Coleção pessoal de AZEVEDODouglas

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Esperar que os outros tornem-se justos por si próprios é o mesmo que acostumar-se com a injustiça

Empurrado pra's ruas

Disse que não me faltava quase nada
Mas quando me deu um cobertor
Não percebeu
Que o frio vem também da solidão
Da falta de um pão
Na barriga vazia de quem nada comeu

Disse que me arrumaria um bom emprego
Mas quando encontrou uma vaga
Esqueceu
Que pra tudo tem que ter formação
E pra quem não recebeu primeiro educação
Restou acostumar-se com a vida de plebeu

Disse que eu estaria limpo após um banho
Mas depois de todo um sabonete usado
Não percebeu
Que a sujeira vem das ruas deste mundo
E quem está sempre nelas continuará imundo
Porque não tem um lugar pra chamar de seu

Disse que resolveu minha vida
Mas quando falou que o fez
Esqueceu
De certificar-se que eu só sobrevivia
E que cidadania nenhuma eu teria
Enquanto a cidade crescer mais que eu

Concorda com isso também o que habitualmente se endente chamando homem feliz quem bem vive e bem obra; pois que a felicidade é pouco mais ou menos isto: viver bem e bem obrar

Para o romântico só existe um meio de vida e um de morte, respectivamente: sufocar alguém com um romance e sufocar-se pela falta dele

Já se observou que os temperamentos circunspectos encontram frequentemente muita satisfação nos contrários, como alívio para a opressiva gravidade do seu

Eu gosto de brincar, mas na menor provocaçao vou identificar. Não perdoo traição, se você com outro for dançar, me largue primeiro e espere um semestre inteiro passar, senão cabeças vão rolar!

Você só descobre a verdadeira força de alguém quando, na pior das circunstancias, este expressa o mais belo sorriso

O homem que pensa, pensa. O homem que preza seu pensamento, escreve

Tu tens a obrigação de ser melhor e maior do que o bom velhinho que lhe ensinou tudo

Intuition

É quando estou observando, atento, o tempo,
Relacionando-o com um acontecimento
Sinto-te, me invadir, o saber dos saberes
E o que pode dizeres? Quanto sabes, quanto?!

Já te conheço de erros passados
Poderia, eu, evitá-los...
Mas por que não lhe cedo o senso?

Tu me vens e eu desconfio, penso, penso...
Mas, ao final, desconsidero-te, ó Intuição
Porque tu não dispões de razão

Vezes contrariastes insistente, minha vontade
Sei, só queres dizer-me a verdade
Mas quem saberá o momento, a ocasião
Em que terei de creditar-te o sucesso de uma ação?

Vivo o medo de bem agir
E não saber, no desfecho, explicar
Porém os passos haveriam de surgir
E esquecer-me-ia de lhe honrar.

Queria eu saber usar-te,
Apesar de não entender de tua arte
Sei que funcionas bem e nada cobras
É o melhor saber para quem a detém
Para o que acompanha tuas manobras

Certas vezes, confiei em previsões tuas
E é certo dizer que sempre acertei
Porém, não hei de conhecer tuas ruas
E nunca, nada importante arriscarei.

És e serás, portanto, do meu dia-a-dia
Das decisões pequenas e da mente vazia
Quando eu já não dispuser de artifício nenhum
Que justifique o passo seguinte, o estagnar ou a escolha do rum

Sem querer

Senhor, em preces suplico:
Esquecer-te de mim,
Agora teu inimigo

Não desejo teu alento,
Todas as mulheres, eu sei,
Vieram a mim comprazimento

Minha ‘alma pulava,
Meu corpo cedia,
Minha mente enceguecia

Morei entre o puro e o impuro,
Repousei sobre livros no escuro
E matei todos os melhores que eu

De tantos sofrimentos,
Meu espírito padeceu,
Temi então, deixar esta vida,
Como quem nada viveu

Deixei todos os amores
Que geravam minhas dores
E, cansados, partiam,
Dissolvendo minhas noites

Senhor...
Frívola e gélida,
Minha ‘alma já não grita pelos cantos,
Depois de ressentimentos tantos

Se quiseres agora, me condene!
Minha alma jaz ruinosa
E qualquer paixão que adentre,
Será repudiada como leprosa

Por favor, Senhor,
Cuide dos corajosos do teu mundo,
Que em meio a escabrosidades
Encontram motivos para viver

Esquecer-te deste imundo,
Que em ato covarde quer falecer.

Turva direção

Paz armada é minha situação.
Percebe quem sente a briga
Da mente com o coração.

Vaguei até aqui pensando em mudar de direção,
Mas cheguei cansado e optei pela avenida da maioria,
Em que seguem todos mudos numa vida fantasia.

Aqui somos semelhantes e tristonhos,
E por sermos muitos, um não significa tanto
A mente já nos omitiu do destino, os sonhos.

Meu coração tem fome, sofrendo por pouco,
Ele me perturba querendo amar de novo.
Não há de ter chance, neste mau agouro.

De qualquer incentivo dado a este coração,
Meu passado errado tira-me a motivação.
Viajo olhando para as esquinas,
Mas continuarei na Avenida Solidão.

Minha esperança se foi com a garota do riso frouxo,
Tentei de tudo, até mesmo voltar em contramão,
Mas já estou magoado e cansado.
Quem caminha bem é quem ama pouco e vive errado.

Será, muitas vezes, intencional ferir à si próprio, objetivando tornar a dor física inibidora da dor emocional por sua maior diferença em intensidade?

Ahh! Foi chuva de verão
Fez uma tempestade
Bagunçou tudo quando
Passou por aqui
E deixou uma baita marca
Pra depois sair por ai
Espalhando ao leú
Que nada foi tão bom
Que o chá da tarde
Foi todo desperdiçado
Que teu riso era falso
E que aquelas tuas
Carícias nunca foram
Dadas com amor
Ahh! Mas só eu
Que vibrei contigo
Sei muito bem
Que se arrependimento
Te matasse
Tu estarias bem vivo

Não há argumento convincente o bastante para justificar um ato de maldade que favoreça a cólera, contanto que o ser humano busque sempre o bem, a harmonia e a unidade na pluralidade

Loucura é esquecer de olhar a vida com o frescor dos olhos de primeira vez.