Coleção pessoal de edsonricardopaiva

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⁠Parece que um vento de outono
Com folhas da mesma estação
E aquelas tardes de mesmices
Vem arder no coração
Pra mostrar que deixaram uma certa saudade
Daquelas, que se leva tempo a perceber
Mas elas vem, porque
Sempre há de soprarem
Vazios, que te fazem ocultar a tantos rios
Rios guardados num lugar que só se sente
Quando o outono varre as folhas
Que só sabe, que só sente
Os olhos que guardaram essas imagens
Paisagens que a vida escondeu
Num lugar assim, pra lá de especial
Perdido, escondido
Aqui, no coração da gente.

Edson Ricardo Paiva.

⁠A gente tenta entender
Tem horas que parece até
Mas a vida, essa é senhora do silêncio
Dona da verdade
Na paz dessa oportunidade de calar ou não
E de novo a gente morre
De novo e de novo e de novo
Morre dessas coisas que te vem do coração
E que te corre sem sangrar
Que te sangra sem que se perceba
Te vai numa oração que também morre
Sem subir aos céus
Oculta atrás de um véu
Na tristeza que outra vez se oculta
Na beleza das palavras por dizer
Que na verdade, elas também são ditas
No segredo da oração que não se escuta
Mortas, mas também bonitas.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Sós, sob o Sol
Assim que todos nós nos sentiremos
Após muitos sóis
E depois de uma porção de céus
Não, a vida não foi tão breve assim
Nem todo céu tão leve
O segredo do deserto, que de perto é nada
é só saudade do silêncio que me viu passar
Um lugar perfeito, todo feito de verões
Onde Juntos caminhamos
Pouco importa, estamos sempre sós
Se fizemos coisas importantes
Sem deixar nem sombra
Nem lembrança e nem certezas
Nada que se vê, não temos
É só uma nuvem de pássaros a vida
Que se espalha, se desfaz
Chegam perto de vez em quando
Até parece que nos toca e segue a vida
Chega um dia em que ninguém
Nem chora mais, ensimesmados
Deixa de lado, se vai como um embriagado
Desiludidos dessa falsa embriaguês
Uma estrada descalçada, ilusória
Estrada só...sob o sol que brilha
Uma trilha escura, falsa iluminada
Deserta, que de perto é nada
Só o silêncio da saudade
Que teve um dia uma ilusão de ver passar.

Edson Ricardo Paiva.

⁠O tempo que te faz pensar
No tempo que te resta, pra poder pensar
Pensar naquilo que te faz doer
Que te faz, de vez em quando, ver
Na paz que nos traz a cegueira
À hora costumeira, quando a vista falha
Que se enxerga de tudo ao avesso
Que se faz de cego a tropeçar nas tralhas
O tempo que te faz seguir a própria trilha
Compreender que há um preço a se pagar por tudo
Desde as pétalas aveludadas
Da rosa, cujo tempo há de fazer em espinho
A laje pesada de pedra moída
A lousa apagada, o senhor da razão que a escreveu
Mãe de todas as virtudes
O ninho, o caminho, a alegria e a vida
A areia da praia, que a gente sonhou pisar
Sozinhos, de mãos dadas, cada qual a seu tempo
Um sonho a se sonhar
Quando um beija-flor te fala, só de vê-lo
Batendo-te as asas
Te chamando a partilhar o mesmo teto
A mesma casa
Um repetitivo e eterno som que vem de perto
Olhando ao redor, é deserto...é tão longe
Na vida, quem pode te mostrar o errado ou certo?
O tempo que passa, que corre e morre junto
À graça da vida
Grata, ingrata vida
Que tanto um dia pediu
Pra ser assim, por igual dividida
E ela foi, porém...pra mal.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Você nunca mais poderá estar lá
Mesmo estando nas quaresmas
As mesmas coloridas
Granulosas, do início das nossas vidas
Hoje surge um novo Sol
Sendo ainda o velho Sol de sempre
Daquela hora linda, mas que a gente esquece
Quando Deus criou o acaso
E a semente germinou num vaso
Como coisa que acontece
Como talvez nunca mais
Nem natais, nem carnavais
Dois dias iguais na semana
Pensamento que perdura
De um momento que se nega
e que nunca acontece
Uma rede de pescar, correnteza levou
Deixando a saudade de olhar
Que de olhar se via
Eram horas iguais no mesmo dia
Onde eu estava e pra sempre vou estar
Fica a escassez de detalhes a esbanjar riqueza
Pra sempre estaremos ausentes
Fica aqui a dor que se sente e pela qual se vive
Igual a tudo que se foi
Mesmo sem jamais ter sido.

