Coleção pessoal de EvertonThoughts

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Quem facilmente se contenta,
dificilmente tenta.

MAR BRAVIO

Ondas bravas vem, ondas débeis vão
O velho pescador, Joaquim e seu irmão
Navegando o velho barco pesqueiro
Enfrentam a fúria de um mar traiçoeiro

Jovens que nunca navegaram
Ancorados ao avô que sempre amaram
Protetor, o velho os acolhe
Mas teme, pois sabe, o mar é quem escolhe

Enfurecidas águas castigam forte
Três vidas que vislumbram possível morte
A esperança recai na modesta embarcação
Que essa cumpra sua perene vocação

Sem descanso, o barco sobe e desce
Passando mal, Joaquim empalidece
Seu avô, segurando no timão
Guia o barco, atravessando o furacão

Não há alento nesse mar tão arredio
Três vidas que seguem por um fio
Nas mãos do velho pende o futuro
Para os jovens o fim é prematuro

Ondas fortes fustigam ferozmente
Resta apenas torcer, infelizmente
Para os jovens o medo é muito forte
Para o velho o medo é seu norte

O casco suporta a grande fúria
Resiliente, não aceita vil injúria
Aderna, mas segue flutuando
Navega, não se sabe até quando

O pânico dos jovens só aumenta
Parece não ter fim atroz tormenta
O desespero parece dominar
O que fazer, a não ser acreditar?

De repente, a tormenta desvanece
Para os três, a esperança resplandece
A vida desta vez se compadece
Noutra vez, quiçá, desaparece

Nunca está TUDO bem. Sempre algo foi aquém, ou além.

A sapiência existe, porque existe a sábia ciência.

Amar é caminhar acompanhado, mesmo sem ninguém ao lado.

O PRECONCEITO
é superficial
é periférico
é frágil e visual
é aquele que por primeiro aparece
é a PELE que recobre o corpo
e que, pela morte, apodrece

O CONCEITO
é profundo
é o núcleo
é forte e fecundo
é aquele que por último aparece
é o OSSO que sustenta o corpo
e que, pela morte, permanece

Os sinais estão por toda parte. Eles me dizem claramente se devo continuar ou desistir. Mas há momentos em que fico na dúvida entre ficar ou seguir. É quando o sinal está amarelo.

Por mais irônico que pareça, vejo que os terraplanistas estão redondamente enganados.

Certo de que acertaria o acerto com meu patrão, acertei-o na cara por não ter acertado os cálculos da minha rescisão.

Em dois passos que dou há um compasso e um descompasso.

CLARO QUE SÃO LOUCOS

- Albumina, é claro!
- É clara.
- Claro que é.
- Não, é clara... feminino.
- Sim... claro!
- Clara, caramba!
- Quem é Clara?
- Que Clara?
- Você falou várias vezes.
- Do ovo.
- Que ovo?
- A clara do ovo.
- Mas não tem nenhum ovo aqui.
- Claro que não, só a albumina.
- E cadê a albumina?
- Lá em cima.
- Em cima de onde?
- Na primeira linha.
- Mas lá não tem albumina.
- Do diálogo, Zé Mané!
- Ah, claro!
- Clara, meu! Não existe claro do ovo.
- Claro que não!
- Poxa, finalmente concordamos!
- Claro que sim!
- Ih, de novo não.

FRAÇÕES HUMANAS

o tempo se sucede em frações humanas
sem volta, envolto em revolta, ele avança
e não se cansa das medições mundanas
de feições lineares e intenções circulares
ascende paulatinamente a outros lugares

A vida existe para ser sobrepujada e não sobrevivida.

POEMA PARA NÃO SER ENTENDIDO

a polícia fez uma visita
por causa
de areia e pouca brita?
e este mato ao meu lado
impregnado
com cobras e lagartos
que cresce assim desenfreado?
cadê a viatura, seu polícia?
eu quero a roçadura
e não quero só notícia

TERRAPLANISTAS

eles têm um plano
tão plano como a mente
que perdeu a curvatura
planificar a pobre Terra
e enterrar a nossa esfera
eliminar o meridiano
e soterrar o paralelo
mas haja paciência!
depois do cogumelo
acabar com a ciência?
cadê o fundamento?
não existe coerência
e falta embasamento
é triste ver o sapiens
voltar ao neandertal
parecem todos aliens
em meio ao carnaval

almejo o beijo
que me desafoga.

ESTE MUNDO ME ENCOLHE

é certo que muito está errado
não importa onde se olhe
quer pra frente
quer pra trás
quer pro lado
neste mundo que me encolhe
normal é quem escolhe o diferente
é igual a toda gente, mas atrás
um ser pungente e dissimulado

ESCURIDÃO

Perdido na escuridão da minha própria mente
perambulo entre meus infinitos pensamentos.
Nada vejo e nada ouço, mas sinto a presença.
E assim vagueio, desprovido de sofrimento.
Mesmo que inerte em tal febril momento
anseio um alento para esta travessia.
Em vão, procuro sua cálida alegria.
Sequer uma centelha de esperança.
Nada alcança ou acalma esta alma.
Caminho sem destino certo
e desconheço se está perto.
Tudo parece assim distante
e ainda foge num instante.
As palavras se consomem.
Os versos somem.
Chego, enfim
a este fim.

ESPELHO

olho para o espelho
e nada vejo, nenhum reflexo
um mundo negro, complexo
o plexo circunflexo
e dele, nenhum conselho
de ninguém conexo
pois tudo é reflexo
desse mundo desconexo

TRISTE FIM

verde grama que adorna o triste jardim
aqui no fim o drama contorna e assiste
à dama com jasmim que torna e insiste
enfim em ver de novo que a rama orna