Ciclo Olavo Bilac

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"'Excelle, et tu vivras', ensinava Joubert -- o escritor que ilustrou pessoalmente a sua máxima, sobrevivendo a si mesmo pela pura excelência do seu estilo.
Até os anos 60 ou 70 do século passado, o poder incomparável da excelência era não só uma obviedade patente para todos os escritores brasileiros, mas um princípio orientador de toda a sua atividade.
Hoje em dia esse princípio parece que simplesmente desapareceu das consciências, tal a intensidade crédula com que os pretendentes a escritores e intelectuais apostam em outras coisas: o apoio grupal, a solidariedade militante, as boas relações, o emprego universitário, etc. etc., tentando insuflar um simulacro de vida em algo que já nasceu morto."

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Só o livre debate entre intelectuais independentes pode criar uma atmosfera na qual a verdade tenha alguma chance de prevalecer, mas esse tipo de debate tornou-se impossível a partir do momento em que, na segunda metade do século XX, toda atividade intelectual foi cada vez mais monopolizada pelas universidades. A classe acadêmica tem muita consciência de que o seu poder de pressão sobre a sociedade depende da existência de um consenso acadêmico, de uma opinião dominante que possa ser apresentada em público não como convicção pessoal deste ou daquele indivíduo, mas como convicção geral da classe. Todo debate, dentro dessa comunidade, torna-se assim apenas um momento dialético na formação do consenso destinado a absorver as opiniões divergentes numa conclusão final representativa da classe acadêmica como um todo e investida, portanto, de 'autoridade científica'. O critério, aí, só pode ser o mesmo do 'centralismo democrático' leninista, no qual a troca de opiniões é livre somente até o momento em que se forma o consenso; a partir daí, cada participante do debate tem de abdicar da sua opinião própria e tornar-se um porta-voz do consenso.

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NÃO HÁ autonomia de pensamento contra a lógica e o método científico. A divergência de opiniões é pura frescura quando não há critérios estáveis de julgamento, os quais, precisamente, têm de permanecer imunes ao jogo de opiniões. Quem acha que impor esses critérios é o mesmo que 'impor opiniões' não conhece a diferença entre o jogo e a regra do jogo. Vocês me desculpem, mas isso é um erro primário e grosseiro que não tenho NENHUMA obrigação de tolerar.

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Na infância eu me achava muito burro, o que acabou me ensinando a fazer algo que tantos brasileiros não sabem fazer: admitir claramente que não estou entendendo aquilo que não estou entendendo.

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Muito do que fazemos na vida -- às vezes, tudo -- é compensação de alguma tristeza que tivemos na infância ou na adolescência. No meu caso, sei exatamente que tristeza foi essa. Quando, no início da adolescência, comecei a me interessar por literatura, teatro, música clássica, história, filosofia, psicologia, teologia, entendi que tinha descoberto um tesouro infinitamente valioso, o alívio quase imediato da maioria dos padecimentos humanos. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que em geral as pessoas não apenas eram desprovidas de qualquer interesse por essas coisas, como tinham até um certo orgulho da sua indolência mental, acreditando piamente que acabariam por vencer todas as dificuldades da vida pela simples repetição dos automatismos rotineiros que lhes davam um sentimento de segurança na mesma medida em que, a longo prazo, garantiam o seu fracasso.
Muitas dessas pessoas não escondiam o desprezo que sentiam pelas minhas preocupações, que elas diziam estratosféricas, e não raro o desprezo se manifestava como arrogância, agressividade e exclusão ostensiva. Aos poucos fui descobrindo que isso não acontecia só no meu ambiente social, mas era uma praga endêmica, uma constante da vída brasileira. Os melhores, os mais conscientes e mais sensíveis eram sistematicamente boicotados e escorraçados, jogados para o fundo de uma existência obscura e deprimente pela santa aliança da mediocridade com a arrogância, da inépcia com a vaidade, da indolência com o carreirismo.
Eu SEMPRE soube que um dia teria de fazer algo contra isso.

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É uma cretinice rejeitar, 'a priori', o legado das antigas tradições esotéricas, porém ainda mais cretino é aceitá-las como 'revelações', isto é, como conhecimentos de origem divina superiores à razão e à filosofia. O que é superior não teme o inferior. Em noventa por cento dos casos, a alegação de superioridade é apenas uma fuga ao confronto racional. Tudo o haja de valioso no esoterismo tem de provar-se capaz de sobreviver à análise filosófica tal como a ensinaram Platão, Aristóteles e Sto. Tomás.

