Coleção pessoal de caffemia

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Queria registrar a noite nas paredes da cidade
mas a censura não permitiu
Queria confessar ao padre mais próximo
todos os pecados que aparentemente me trouxeram ao céu
Queria dizer, assim, sem jeito,
os motivos que me fazem querer voltar
antes mesmo de ir embora
Queria poder guardar num baú os
trejeitos que apenas eu, de todas as outras,
naquele lugar, consegui perceber,
Queria poder ter filmado e arquivado
em outro mecanismo, que não a minha mente
o sorriso bêbado, rindo com a boca perto da minha,
a voracidade tirando meus pés do chão e corpo da Terra
me engolindo e me mastigando com um único beijo
Queria fazer lei dessa falta de pudor
Queria que o mundo pudesse apreciar a arte
que o sol faz ao refletir esses cabelos claros
e essas feições francesas, inéditas para mim...
Queria que não fosse uma terça-feira de manhã,
e que ela não acordasse daqui a pouco;
Moça, com uma beleza dessas,
queria eu poder viver de poesia.

21° ato, take 4

Das conjecturas, e os desafios,
e o jeito com que a vida insiste em trombar nossas vidas todas as vezes que penso que não há mais nada.
A sensação incômoda de
"já protagonizei esse filme", que é igual, porém, pior do que "já assisti esse filme", quando a historia está pausada num ponto em que eu ainda tenho chance de mudar o final,
mas sem saber o que fazer.
Talvez um dia ela entenda.
"Eu preciso viver", ela disse.
Nada que já não estivesse no roteiro e eu soubesse de cor. Respirei fundo, engoli seco, foi um soco no estômago ouvir ela repetir a fala que mais me doía. Apesar de tentar disfarçar, ela percebeu e perguntou o porquê, e só pude responder silêncio.
Ela interpreta tão bem sem conhecer o filme, não consegui interromper.
E eu, que prego a liberdade como religião, não posso, em momento algum, impedir alguém de viver.
Por mais que eu saiba que esse "viver" vai levar ela para longe, para um fim sem volta.
Enquanto tudo que eu queria era ter coragem ou razão pra pedir à ela que se abrigasse no meu canto mais clichê.
Deixasse essa tendência de ir embora e seguir roteiros na estante por uns minutos, ou horas, dias..
Mas não sou um espectador qualquer, tenho que ter responsabilidade nos meus atos, pensar muito bem antes de impedir alguém de ter um dia melhor do que o que eu poderia oferecer.
É minha vez de te proteger de mim. Já estava na hora de fazer algo útil.
"Talvez eu seja pequena, lhe cause tanto problema, que já não lhe cabe me cuidar."

Dopamina

Há um tempo que tranquei minha boca
Para os copos transbordando alcoolismo
Você é o único prazer em alto teor que devo provar

Há um tempo que fechei meus pulmões
Para cigarros que já haviam se tornado sagrados
Você é o único mau que me tira o ar

Há um tempo que fechei meus olhos
Para a realidade que destruía meu mundo
Você é minha única bomba nuclear

E há quem diga
Que sustento meus vícios
Invés de alimentar nosso amor

E há quem siga
Os caminhos dos quais fujo
Para não sentir dor

Há bons anos que afastei-me do ciclo
Vicioso que minha vida se tornara
Por conta de caos que se tornara constante

Há bons anos que entreguei-me à ti
Como forma de protesto às minhas origens
Por conta de um amor viciante

Há bons milênios que vago por aí
Em busca de um corpo capaz
De me encaixar a ti

Para provar e ter overdose
Da dopamina que traz
Tua presença
Que me é vicio
Desde o início
De todo fim.

E aí a gente se pega fazendo tudo aquilo que não deveria fazer, sentindo tudo aquilo que se conteve por tanto tempo não sentir.
Tentando respirar e não perceber a guerra que acontece dentro de si.
Vamos optar apenas pelo bom senso, ser a figurante nunca esteve no roteiro. Então, vamos trocar esse elenco, vamos mudar o antagonista, porque o tempo passou e a protagonista não percebeu que estava parada fazendo cena pro público rir.. Vamos seguir assim: Tampando os ouvidos pra não ouvir aquela voz calma que assombra os sonhos mais sutis, aquela voz preguiçosa, empoeirada..
A poesia vai sentir falta da tua prosa, desculpa ser o ponto final.

