Citações de Fernando Pessoa

Cerca de 967 citações de Fernando Pessoa

E que fresco e feliz horror o de não haver ali ninguém! Nem
nós, que por ali íamos, ali estávamos. . . Porque nós não éramos
ninguém. Nem mesmo éramos coisa alguma.. . Não tínhamos
vida que a morte precisasse para matar. Éramos tão tênues e
rasteirinhos que o vento do decorrer nos deixara inúteis e a hora
passava por nós acariciando-nos como uma brisa pelo cimo de
uma palmeira.
Não tínhamos época nem propósito. Toda a finalidade das
coisas e dos seres ficara-nos à porta daquele paraíso de ausência.
Imobilizar-se, para nos sentir senti-la, a alma rugosa dos
troncos, a alma estendida das folhas, a alma núbil das flores, a
alma vergada dos frutos. . .
E assim nós morremos a nossa vida, tão atentos separadamente
a morrê-la que não reparamos que éramos um só, que cada
um de nós era uma ilusão do outro, e cada um, dentro de si, o
mero eco do seu próprio ser. . .
Zumbe uma mosca, incerta e mínima. . .
Raiam na minha atenção vagos ruídos, nítidos e dispersos, que
enchem de ser já dia a minha consciência do nosso quarto...
Nosso quarto? Nosso de que dois, se eu estou sozinho? Não sei.
Tudo se funde e só fica, fingindo, uma realidade-bruma em que
a minha incerteza soçobra e o meu compreender-me, embalado
de ópios, adormece. . .
A manhã rompeu, como uma queda, do cimo pálido da Hora.
. . Acabaram de arder, meu amor, na lareira da nossa vida,
as achas dos nossos sonhos.. .
Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque
cansa, da vida, porque farta, e não sacia, e até da morte, porque
traz mais do que se quer e menos do que se espera.
Desenganemo-nos, ó Velada, do nosso próprio tédio, porque
se envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angústia que é.
Não choremos, não odiemos, não desejemos. . .
Cubramos, ó silenciosa, com um lençol de linho fino o perfil
hirto da nossa Imperfeição. . .

Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,

Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.


Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, 6-1-1923

Teu amor pelas coisas sonhadas era o teu desprezo pelas coisas vividas.

Mas eu não tenho princípios. Hoje defendo uma coisa, amanhã outra. Mas não creio no que defendo hoje, nem amanhã terei fé no que defenderei.

Fernando Pessoa
Páginas íntimas e de autointerpretação. Lisboa: Ática, 1966.

Lançou-me em pesar profundo
Lançou-me a mágoa seu véu:
Menos um ser n'este mundo
E mais um anjo no céu.

" Porque o único sentido oculto das coisas ,é elas não terem sentido oculto nenhum"

“Estou começando a me convencer que não existo. Eu sou o espaço entre o que eu gostaria de ser e o que os outros fizeram de mim. Apenas deixe-me estar à vontade e sozinho no meu quarto.”

A vida dói mas é bela e misteriosa!!!

A pálida luz da manhã de Inverno,

A pálida luz da manhã de Inverno,
O cais e a razão
Não dão mais esperança, nem uma esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem um vazio sequer,
Para o meu esperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.

Fernando Pessoa
Livro Poesias Inéditas (1919-1930)

Tens um livro que não lês,
Tens uma flor que desfolhas;
Tens um coração aos pés
E para ele não olhas.

No teatro da vida quem tem o papel de sinceridade é quem, geralmente, mais bem vai no seu papel.

"Eu não tenho rancores nem ódios. Esses sentimentos pertencem àqueles que têm uma opinião, ou uma profissão, ou um objetivo na vida".
(In Instabilidade - Extraído de "Fernando Pessoa - O livro das citações" - Organizado por José Paulo Cavalcanti Filho - Rio de Janeiro, Record, 2013)

Grande é a poesia, a bondade e as danças. Mas o melhor que há no mundo são as crianças.
(in "Liberdade")

"Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado". (O guardador de rebanhos)

"Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha". (Ode marítima)

Não se deve falar demasiado. Quando falo demais começo a separar-me de mim e a ouvir-me falar". (O marinheiro)

“De tanto lidar com o sonhos,
eu mesmo me converti num sonho.
O sonho de mim mesmo”.
(Livro do desassossego - Bernardo Soares)

"Muitos não sabem propriamente distinguir a originalidade da excentricidade: uma caracteriza o gênio, outra manifesta o louco".

No teatro da vida quem tem o papel de sinceridade é quem, geralmente, mais bem vai no seu papel.

Fernando Pessoa
Aforismos e afins. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

Árvores, pedras, montes, bailam parados dentro de mim...

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