Ciclo Olavo Bilac

Cerca de 3380 frases e pensamentos: Ciclo Olavo Bilac

Que futuro pode ter um povo que não quer ser governado por homens cultos e inteligentes, mas por imbecis semi-analfabetos diante dos quais ele não se sinta inferiorizado?

Se você tem complexo de inferioridade, pense nisto: talvez você seja inferior mesmo.

Se você é inferior, não adianta diminuir o padrão de medida para se sentir melhor. Quando você se mede por um imbecil de sucesso, sempre resta o sucesso para marcar uma diferença humilhante.

Só há um jeito de se livrar de todas essas veadagens: tente ser grande por dentro e aceitar uma posição social modesta. Seja generoso como um rei e humilde como um lavrador. Nunca mais terá complexo de nada.

Inserida por LEandRO_ALissON

No Brasil, se um sujeito escreve bons livros, educa milhares de pessoas e desperta por toda parte vocações criadoras, não faltará quem acredite que falar mal dele é uma realização ainda mais grandiosa.

Inserida por LEandRO_ALissON

Um filósofo na mídia é um pregador 'in partibus infidelium' — um jesuíta entre antropófagos. Não entendem uma palavra do que ele diz e ele ainda se arrisca a ser comido vivo. Em outras épocas, filósofos-jornalistas como Ortega y Gasset, Gabriel Marcel e Raymond Aron podiam contar com um público habilitado, que compreendia seus argumentos. Hoje é preciso, ao mesmo tempo, argumentar e ensinar ao público o que é um argumento. Pior ainda: quanto mais despreparado, mais o público de hoje é arrogante e palpiteiro. O que recebo de cartas pretensiosas, sem pé nem cabeça, é uma grandeza.

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Nos meus estudos de astrologia, cheguei a um impasse. Criei uma vasta estratégia metodológica para transformar o assunto em matéria de estudo científico, mas, uma vez erguido o arcabouço teórico, era impossível passar à fase da pesquisa empírica, que requeria muita gente, muito tempo e muito dinheiro. Então decidi abandonar o assunto até segunda ordem.

Não me preocupo com o preconceito contra a astrologia, porque a astrologia que se pratica hoje, inspirada pela ideologia da New Age, é ela própria um conjunto de preconceitos.

Não há debate sério entre os que dizem ser a astrologia uma ciência e os que respondem que é uma pseudociência. Ela não é nem uma coisa nem outra: é um problema científico, que aguarda um tratamento à altura. Não será com proclamações de fidelidade ou com anátemas acadêmicos que vamos resolver esse caso.

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O método brasileiro de leitura consiste em impressionar-se positiva ou negativamente com algumas palavras e enxergar nelas o sentido do texto; ou em adivinhar esse sentido por meio de conjeturas sobre as ligações do autor com grupos, partidos e interesses que ele na maior parte dos casos desconhece.

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O individualismo, em si, não tem sentido, porque a individualidade humana não é causa sui: ela depende de um quadro cultural e político que, justamente, só as tradições podem criar. Vocês podem averiguar, historicamente, que a consciência de individualidade humana, como a conhecemos hoje, esteve ausente em toda a humanidade anterior ao cristianismo. Um primeiro vislumbre surge na Grécia, mas só entre intelectuais (é o assunto do livro maravilhoso de Bruno Snell: A Descoberta do Espírito). Solta a si mesma, a individualidade se decompõe em fragmentos cada vez menores e se dissolve atomisticamente nas forças ambientes. O máximo de liberdade aparente conduz aí à total escravização.

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Se a alma fosse uma substância separada do corpo, seria impossível compreender qualquer coisa da psicologia de um ser humano pela sua expressão corporal.
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Corpo e alma não podem estar 'unidos', porque são apenas a mesma coisa vista em duas escalas: quando a matéria se extingue, a forma que a modelava permanece na mente de Deus. Quanto ao 'espírito', também não é uma substância distinta (só os gnósticos acreditam nisso), é apenas a faixa superior da alma.
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O dualismo está tão impregnado na cultura moderna, que a maioria das pessoas continua interpretando nesse sentido a afirmação de que 'a alma é a forma do corpo'. Entende forma no sentido de formato externo, ou no sentido da distinção entre o espacial e o inespacial. Alguém diz, por exemplo, 'A alma não tem glândulas'. É claro que tem. A alma não é o formato, é a fórmula, o algorítimo, o princípio articulador, a lei de proporcionalidade intrínseca do corpo. Nada está no corpo que não esteja antes — e depois — na alma.
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O algoritmo contém todas as mutações que a individualidade corporalizada pode sofrer ao longo da sua existência terrestre, separadas daquelas que não pode. Por exemplo, você pode ficar gordo ou magro, pode vir a ser um santo ou um genocida, mas não se transformará jamais numa vaca ou num trombone.

