Ciclo Olavo Bilac
"Consciência, no sentido forte da palavra, é autoconsciência atual, responsável – é algo que só pode existir no indivíduo real, presente, atuante. Consciência genérica, abstrata, é um puro fetiche lógico."
Um filósofo é, afinal, um especialista em unidade: raramente ele enunciará alguma proposição solta, sem raiz em princípios gerais e sem uma rede de conexões com a totalidade de suas idéias. Um bom leitor de filosofia não se perde na discussão de detalhes isolados, mas, guiado por um instinto de coerência que já o torna um pouco filósofo, busca por trás de tudo os princípios e fundamentos.
"Para você saber o sentido de uma coisa, primeiro precisa saber que coisa é esta. 'Que é que eu sou?', 'Onde é que eu estou?', 'Que é que eu estou fazendo aqui?' [...] Por exemplo: Você deseja realmente saber todos os impulsos hereditários malignos que herdou de seus antepassados? [...] A isto Dante chama descida aos infernos: reconhecer as possibilidades inferiores que ainda estão em você. [...] Então, se não quer, não adianta ir rezar, porque a função do Espírito Santo é revelar precisamente isso para você."
"Quando acontece uma grande desgraça, o indivíduo se pergunta 'por que isso aconteceu a mim?'. Boa pergunta, mas antes de perguntar pela desgraça, já devia ter perguntado uma série de outras coisas. [...] Na verdade, se o indivíduo passar a vida toda ignorando solenemente tudo o que se passa, quando ocorrer a desgraça ele também não vai entender, vai ficar ainda mais burro do que estava antes."
"No mundo cristão, o que não quis ver tem culpa. Sempre há uma margem de manobra: as coisas poderiam ser de outra maneira. Pode haver um desenlace horrível, mas não trágico, porque não fatal. Foi uma escolha errada. De maneira aparentemente paradoxal, a culpa restaura a liberdade, porque ao assumir a culpa o sujeito vence, de certo modo, o destino fatal."
"As pessoas que hoje falam levianamente contra o senso cristão da culpa não entendem ou fingem não entender que a única alternativa a isso é o retorno à fatalidade trágica grega onde o inocente é sempre condenado. Os inimigos do sentimento de culpa são inimigos da liberdade."
O ser humano não nasceu para corrigir o mundo. A esfera de ação própria do ser humano é muito pequena. E hoje em dia todo mundo tem a ambição de criar um mundo melhor. Qualquer garoto de 12 anos está criando um mundo melhor. Então é essa ambição de criar um mundo melhor que faz os camaradas entrarem numa luta pelo poder — porque, se você quer mudar o mundo, você precisa ter o poder para modificá-lo —, então modificar o mundo, melhorar o mundo passa a ser o capítulo 2; o capítulo 1 é conquistar o poder. Esse pessoal cria uma obsessão de poder, e todos eles se corrompem até o fundo da alma, e se transformam eles mesmos em maiores propagadores do mal ainda.
A mais perfeita forma de amizade somente é possível para aqueles que buscam a Verdade. Pessoas mundanas, por melhores que sejam, jamais conhecerão a dimensão espiritual de um verdadeiro amigo.
Em filosofia, toda expressão é provisória e requer o acúmulo praticamente interminável de esclarecimentos. Mas ao público brasileiro de hoje falta algo mais que a consciência disso. Falta o sentido mesmo da ligação orgânica entre as asserções e os argumentos que as embasam.
Em filosofia [...], nenhuma proposição significa nada quando considerada independentemente das razões que a ela conduzem. Nas discussões vulgares, ao contrário, cada afirmação vale por si; os argumentos podem torná-la mais aceitável, mas nada lhe acrescentam: sobra-lhes apenas a função de floreados enfáticos, destinados a sublinhar e colorir uma decisão tomada antes e independentemente deles.
A precaução mais elementar, ao ler os escritos de um filósofo, é lembrar que nossas objeções mais imediatas já devem ter-lhe ocorrido e podem estar respondidas, ao menos de maneira implícita, em alguma outra parte de sua obra.
"Esta expressão [tune deafness], para a qual não achei uma tradução unanimemente aceita em português (pode ser 'privação melódica'), designa a pessoa que, embora sem sofrer de nenhuma deficiência auditiva, simplesmente não consegue captar uma melodia. Ouve as notas separadas, mas não atina com a frase musical que compõem. Se o cantor desafina, ou o pianista toca um ré onde deveria entrar um fá, ela não nota a mínima diferença. Nos casos mais graves, o doente não consegue nem mesmo entender o que é música: não nota a mínima diferença entre os Concertos de Brandemburgo e o som das buzinas no tráfego congestionado. A doença é esquisita, mas não rara: segundo dados recentes, dois por cento das pessoas têm algum grau de tune deafness."