Edson Ricardo Paiva.

"⁠Se a hipocrisia matasse, nem precisava de vacina: o vírus morreria era de inveja!"

Edson Ricardo Paiva.

⁠Havia uma nuvem pintada
Numa parede da minha infância
Eu olhava pra tela e pensava
Que nuvens pintadas não chovem
Não se movem com o vento
Não matam a sede e nem fazem crescer as flores
Passa o tempo, isso arrepia!
As pessoas partem noutras nuvens frias
E as imagens que trazemos
Vivem à margem dessa nossa realidade
Mas, como eu disse, o tempo passa
Enquanto isso, nós passamos juntos
Apesar de juntos, sós
As nuvens de verdade, elas choveram todas
Num ciclo eternamente interminável
O mar arrebenta
Mas aquela velha amiga nuvenzinha
Ainda ostenta a mesma idade
Meu Deus, se ela me visse agora
Talvez fosse a vez dela, então, se perguntar
Por que é mesmo que as pessoas choram
Por que o tempo não demora um pouco mais
Mas, cada coisa tem o seu lugar
no espaço e no tempo
Hoje, logo cedo, os dois sairam pra brincar
Lembrança guardada
Se meus braços te alcançassem
Se hoje meus olhos te vissem
Como a vejo em meus olhares
Hoje eu te diria, minha amiga nuvem
Que é bem pouca a diferença
Nessa dimensão, cá onde estou
O tempo lento passa mais depressa
Chego mesmo a ter a impressão
Que ele, cruel, nos atravessa
Enquanto isso, você
No perene silêncio do seu céu de nuvem pintada
Atravessou comigo um universo e a vida
Choveu nos meus dias
Regou sim, muitas flores
Em cada poesia que eu lia, era ela
Soprando, nos ventos que as moviam
E foram muitas as sedes saciadas
Sim, de alguma maneira e apesar da distância
Também veio junta
Desde aquela vez, na infância
Pois não há nada na vida
Cuja função seja nada.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Este mundo anda sem tempo
Anda sem vida, anda sem alma
Este mundo anda sem voz
Anda sem antes, sem vez, sem após
Este mundo anda sem ama, anda sem gosta
De olhos e olhares vazios
Esperando pelas respostas que virão no vento
O tempo passa e venta e só faz frio
Este mundo anda bem triste
E por demais distante
Ao arrepio de tudo que a luz garante
Porque o tempo não responde
A quem não sabe nem ao menos a pergunta
O conceito de perto ou longe
Não junta o efeito à causa
Quando abrange para aquém do que se pode
Por ora, não se pensa em saber
Este mundo anda bem rude
Anda sem tempo e atenção
Nem mesmo para uma pausa, atitude ou reflexão
Enquanto isso o mundo passa
Este mundo anda sem graça
Sem poesia, sem melodia, sem quadra
Comprometido
Com qualquer ausência de compromisso
A beleza que não se vê, não vale
Aquele viço que se vai no dia a dia
Esse valia
É cão que ladra
É chão sem chão
O formato sem conteúdo
Eis o tudo que interessa
É pura espera por nada
Métrica quadrada
É tarde : breve e esquálida
Esférica ilusão
Colher o que não plantou...bem depressa
As respostas soprando no vento
Numa tarde linda, cujo vento ainda nem soprou
Nos momentos de silêncio
Em que as estrelas da noite conversavam
Num tempo em que se sabia
A maneira mais ou menos certa
De tentar fazer perguntas
Mas o mundo anda sem jeito pra formulá-las
Se esvazia, falando ao meu redor
Pior
Que tem falado de amor
Mas é que tem gritado tanto
E cada um, tão ocupado
Sentado num canto, pensando em pensar ou não
Este mundo anda sem chão
Mas voa através do universo
Um som que só faz sentido
Se ouvido no vácuo
Sem harmonia ou melodia
Um desenho sem vida
Num constante movimento de partida
Fraco de luz
Sem verdades, sem lume
Não chega em lugar nenhum
Anda perdido
Sob as dobras do tempo
No cume da ignorância
Que o traz e o carrega
Este mundo anda bem assim
Mas, enfim, isso não tem mais importância
Nem faz a mínima diferença
Quem não tem tempo pra pensar
Não pensa.

