Coleção pessoal de dia_marti

-tudo é oiro ardente...
-tudo é cinza e pó...

Ó sonhador louco d'outrora
Teus sonhos lindos onde estão?!
(...)
Vi-te partir... e vejo agora
Um morto erguido dum caixão!

Árvores, pedras, montes, bailam parados dentro de mim...

Abrem mãos brancas janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
De haver uma noite de Primavera lá fora
Sobre o eu estar de olhos fechados...

Escureceu tudo... caio por um abismo feito de tempo...

Deus envia-nos a sua palavra
a cada instante, em todas as horas.
É o seu pensamento que terá
o dom de penetrar em todos nós.

Agora sei que, se me tivesse olhado, por um momento que fosse, poderia ter-me visto. Alguma vez voltarei a estar, assim, de novo diante de mim?

Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Gritando que me acudam, em voz rouca
Eu, náufraga da vida, ando a morrer

Umas sobre as outras juntam-se as caveiras.
Onde estão as almas?

Eu sou um rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços (...)
Despi a realeza, corpo e alma
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia

O que na noite amanhece
Das sombras adormecidas,
Em que do frio no fogo se esquece
Das asas feridas

Calem, comam, durmam, morram e dancem a valsa.

Que apodrece e morde de loucura
Com o ódio pelos dias que não viveu.

Uma raça que entre a morte e a vida
Dita as regras e a hipocrisia do "Bem viver".

...mas dantes ia às cegas e tacteando, e agora de olhos bem abertos e a passo firme e resulto.

...a gente é como as flores, que umas nascem com cores vermelhas, que alegram, outras com cores escuras que entristecem.

Conservemos as nossas raízes para que haja sempre pássaros e canções nos ramos da nossa árvore.

Nada é de mais, porque existe tudo.

Nada no poema é impossível e tudo é possível.