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O mais grosseiro vício de pensamento – e o efeito mais visível do analfabetismo funcional – é a 'ignoratio elenchi': a incapacidade de perceber qual o ponto em discussão. Seu sinal mais patente é a dissolução do específico no genérico. Por exemplo, se estamos discutindo a questão da Eucaristia nas doutrinas de Lutero e Calvino, o analfabeto funcional transforma isso logo num confronto geral de protestantismo e catolicismo, e dispara contra a igreja adversária todas as acusações mais disparatadas que lhe vêm à cabeça, sem notar que cada uma delas não apenas é incapaz de resolver a questão inicial, mas levanta, por si mesma, uma discussão em separado, em geral tão difícil e complicada quanto a primeira. [...] É evidente que nenhuma discussão racional sobrevive a essa operação, a qual dissolve todas as questões num confronto geral de torcidas – uma disputa 'política' no sentido de Carl Schmitt, impossível de ser arbitrada senão pelo recenseamento do número de gritos.

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O Fábio Salgado de Carvalho, assim como o Raphael De Paola e mais meia dúzia, está entre os alunos mais qualificados para prosseguir o meu trabalho -- e até dar-lhe um 'upgrade' -- quando eu bater as botas ou ficar gagá.

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O socioconstrutivismo foi inventado PARA bloquear a passagem normal e natural da percepção ao pensamento abstrato e substitui-la por associações de idéias forjadas por planejadores sociais. O dano afeta a pessoa FISICAMENTE e, ao contrário da ignorância gramatical, não pode ser corrigido por mero estudo. O analfabetismo funcional é uma TRAGÉDIA DE PROPORÇÕES COLOSSAIS.

Os analfabetos funcionais ajudam uns aos outros a não perceber que o são.

Repito: o analfabetismo funcional endêmico entre as classes ditas letradas é O MAIOR PROBLEMA DO BRASIL, muito acima da corrupção, do nacotráfico, da violência generalizada, da pobreza e do desemprego, pois é ele que impede que qualquer desses problemas tenha solução.

Uma pessoa perfeitamente alfabetizada pode ser ruim de gramática pelo resto da vida se parar de estudar o assunto logo na adolescência, mas o analfabeto funcional já está pronto para uma vida de burrice entre os cinco e os oito anos. A inépcia gramatical pode ser corrigida com uma simples retomada dos estudos, mas superar o analfabetismo funcional exige a realfabetização e quase uma metanóia.

A escrita literária é a arte da ambiguidade controlada -- algo eternamente inacessível às mentes viciadas no conforto fácil das correspondências biunívocas. É o mata-burros do analfabeto funcional diplomado.

O analfabeto funcional é estruturalmente incapaz de perceber que, quando apontamos nas suas idéias uma 'ignoratio elenchi", NÃO ESTAMOS contestando suas opiniões sobre o tema e sim apenas mostrando que elas não existem.

Os retóricos romanos julgavam mais fácil, para o argumentador, persuadir um inimigo feroz do que um ouvinte incapaz. Eu que o diga.

A ignorância da gramática vem junto com complexo de inferioridade e inibição social com a mesma freqúência com que o analfabetismo funcional vem acompanhado de síndrome de Dunning-Kruger.

É incrível -- para quem estuda o assunto --, mas ainda há pessoas que confundem analfabetismo funcional com escasso domínio da gramática -- dois fenômenos que frequentemente vêm juntos, mas que não são o mesmo de maneira alguma. O ignorante de gramática não tem a menor dificuldade para reconhecer sua deficiência, mas o analfabeto funcional, quase sempre, imagina que entende tudo e, quando lhe mostramos que não entende, acha que é mera diferença de opiniões ou então maldade nossa.

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No Brasil, quando o sujeito aprendeu a comparar uma frase com outra frase para ver se concordam ou discordam, acha que chegou ao cume do desenvolvimento humano.
Mas eu me lembro de que o primeiro feito intelectual que me impressionou, quando eu tinha uns dezoito anos de idade, foi a similaridade que Georg Lukacs encontrou entre o gênero romance e a ordem capitalista -- uma comparação entre duas estruturas invisíveis, escondidas no fundo de um longo processo histórico. Ainda acho essa descoberta um momento de brilho incomum na história dos estudos literários.

Inserida por LEandRO_ALissON

Se você quer me ofender gravemente, me diga coisas como: 'Admiro muito você e a véia dos gatos', 'Admiro muito você e o Marco Antonio Vil', 'Admiro muito você e o Arruinaldo Azevedo', 'Admiro muito você e o Rodrigo Cocô', 'Admiro muito você e o hominho dos dois dedos.'

Se você quer me ofender mais ainda, diga que o meu problema com essas pessoas é divergência de opiniões.

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Todo o espírito da esquerda universal se condensa e se revela num único episódio exemplar: Stalin ajudando Hitler a construir o seu exército -- fazendo de um partideco provinciano um flagelo mundial -- e depois posando de heroizinho antifascista.