É loucura e é minha cura,é um pedaço da minha carne quente, quase pecadora.
É um copo meio vazio de vinho barato, é meu vício, meu cansaço, meu deslize, meu esforço, minha culpa, meu mau, minha ironia, minha heroína, minha traidora, meu abrigo, minha amiga, minha fuga, meu mau humor, minha ansiedade, meu café frio, meu resto de domingo e minha sexta preferida, meu meio, meu clímax, meu epílogo, minha utopia, meu plano modificado, meu dia adiado, meu consumo excessivo, minha abstinência, minha exigência, minha passagem, minha passageira, minha desistência, minha doença, minha diversão, minha tristeza, minha confusão, minha frieza, meu tédio, meu desamor, minha decadência, meu medo, meu segredo, minha paciência, minha mentira, meu desafino, minha permanência, minha lua minguante quase inexistente, meu sambinha bom, meu poço de qualidade e defeito, minha saudade, meu orgulho idiota, minha criança, minha idosa.
É tudo, menos minha.
Minha poesia mais prosa.

Não sou poeta, nem sou poesia, sou o contrário do bem, mas não o mal, sou o meio-termo.
Sei que nem tudo pode ser do meu jeito, mas insisto em acertar - ou "desacertar"- as coisas,
sou o erro, e a saudade.
A saudade não é boa, mas também não é totalmente ruim.
Eu sou a saudade. Sou dessas pessoas que se divertem com as catástrofes, com as suas próprias tragédias, sou muito mais eu dentro da minha bagunça. No meu quarto bagunçado com livros e roupas pelo chão, eu me encontro com muito mais facilidade. No meio da minha mente perturbada, cheia de paranóias, incertezas, e loucuras,eu tento fugir do mundo crítico, real, padrão... Eu fujo da rotina me escondendo dentro de mim mesma.
Se parece loucura, sou eu.

Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito.
Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo de tudo e de todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?

Cada um tem a sua riqueza
é errado dizer que alguém é miserável
todos tem um tesouro guardado
mesmo que tenha pouco no baú e que o tesouro seja pequeno
afinal, a riqueza está nas pequenas coisas
Ser rico nunca significou ter dinheiro
aí está o maior equívoco da humanidade.
O valor não está nas coisas,
o valor está nas pessoas, nos sorrisos, nas lembranças, nas experiências vividas, nas paixões...
Parece óbvio, mas o óbvio foge para muita gente
e quando eu digo muita gente, eu digo a maioria
É triste perguntar pra uma pessoa o que ela quer
para a vida, e na maior ingenuidade do ser,
ela dizer que ficaria feliz se ganhasse na Mega Sena,
se ganhasse o carro do ano, um apartamento grande...
A vida é curta demais para se apegar à coisas materiais, que estragam, que vão embora,
coisas com prazo de validade.
"Mas e as pessoas? Elas também vão embora."
Sim, as pessoas vão embora,
quando menos imaginamos, inclusive.
Se viessem com prazo de validade seria útil;
Mas a diferença é que elas nos deixam marcas,
e por mais que algumas marcas sejam ruins,
são coisas que vão permanecer,
vão trazer ao menos lembranças, experiências
alguma coisa boa que você fez pra alguém,
algum sentimento que você sentiu pela primeira vez,
algum sentimento que você sentiu pela segunda vez,
as pessoas nunca são inúteis,
elas sempre vem com algo mais,
um brinde, uma bagagem,
algo que vai acrescentar em você e que ninguém nunca vai poder tirar.
A riqueza é isso,é a família, os amigos,
as pessoas que foram embora,
as pessoas que ainda irão embora,
os sentimentos, as brincadeiras, os sorrisos,
os domingos, aquela boa ação que, pra você nem fez tanta diferença, mas que mudou tudo na vida de alguém,
a fé, as tentativas, as falhas, aquelas marcas,
aquelas coisas que ninguém pode te parar numa esquina qualquer e levar embora.
Isso sim é a riqueza.

Mas sei lá, não sei se toda essa coisa patética é mesmo necessária. Estou resolvendo umas coisas aqui viu, esses negócios de sentimentos demonstrados demais meio que estraga. Estou aqui aprendendo que nem todos dão valor ao que você pode oferecer, e acabar demonstrando afeto demais começa a encher o saco, e eu digo tudo isso da minha parte. Chega de ligações, preocupações, sentimentos demonstrados aos extremos. Vou ficar mais relax mesmo, não quer me ligar, não liga, mas também não ligarei. Não quer me ver, não me veja, mas também não sairei que nem doida atrás de você pra saber se a gente vai se ver, que horas é o nosso encontro, não mais. É apenas um aviso que eu deixo bem simples: se quiser, me procura você. E outro aviso que eu deixo também: isso tudo é só conversa mesmo, teoricamente falando, está tudo certo. É quando chega na hora da prática que ferra com tudo.

