Cidadão
DISCORDÂNCIA
Eduardo e Mônica não discordavam,
eles apenas eram antagônicos,
mas não é por isso que era fácil
uma vida a dois.
O poder da discordância é,
ainda hoje, um poder caro.
Requer maturidade e capacidade,
requer talento e empatia,
requer segurança e uma fala fria.
Comecei a minha análise
em um ponto pouco explorado,
tive uma concepção errada,
fui chamado de mentiroso,
então fiquei agoniado.
Pode parecer que é longe,
mas é perto e tênue
a linha do afeto.
O poder da discordância também
é colocado para o além,
para as coisas que se falem
de Deus e que os homens não sabem.
Nessa infinitude de interpretações
suas certezas me dominam
como um ponto cego em linha reta
ou barco em alto mar.
Mas foi também pela discordância
que um bravo capitão, dito Kakay,
nos fez então unir e concordar.
Ora, pois, mudou de ideia ou
apenas se deu a conformar?
Acho que nesse ganha-ganha
só não ganha mesmo
quem abre mão de discordar.
Porque eu ganhei o dia
ao te ver me olhar.
DEMISSEXUALIDADE
É sobre gostar sem tocar,
amar sem pedir,
apaixonar sem beijar
e encantar só com um olhar
ou com todo um falar.
É dominante, cheio de furor,
muitas vezes cego e incapaz
de enxergar sua própria cova
sendo cavada
por tanto relacionamento
sem futuro, só cilada.
Se, em resumo, for possível
acabar com todo o empecilho
é provável que haja amor
sem qualquer desatino.
Mas se empecilho for colocado
de duas uma: ou ele ama
ou então se destrói
em lágrimas alagado.
Geralmente tudo acaba,
ou em lágrimas ou em risos,
todos desesperados.
A unidade na diversidade requer um elo central. O afeto, a consideração, o respeito, a admiração, o querer bem, o compartilhar, a irmandade, a amizade... Tudo é elo se assim quiser ser. Toda pluralidade requer diplomacia de interesses e transparência de objetivos. O resultado é o impacto e a permanência vitalícia na memória.
Há presenças ausentes e ausências presentes. Difícil é ter presenças presentes e fazer ausentes se tornarem ausências.
Há validade quando se ganha e quando se perde. Quando se perde, vale o aprendizado. Quando se ganha, também.
Qualquer relação depende de complacência, paciência, honestidade e, sobretudo, tempo para falar, escutar e meditar.
O consumidor precisa fazer tudo que está a seu alcance para que a empresa se sinta no dever de cumprir com a confiança do consumidor.