Chico Xavier Poesia de Amizade
Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Canção da Torre Mais Alta
Mocidade presa
A tudo oprimida
Por delicadeza
Eu perdi a vida.
Ah! Que o tempo venha
Em que a alma se empenha.
Eu me disse: cessa,
Que ninguém te veja:
E sem a promessa
De algum bem que seja.
A ti só aspiro
Augusto retiro.
Tamanha paciência
Não me hei de esquecer.
Temor e dolência,
Aos céus fiz erguer.
E esta sede estranha
A ofuscar-me a entranha.
Qual o Prado imenso
Condenado a olvido,
Que cresce florido
De joio e de incenso
Ao feroz zunzum das
Moscas imundas.
O humor é irmão da poesia, o humor é quem denuncia, eu não tenho possibilidade de consertar nada, mas eu tenho a obrigação de denunciar tudo, o humor é tudo, até engraçado.
Liberdade
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Bola de futebol... é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mãos.
Atrás da porta
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
O que será (À flor da pele)
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
Cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
De muito suada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
Quando você conseguir superar problemas graves não se detenha na lembrança dos momentos difíceis, mas na alegria de haver
atravessado mais essa prova em sua vida.
Quando sair de um longo tratamento de saúde, não pense
no sofrimento que foi necessário enfrentar, mas na bênção de Deus que permitiu a cura.
Leve na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram nas dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade e
lhe darão confiança diante de qualquer obstáculo.
Em todos os caminhos da vida, encontrarás obstáculos a superar.
Se assim não fosse, como provarias a ti mesmo a sinceridade dos teus propósitos de renovação?
Aceita as dificuldades com paciência, procurando guardar contigo as lições de que se façam portadoras.
Com todos temos algo de bom para aprender e em tudo temos alguma cousa de útil para assimilar.
Nada acontece por acaso e, embora te pareça o contrário, até mesmo o mal permanece a serviço do bem.
A resignação tem o poder de anular o impacto do sofrimento.
Se recebes críticas ou injúrias, não te aflijas pela resposta verbal aos teus adversários. Muitas vezes, os que nos acusam desejam apenas distrair-nos a atenção do trabalho a que nos dedicamos, fazendo-nos perder preciosos minutos em contendas estéreis.
Centraliza-te no dever a cumprir, refletindo que toda semente exige tempo para germinar.
Toda vitória se fundamente na perseverança e sem espírito de sacrifício ninguém concretiza os seus ideais.
Busca na oração coragem para superar os percalços exteriores da marcha e humildade para vencer os entraves do teu mundo interior.
Aceita os outros como são a fim que te aceitem como és, porquanto, de todos os patrimônios da vida, nenhum se compara à paz de quem procura fazer sempre o melhor, embora consciente de que esse melhor ainda deixe muito a desejar.
A morte é um grande mistério...
Tanta dor na despedida!...
Mas quem morre perde o corpo,
Nunca perde a luz da vida.
Vozes Do Espírito
Deus é meu Pai.
A Natureza é minha Mãe.
O Universo é meu Caminho.
A Eternidade é meu Reino.
A Imortalidade é minha Vida.
A Mente é meu Lar.
O Coração é meu Templo.
A Verdade é meu Culto.
O Amor é minha Lei.
A Forma em si é minha Manifestação.
A Consciência é meu Guia.
A Paz é meu Abrigo.
A Experiência é minha Escola.
O Obstáculo é minha Lição.
A Dificuldade é meu Estímulo.
A Alegria é meu Cântico.
A Dor é meu Aviso.
A Luz é minha Realização.
O Trabalho é minha Bênção.
O Amigo é meu Companheiro.
O Adversário é meu Instrutor.
O Próximo é meu Irmão.
A Luta é minha Oportunidade.
O Passado é minha Advertência.
O Presente é minha Realidade.
O Futuro é minha Promessa.
O Equilíbrio é minha Atitude.
A Ordem é minha Senha.
A Beleza é meu Ideal.
A Perfeição é meu Destino.