"A objetividade é sempre possível. O que não é possível é garanti-la mediante regrinhas e norminhas padronizadas. [...] Em geral, o conceito padronizado de objetividade é justamente um refúgio contra a necessidade de um esforço pessoal de descoberta e admissão da verdade."
"A objetividade é, em última análise, humildade perante o real – a humildade da inteligência. É talvez a mais difícil das virtudes. Não é coisa que se conquiste sem uma ascese interior, dificilmente acessível a pessoas que, como os jornalistas, vivem num meio antes propenso à tagarelice do que à reflexão. A probabilidade de que a massa dos jornalistas alcance essas alturas é a mesma de que todos os homens do mundo se tornem virtuosos por força das normas legais."
Não entendo qual a vantagem de 'pensar com os próprios miolos'. Quando vejo todos os livros bons que li desde a juventude, sei que eu jamais conseguiria descobrir por mim mesmo um milésimo do que ali aprendi.
As coisas mais originais que acredito ter descoberto -- a teoria dos quatro discursos, o intuicionismo radical, as camadas da personalidade, o trauma de emergência da razão, a teoria da mentalidade revolucionária etc. -- não são senão a expressão formal de coisas que os filósofos dos séculos passados já haviam insinuado compactadamente. Não há nada de novo sob o sol, mesmo o topless já está um pouco antiquado.
Uma das muitas causas do seu desaparecimento [do leitor autêntico], no nosso país, é que a formação dos jovens leitores — e falo dos melhores — se faz sob uma influência predominantemente anglófona. Ninguém lê mais em francês, espanhol, italiano ou latim. Muito menos lê os clássicos portugueses. Como os princípios da estilística inglesa são intransponíveis para o português, esses leitores acabam perdendo o ouvido para o próprio idioma. Quando lêem, não captam as nuances de sentido nem a ordem musical. Quando escrevem, imitam trejeitos ingleses que não dão certo em português e terminam em pura macaquice. E não falo só de trejeitos lingüísticos, mas psicológicos — de certos cacoetes de percepção que são típicos da intelectualidade norte-americana.
Liberal education é, para resumir, a educação da mente para os debates culturais e cívicos mediante a leitura meditada dos clássicos. Acabo de escrever esta palavra, 'clássicos', e já vejo que não sou compreendido. A falta de uma liberal education dá a esse termo a acepção estrita de obras literárias famosas e antigas, lidas por lazer ou obrigação escolar. Um clássico, no sentido de Adler, não é sempre uma obra de literatura: entre os clássicos há livros sobre eletricidade e fisiologia animal, os milagres de Cristo e a constituição romana: coisas que ninguém hoje leria por lazer e que geralmente são deixadas aos especialistas. Mas um clássico não é um livro para especialistas. É um livro que deu origem aos termos, conceitos e valores que usamos na vida diária e nos debates públicos. É um livro para o homem comum que pretenda ser o cidadão consciente de uma democracia. Clássicos são livros que criaram as noções de realidade e fantasia, senso comum e extravagância, razão e irrazão, liberdade e tirania, absoluto e relativo – as noções que usamos diariamente para expressar nossos pontos de vista. Só que, quando o fazemos sem uma educação liberal, limitamo-nos a repetir um script que não compreendemos. Nossas palavras não têm fundo, não refletem uma longa experiência humana nem um sólido senso de realidade, apenas a superfície verbal do momento, as ilusões de um vocabulário prêt-à-porter. A educação liberal consiste não somente em dar esses livros a ler, mas em ensinar a lê-los segundo uma técnica de compreensão e interpretação que começa com os eruditos greco-romanos e atravessa, como um fio condutor, toda a história da consciência ocidental.
"Estudar lógica não torna ninguém mais inteligente, nem mais lógico. O que funciona é treinar o 'instinto lógico' no uso da linguagem diária. Instinto lógico é o senso da coerência entre linguagem e realidade. Nenhum manual de lógica ensina isso, mas todas as grandes obras de literatura ensinam."
O que nos desagrada não pode se tornar mágoa ou ressentimento, deve se tornar motivo de crescimento e aprendizado.
Ser cristão NÃO É ter uma conduta irrepreensível, nem muito menos andar só com pessoas de conduta irrepreensível. É levar uma vida de CONFISSÃO e PERDÃO. É carregar nas costas os pecados dos outros, em vez de fugir deles fazendo o sinal da cruz. NÓS temos de SER o sinal da cruz.
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