Coleção pessoal de AngelaBeatrizSabbag

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Estou me tornando uma velha covarde. Onde anda a fé que eu não preciso alardear que tenho, mas que sei que é forte e é o que mantem em pé. Estou covarde como um rato acuado no canto da parede, assustada e trêmula. Ao mesmo tempo que me sinto a menor das criaturas me imbuo no papel de Deus, pois sugiro a Ele que já estou pronta para ir embora...
Toda manhã ensaio ficar na cama até que durma o sono eterno, prometo que não vou mais olhar nenhum recado em qualquer rede social e não cumpro o que me proponho a fazer. Estou cansada de tanta violência, de tanta covardia, de tanta falta de amor...estou cansada de estima, abraço e beijos virtuais.

E eu que pensava conhecer o amor...ele surgiu de mansinho na minha vida e foi tomando conta de todo o meu ser.
Agora, quando ausente faz todo o resto ficar incolor, insípido e inodoro.
Mas quando possibilita o encontro é só êxtase.
A saudade dói!

Me detive em frente ao meu espelho interior e fiquei estarrecida com tantos horrores encarados. Me descobri uma fraude, uma borbulhante e alegre farsa. Me encontrei numa cortante solidão, daquelas que na hora "H", quando faz-se mister contabilizar o número de amigos, sua cabeça quase explode e não vem um único nome. Então não encontrei para onde correr, só me restou constatar que sou um enorme e retumbante fracasso. Está doendo muito, está doendo demais...sinto que estou diluindo aos poucos, e a única companhia desses momentos derradeiros é algo que jamais me abandonou, a sempre presente solidão.

Trago comigo a mania esquisita de ver o bom e o bem em todos. Gostaria muito de desapegar-me desse vício, que não sei se de ofício ou existência.
Tenho vivido esse mais de meio Século de existência na inocência, ou melhor, ingenuamente crendo que todos os ois e olás são dados para a gente por pessoas que realmente se preocupam conosco, que nos estimam e nutrem pela gente todos os bons sentimentos de uma verdadeira amizade.
Aqui não culpo ninguém além de mim, porque vivo uma realidade anacrônica à época em que realmente vivemos.
Quando digo que sou mocinha, não me refiro a minha idade porque essa jamais fiz questão de ocultar, mesmo porque acho que todos devemos nos orgulhar pela bagagem que carregamos. Quando refiro a mim como mocinha é uma alusão feita aos romances que aprecio e também em antagonismo às vilãs que também fazem parte do enredo desse gênero de literatura.
Bem, o fato é que confesso que cansei...já crendo piamente ter feito por essas paragens tudo o que havia para ser feito por mim, tenho entregue diuturnamente minha vida a Quem a criou e a mim me deu.
Ah, como me satisfaria encerrar aqui com um agradecimento a cada qual que de alguma forma conviveu comigo e já aproveitando dar o meu adeus.

Somos uma geração de guerreiros. Temos que temer a polícia, os bandidos e os nossos fantasmas.

Parece que estar mal não é pecado, mas confessar que assim está é.
Se você não quer atirar a primeira pedra, afaste-se de mim!

Se a vida fosse um cassino e nós os jogadores, poderia dizer de mim que fui uma ganhadora, que quebrei a banca incontáveis vezes. Mas aqui, tal como lá, a banca não perde nunca. Estou pagando o preço por tão grande sucesso no passado. Se é injusto? Talvez...

Estou triste, profunda e irremediavelmente triste. De repente, assim num estalar de dedos, me dei conta de que não sou nada.
Até breve, ou nunca mais...

Quisera ser Ângela-san. Sou Ângela sans...

Quero ganhar a Mega-Sena acumulada, ir para Málaga, Maldivas ou Maurícius, tanto faz...curtir o mar até o fim, dele ou Meu, também não importa...Mergulhar na felicidade, Morrer de amor pela vida, Misturar tudo que eu gosto sem Me importar se combina...Meditar no Mahal, Mulher consumista, como todas as Marias torrar nos shoppings e, o resto, Melhor decidir com Moderação!