ORAÇÃO DE MÃE
Deus de Infinita Bondade!
Puseste astros no céu e colocaste flores na haste agressiva... A mim deste os filhos e, com os filhos, me deste o amor diferente, que me rasga as entranhas, como se eu fosse roseira espinhosa, que mandasse carregar uma estrela!...
Aceitaste minha fragilidade a teu serviço, determinando que eu sustente com a maternidade o mandato da vida; entretanto, não me deixes transportar, sozinha, um tesouro assim tão grande! Dá-me forças, para que te compreenda os desígnios; guia-me o entendimento, para que a minha dedicação não se faça egoísmo; guarda-me em teus braços eternos, para que o meu sofrimento não se transforme em cegueira.
Ensina-me a abraçar os filhos das outras mães, com o carinho que me insuflas no trato daqueles de que enriqueceste minh’Alma!
Faze-me reconhecer que os rebentos de minha ternura são depósitos de tua bondade, consciências livres, que devo encaminhar para a tua vontade e não para os meus caprichos. Inspira-me humildade para que não se tresmalhem no orgulho por minha causa. Concede-me a honra do trabalho constante, a fim de que eu não venha precipitá-los na indolência. Auxilia-me a quere-los sem paixão e a servi-los sem apego. Esclarece-me para que eu ame a todos eles com devotamento igual.
No entanto, Senhor, permite-me inclinar o coração, em teu nome, por sentinela de tua bênção, junto daqueles que se mostrarem menos felizes!... Que eu me veja contente e grata se me puderem oferecer mínima parcela de ventura, e que me sinta igualmente reconhecida se, para afagá-los, for impelida a seguir nos caminhos do tempo, sobre longos calvários de aflição!...
E, no dia em que me caiba entregá-los aos compromissos que lhes reservaste, ou a restituí-los às tuas mãos, dá que, ainda mesmo por entre lágrimas, possa eu dizer-te, em oração, com a obediência da excelsa Mãe de Jesus:
"Senhor, eis aqui tua serva! Cumpra-se em mim, segundo a tua palavra!...
MEIMEI
Se você puder, hoje ainda:
Olvide contratempos e mostre um sorriso mais amplo
para aqueles que lhe compartilham a vida;
dê mais um toque de felicidade e beleza em seu recanto
doméstico;
faça a visita, mesmo ligeira, ao doente que você deseja
reconfortar;
escreva, ainda que seja um simples bilhete, transmitindo
esperança e tranqüilidade, em favor de alguém;
melhore os seus conhecimentos, no setor de trabalho a
que esteja empregado o seu tempo;
estenda algo mais de otimismo e de alegria aos que se
encontrem nas suas faixas de convivência;
procure esquecer - mas esquecer mesmo - tudo o que
se lhe faça motivo de tristeza ou aborrecimento;
leia alguma página edificante e escute música que
pacifique o coração;
dedique alguns minutos à meditação e à prece;
pratique, pelo menos, uma boa ação sem contar isso a
ninguém.
Estas indicações de apoio espiritual, se forem
observadas, farão grande bem aos outros, mas
especialmente a você mesmo.
André Luiz
O maior sustentáculo da criatura é o Amor.
A alma, em si, apenas se nutre de amor!
O amor divino é o cibo do universo!
Tudo se equilibra no amor divino de Deus.
Toda a estabilidade da alegria é problema de alimentação puramente espiritual.
Nas diversas esferas da vida, todo sistema de alimentação tem no amor a base profunda.
Todos nós movemos no amor e sem ele não teríamos existência.
Quanto mais nos elevarmos no plano evolutivo da Criação,
mais extensamente conheceremos esta grande verdade: o Amor!
O sexo é manifestação sagrada desse amor universal e divino,
mas é apenas uma expressão isolada do potencial divino.
O amor é o pão divino das almas, o pábulo sublime dos corações.
Toda vez que buscamos desacreditar esse ou aquele amigo, depois de havermos trocado convivência e intimidade, estamos desmoralizando a nós mesmos.
(André Luiz)
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