Inserida por LEandRO_ALissON

Vencer os comunolarápios não basta. É preciso bani-los da vida pública PARA SEMPRE. Entenderam? PARA SEMPRE. E só há um meio de fazer isso: Não deixar que a velha geração esqueça e as novas gerações ignorem o que eles fizeram. Os crimes inumeráveis que eles cometeram -- e os muitos outros que preparavam -- garantiram para eles o direito à imortalidade: a imortalidade da vergonha, do opróbrio e da desonra. Negar-lhes isso é fazer-lhes uma tremenda injustiça.

Inserida por LEandRO_ALissON

Jeremy Bentham dividiu as ciências em 'cenoscópicas' e 'ideoscópicas'. Ajustando um pouco as definições, digo que as primeiras estudam a realidade tal como ela se apresenta à experiência comum da espécie humana, as segundas a realidade tal como aparece segundo os recortes especializados que a tornam acessível aos métodos das várias ciências.
Os que estudam a ciência política ou, em geral, as ciências sociais só pelo ângulo ideoscópico cometem erro após erro, e nunca se emendam.
Mas a preparação do intelecto para as ciências cenoscópicas nada tem a ver com a educação científica habitual e especializada. Ela passa pela impregnação imaginativa do estudioso no 'senso comum', no modo como as pessoas de carne e osso vêem as coisas na sua experiência concreta.
É toda uma disciplina da percepção, do sentimento, da imaginação, em suma: da alma.
Essa é uma das normas básicas que orientam o COF. Tê-la aprendido faz com que os meus alunos acertem em suas análises políticas cem vezes mais que os opinadores jornalísticos e acadêmicos usuais.

Inserida por LEandRO_ALissON

É claro que, para cada domínio especial do conhecimento e da vida, uma faculdade em particular se destaca, ainda que sem se desligar das outras: o raciocínio lógico nas ciências, a imaginação na arte, o sentimento e a memória no conhecimento de si, a fé e a vontade na busca de Deus. Mas, sem a inteligência, que é cada uma dessas funções, ou a justaposição mecânica de todas elas, senão uma forma requintada de fetichismo? Que é uma imaginação que não intelige o que concebe, um sentimento que não se enxerga a si mesmo, uma razão que raciocina sem compreender, uma fé que aposta às cegas, sem a visão clara dos motivos de crer? São cacos de humanidade, jogados num porão escuro onde cegos tateiam em busca de vestígios de si mesmos. Toda “cultura” que se construa em cima disso não será jamais senão um monumento à miséria humana, um macabro sacrifício diante dos ídolos.

Inserida por chrystiancr

"Entre o 'Jesus histórico' e o 'Jesus da fé' -- isto é, aquele que os documentos antigos atestam e aquele que aparece no imaginário das épocas posteriores --, há um elemento mediador, sem o qual a unidade dos dois se torna invisível: o Jesus operador de milagres, cuja presença e ação tem mais provas do que a existência de qualquer personagem histórico de qualquer época. Ignorando esse terceiro elemento, o pateta compara duas abstrações e acha que fez um grande trabalho histórico."

Inserida por LEandRO_ALissON

"Os sentimentos pessoais estão proibidos. Você só pode sentir de acordo com o que o grupo de pressão manda. O caso da Claudia Jimenez é exemplar. Se ela sente que era lésbica só por timidez de arranjar homem, ela não pode dizer isso em público, pois será acusada de 'trair-se a si mesma', como se a autenticidade dos sentimentos dela não fosse matéria de foro íntimo, mas de decisão alheia."

Inserida por LEandRO_ALissON

"O gênero só é 'superior' às suas espécies no sentido puramente lógico-formal, porque as abrange no seu conceito sem ser abrangido por nenhuma delas, mas, ontológica e substancialmente, não é ele próprio uma espécie que possa ser comparada às outras e julgada 'melhor' que esta ou aquela dentre elas ou -- muito menos -- a elas todas. Só as espécies entre si podem ser comparadas e hierarquizadas. Na escala dos seres vivos, o leão é superior à pulga, mas o gênero 'animal' não é ele próprio um animal, não sendo portanto zoologicamente superior a um nem à outra.
É numa grotesca falácia lógica que se baseia, portanto, TODA E QUALQUER idéia de uma 'religião universal' da qual as religiões específicas não seriam senão símbolos historicamente condicionados. Esse prestigioso mito, que hoje anda na boca de todo mundo, só prova, no seu porta-voz, uma INFERIORIDADE INTELECTUAL MONSTRUOSA, quase um retardo mental."

Inserida por LEandRO_ALissON

"Se futebol, carnaval e samba são as coisas mais tipicamente brasileiras, então o Duguin tem razão: ele é mais brasileiro do que eu. Mas não custa lembrar que quem fez dessas três porcarias os símbolos do Brasil não foi o povo: foi o Departamento de Imprensa e Propaganda da ditadura Vargas."

Inserida por LEandRO_ALissON