Eu tenho seus espelhos em casa. E o vidro é uma fotografia. Eu tenho suas chuvas esparramadas pelo meu quarto, tenho meu céu repleto de vazio, tenho sua memória estraçalhada no meu mural como aquelas borboletas com cabeça de alfinete. Não saia de casa esta noite. Tenho algum carnaval dançando em mim. Parem com a música, senhores, hoje é vida de cinzas. O resto é uma brincadeira de inventos. Vamos fugir pra dentro de qualquer um dos teus delírios e, pelo amor, vamos ser felizes. Vamos ser felizes por amor. Esconda suas artes caras e vamos sujar as mãos com o sangue do outro. Esconda a droga do seu bom senso e voe até sua morte sair pela boca. Meus alfinetes são temporários e a minha magia negra é inconsciente. O meu problema é falta do que fazer. E é o tempo que sai fugido de mim. Horas, amores e decepções são desastres naturais imprevisíveis. Vou abusar da tua coragem e da mão de obra barata. Vou abusar da tua falta de tecnologia, do teu atraso e da tua África. Vou povoar você. Vou salvar você. E esse corpo desnutrido não são ossos, são ócios. Ócios da tortura de me pertencer, mas não reclame. Não reclame jamais, porque te amo, porque te guardo. Não se lamente, por maior que seja a minha culpa. Não decore o meu interior com a tua mania de adeus. Eu não me despeço nem dos meus lixos. Sua saliva é um véu que me sufoca, e minha existência se resume em ser um talibã radical. Eu existo e o mundo é meu. O mundo é meu. Qualquer dia desses vou assar a tua alma e encerrar a fome mundial. Vou ganhar um prêmio nobel da paz, agradecer e dizer que todo mundo comeu da minha dor, que todo mundo bebeu do teu sacrifício involuntário. E todos vão me aplaudir porque todo mundo engasga com o próprio silêncio, e o silêncio é de morte.

Dos desafios que te levam a mim.

Me domina, vai.
tenta,
com teu jeito desatento e pessimista.
me segura, de corpo inteiro,
e me derrete com teus olhos, sem me tocar,
me faz te sentir apenas com tua respiração próxima a minha.

você consegue alcançar a parte em mim que é submissa a você?
Faz com tuas mãos o arrepio sucumbir a dor e falta de sensibilidade.
Faz meu grito calar-se com o gemido do deslizar das tuas mãos em mim.
E me segura e me tenha em mente e corpo, como se tem a si mesmo.

Você consegue dominar a si mesmo, dear?
Se disser que sim, eu te dou meu corpo inteiro,
para que maneje e controle minhas crises que resultam em pura poesia.

Me segura, me domina e me toma como o ultimo fôlego após o beijo, o último suspiro após matar a saudade, me toma com a intensidade do sentimento que faz se desfazer sobre mim.

Voraz

Ah, hoje que eu precisava tanto de alguém que me tirasse um sorriso fácil, que sentasse pra tomar um café, que reclamasse do frio, que me pedisse pra ouvir tal música estranha que ninguém ouviu ainda, que pegasse o violão do fundo do meu guarda-roupas, tocasse uma música boba qualquer, me abraçasse e me fizesse esquecer de tudo.
Você surta e some.
Eu sempre surto, mas continuo aqui.
Ah, eu preciso tanto de você hoje.
Onde você se escondeu dessa vez?