Edson Ricardo Paiva.

⁠"Alexandre de Moraes pensa que é o Imperador Júlio César; a minha esperança é que ele vá ao senado."


Edson Ricardo Paiva.


"A Beleza da vida
É o Sol lá no céu
Numa noite de chuva
É saber sentir
Quando não houver"

Edson Ricardo Paiva.

⁠"Agora é tarde
⁠Não se podem chorar
Cebolas descascadas
Olhos de ontem
Eles não são pra sempre
Nem podem arder no presente"

Edson Ricardo Paiva.

⁠"a quantidade de coisas que ignoramos será sempre infinitamente superior às que sabemos. Isso é fato e não há nada que se possa fazer pra mudar essa realidade."
(a menos que você passe num concurso público pra trabalhar numa repartição repleta de marxistas, pois daí você se torna o dono da verdade e sabedor de todas as coisas)


Edson Ricardo Paiva.

⁠"Estava desde sempre tudo escrito
era tudo uma ilusão sem chão que se cumpria à toa e bem
Iludir-nos
era a parte que nos cabia. "


Edson Ricardo Paiva.

⁠Vida, meu chão
Assoalho meu, brilhante
Preciso de ilusão por onde eu piso
Energia renovada
Excetuada essa alegria
Escondida atrás das cortinas do tempo
Termina que resulta em nada
É só pura realidade
É preciso ter coragem
Pra atirar tantos duendes à lareira
E enxergar que atravessou a vida inteira
Pisando sobre um chão feito de estrelas
Iguais àquelas lá do céu
Eram tudo, a vida inteira, folhas
E tempos e ventos e telhados
Velhas telhas
Nada que nos faça diferentes, nem melhores
Que as folhas e as abelhas
O chão de estrelas
Tinha o mesmo formato das calhas
Por onde escoa a chuva, que carrega as folhas
Parecia ser bonito
Parecia haver escolhas
Parecia até ser boa
Mas estava desde sempre tudo escrito
Era tudo uma ilusão sem chão que se cumpria à toa e bem
Iludir-nos
Era a parte que nos cabia.


Edson Ricardo Paiva.

