Ciclo Olavo Bilac
A exaltação imaginativa é um estado em que a mente, embevecida com o seu ideal, se identifica mais ou menos inconscientemente com ele e atribui a si as perfeições que a ele pertencem, como se já as tivesse realizado. [...] O exaltado toma o potencial por atual, imaginando possuir as perfeições a que aspira.
Interpretar cada opinião pessoal minha como se fosse instrução disciplinar dada a um grupo militante é coisa de gente que, na cabeça, só tem mesmo discurso militante.
A inversão banalizante só pode ocorrer mediante uma mutação súbita, longamente preparada no subconsciente. [...] Quebram-se, assim, inúmeras cadeias de reflexos condicionados que constituíam a base subconsciente do comportamento, e o homem se vê num estado de indeslindável confusão.
A banalização consiste neste nivelamento-por-baixo do sentimento moral e estético. Ela permite que o indivíduo adote, como normais e indiferentes, atitudes e opiniões que antes lhe pareciam imorais e desprezíveis. Não raro a mutação apaga blocos inteiros da memória, de modo que o indivíduo, para sustentar com alguma coerência o seu novo padrão de comportamento, chega a negar os fatos mais óbvios e patentes que presenciou.
[...] a neurose do idealista exaltado tem sua origem na soberba, pois o ego, ao identificar-se com a imagem do ideal, atribui a si mesmo, atual e efetivamente, qualidades que só lhe pertencem de modo virtual e por espelhismo. É uma forma de autolatria. Quando os teólogos dizem que a soberba é a raiz de todos os pecados, é isto o que eles têm em vista: o idealista exaltado corrompe o bem na sua própria raiz, corrompe-o na medida em que tem por ele um amor egoísta.
Uma sociedade voltada para a busca de um ideal religioso, moral ou cultural universal, e dotada dos instrumentos educacionais capazes de viabilizar a realização humana de seus membros, produz, certamente, uma esplêndida floração de individualidades vigorosas e ricas que, por sua vez, contribuem para o progresso e o brilho da sociedade.
"[...] E se é fato que 'chegará o momento em que cada um, sozinho, privado de todo contato material que possa ajudá-lo em sua resistência interior, terá de encontrar em si mesmo, e só nele mesmo, o meio de aderir firmemente, pelo centro de sua existência, ao Senhor de toda Verdade', não é menos verdade que está somente nas mãos de cada qual dizer a este mundo sedutor e ameaçador: [...] 'Podes latir, mas não podes morder, a não ser que eu o deseje'."
Há mais sociologia em Balzac e mais ciência política em Dostoiévski do que em todas as faculdades de ciências sociais do mundo.
"Só há duas fontes de conhecimento: a intuição e o testemunho. Intuição não é 'apreensão pelo subconsciente', 'penetração no interior das coisas', 'sentimento de identificação', nem nenhuma dessas patacoadas. É PERCEPÇÃO IMEDIATA DE UMA PRESENÇA. Um raciocínio ou demonstração lógica não passa de um encadeamento de percepções intuitivas da identidade ou diferença entre proposições (presentes à consciência). Tudo o que não é conhecimento intuitivo é confiança num testemunho. Não há uma terceira maneira de conhecer. Isso NÃO É diferente na religião e na ciência."
Há perigos tão temíveis que infundem no coração, mais que o medo de enfrentá-los, a recusa de enxergá-los.
Numa discussão, a superioridade intelectual nem sempre é vantajosa. Quando excessiva, torna-se um inconveniente, pela simples razão de que nada pode fazer um debatedor render-se a um argumento que esteja acima da sua compreensão. Quanto mais esmagado sob montanhas de fatos e provas, mais ele se sentirá imune e vitorioso, saindo do debate persuadido de que foi vítima de injustiça. Se há uma força invencível neste mundo, é a burrice.
A paixão desmesurada pela 'inteligência artificial' é o indício mais seguro de falta de inteligência natural.
"'Instituições' são estruturas, formas estáticas. Democracia só pode existir no plano do tempo, da ação.
A apologia das 'instituições democráticas' só revela desconhecimento do que é democracia ou sério desejo de sufocá-la sob toneladas de louvores fingidos.
A democracia não está nas 'instituições', mas na existência de um efetivo controle popular sobre o funcionamento delas. Ou seja: só começou a haver um pinguinho de democracia no Brasil a partir de 2013, e as incelenças -- guardiãs das tais 'instituições democráticas' -- já acharam que foi excessivo."
Quando fui para a escola, tive imensa dificuldade em entender por que queriam que eu estivesse ali. No primeiro dia troquei porradas com um colega (que depois virou meu melhor amigo), e achei que fosse um lugar aonde nos mandavam só para testar nossa resistência. Às porradas resisti bem, mas o tédio quase me matou.
"É típico da mentalidade inferior fazer pose de superioridade para não ter jamais de superar porra nenhuma.
A pose transfere a questão para o reino do faz-de-conta e infunde no posudo um reconfortante sentimento de que resolveu tudo, quando não fez é bosta nenhuma."
A partir da década de 80, a literatura brasileira desaparece. A complexa e rica imagem da vida nacional que se via nas obras dos melhores escritores é então substituída por um sistema de estereótipos, vulgares e mecânicos até o desespero, infinitamente repetidos pela TV, pelo jornalismo, pelos livros didáticos e pelos discursos dos políticos.
No mesmo período, o Brasil sofreu mudanças histórico-culturais avassaladoras, que, sem o testemunho da literatura, não podem se integrar no imaginário coletivo nem muito menos tornar-se objeto de reflexão. Foram trinta anos de metamorfoses vividas em estado de sono hipnótico, talvez irrecuperáveis para sempre.
"Podemos usar a expressão 'espírito da época' se entendermos que é apenas um desenho convencional criado por formadores da opinião pública, os quais excluem desse desenho tudo o que, na mesma época, vai contra o que pretendem enfatizar."
"Ser tradicionalista e antimoderno é frescura. Não se luta contra uma época, já que toda época traz em si sua própria contradição. O antimodernismo é tão moderno quanto o modernismo."
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