, um pouco mais velho, não lembro da última vez que dediquei tempo ás estrelas. A escuridão iluminada da noite sempre me ajudou a pensar. O fato de ser tão pequeno diante do infinito me faz ver as coisas de outro modo.
Cheguei a conclusão que os astrônomos nunca envelhecem.

Já fui muitas coisas. Nem sempre fui duvida, insegurança, medo e solidão. Já fui amor. Já fui sorrisos (bem radiantes). Lembro que já fui governador de um reino só meu - você ficava linda de Primeira Dama. As utopias eram permitidas e vividas. Ao fim do dia, pontualmente, todos paravam para ver o show que o céu nos dava com o por do sol. Era muito belo o meu reino, cravos e rosas sempre plantados lado a lado - é preciso ofuscar a vaidade das rosas com a humildade dos cravos.
Hoje, sentado no que já foi chamado de trono, vejo o que resta do meu reino e apesar de estar em parte destruído, ainda noto sorrisos e pequenas utopias. O céu, sempre nublado, deixa escapar poucos raios do sol e algumas rosas e cravos teimam em florescer. Pode parecer loucura, mas agora ,depois de ter sido tantas coisas, sinto que sou mais eu, sinto que sou mais meu.

Ela é tão linda e eu tão eu,
Ela é tão doce e eu tão eu,
Ela é tudo e eu, apenas eu.

Havia uma menina chamada Maria.
Ah que bela menina era Maria.
Muitos gostam de Terezas e Joanas,
Mas nenhuma é como a Maria.

As vezes me pego pensando, tipo agora, que deveria te contar tudo sem medo, falar que te amo em segredo, contar que só te quero bem e que só quero você e mais ninguém. Acho que já falei, ou talvez gritei, coragem não é o meu nome, nem tão pouco sobrenome , por isso meus pensamentos que te percorrem de A à Z mantenho guardados. Ainda vejo, em um flash back futurista, que só pode ser de outra dimensão, eu ali em sua frente me declarando, todo sorridente, dizendo que devemos nos tornar nós ou até mesmo a gente, contando todos os meus sonhos utópicos. No mesmo instante, vejo logo a mudança do meu semblante, percebo um fim desconfortante. Leio seus lábios, que como sempre se mantêm tão distantes, um pedido de desculpas por entristecer meu coração que a muito anda palpitante, o “não” é suficiente para transformar todo o amor que em mim morava em um maltrapilho indigente. Com um susto volto à realidade existente, um mentiroso fingindo sorrir verdadeiramente, enquanto sofre por um amor recorrente.

Fulana,

Hoje é segunda, encontrei Joana e Raimunda. Estou feliz por enfim ser segunda. Acordei esperançoso, ansioso por começar outra semana. Me chamam de estranho e louco por gostar do fim do fim de semana, mas lhe pergunto, por que não gostar da segunda? Dia de encontrar Joanas e Raimundas, dia de começos e mistérios, tudo isso apenas na segunda.

Sorverei todos os amores,
Degrado até virarem meras paixões.
Quero todos os meus ácidos alinhados a mesa,
Chamem químicos e físicos para prestigiar.

Amontoados ordenadamente:
Ágape, Philos, Eros e apropriações.
Distribuam mascaras, o amor pode intoxicar.
Tudo sera televisionado.

Comprem lenços e toalhas,
O choro tem se anunciado.
Rivotril e Diazepam para os alterados
E realidade para os apaixonados.

Era uma vez, em um lugar não tão longe daqui, uma garotinha de nome peculiar e um jeito totalmente singular. Assolada por separações e algumas desilusões, escondia todo o medo e tristeza em um sorriso cintilante. Os anos iam passando, ela ia esticando, se transformando e logo sua beleza foi se mostrando.
Com seu jeito de menina destemida, bem resolvida, encantava a todos que encontrava, mas a um em especial ela visgou o coração e agarrou pelas mãos. Juntos percorreram casas, ruas, bairros e cidades, segundos, horas, dias, meses e anos. O mundo se apequenou, ao lado da sede por mais da menina rosa e do menino cravo.
O tempo avançava feito bala perdida. A rosa, agora se fazia em sol para o cravo, que por tanto ama-la, e viver a olha-la, se fazia girassol.
Nada contente com a felicidade do cravo-girassol e da menina rosa, que agora era sol, os ventos começaram a soprar e ao menino cravo despedaçar. Certa manhã a menina rosa, que agora era sol, foi lhe procurar, mas para sua surpresa ele não estava mais lá.

Ciranda da vida

Ontem o sol raiou,
O dia passou.
Alguém por ai morreu,
Outro nasceu.

Ontem o dia raiou,
O sol passou.
Alguém por ai nasceu,
Outro morreu.

Ontem o sol nasceu,
O dia morreu.
Alguém por ai raiou,
Outro passou.

Há muito, meu amor nasceu,
Ontem morreu.
Um novo, em alguém, raiou,
Em outro... Passou.

Eco de uma despedida

Foi assim,
Com seu sorriso estridente,
O seu jeito envolvente
E a sua voz ascendente.

Foi assim,
Caindo e levantando,
Indo e vindo,
Sonhando com o lar.

Foi assim,
Que tu se foi.
Foi assim,
Que o é, se tornou foi.

Ah se tulipas fossem lírios
E rosas, girassóis.
Se Alexandre fosse belo
E Filipe, grande.

Então eu seria meu
E tu, seu.

Se sorrir fosse beijo
E amar, divino.
Só então viver teria graça
E morrer seria mera casualidade.

Então, finalmente, eu seria seu
E tu, meu.