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Antes de colocar-se sob a orientação de um intelectual ou grupo, verifiquem se ele tem alguma ligação, formal ou informal, direta ou indireta com qualquer entidade internacional, e se esta, por sua vez, está ligada de algum modo a organismos como a ONU, a Unesco, ou a URI - United Religions Initiative. Se tiver, só há uma coisa a fazer: Fujam.

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Uma teoria ambígua não é NUNCA uma hipótese legitima, capaz de submeter-se a um teste científico. O marxismo e a teoria da evolução são exemplos: mudam de interpretação cada vez que são refutados.

[...] uma segunda hipótese NÃO É uma segunda 'interpretação' dos fatos mas uma segunda EXPLICAÇÃO deles. Enquanto subsistem interpretações divergentes, é impossível formular uma hipótese.

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Mil vezes já expliquei que, se a conduta de um filósofo pode ser explicada pela hipocrisia, pelo fingimento proposital ou por algum distúrbio mental, não faz sentido apelar ao conceito de 'paralaxe cognitiva'. É óbvio: se algo tem uma explicação psicológica banal, para quê recorrer a um conceito histórico-cultural ao descrevê-lo? [...]
Falei em paralaxe cognitiva mais especialmente a propósito de Kant e Marx. Nenhum dos dois era louco, nenhum dos dois era burro, nenhum dos dois era um farsante proposital. Nos casos de Maquiavel e Rousseau preferi explicações mais propriamente psicológicas: a inépcia, no primeiro caso, a autopersuasão histérica, no segundo. [...]

Paralaxe cognitiva é o deslocamento (estrutural, entenda-se) entre o eixo de uma construção intelectual e o eixo da experiência real à qual nominalmente ela se refere. É um fenômeno cultural que aparece na história da filosofia, endemicamente, a partir do século XVII, e que, por definição, nada tem a ver com hipocrisia, mentira ou loucura pessoal.

Em resumidas contas, a paralaxe cognitiva aparece quando o filósofo, no seu juízo perfeito e sem nenhum intuito de mentir, descreve como realidade aquilo que ele está pensando em vez do que está vendo.

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A paralaxe cognitiva resulta inevitavelmente do abandono do realismo filosófico.

A paralaxe cognitiva é um engano fundamental, básico, que o filósofo comete na interpretação da SUA PRÓPRIA filosofia.

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A coisa que mais me enoja num escrito é o autor que não escolhe as palavras pela precisão com que correspondem ao objeto descrito, mas pela impressão emocional que, em total prejuízo da exatidão descritiva, deseja despertar no leitor. Esse procedimento é ainda mais perverso e revelador quando se trata de termos técnicos que, por possuírem significados convencionais bem definidos, só se prestam a essa operação mediante distorções forçadas que denotam precário domínio do idioma. [...] O estilo é o homem, mesmo quando a criatura em questão tem, de homem, pouco mais que o rótulo taxonômico.
Esse tipo de eloquência, que é menos canina do que simiesca, nunca funciona, exceto ante plateias previamente dessensibilizadas para as propriedades do idioma.
Ante plateias normais e cultas, ao contrário, a precisão é a condição primeira e indispensável da força persuasiva.

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O mais velho e constante chavão anti-olaviano é: 'Os alunos dele obedecem-no servilmente.' Aquele que emite essa opinião oferece-se, automaticamente, como modelo de pensamento independente e busca desapaixonada da verdade, qualidades que ele comprova ao julgar com tal segurança um curso que jamais frequentou e cinco mil pessoas que jamais viu.
É óbvio que ninguém pode praticar semelhante atividade mental sem grave incompreensão das suas próprias palavras, num paroxismo de impropriedade vocabular em que o uso do idioma mal se distingue dos grunhidos pré-verbais. Por exemplo, que significa o verbo 'obedecer' quando aplicado a uma exposição teórica? ou que significa o termo 'servilismo' quando aplicado a uma situação pedagógica em que o professor não dá ordens a ninguém e, se as desse, não poderia, pela distância, averiguar jamais se foram obedecidas?

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A incapacidade para as tarefas intelectuais mais elevadas coloca um sujeito a uma tal distância dos estudiosos sérios que ele só consegue vê-los através de uma rede de fantasias atemorizantes, que então ele tenta exorcizar mediante afetações de desprezo. No Brasil, ser inteligente espalha na vizinhança uns sofrimentos indescritíveis.