Amor-Emor-Imor-Omor-Umor...Então algum sábio acrescentou H ao Umor, pois previu que o AMOR não se sustenta sem o HUMOR!

A dor é insuportável...
O orgulho a faz ficar paralisada, amuada, totalmente sem qualquer iniciativa.
Agora parece estar tudo perdido, ela colocou-se em posição de vítima, conformou-se por se encontrar por momentos muito efêmeros com a felicidade.

A crueldade está nos chocando, cada vez mais. Mas nós que nos horrorizamos também não somos santos. A língua é uma arma que não requer porte, mas fere e até mata. Prestemos mais atenção e nos esforcemos para não sermos tão levianos.

A juventude é a mais alucinógena das drogas lícitas!

Nem quem a observasse atentamente poderia supor a tempestade interna que ela estava enfrentando. Acostumara-se desde sempre a só transmitir alegria, a euforia que realmente sentia diante de muitas coisas que a encantavam. Nesse momento sua dor era visceral, mas ela reagia como moça fina, como também fina era sua ironia...

Infelizmente, felicidade é presente que não se dá. Felicidade podemos desejar para alguém, porque é sentimento que mora dentro de cada um...

Nenhuma convicção que eu tenho é cláusula pétrea, portanto minha decisão tomada pode vir a mudar...
O que vale na vida é o equilíbrio, nem tanto ao céu e nem tanto ao mar. Já fui de sair todos os dias da semana, e agora estou francamente tentada a só sair para as missas e médicos. Pronto, criei raiz!

A vida é um movimento incessante de metamorfoses...triste é aquele que se agarra a uma idéia, a um sentimento ou a qualquer outra coisa e faz desse apego um fato imutável. Nem as pessoas as quais amamos mais que a nossa própria vida ficam conosco para sempre e, isso às vezes independe da vontade de ambas as partes, como no caso da morte. Então, até esse amor sofre uma mudança, passa da alegria do convívio para a felicidade das lembranças. Chato é deixar de gostar de alguém por qualquer besteira e, divino é ter a oportunidade de amar alguém a quem não se valorizava. Então, queridos, nada é definitivo!

Acaso existe um caso no ocaso?

Estou meio perdida. O meio é eufemismo, pois sempre foi meu costume tentar minimizar o que é desagradável.Então que seja, estou perdida e meia e não é a primeira vez que isso me acontece. O que parece ser diferente é a intensidade da dor e do abatimento que me acometeram dessa vez.
Me tornei princesa, e meu reinado não durou apenas alguns minutos como no caso da mais recente Miss Universo, que ao ser proclamada como tal, logo em seguida soube que na realidade era a segunda mulher mais bonita do universo, pois o apresentador do certame houvera se equivocado ao ler os resultados.
Pois bem, também não fiquei com a minha coroa o tempo que sonhei ficar, mas nem por isso o que vivi por conta de usá-la está me fazendo menos falta.
Tive muitas experiências inéditas, então dá até para o mais ingênuo leitor ter a dimensão da tristeza que estou sentindo, pois essas coisas que vivenciei pela primeira vez estão todinhas atreladas a imagem do príncipe que me encantava.
O Príncipe, que agora suponho até ser o da obra de Maquiavel, foi me enredando na teia do amor perfeito sem pressa, com muito cuidado e paciência, o que me fez compreender que os sentimentos intempestivos podem ter a força de um furacão, mas como os fenômenos da natureza logo passam. Senti o que já vinha pressentindo há algum tempo: o sentimento que vai surgindo, brota, cresce e quando você vê ele está ali, palpável, sólido e muito bem alicerçado.
Oh, dor! Levei um tiro certeiro no peito e estou sangrando de morte...
Por isso estou meio perdida.