Essa noite encontrei a saudade e o mar na pasta de
um notebook antigo. Por segundos tive medo...
Pensei: "eu não devo fazer isso";
O problema é que sempre faço o que não deveria.
Já se tornou uma característica.
Então, cliquei na pasta.
A sensação era de colocar a ponta do pé num navio,
um navio que eu conhecia, mas já não me lembrava.
E fui...
Senti o vento bater no rosto,
como da primeira vez;
A paisagem, os pássaros,
o barulho do mar na madeira seca;
Repousei meus olhos sobre nossas fotos,
todas as fotos que eu fiz questão de nunca mais ver.
Degustei a saudade numa pequena dose,
ainda era doce.
Encontrei nossas músicas... Algumas eu nem lembrava
da existência, outras eu cantarolava às vezes,
outras ainda, me fizeram aumentar o volume,
colocar os dois fones, me amarraram no navio;
As cordas eram fortes, machucavam minha pele,
assim como as lembranças.
Nesse momento eu já estava em alto mar,
tarde demais pra pensar em voltar.
Bebi mais uma dose de saudade, uma dose grande,
amarga e fria, bati o copo na mesa e pedi outra...
Enfim, cheguei aos textos, os diários, as confissões,
ninguém tira da minha cabeça a ideia de que voltei no
tempo, senti como se estivesse lá ainda.
Doeu. O navio balançava agressivamente,
a tempestade começou. A tempestade voltou.
Aquela mesma tempestade,
da cor dos seus olhos castanhos.
A última dose eu não pude beber.
Já estava vomitando.
Não sei se por beber tanta saudade com o
estômago vazio, ou pelo balanço do navio.
Nada mais me restava.
Por fora, eu ainda estava na minha cama,
com um notebook velho sobre meu colo,
Por dentro, eu naufraguei em você de novo.

Recebi uma mensagem dizendo: “Nós não damos certo juntas…” E minhas borboletas do estômago queriam ser libertadas pela minha boca, mas logo em seguida chegou outra: “… E muito menos separadas. Volta?”. Alguém que consegue me partir em vários pedaços e me juntar em questão de segundos é um perigo. Engoli as borboletas de novo. Desculpa amor, dessa vez não voltaremos.

Era como um desabafo, eu precisava vomitar todas aquelas palavras, uma por uma sobre alguém, precisava tirar o sufoco que habitava meu ser. Disse tudo o que pensava, aliás, fui muito além disso. Eu apelei dizendo tudo o que me sufocava, ela simplesmente bateu a porta e foi embora. Desde então, percebi que o silêncio é melhor do que muito grito por ai. O eco da batida da porta soou o palavrão que eu nunca quis ouvir, adeus.

Onde eu me vejo em dez anos? Essa é uma boa pergunta. Certo. Sabe o que eu gostaria realmente? Gostaria de ser tão feliz quanto sou agora. Mas sei que não há muita chance disso acontecer. No fim da vida, quando olhamos para trás, só há duas ou três épocas em que fomos realmente felizes e nem mesmo percebemos. Ninguém percebe, não é mesmo? Então onde eu me vejo em dez anos? Acho que gostaria... Gostaria de estar aqui. Aqui mesmo. Neste momento. Não é que eu tenha medo de incertezas, não é isso. Mas é que aprendi que quando temos algo bom, devemos tentar segurar esse momento. Segurar bem firme e se alguém tenta tirar isso de você, o que você deve fazer é mostrar que vão precisar arrancar isso dos seus dedos frios e mortos.
(Seth Cohen)

Saiba pois que sou muito senhora da minha vontade, mas pouco amiga de a exprimir; quero que me adivinhem e obedeçam; sou também um pouco altiva, às vezes caprichosa, e por cima de tudo isto tenho um coração exigente. Veja se é possível encontrar tanto defeito junto.

Garota complicada essa hein, ninguém a definia. As vezes tão menina, outras vezes tão mulher. Madura o suficiente para falar, e imatura a ponto de não querer ouvir. Agia como adulto, mas caía feito criança. Se enchia de esperanças e se debruçava em seus planos, mas tinha lá suas decepções. Gigante por fora e tão pequenina por dentro. Mente de uma mulher de 30, coração de uma adolescente de 15 e sensibilidade de uma criança de 5. Eita garota maluca, mas ela até que gostava de ser assim.

Tenho que confessar que sou louca. Completamente louca. Mudo de humor 24 horas, e nem venha me dizer que isso é bipolaridade, porque não é. É porque sou mulher mesmo. Tem horas que dá uma vontade de rir pencas, e passa alguns minutos já quero chorar rios. As vezes quero estar na multidão, e outras vezes só quero meu travesseiro como companhia. Tem dias que bate aquela vontade de falar, gritar, berrar tudo que está intalado aqui dentro, e outros dias só quero ouvir o barulho do silêncio. Somos complicadas, mal interpretadas, exageradas, dramáticas e não posso esquecer do “loucas”. Mas é o que eu sempre digo, quem passa nessa vida sem deixar um rastro de loucura, definitivamente nunca foi feliz. E até podemos ser taxadas de loucas, mas admitam, sem nossas loucuras, ainda estaríamos na idade média.