⁠A noite clara a sombra ilumina
A lua se eleva, numa leve claridade
Tão breve quanto a verdade
As sombras se aclaram por uns instantes
Verdades de mentira, a mente as cria
A noite escura tira a luz, que à sombra iluminava
E então, nesse momento, minh'alma repara
Que os olhos, quando bem fechados
São capazes de olhar pra si mesmos
Pode ser que melhor do que antes
As noites sem luares são assim
Iguais a você, iguais a mim
Pode ser que elas peçam canções ao vento também
Sobre claro e escuridão
Canções sobre o mar e as estrelas do céu
Se a gente pudesse pisar lá no chão das estrelas
Se desse pra se ver de lá
Talvez então soubéssemos
O quão longe estamos de nós mesmos.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Toda ela feita só de tempo
Do tempo que transforma a pedra em pó
A vida, ela é composta de momentos
Alegrias, risos e lembranças
Lembranças, como as cartas de um baralho
Confusas, imprecisas
Um par de olhos indecisos
Há sempre um par de olhos
Diferentes da poética cegueira
Diferentes da cegueira
Diferentes da poesia
Um par de olhos céticos
Diante da eternidade
Dessa eterna alternância dos dias
Um par de olhos que se vê no céu
Na escuridão, na solidão da madrugada
Que nos vê quando não podem ser vistos
E que a gente os vê, se não nos vêem
A vida é toda feita de momentos
E um par de olhos, que ela sempre tem.

Edson Ricardo Paiva.

⁠⁠"Diferente dos pássaros
que foram feitos pra voar
e voam
Gente feita pra pensar
destoa da multidão, quando pensa
e quando pensa ...
pensa que voa"


Edson Ricardo Paiva.

⁠Foi vivendo bem rapidamente
O dedo em riste e as mãos em prece
Tem coisa que existe e que nunca acontece
E quando acontece, é prá lá de distante
É chuva que chove muito além desses quintais
Nos jardins as folhas crescem, caem, se vão
Se vão pelos desvãos das mãos em prece
Nos olhos vendados, nos rincões do tempo
Parece até que no final deu tudo certo
O dedo em riste, o medo escondido
O coração deserto, perdido e ainda em segredo
Tão secreto quanto um sonho
Que, quando acontece, é pra lá de distante
Tão longe quanto o minuto passado
Vivido tão rapidamente
Quase tão desconhecido
Quanto uma vontade que passou.

Edson Ricardo Paiva.

⁠O Tempo.

O tempo é a nossa faculdade
De poder sentir o peso do abstrato
E faz saber que o inexistente existe
Não pelo amor, não pelo olfato
Talvez pelo eriçar, pelo arrepio
A milimétrica estrada
O serenar de toda rebeldia
O vento que a todos circunde
Um velho ribeirão
Que ainda circule ao nosso lado e ninguém veja
O dia a dia
O nada que a tudo esfria
Um bule no fogo apagado
Um deus impiedoso e exigente
Que leva da gente uma imagem de espelho
Nos põe de joelhos...nos tira
Todo sangue, todo riso e toda poesia
Todo mal necessário
A tudo que for fundamental
Mas que não for preciso
Uma alternância inevitável entre calor e frio
É alguém que vemos mais de perto
Quanto maior for a distância
É montanha e desmorona, e que se faz ravina
O vento a varrer as rochas
O rio que não se acumula
O findável que não tem fim
E que é, enfim, a toda graça da vida
Quando o olhar um dia aprende a ver sua medida
Pois não há régua que o meça
É água lenta, sem pressa
Assim é o tempo que se passa.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Me pergunto se imaginaria
Numa tarde qualquer
Limpando a fuligem da vida
Não saber-lhe a causa
Sem querer saber-lhe a origem
Nunca mais fixar-me no assunto
Eu, a vida e os calendários de papel
Papel que queimou quase sem razão
Pela simples razão de ser feita de papel a vida
Hoje, rabiscada e corroída
Já não dá pra entender quase nada
Coração se cala de papel passado
Que de tão passado se queimou, virou fuligem
Ao tentar deixar lá no passado da gente
É que então se percebe
Irremediavelmente junto a nós
Para um dia cavalgarmos juntos
Numa estrela sem céu
De outro céu sem estrelas
Mais um, de tantos que a vida deu
Quão distante a alguma madrugada
Rumo a uma tarde qualquer
Limpando a fuligem
Sem sequer saber se me perguntaria.

Edson Ricardo Paiva.