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Se todos somos de certo modo produtos da sociedade em que estamos, nossas opiniões, incluindo as negativas que [temos] sobre a própria sociedade, são criações dela mesma e fazem parte do mesmo mal que denunciam. A única possibilidade de haver uma crítica social legítima, que funcione, é a de que o indivíduo humano de algum modo se coloque acima da sociedade e consiga ver nela algo que ela mesma não vê. É necessário que a consciência dele esteja acima do nível de consciência que aparece nas próprias discussões públicas. Para criticar minha sociedade como um conjunto, preciso me colocar numa perspectiva que me permita vê-la como objeto, e daí já não sou mais um personagem ou um participante da coisa, mas um observador superior; consegui uma posição acima da confusão, de onde posso ver o que está acontecendo e julgar o sentido geral das coisas. (palestra, 2001)

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O que chamamos 'método científico' -- mesmo supondo-se que seja aplicado com máxima probidade e correção, o que é rarissimamente o caso -- não ocupa senão uma parcela ínfima do território abrangido pela razão humana. Mais ainda: essa parcela não tem NENHUMA autonomia, mas depende de pressupostos lógicos, epistemológicos e metafísicos que estão infinitamente fora do alcance desse mesmo método. Dar à ciência moderna o estatuto de representante única ou máxima da razão é VIGARICE.

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Se estou tentando preparar INTELECTUAIS, deveria ser óbvio à primeira vista que escritos de ordem puramente jornalística ou polêmica, sem especial relevância científica, literária ou filosófica, não bastam para habilitar ninguém ao estatuto de aluno modelar do Olavo de Carvalho.

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Quando o grande Petre Tsutsea disse 'Só o cristianismo é absoluto, tudo o mais é relativo', ele quis dizer precisamente que o cristianismo não é uma teoria, não é uma doutrina, é a própria estrutura da realidade, que as teorias tentam interpretar cada uma a seu modo.
Tomar a doutrina cristã como base para conclusões filosóficas é nivelar a realidade com a nossa interpretação dela. A Palavra de Deus não é uma teoria -- nem mesmo uma teoria certa --, é uma AÇÃO divina, portanto algo que faz parte da própria estrutura da realidade. Tem uma presença, por assim dizer, física. Isso significa que JAMAIS a entendemos completamente, o que de imediato já a distingue de toda teoria, cuja única e essencial virtude é a inteligibilidade máxima. Noventa por cento da apologética cristã circulante consistem em reduzir Deus a um filósofo melhor que os outros.

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Existe uma diferença enorme entre um ideal político substantivo e a camada de adornos verbais de que se reveste. Verbalmente, o socialismo é igualdade, liberdade, etc. e tal. Substantivamente, é a unificação de poder político e econômico, portanto a criação de uma casta governante mais poderosa e mais dominadora do que a anterior. O socialismo não é ruim porque se desviou do seu ideal, mas porque o realizou.

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A superioridade intelectual, no Brasil, é uma anomalia, um pecado e um crime. Todos os que nasceram amaldiçoados por esse dom foram vítimas de difamação e boicote. As únicas diferenças, no meu caso, são a profusão de ataques simultâneos e articulados (ininterruptos há duas décadas) e a total ausência, neles, de críticas intelectuais, tudo não passando de intrigas miúdas, rotulações pejorativas e atribuição de crimes imaginários.

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No Islam não existe propriamente a 'conversão' a uma 'fé'. Esses são conceitos cristãos que só se aplicam ao Islam com bárbara imprecisão. O que existe é a ADESÃO A UMA COMUNIDADE JURÍDICA, por meio de uma DECLARAÇÃO PÚBLICA que vale independentemente de qualquer 'fé' ou 'sinceridade' interior. Sendo assim, a posterior abjuração — caso aconteça — não é uma 'apostasia' no sentido cristão (o abandono de uma crença interior), mas um ato de ALTA TRAIÇÃO, que é qualificado pela legislação penal e deve ser punido com a morte.

Tão logo confirmado por uma autoridade islâmica que o sr. Fulano ou Beltrano, após ter aderido ao Islam, o abandonou, não só os tribunais islâmicos mas todos os cidadãos muçulmanos do mundo têm NÃO SÓ O DIREITO, MAS O DEVER DE MATÁ-LO se tiverem os meios de fazer isso.

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